Fotografia
Observo Alda organizar meu uniforme quando anoitece. Encosto meu rosto no travesseiro e ela pega minhas meias na gaveta, negando quando percebe a bagunça que havia ali. Eu a amava e odiava quando ela se referia a mim como patroa, ela era minha família, referência de uma mãe que não tive, mas eu nunca fui boa em demonstrar isso a ela.
— Como foi seu dia de aula? — Ela pergunta depois de alguns minutos e eu sorrio triste.
— Como sempre; Gabe fez amigos novos e já é quase popular, alguns professores elogiaram ele na saída pelo empenho no primeiro dia — Falo tudo rapidamente e ela franze o cenho deixando minhas roupas de lado.
— Eu já sei como foi o dia do seu irmão, mas estou perguntando como foi o seu dia, tentou fazer algum amigo de novo? — Nego e ela senta ao meu lado, acariciando meus cabelos.
— Minha menina, porque você prefere ficar sozinha? — Ela questiona e eu apoio minha cabeça em suas pernas.
— Eu não tenho amigos e nem quero, fora que meu pai está certo, ninguém aguentaria uma mimada que nem eu! — Exclamo e ela solta um longo suspiro.
— Ele em certas partes está certo e você sabe disso, seu pai mimou demais os dois para poder suprir sua falta, ele também é um grande culpado. Mas querida, não leve algumas palavras de seu pai, as vezes é da boca para fora e ele nem queria dizer. Seja você mesma, porque eu sei que existe uma grande garota aqui — Ela balança meu corpo rindo e eu faço o mesmo, apertando sua mão sobre meus ombros.
— Eu só queria que ele fosse aberto com a gente, parece que meu pai vive em um mundo sombrio, não namora ninguém, nunca se casou ou noivou. Tem algo errado, Alda, e eu vou descobrir! — Afirmo e ela nega séria.
— Nem sempre é bom mexer no que não diz respeito a nós, se seu pai não fala com vocês sobre isso, há um motivo. Então não procure o que não está perdido, criança; um grande conselho dessa senhora aqui — Ela levanta da cama logo depois e volta a fazer suas tarefas. Logo após deixar tudo pronto, Alda sai do meu quarto, desejando boa noite antes de ir.
Mordo meu lábio inferior e saio do meu quarto, calçando minhas pantufas; amarro meu robi e desço as escadas em silêncio. Alda havia falado que meu pai dormiria fora novamente, tinha acontecido algo na empresa e ele resolveu ficar por lá mesmo. Espio para ver se vem algum empregado e sorrio quando percebo que não. Caminho pelo escuro corredor e paro em frente ao escritório do meu pai.
— Tem que haver algo aqui, que esteja aberta por favor! — Exclamo antes de puxar o trinco e sorrio largo quando a porta se abre. Fecho a mesma atrás de mim e caminho até sua mesa, tento abrir as gavetas, mas todas estavam fechadas.
Droga!
— Tem que ter algo, não é possível — Passeio meus dedos pela estante de livros, olhando ao redor e nada, aquele lugar era horrível. Desvio meu olhar novamente e algo chama minha atenção, mais expressivamente quatro palavras.
Beginning of an album
— O que você está fazendo? — Solto um grito com o susto e deixo o álbum cair das minhas mãos. Viro meu corpo e solto o ar dos meus pulmões ao notar Gabe parado na porta, olhando para mim confuso.
— Nada, só procurando um livro para minha pesquisa, você me assustou! — Acuso e ele me olha culpado, encolhendo seus ombros.
— Desculpa, estava na cozinha quando vi você passar, achei que tinha acontecido algo — Ele confessa e eu sorrio para ele. Pego o álbum do chão virando a capa para baixo caso ele queira olhar.
— Não aconteceu nada, vamos? Já paguei o que precisava — Ele concorda saindo à frente e eu fecho a porta, subindo as escadas atrás dele. Me despeço assim que ele fecha a porta do quarto e praticamente corro para o meu.
— Vamos ver o que tem aqui — Abro o álbum e só assim percebo quão cheio de poeira ele está. Não havia nada de interessante a princípio, somente fotos do meu pai na escola, em seguida na faculdade. Mas havia uma pessoa em todas elas, tanto na frente, atrás ou ao seu lado.
— Quem é esse homem? — Susurro tirando uma foto que aparecia bem seu rosto; a mesma estava um pouco velha, mas dava para visualizar perfeitamente. Viro a fotografia e não havia nada ali, nem mesmo um nome.
Aquela foto tinha ficado na minha mente durante toda a noite. Tive que voltar ao escritório algumas horas depois de garantir que não havia ninguém acordado. Coloquei o álbum no lugar e saí o mais rápido possível de lá. Não consegui dormir quase nada, e quando acordei pela manhã parecia que meus olhos estavam pesando toneladas.
— Você está bem? — Gabe indaga assim que eu sento na cadeira ao seu lado, afirmo enchendo minha taça de suco.
— Papai ainda não voltou? — Pergunto pegando um pedaço de pão e em seguida passo a geléia de morango nele, antes de enfiar na minha boca.
— Sim, mas subiu diretamente para seu quarto, parece que a noite não foi boa — Gabe responde comendo seus cereais.
— Então vamos terminar antes que ele desça, não quero ouvir a palavra mimada por meia hora — Faço uma careta e meu irmão ri, comendo seu cereal depressa.
— Bom dia Alda, tchau Alda — Deixo um beijo em sua bochecha assim que ela aparece e meu irmão faz o mesmo. Saio de casa com ele atrás de mim e desejo bom dia para jordan, ele apenas acena entrando no carro quando estamos prontos.
— Na hora da saída, está avisado — Falo quando saio do carro e Gabe revira os olhos concordando.
— Até mais mamãe — Ele debocha e o olho chocada enquanto o mesmo se afasta. Entro na escola e caminho até meu armário ainda sem palavras.
— Louise! — Escuto meu nome antes que eu possa tocar no meu armário e olho para o lado, vendo Colin, amiga de Joly e filha do Diretor, parada ali.
— Sim?
— O professor Miles está querendo falar com você antes que nossa aula comece, ele está na sala — Estranho, mas decido segui-la.
Apresso meus passos e entro no lugar observando ao redor e não havia ninguém ali, só poderia ser brincadeira daquela garota. Solto um som irritado e me viro para xingar-la, mas não era ela quem estava ali encostada na mesa central, e sim Joly.
— Eu sabia que tinha dedo seu no meio, o que diabos você quer? — Exclamo furiosa e ela ri.
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