48 - The search
A procura.
OLIVIA
Quando eu acordei, estava novamente presa em uma cama. Dessa vez, totalmente presa por correntes, que prendiam meus pés e minhas mãos aos pés da cama. Olhei para o teto e para os lados, não reconhecendo onde eu estava. Parecia um quarto normal, que poderia estar em qualquer casa da cidade. Reuni minhas forças e comecei a gritar por ajuda o mais alto que eu pude, talvez algum vizinho conseguisse me ouvir.
– SOCORRO! TEM ALGUÉM AI? ME AJUDEM....
– Pode gritar à vontade, mas ninguém vai te ouvir.
Levantei a cabeça para olhar para a frente, e Andrew estava lá, sentando em uma poltrona de frente para a cama, me olhando. No pequeno móvel ao seu lado ele tinha um estojo de facas cirúrgicas, e passava a mão por elas, tentando escolher uma, ou simplesmente tentando me assustar, o que estava funcionando.
– Você! Sempre foi você?
– Sim. Meu filho ajudou, mas o precursor da morte foi e sempre será eu. Sempre eu.
– Filho? Liam é seu filho? – Perguntei, chocada.
– Sim. Biológico, assim como Harry.
Eu não conseguia nem chegar perto de entender todo o círculo de mentiras e a bizarrice que toda essa situação era. Tudo o que se passava em minha mente eram duas perguntas: Mas que merda? E, como Harry está envolvido em tudo isso?
– Harry sabe? – Foi a primeira pergunta que formulei.
– Meu filho é um cara esperto. Tenho certeza de que depois da sua viagem para a Inglaterra, ele tenha descoberto tudo.
– Tudo, o que?
– Que eu sou o Enigma. Que ele é meu filho e Liam seu irmão... e que eu matei Anna Jolie, sua mãe biológica. – Ele fez uma pausa, dando um longo suspiro. – E bem, já que estamos sendo honestos aqui, eu também matei sua mãe adotiva, minha falecida esposa, Sophia.
– Harry me disse que ela morreu de câncer.
– Ela tinha câncer, e morreria um dia. Então não foi nada demais, eu apenas agilizei o processo com um travesseiro. – Deu de ombros. – Foi até um pouco engraçado, Edward entrou no quarto e me pegou no meio do ato. Eu tive que convence-lo de que era apenas um pesadelo e que ele deveria voltar a dormir. – Acrescentou, rindo.
– Você ainda rir? – Tudo o que eu conseguia sentir era nojo, raiva e nojo.
– Você quer que eu chore, Olivia? – Perguntou cinicamente. Se levantou da poltrona e veio sentar-se ao meu lado. – Sério, eu posso chorar se for mais fácil para você. É só eu ficar um tempinho sem piscar...
– Você me enjoa! Seu psicopata!
– Eu deveria me sentir ofendido, até mesmo com raiva. Mas eu não sinto nada. E é bom assim. Isso é uma qualidade que me torna superior aos outros. Emoções são uma merda, não acha?
Questionou, passando a ponta dos dedos pelo meu rosto para enxugar as lagrimas que eu nem notei que estavam caindo. Virei meu rosto, tentando fugir do seu toque, mas foi pior, pois ele segurou meu rosto com força, apertando minhas bochechas e me forçando a olhar para ele.
– Você se parece tanto com ela.
– Ela quem?
– Com a Anna, obviamente.
– Você é louco! – Me esforcei para falar, o que fez com que ele apertasse ainda mais minhas bochechas.
Não éramos TÃO parecidas. O tom loiro do cabelo era diferente, o dela era mais claro, enquanto o meu era mais puxado para o dourado. Assim, como nossos olhos, os da Anna eram de um azul esverdeado, enquanto os meus eram azuis claros, comuns. Assim como eu, nenhuma das garotas de Londville que ele havia assassinado eram realmente parecidas com ela, éramos loiras e tínhamos olhos azuis, mas semelhança realmente não havia muita, ele que era um louco de merda que provavelmente delirava isso.
– Por que você a matou?
– Não era a minha intenção... – Ele me largou e se afastou. Com os olhos perdidos em lembranças, voltou para a poltrona. – Eu estava passando as férias com os meus avós na Inglaterra quando eu e Anna nos conhecemos e começamos a namorar. Ela tinha 15 e eu 17 na época. Foi amor à primeira vista. Estávamos apaixonados.
– Se estavam tão apaixonados como ela acabou morta?
– Eu tive que voltar para os Estados Unidos com a minha família. Um tempo depois, quando eu retornei, descobri que ela havia fugido, teve dois filhos meus e estava casada com um cara qualquer. Eu fiquei furioso e infelizmente... nossa história acabou tragicamente. Mas eu tinha que tomar conta do meu sangue. Como as chances de adoção são mais fáceis para um casal, eu conheci a Sophia. E nós adotamos o Harry. Liam acabou sendo adotado por outra família antes que eu conseguisse. Mas tudo bem, assim que ele completou vinte e um anos, eu o achei. E acho que você consegue imaginar o quão feliz eu fiquei ao perceber que ele era como eu, não? As maçãs realmente não caem longe da arvore.
– Você está errado! – Argumentei. – Harry é diferente! Não é como você! Ele descobrirá onde eu estou e você vai pagar por tudo o que fez!
– Ele não precisa descobrir nada, pois eu deixei instruções e dicas de onde estamos. Edward aparecer aqui faz parte do plano.
– Que plano?
– De torna-lo como eu.
– Você é louco! Harry nunca...
– Nunca mataria? – Ele me interrompeu. – Acho que o Niall discordaria de você.
– Não... Você está mentindo!
– Eu vi com os meus próprios olhos. Eu o segui até a caso do lago dos Horan e vi quando Edward o atraiu até o lago e o afogou com as próprias mãos.
– Mentiroso! Seu canalha, mentiroso! Não... – As lagrimas voltaram mil vezes mais fortes. Eu estava em prantos. Não podia ser verdade! Não podia!
– Eu nunca me senti tão orgulhoso como naquele momento. Nunca havia visto tanto potencial em alguém como eu vi nele, afogando aquele pobre coitado. Nem mesmo no Liam... Edward só precisa de mais um empurrãozinho para se juntar a mim. E você, Olivia... ah... você será esse empurrãozinho.
– Eu nunca ajudaria você! Nunca!
– Eu sei disso. Eu não quis dizer, você em você, mas sim a sua morte. Porém, não tenho tempo de explicar agora. Preciso ir fazer algumas coisas.
Ele se levantou, e foi até a cômoda ao lado da cama, tirando um pequeno frasco de uma das gavetas. Se sentou ao meu lado, e apertou o meu rosto para que eu abrisse a boca. Tentei fechar e virar o rosto, mas ele era mais forte e me manteve no lugar. Pingou algumas gotas do que tinha naquele frasco em minha boca e então me soltou. Aquilo tinha um gosto ruim, amargo e até um pouco ácido.
– O que é isso?
– LSD liquido. Para te manter entretida enquanto eu estou fora.
Ele guardou o frasco, e começou a abrir os cadeados das correntes nos meus pés. Quando eles estavam completamente livres, tentei acerta-lo com alguns chutes, mas ele se esquivou e começou a rir da minha cara. Removeu as correntes das minhas mãos, e me segurou pelo braço, me levantando da cama e me tirando do quarto. Aquela casa parecia ser enorme, e pela decoração, pertencia a alguém rico. Descemos a escada, para chegarmos ao térreo, e então descemos mais uma, chegando ao porão.
Ele acendeu a luz, revelando um lugar totalmente vazio e frio. Me levou até uma parede que possuía correntes parafusadas e se abaixou para prender um dos meus pés a ela. Quando ele se levantou, seus olhos estavam totalmente negros, como os de um demônio. Me afastei imediatamente, mas acabei me desequilibrando por causa da corrente em meu pé e caindo sentada no chão. Pisquei algumas vezes, mas os olhos dele não mudaram, continuaram pretos. Lembrei do LSD e tentei me manter calma. Não era real. Era apenas alucinações por causa da droga.
Andrew saiu, sem dizer nada, e de onde eu estava pude ouvir o chacoalhar das chaves dele trancando a porta. Logo, o cômodo começou a rodar, e a luz no teto começou a mudar de cor. De branca, para amarela e então azul ou vermelha. Eu odiava quando ela ficava vermelha, pois parecia que eu estava literalmente no inferno. Então eu fechava os olhos com força e esperava passar.
– Vai ficar tudo bem, Liv. – Ouvi a voz de Niall falar, e abri os olhos, o encontrando de pé na minha frente.
– Niall?
– Sim, sou eu. Eu estou aqui.
– Não... você não é real. Você morreu. Se suicidou.
– Você não acredita nisso, acredita?
A aparência dele começou a mudar de normal, para extremamente pálida. Então, alguém com um capuz preto apareceu por trás dele e começou a arrasta-lo para um canto do porão onde havia uma banheira cheia de água escura, e ali, começou a empurrar a cabeça de Niall para dentro da água, enquanto ele se debatia e gritava por ajuda.
– NÃO! PARA, POR FAVOR! SOLTA ELE! NIALL! – Eu gritava, chorando desesperada.
Até que Niall parou de se debater, e o seu corpo caiu ao lado da banheira, morto. A pele enrugada e os olhos brancos. Olhei para a pessoa encapuzada, e ela removeu o capuz.
– Harry? – Não. Não podia ser. Fechei os olhos, sem querer acreditar. Andrew tinha mentido. Não tinha sido ele. Tinha?
– Eu sou um assassino, Olivia. Está no meu sangue...
– NÃO! – Gritei, fazendo sua voz parar.
Abri os olhos e respirei aliviada ao ver que tudo havia sumido. Harry, Niall, a banheira... Eu não poderia me deixar levar pelas alucinações causadas pela droga. Eu estava sozinha naquele porão, e eu precisava me lembrar disso.
HARRY
Era como uma piada de mal gosto. Olivia estava desaparecida novamente e aqui estava eu, encarando um apartamento cheio de especialistas forense procurando por pistas.
– O único traço de sangue que encontramos foram perto da porta, mas é o sangue do policial que morreu no corredor da outra vez. – Ele explicou. – O apartamento parece limpo. Não limpo como se ele tivesse sido limpo propositalmente para esconder algo, apenas limpo no geral.
– Continuem procurando. Tem que haver algo!
Todo esse tempo Eni... Andrew, esteve sempre um passo à frente de mim. Ele não escorregaria agora. Se ele se revelou, é por que estava planejando isso. No total foram, oito policiais dopados para que ele conseguisse sair do prédio com ela sem ser notado. Ele só precisou oferecer um pouco de café e pronto. Foi algo planejado, e não coisa do momento.
Outra pessoa poderia argumentar que exatamente por ter sido planejado, não haveriam pistas. Mas eu o estava perseguindo há três anos e sabia muito bem o quanto ele gostava de jogos. Logo, haveriam pistas, nem que fosse apenas uma. Me afastei e fui para a cozinha, haviam dois técnicos forenses lá.
– Então?
– Encontramos calmante nesse copo com suco, o mesmo que ele usou nos policiais.
– Isso eu já poderia imaginar, algo de novo? Alguma pista de onde ele poderia ter levado ela?
– Não, senhor.
Suspirei, frustrado com toda essa situação.
– Vocês podem identificar exatamente qual calmante foi usado, e onde ele é vendido aqui na cidade?
– Sim, assim que voltarmos para o laboratório.
– Então façam isso logo.
Eles assentiram e guardaram todas as suas coisas na maleta técnica.
– Ligamos assim que tivermos uma resposta. – Assenti.
Eles saíram e eu continuei na cozinha. Dei mais uma olhada, a procura de algo incomum, e então voltei para a sala. David estava lá. Não nos falávamos desde que eu revelei que estava apaixonado pela sua filha em sua casa ontem. Ele não havia gostado nenhum pouco e me expulsado de lá. Recebi uma ligação de Susan um tempo depois dizendo que iria conversar com ele para tentar acalma-lo, mas pela sua expressão quando me viu, acho que a conversa não tinha surtido muito efeito. Não que eu estivesse com pressa. A urgência agora era encontrar a Olivia e traze-la de volta com vida. Depois eu lidaria com seu pai.
– Alguma novidade com as câmeras de segurança?
Ele havia ficado no comando dessa parte, examinar todas as gravações e conseguir montar um percurso de para onde Andrew foi depois de sair daqui.
– As câmeras mostram ele indo em direção a Floresta Ouklen. Como não há câmeras por lá, não podemos confirmar se ele ainda está na cidade, ou pegou a interestadual.
– Ele está em Londville. Eu posso sentir. Ele gosta do perigo e de se sentir no poder.
– Você poderia ter usado esse seu instinto para descobrir que era ele muito antes de tudo isso acontecer. – Falou, em meio a rancor.
– David...
– Esquece! Estou organizando uma patrulha com os policiais, vamos vasculhar aquela floresta de cima abaixo até encontra-los... Você quer participar? – Foi como se ele tivesse colocado todo o s eu orgulho para trás para me fazer essa última pergunta. Ele estava disposto a tudo para encontrar a sua filha e isso era admirável.
– Claro.
– Partimos em duas horas da delegacia, temos que aproveitar a tarde, aquela floresta a noite é uma escuridão sem fim.
– Eu estarei lá.
Ele assentiu, ainda um pouco sem jeito e desconfiado, e então deixou o apartamento.
Minutos de passaram, mas nenhuma pista ou novidade. A vontade que eu tinha era de vomitar de tanta frustração, mas me contive, e assim que todos deixaram o apartamento, eu fui para o meu quarto. Tomei um banho, e quando estava escolhendo uma roupa para vestir, o meu celular começou a tocar. Assim que li o nome "Andrew" na tela, foi como se todo o oxigênio do quarto tivesse sido sugado. Depois de vários segundos em silencio apenas olhando para a tela um pouco em choque, atendi a ligação e levei o celular até a orelha.
– Onde você está? Olivia está bem?
– Você descobrirá logo, tenho certeza. Olivia e eu estamos esperando por você.
– O que quer dizer?
– Que em breve eu e você seremos uma família de verdade. Sem mentiras, e ligados pelo sangue.
– O sangue de quem? – Perguntei, com medo. Mas não obtive resposta.
– Venha sozinho, ou a Olivia morre. E não demore! Você sabe como eu sou impaciente.
– Me dê alguma pista!
– Você é esperto. Não vai ficar encarando essa parede por muito tempo.
– Apenas uma pista. Por favor! – Implorei.
– Estou sem tempo. Não é hoje o enterro do Niall? Não quero me atrasar.
– Espera...
Ele desligou a ligação. Joguei o celular longe e me sentei na cama, tentando manter a calma e tentar encontrar algum sentido em tudo o que ele tinha falado. O enterro do Niall. Talvez isso fosse uma pista. Talvez ele fosse comparecer ou tivesse deixado uma pista lá.
Vesti uma calça jeans e uma camisa social preta, e liguei para David no caminho até o meu carro na garagem do prédio e contei a ele sobre a ligação. Ele designou um detetive para ir comigo, e eu o encontrei na entrada do cemitério.
– Eu sou Brian. – Eu o cumprimentei.
– Harry.
Fomos até onde o enterro estava acontecendo, mas não chegamos muito perto para não incomodar os familiares. No entanto, nada parecia fora do normal e Andrew não estava presente.
– Talvez ele esteja brincando com você. Ele não gosta de jogos?
– Sim.
– Acho melhor voltarmos e ajudarmos na patrulha pela floresta.
– Pode ser.
Deixamos o cemitério e fomos para a floresta Ouklen, já que a essa hora todos já haviam saído da delegacia. Deixamos os nossos carros na beira da estrada e adentramos pelas arvores. Não demorou muito para encontrarmos os outros policiais, espalhados e gritando pelo nome da Olivia. Mas apesar de meu corpo estar ali presente, minha mente ainda estava tentando achar algum sentido naquela ligação. Por que ele mencionaria o Niall sem proposito nenhum? Tinha que haver mais algo.
Parei para pensar e logo a sua frase sobre encarar uma parede piscou em minha mente. A casa de Niall, a parede no corredor onde eu e Olivia encontramos uma mensagem dele antes. Talvez fosse para ali que ele estivesse me direcionando. Pensei em chamar Brian, ou alguém, mas ele havia me alertado para ir sozinho. A vida da Olivia estava na linha aqui, eu não poderia arriscar. Corri de volta até meu carro e fui às pressas para aquela casa. Subindo as escadas de dois em dois degraus, com tamanha pressa. E ao contrário da outra vez, a mensagem estava visível em plena luz do dia. E dizia: "Casa errada. Tente outra vez."
Só havia mais uma casa no nome dos Horan em Londville. A casa do outro lado do lago, onde o Niall havia sido encontrado. Só podia ser ali que eles estavam!
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