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Joly Roux




Desço as escadas ouvindo o barulho alto na cozinha e sorrio quando minhas irmãs menores passam por mim correndo. Jogo minha mochila no sofá velho e atrevesso a sala, bagunçando o cabelo do caçula da casa que estava sentado em uma das cadeiras. Dóris estava entretida no fogão, a mamadeira ao seu lado indicava que o mingau de Ben sairia logo.

- Bom dia! Encontro ruim? - Pergunto encostando meu quadril na pia, pois os lugares na mesa estavam todos ocupados.

- Não, digamos que foi péssimo.

- Ele era velho demais?

- Não.

- Nojento? Porco?

- Não, Joly.

- Mais pobre que nós?

- Isso é possível? - Dana rebate minha pergunta e eu começo a rir, sendo acompanhada pelos meus irmãos.

- Ele só não apareceu. Eu cansei de tentar encontros anônimos, o amor não é para mim! - Dóris exclama colocando o mingau na mamadeira de Ben e eu entorto minha boca chateada.

Dóris Roux era a pessoa mais forte e corajosa que eu já conheci em minha vida, assumiu a responsabilidade de cuidar de quatro pessoas quando completou vinte anos, na época Ben tinha somente 2 semanas de vida. Nossos pais fugiram em uma noite escura e chuvosa, dois drogados que passavam o dia fora e só voltavam para dormir. Apesar de ter nos dado a vida, a gente nunca recebeu amor deles, e digamos que também não sabemos o que é exatamente isso, mas minha irmã tentava, tentava todos os dias, apesar de passar horas trabalhando na cafeteria.

- Um dia vai aparecer um cara maravilhoso, perfeito, gentil e que vai te amar muito, você merece tanto - Falo abraçando ela por trás e a mesma ri, encostando sua cabeça na minha.

- E que seja rico, não aguento mais comer pão velho! - Dana resmunga novamente revirando os olhos e eu pego o pão de sua mão, comendo enquanto ela resmunga.

- Está atrasada, Joly - Minha irmã me lembra e eu me despeço deles, pegando a mochila do sofá. Se eu não corresse perderia o ônibus antes de atravessar a esquina.

Caminho apressada pelas calçadas e paro no ponto de ônibus agradecendo por não ter o perdido, entro no mesmo quando ele para à minha frente e caminho para o fundo sentando no banco, eu estava suada feito um porco. Jogo a mochila ao meu lado e coloco os fones em meus ouvidos.

- Bom dia! - Abro meu olho esquerdo e fecho de novo quando Ariel senta ao meu lado, jogando minha mochila em meu colo.

Ariel Barre é o meu melhor amigo, um garoto alto, loiro e com um estilo, digamos, exótico. Ariel vestia o que queria, não se importava com comentários e eu amava isso nele. Sempre fomos unidos, até mesmo quando me falou sobre sua paixão na garota que eu não suportava.

- Péssimo dia - Resmungo e ele ri com seus pés apoiados no banco à frente.

- Por que essa raiva toda?

- Dóris está triste, ela triste eu fico com raiva porque odeio ver ela assim.

- Mais um encontro ruim? - Ele indaga e eu concordo o olhando. Encosto minha cabeça em seu ombro e o mesmo ri, beijando o lado da minha cabeça.

- Pronto para reencontrar o amor da sua vida? - Implico e Ariel revira os olhos olhando para suas unhas pintadas de amarelo.

- Louise jamais vai olhar para um garoto como eu, sou "Horrendo" demais para ela - Ele faz aspas com os dedos e eu começo a rir.

- Eu odeio aquela garota, mas têm horas que essa frescura dela toda é hilária.

Louise Faure era uma patricinha mimada que havia entrado em nossa escola ano passado, no começo foi um inferno aguentar todas as suas frescuras, inclusive a mesma usava sempre luvas que segundo ela eram de seda. A garota não tocava nem na cadeira das outras pessoas. Temos uma certa richa desde então, ela me odiava e eu a odiava ainda mais; posso dizer que tenho uma pequena culpa nisso, o suco de uva em sua roupa no terceiro dia no lugar não foi à toa.

- Pega leve com ela, promete? - Ariel pede eu bufo empurrando seus ombros.

- Eu prometo que não vou pegar no pé do amor da sua vida, satisfeito? - Debocho sorrindo e ele balança a cabeça negativamente.

Levanto do banco quando o ônibus para em frente a escola e saio do mesmo com Ariel ao meu lado, tagarelando sobre seus lápis de olho que havia comprado há alguns dias. Atravesso o campo do lugar e não dou a mínima quando algumas pessoas olham para nós, viro o primeiro corredor ao entrar no prédio e franzo o cenho quando vejo uma figura parada em frente ao meu armário, tentando abri-lo.

- O que diabos você está tentando fazer?- Falo irritada quando me aproximo de Louise e a garota me olha assustada, mas revira os olhos quando se dá conta que sou eu.

- Esse é o meu novo armário, pedi ao Diretor para trocar, ele é mais novo - Ela fala simples, um sorriso tomando conta de sua face.

- Ariel...esqueça o nosso trato, eu vou matar essa garota! - Falo irritada e ele arregala os olhos quando eu parto para cima daquela patricinha mimada.








Ei, voltei e vou publicar logo os 4 antes do livro, espero que gostem :)

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