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Ariel Barre



Por que o diferente é estranho?

Por que as pessoas zoam o que faz você se sentir bem?

Por que as pessoas são tão vazias que não cuidam da vida delas e preferem cuidar das dos outros?




Pego o lápis no armário do meu banheiro e passo em meus olhos, sorrindo quando o azul do mesmo se destaca com a cor do lápis; ajeito a corrente de caveira no meu pescoço e alinho minha camisa de seda florida em meu corpo. Sempre me senti bem usando o que eu queria, meus pais nunca foram contra e o que importava era se isso me fazia feliz.

Algumas pessoas pensam que eu sou gay, e não teria problema nenhum caso eu fosse, minha família têm uma mente muito aberta e não se importava com isso. Mas a realidade era que eu me sentia bem usando coisas que foram descritas somente para garotas; maquiagens, roupas, acessórios, tudo, e isso não fazia a minha masculinidade cair, pelo contrário, eu não a tinha frágil.

Só tive duas melhores amigas em todos esses anos, Joly Roux e Colin Louis. Joly é uma garota espontânea, legal e linda demais, seus olhos escuros como a noite faziam contraste com a pele morena, o cabelo longo e liso caiam sobre sua cintura, realmemte sua beleza era invejável. Mas sua feição escondia a tristeza de uma longa vida a base de sofrimento junto a seus quatro irmãos, e isso não era motivo para Joly retirar o sorriso em seu rosto, apesar de sua cara irritada o tempo todo.

— Joly, calma por favor — Peço preocupado e agarro sua cintura quando ela tenta agarrar os cabelos de Louise.

— Eu vou te depenar, garota — Joly fala estérica e me seguro para não rir.

— Que linguajar deselegante, mas não me surpreende vindo de uma pobretona! — Louise exclama olhando minha amiga de cima a baixo e isso parece deixar Joly ainda mais furiosa.

— Escuta aqui sua mimada, você vai tirar essas coisas do meu armário AGORA — Ela grita e eu arregalo meus olhos supreso, soltando seu corpo. Louise abre sua boca em choque encarando minha melhor amiga.

— Ah mas eu não vou mesmo, pedi esse armário com a maior educação do mundo, e agora ele é meu.

— Seu vai ser a marca dos meus dedos quando eles estiverem no teu rosto — Joly exclama furiosa e eu começo a ficar nervoso com a aglomeração de pessoas ao redor, tento acalmar minha amiga, mas nada parece funcionar.

— Para minha sala, agora! — As duas param de brigar na mesma hora ao escutar a voz do Diretor Louis. O homem estava parado atrás delas com a feição séria, nem sequer se movia. Ele olha uma última vez para elas antes de sair, sendo seguido por elas que se encaravam com raiva.

— Brigaram de novo? — Colin pergunta parando ao meu lado, seu sorriso largo iluminava o extenso corretor.

— Sim, mas seu pai chegou a tempo de evitar um grande problema.

— Como se ele pudesse fazer isso para sempre — Ela praticamente sussura e eu franzo o cenho confuso.

— Aconteceu alguma coisa?

— No intervalo, me esperem na nossa mesa de sempre, preciso falar com vocês — Ela diz e beija minha bochecha, saindo logo depois por outro corredor, aquele não era o caminho para a nossa classe. Olho ao redor sem saber o que fazer ou falar e entro na sala, caminho para o fundo e sorrio para algumas pessoas já sentadas ali, escolho o lugar de sempre e espero por Joly.

— Uma boa e uma má notícia! — Joly exclama entrando ali depois de alguns minutos, ela afasta meus livros e senta na minha mesa. A porta do lugar é aberta novamente e Louise entra olhando com raiva para minha amiga antes de sentar em seu lugar.

— O que você fez?

— Eu? Nada. Conversamos amigávelmente e ela devolveu o meu armário.

— Você ameaçou ela, não foi?

— Uou, como você adivinhou? — Joly pergunta levando a mão até o peito fingindo estar supresa.

— Achei que você tinha esquecido esse episódio — Falo cruzando os braços e ela revira os olhos pulando da minha mesa quando a professora entra.

— Nunca!

Nossa escola, apesar de pública, tinha uma boa plataform, as salas eram impecáveis assim como campo de futebol e o geral, todos nós amavamos aquele lugar, não só pela qualidade, mas porque todos apesar de tudo éramos uma grande família. Nos campeonatos sempre estávamos unidos, mesmo que o nosso time não fosse lá essas coisas, mas perdendo ou ganhando sempre comemoravamos com eles. O senhor Louis era um grande Diretor, sempre disposto a nos ajudar em tudo, mas também sabia ser sério nos momentos precisos.

— O que você quer tanto falar com a gente? — Questiono quando Colin senta em nossa mesa no intervalo. Joly estava jogada na cadeira ao meu lado mastigando um pedaço de brócolis.

— Temos um problema.

— Quando é que nós não temos? — Joly resmuga ao meu lado e eu começo a rir.

— É sério gente, eu escutei uma conversa hoje do meu pai, a escola está com problemas.

— Como assim problemas? — Questiono sem entender e Joly arqueia uma sobrancelha também confusa.

— Uma grande dívida, e se não for paga corre risco de fechar.



Uou

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