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Capítulo 1


- Parte I -



Dois anos depois



A sirene ensurdecedora da ambulância me faz saltar de susto.

A mudança no toque do despertador valeu a pena. Nada de músicas clássicas que me faziam sentir mais sono.

Assustada e devidamente em alerta, retiro o fino lençol de algodão de cima de mim e sento na beirada da cama me despreguiçando.

Ouço três toques na porta antes de ela abrir devagar.

— Que barulho foi esse? — pergunta minha mãe um pouco assustada, colocando o pano de prato sobre o ombro.

Sorrio coçando os olhos.

— Meu celular. Despertador.

Ela sorri com certo alívio.

— Acho que ajudou, não é? Acordou cedo.

— Pois é.

— E ainda acordou toda a vizinhança. Juro que olhei para a rua achando que o Seu Antenor tinha adoentado mais uma vez.

— Desculpa, mãe. Foi a forma que encontrei de não sair correndo atrasada para o trabalho. O difícil agora é descolar dessa cama.

— Acho que começa dizendo 'bom dia'. Vamos! Fiz pão quentinho, Mari.

Respiro fundo e observo seu corpo franzino. As raízes brancas dos seus cabelos revelam que a idade avançou a ponto de ela não mais se importar em escondê-la. Bom, foi essa explicação que ela havia me dado quando sugeri pintá-los.

Ela ajeita delicadamente o avental florido sacudindo os resquícios de farinha. Suas mãos brilhantes e seu olhar caloroso mostram que está acordada desde antes do sol nascer. Segundo ela, essa era a melhor hora para preparar as suas compotas de doces para vender na região.

Levanto rápido e abraço-a, beijando o seu rosto.

— Bom dia, minha rainha. — Ela sorri timidamente e retribui o beijo.

— Seu pai já começou a tomar o café.

— Típico dele.

Vamos até a cozinha e encontramos meu pai bebericando o café na sua enorme xícara de louça.

— Bom dia! Tinha formigas na sua cama?

Nego com a cabeça, sussurrando um bom dia e beijando seu rosto.

— Não ouviu o som de ambulância? — pergunto, sentando ao seu lado.

— Então era você!

— Tecnicamente, sim. Não sei fazer aquele som com a boca. Coloquei como toque do despertador.

Meu pai revira os olhos. Eu também sabia ser irônica como ele.

— Eu falei, Zé — diz mamãe, servindo o café. — O som estava vindo do quarto dela.

Sorrio.

— Já que acordou cedo, podemos conversar sobre a casa?

Deixo os ombros caírem e o sorriso some. Fixo os olhos na fumaça saindo do pão e sinto o olhar da minha mãe de soslaio. Não acordei cedo para falar de problemas.

— Ontem veio um casal ver a casa — conta meu pai. — Eles ficaram bastante interessados, gostaram da varanda e...

— É claro que gostaram, pai. Eu tenho bom gosto.

— Só estou querendo que você fique ciente de que logo terá inquilinos.

— Eu concordei com isso, não foi? Só não quero me envolver com essas questões burocráticas.

— É a melhor decisão que tomou, querida. A casa está fechada há dois anos...

— Tecnicamente... — Ameaço voltar a ser irônica e papai me olha feio. — Quero dizer que, na verdade, a casa nunca foi aberta já que ninguém nunca residiu nela.

— E eu quero dizer que isso será ótimo para você não ficar com sua renda tão apertada todo o mês. Sei o valor do salário de professor, é uma vergonha. Acho que assim você poderá sair mais, se divertir mais e...

— Eu já faço isso — digo, sem ligar muito, pegando um pedaço de pão.

— Ir a eventos sociais da cidade e as festas infantis dos seus alunos não são bem diversão. Quero dizer...

— Sei bem o que você quer dizer, pai. Você quer é que eu arranje um namorado. Não gosto quando o senhor fala uma coisa querendo dizer outra. Isso é chato!

— Eu sou chato, Mariana. Percebeu isso só agora? — resmunga.

— Não — fala minha mãe. — Nós sempre soubemos.

Sorrimos juntos.

Em alguns segundos a ideia de alugar a casa que construí para casar com Marcos torna-se real. Fazia dois anos que o noivado tinha sido rompido e desde então nunca mais tive vontade de entrar naquela casa. Não era porque eu ainda mantinha algum sentimento por Marcos. Talvez fosse mágoa pelo tempo perdido, por ter me tornado outra pessoa quando estive com ele. Eu não sabia ao certo o real motivo. O fim do relacionamento não doía mais. Ele fez o que sempre sonhou: ir embora desse lugar.

Às vezes, eu fico relembrando os anos que ficamos juntos. Não foram muitos. A família dele veio para cá quando eu tinha doze anos de idade. Estudamos na mesma escola em que eu dou aula hoje, mas brigávamos mais do que éramos amigos. Foi só quando tínhamos dezoito anos que começamos a namorar. Ao todo foram quatro anos de relacionamento. Quatro anos perdidos em sonhos alheios.

É incrível como conseguimos entender algumas coisas depois que ponderamos sobre elas. Ele nunca quis ficar aqui, sempre dava a entender que Vila Rica era pequena para ele. E eu só pensava em construir nossa casa, sentarmos na rede pendurada na varanda com um bom livro na mão, deixando para os pássaros a trilha sonora dos dias.

Que patético!

Eu ainda sonho com isso. Não com ele. Não com ele, óbvio!

Eu não deveria, mas é assim que me sinto: uma anta por não ter percebido antes o quanto nossos projetos de vida eram diferentes. O quanto éramos pessoas distintas.

O amor cega a ponto de não nos darmos conta do que não queremos que aconteça. Deslumbrei tanto uma vida ao lado de Marcos que, por ele, deixaria Vila Rica, mesmo nunca tendo imaginado viver em outro lugar.

Eu amo essa cidade e me importo com tudo que acontece nela. Sair daqui seria perder a minha essência. Só eu não enxergava isso.

Levanto da mesa depois do café da manhã, agradecendo mamãe pelo pão caseiro. Eu sempre tenho a sensação de que o dia é maravilhoso quando ela faz pão.

Pego uma muda de roupa e vou ao banheiro, onde tomo um banho rápido e gelado. Tenho certeza de que meu pai esqueceu novamente de comprar uma resistência nova para o chuveiro elétrico. Banho frio é dose!

Penteio meus cabelos castanhos que chegam à altura dos ombros e, como sempre, prendo-os em um rabo de cavalo alto. Passo meu batom rosado e ajeito a blusa de linho branca e a saia godê azul marinho. Era rotina. A rotina que tanto aprecio.

Pego a minha bolsa, a pasta de trabalho e a marmita do almoço preparada pela minha mãe. Antes de sair para o trabalho, peço a benção dos meus pais.

Com um sorriso no rosto, fecho a pequena cerca de madeira no quintal de casa. Sinto-me empenhada em admirar mais a paisagem da caminhada de 25 minutos até a escola em que trabalho.

Rosângela, a nossa vizinha e mãe do Marcos, acena devagar enquanto rega as plantas no seu jardim. Retribuo o gesto com um sorriso. Ela não tem culpa do filho cretino que tem. Eu sabia que ela sentia muito pelo nosso término e, na época, tentou de alguma forma não deixar a amizade entre as famílias ruir. Desde então, Marcos nunca mais voltara para Vila Rica, nem mesmo para visitar os pais idosos. Não soube absolutamente nada dele, nem se está com a mulher pela qual ele me trocou, se casou-se ou se ferrou... nada!

Sei que os pais dele sentiam muita falta do filho. Por muitas vezes tenho a nítida sensação de que olham para mim e ainda o enxergam ao meu lado. Um olhar carinhoso, mas com piedade. Eu sempre fui gentil com eles, sei o quanto são especiais.

Pergunto se o senhor Dario está bem e Rosângela responde com um sorriso nos lábios. Ela acena em despedida, desejando um ótimo dia de trabalho.

Saio pelas ruas de paralelepípedo caminhando devagar, desejando bom dia para as pessoas.

Assim que chego à rua principal, avisto uma aglomeração incomum na frente do posto de saúde da cidade. Nosso único posto de atendimento médico.

Alguns conhecidos da cidade discutem alterados. Atravesso cuidadosamente a rua para saber o que está acontecendo.

— Mais isso é um absurdo! — Exclama a senhora do mercadinho.

— Nós pagamos nossos impostos! É o mínimo que exigimos! — Um homem gesticula mostrando sua indignação.

Um amontoado de gente fala ao mesmo tempo e o clima fica imediatamente tenso. Ficando na ponta dos pés, consigo enfim ver quem estava sendo o alvo de tantas reclamações: o prefeito Vinícius Albuquerque.

Ele veste um jeans apertado e uma camisa polo preta de alguma marca cara. Ajeitando os óculos escuros, muda sua postura quando me vê.

— O que está acontecendo? — intervenho, minha voz um pouco mais alta do que meu tom normal para poder ser ouvida.

Vinícius coloca as mãos nos bolsos da calça e dá um sorriso casto para mim.

— Professora Mariana! — Alguns me olham e imediatamente se calam.

— Não temos mais médico para atender no posto. — Janice, a gerente da farmácia Droga Vila e mãe da minha melhor amiga Márcia, intervém. — A fila já estava grande quando o senhor prefeito veio nos avisar.

— Mas o que aconteceu com o Doutor Ernesto? — pergunto diretamente para o prefeito.

— Ele pediu demissão. Recebi o e-mail dele agora pela manhã — ele explica cautelosamente e logo o povo recomeça com o burburinho. — Desse jeito não posso ajudá-los. Estou aqui à essa hora da manhã porque não queria que vocês ficassem expostos ao sol esperando pelo doutor.

— Eu sabia! Nenhum médico quer trabalhar nessa cidade! — reclama uma das pessoas.

— Cidade pobre, sem estrutura! Por isso nenhum médico para aqui. Todos fogem. Os jovens fogem e os velhos ficam aqui para morrer sem atendimento. — Esbraveja uma mulher, segurando a mão de um senhor bastante debilitado.

— Eu pedi urgência na contratação de um... — Vinícius tenta falar.

— Isso é um absurdo!

— Que pouco caso!

— Queria ver se fosse com os seus pais!

— Ah, mas daí leva de helicóptero para o Rio!

— É! Isso é uma vergonha!

A gritaria generalizada recomeça.

— Vamos nos acalmar, pessoal! — grito. — Não vai adiantar nada ficarmos aqui reivindicando algo que já está sendo resolvido. Tenho certeza de que o prefeito... — Olho diretamente para ele. — Está fazendo o seu melhor.

Ele assente devagar.

— A Mari tem razão, minha gente. O que podemos fazer? — questiona Janice tentando acalmar os ânimos.

— Não temos médicos, mas temos enfermeiros, não é? — pergunto, sem saber muito bem a resposta.

— Apenas dois. Os outros três pediram demissão há algumas semanas.

— Só restaram a Jaqueline e o Max que moram na cidade — conta Vinícius cabisbaixo. — E eles estão com medo de represálias.

Arregalo os olhos.

Uma cidade com um pouco mais de quatro mil habitantes e a maioria da população composta por idosos. O clima é quente, seco e com poucos recursos naturais. Seria mesmo difícil prender os profissionais aqui.

Vila Pobre, dizia Marcos.

Confesso que me sentia sempre ofendida quando ele falava assim. Vila Rica tinha suas qualidades.

Todos se conheciam, havia as festas que organizávamos na única praça da cidade, ajudávamos uns aos outros, as escolas tinham um bom nível no desempenho estadual - da qual eu me orgulhava -, e tínhamos longas fazendas que envolvia toda a região. Essa beleza natural era suficiente para cobrir todas as faltas. Para mim, era suficiente. Porém, a saúde realmente era motivo de preocupação, diante de tanta dificuldade em manter um médico.

As pessoas me olham e esperam por alguma posição.

— Ninguém irá sofrer represálias, prefeito. Eles poderiam apenas fazer uma triagem rápida aqui mesmo para podermos direcionar os casos mais graves para outra cidade. Uma que tenha um hospital...

— Com médico! — Uma das pessoas completa.

— Com médico, claro.

— Era exatamente isso que eu estava tentando falar, professora — diz Vinícius, mais plácido. — Irei mandar a ambulância da cidade estacionar aqui na frente, para qualquer problema mais complexo ser encaminhado.

As pessoas concordam e os ânimos acalmam. Eu ajudo a organizar a fila. Os enfermeiros aparecem e vão aos poucos atendendo cada um dos pacientes. Eu sabia que eles não poderiam fazer muita coisa, mas já seria de grande ajuda.

Depois que falo com o último da fila, olho para o relógio de pulso.

Caramba! Para quem achava que iria chegar cedo no trabalho e tomar um cafezinho antes de entrar na sala, eu estava mesmo era além de atrasada.

— Quer carona? — Vinícius pergunta ao meu lado, com o semblante mais calmo.

— Estou mesmo atrasada, mas você deve ficar aqui.

Ele retira os óculos do rosto e coloca uma das hastes para dentro da gola da blusa.

— Acho que uma carona é o mínimo que posso fazer por você.

Arqueio as sobrancelhas.

Algumas vezes essa cara de galã sexy de novela que ele cismava em fazer para mim não se encaixava muito bem no contexto da situação.

Ele quase foi linchado há poucos minutos e já está tentando me seduzir com esse rosto perfeito e corpo másculo. Tudo bem que em algumas circunstâncias eu acabei cedendo. Eu não era de ferro e Marcos não havia me deixado quebrada. O prefeito era um cara legal, mesmo eu sabendo que o seu lugar não era na política, muito menos na política de Vila Rica.

Filho de pais bem-sucedidos, a família Albuquerque inteira colecionava micro empreendimentos na cidade e nas cidades vizinhas. Eram donos da maioria dos negócios. Isso incluía o mercado, a distribuidora de gás, os cabeleireiros, uma pequena escola particular e até mesmo a farmácia em que Janice trabalha.

Por mais que eu detestasse o jeito esnobe com que eles andavam por aí, sabia que a cidade devia muito à família Albuquerque, pois era graças aos seus negócios que a maioria dos habitantes de Vila Rica tinham um emprego. Diana e Jonas Albuquerque só faltavam se intitularem donos da cidade, e os filhos, Vinícius e Priscila, não ficavam muito atrás. Suas exibições públicas de riqueza e glamour contrastavam com a realidade do local. O pulo do gato foi ter um representante da família na prefeitura.

— Por favor, eu sei que você não gosta de se atrasar.

Eu estava realmente muito atrasada.

— Prometa que não vai se enfurnar na prefeitura e ficar de pernas para o ar?

— Assim você me ofende.

Reviro os olhos com mais vontade do que deveria. Queria mesmo que ele visse o quanto isso soava ridículo. Era o que ele mais fazia. Sem verba e sem recursos, Vila Rica não tinha muito o que se fazer. De vez em quando ele era surpreendido por alguns eleitores insatisfeitos ou por alguma situação que atrapalha a rotina da população.

— Promete que vai correr para agilizar a contratação de um médico? Isso é sério!

— É claro que vou. Agora me deixe levá-la. Não quero pais por aí dizendo que eu sou culpado da professora mais querida da cidade estar atrasada para a aula.

Quase reviro os olhos novamente, mas evito parecer tão debochada. Aceito o convite com um aceno de cabeça e Vinícius sorri, me conduzindo a acompanhá-lo até a praça, onde está estacionado seu carro.

Entro no veículo e Vinícius logo dá a partida e coloca de volta os seus óculos escuros. Não seria um caminho longo.

— O que acha de jantarmos hoje à noite? — ele pergunta de uma só vez.

— Hum. Não vai dar, tenho alguns trabalhos e...

— É só falar que não está interessada. Não precisa mentir.

Viro para ele que, do canto de olho vê minha expressão.

— Eu não preciso mentir, Vinícius. Ainda mais para você.

— Ah, então relaxa, vai! Tenho certeza de que os seus alunos viverão sem uma folhinha de continhas de 2 mais 2. — O tom de sarcasmo me irrita.

— Mais respeito pelo meu trabalho, prefeito. Meus alunos são para mim mais importantes do que essa cidade é para você. Muito cuidado com o que diz.

— Desculpe. Eu estava apenas brincando.

— Brincadeira sem graça.

O celular dele toca. O toque era algum tipo de funk carioca, com batidas constantes. Em vez de pegar o celular, Vinícius aperta alguns dos botões do volante do carro de luxo.

— Alô.

— Vini! — Uma voz melosa e fina ecoa pelos autofalantes do veículo.

— Fala, Pri.

— Onde você está?

— Estou resolvendo problemas. O que você quer? — Ele me encara com um sorrisinho amarelo e sussurra: — Acesso via bluetooth.

Viro meu rosto para o outro lado.

— Essa cidade é só problema, meu irmão. Que coisa chata!

Quase abro minha boca para protestar, mas não iria me meter na conversa deles, mesmo que Vinícius faça questão de deixar a conversa no viva voz.

— Foi para isso que ligou? — pergunta já sem paciência.

A voz infantil e a superficialidade da garota são exorbitantes.

— Mamãe vai dar um jantar hoje à noite para os Mattarazzo. E ela disse que você deve estar um gato já que ficou louco pela filha do velho.

Na hora, Vinícius pega o celular em um compartimento entre os nossos bancos e coloca a conversa no privado, e eu me viro para ele. Sua cara de assustado quase me faz gargalhar.

— Isso é coisa que se fale! — briga com a irmã, com o celular no ouvido. — Não, não. Tudo bem. Agora pare de falar besteira, estou acompanhado no carro, Priscila. Quem? — Ele me olha. — Com a professora Mariana. Sim, sim. Está bem. Até mais tarde, tchau.

Rapidamente ele solta o celular no mesmo lugar que pegou.

— Foi hilário — comento.

— Priscila só fala bobagem, não leve isso...

— Tudo bem, tudo bem... — sorrio. — Acho mesmo que você deveria impressionar a riquinha.

— Você sabe que eu só tenho olhos para você, professorinha.

Eu havia perdido a conta de quantas vezes pedi para ele não me chamar assim. Parecia menosprezar a minha profissão. No sexo, esta era a nomenclatura favorita dele. Seu fetiche. Era aquela história de que em quatro paredes vale tudo. Mas não na rua. Resolvo não entrar nessa discussão quando percebo que já estamos chegando ao colégio.

— Você sabe que isso é apenas diversão — enfatizo, mesmo sabendo que, se fosse o contrário, seria eu a sofrer na relação.

— Claro. Você não me dá uma chance.

— Não. Não estou disposta a incitar a terceira guerra mundial aceitando ter um caso com o prefeito ricaço. Sua mãe te mataria.

— Que mãe, nada! Você é uma mulher de 24 anos, Mariana, eu tenho 30. Somos adultos. — Vinícius para na frente da escola e vira para mim, pegando minha mão.

— Vamos deixar como está, Vinícius. Está tudo tão bacana! Eu no meu canto, você no seu, e assim vamos levando.

Ele faz um bico, mostrando sua insatisfação. Vinícius era um homem lindo, porém ter algo com ele além de conversas animadas e sexo quente no fim da noite estava fora de cogitação.

— Obrigada pela carona — digo e ele sorri um pouco.

— Vamos remarcar para amanhã?

— Depende, prefeito. De repente amanhã você já será um homem comprometido. Estão mesmo dispostos a te desencalhar.

Saio do carro e ele abre o vidro escuro.

— Você gosta de debochar, não é?

— Eu? Imagina. Na verdade, gosto mesmo quando você resolve ajudar o povo que, aliás, deve estar precisando de você no posto de saúde.

Ele meneia a cabeça em concordância e eu me afasto.

— Mari!

— Oi.

— Obrigado mesmo.

Sorrio.

— Não precisa agradecer.

— É incrível ver como as pessoas te respeitam. Eu sei que você faz por amor.

— Exatamente. Respeito para mim é como se fosse uma planta em extinção, sabe? Cuido com todo o carinho e rego todos os dias para que a espécie prospere para gerar frutos e novas sementes.

Ele faz uma cara de paisagem.

— Uau! Isso foi bonito de se dizer.

Cerro os olhos.

— Bonito de dizer, mas difícil de fazer. Agora, se me der licença, eu preciso cuidar dos meus pequenos.

Nos despedimos e vejo o carro sumir quando vira a esquina.

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