35 - Running against time
Correndo contra o tempo.
OLIVIA
– Quem é você?
Ele não respondeu. Ao invés disso, levou sua mão até a máscara, e a removeu, revelando o seu conhecido rosto.
– ...Liam? – O choque em minha voz deve ter sido claro. Isso não fazia sentido...
Ele sorriu. Apontando a faca que segurava na minha direção.
– Surpresa? Aposto que sim!
– O que... por que?
Nunca passou pela minha cabeça que ele pudesse estar envolvido nisso, muito menos ser o Enigma. Eu mal o conhecia, muito menos ele a mim.
Ele deu dois passos na minha direção e imediatamente eu fiz o mesmo para trás. A faca em sua mão parecia reluzir no escuro.
– Com medo? – Seu sorriso foi se tornando cada vez mais assustador, sendo iluminado apenas pela luz da lua. – Eu não vou te machucar...
– Você matou várias garotas! É um doente, e está segurando uma faca!
– Eu não vou te machucar, só é você fazer tudo o que eu mandar... – Ele tirou algo do bolso do casaco e jogou no chão, na minha frente, era um par de algemas. – Coloque isso.
– Por que?
– Temos que sair daqui. A polícia já deve ter notado o seu sumiço.
– Eu não vou a lugar nenhum com você!
– VAI SIM! – Gritou. Seus olhos estavam abertos demais, exibindo um olhar insano. Se eu fosse chutar, diria que ele estava sob efeitos de drogas. Mas "Enigma" e "drogas" não se encaixavam na mesma frase na minha cabeça.
– Você é louco! Eu não vou a lugar... – Parei de falar, o vendo caminhar até Taylor.
– Talvez eu deva levar a Taylor comigo, então? Imagina todos os jogos e torturas que eu poderia fazer com ela... – Ele se abaixou em frente ao corpo desacordado da Taylor, e afastou o cabelo que caia sobre o rosto dela com a ponta da faca. – Aposto que no final ela estaria me implorando para que eu acabasse com o seu sofrimento e apenas a matasse.... ou talvez eu devesse fazer isso agora mesmo! Eu quero tanto... – Ele segurou a faca com as duas mãos e a ergueu no ar, pronto para crava-la no peito de Taylor.
– OK! – Gritei, sentindo um nó se formar na minha garganta, e as lagrimas se acumularem em meus olhos. Imediatamente me abaixei e peguei as algemas. – Não machuca ela, por favor!
– Faça o que eu mandei. – Ele olhou para as algemas e depois para mim, completamente sério.
Com a respiração ofegante, e as mãos tremendo de tanto medo, eu tranquei as algemas em um pulso e depois no outro, o encarando.
– Pronto. Eu vou com você, só por favor, não mate minha irmã! Eu te imploro! .... É a mim que você quer, certo? Eu vou com você. Só prometa que não vai tocar na Taylor!
Ele se levantou e eu suspirei aliviada por ele ter se afastado da minha irmã. Porém, o alivio foi passageiro, pois logo ele estava vindo na minha direção. Me forcei a ficar parada no mesmo lugar, quando ele parou na minha frente e segurou o meu rosto, apertando minhas bochechas.
– Eu prometo... só não posso prometer o mesmo sobre você... Olivia.
Meu estomago revirou e eu me senti enjoada. Mas eu não falei nada. Meu coração batia fortemente como se fosse saltar de tanto medo, mas eu tentava ao máximo não demonstrar. Não queria parecer ser fraca. Não queria ser apenas mais uma de suas vítimas, mas sim, uma sobrevivente. Por isso, eu tinha que me esforçar para transformar esse medo em força, pois era o único jeito de eu ter uma chance de sair viva dessa.
– Olivia? Taylor? – Escutamos várias vozes gritarem ao longe. A polícia já deveria estar atrás de nós.
Puxei o ar para gritar por ajuda, mas na mesma hora, senti a lamina fria da faca que Liam segurava encostar no meu pescoço.
– Se você gritar, você morre. – Estranhamente, ele tinha um olhar preocupada no rosto, quase nervoso. Talvez até com medo de ser capturado pela polícia. – As duas morrem. – Se corrigiu, referindo-se a Taylor. – Agora, anda. Rápido!
Andamos por provavelmente uns dez minutos até saímos da mata. Durante todo o percurso, Liam segurou o meu braço fortemente com uma mão, enquanto com a outra manteve a faca contra a minha barriga. Me lembrando que eu poderia morrer a qualquer segundo. Chegamos a uma estrada de barro, onde o carro dele estava parado. Ele me jogou na mala do carro, e segundos depois o carro começou a se movimentar.
Trancada ali sozinha, naquele lugar apertado e escuro, as lagrimas finalmente vieram. Eu chorei, gritei, me contorci e dei socos no metal do carro até eu sentir sangue pingar das minhas mãos. Eu iria morrer. Eu queria poder pensar que isso era apenas um pesadelo e que eu acordaria a qualquer momento, mas não. Essa era a realidade. Eu morreria a qualquer momento.
HARRY
Estava quase amanhecendo quando eu entrei praticamente correndo na casa de festas "Aloha", em Londville. Avistei David em um canto afastado do salão, e sem pensar duas vezes, fui até ele e o abracei.
– David! Eu vim o mais rápido que pude.
Ele ajeitou a gravata do terno que estava usando, meio desconcertado, assim que eu me afastei. O que me fez lembrar que não tínhamos essa intimidade toda. Ele não tinha a mínima ideia dos meus sentimentos por sua filha, para ele eu era apenas um agente federal. E tinha que continuar assim, pelo menos por enquanto.
– Obrigado. Precisaremos de toda ajuda possível. – Ele falou, extremamente abalado.
Se eu me sentia terrível, não conseguia nem imaginar o que ele estava sentindo. Era mais do que apenas um outro caso. Era a sua própria filha nas mãos de um psicopata doente. Estávamos correndo contra o tempo aqui.
– O que sabemos? – Andrew perguntou.
– Elas desapareceram por um buraco em reforma no banheiro masculino da ala oeste do salão. Encontramos Niall desacordado logo na saída, e logo depois encontramos a Taylor, também desacordada, perto de um córrego. Rastreamos pegadas até uma estrada. Nossa teoria é que ele provavelmente seguiu de carro. A estrada leva de volta para a cidade ou para a interestadual. Ele pode estar em qualquer lugar do pais agora!
Ele passou as mãos pelo cabelo, completamente alterado. Seus olhos estavam vermelhos, provavelmente de ter chorado antes de eu chegar aqui. Mas não comentei nada. Ele precisava de ação e garantias agora, e não pena e conformismo.
– Ei! – Coloquei a mão em seu ombro. – Ele não faria isso. Eu estudo esse caso há três anos, e se tem uma coisa que eu posso garantir é que ele gosta do perigo e de se sentir no poder. Ele ainda está por perto, e nós vamos encontrar a Olivia. – Garanti, e ele assentiu, respirando fundo algumas vezes. – Niall? Onde está?
– Estamos mantendo ele em uma das salas do segundo andar. Disse que foi atingido na cabeça e não sabe de nada.
– Vamos falar com ele. – Andrew sugeriu.
David nos levou até o segundo andar, e entramos na sala. Aparentemente, era um escritório, provavelmente do dono da casa de festas, mas no momento, serviria para um interrogatório improvisado.
– Eu lembro de você, estava na minha festa e é um dos amigos da faculdade do Louis... Harry, certo? O que faz aqui?
– Você tem boa memória. Mas pode me chamar de Edward Chase. FBI. Esse é o meu parceiro, Andrew.
– FBI? Nossa... eu já disse aos policiais que não sei de nada. e Eles me acertaram na cabeça, eu estava desacordado!
– Eles? Foram mais de uma pessoa? – Andrew perguntou.
– Não. Quero dizer, não sei! Foi só uma forma de falar, eu realmente não vi nada!
– Por que você levou a Olivia para fora da casa de festas? – Perguntei.
– Ela estava procurando a Taylor. E nós costumávamos entrar de penetra nas festas de estranhos por ali, pensei que talvez ela tivesse saído ou sei lá. Não encontramos ela em lugar nenhum.
– Por que não chamou a polícia então? Por que foram sozinhos? – Insisti.
– Eu... não sei! Na hora pareceu natural, eu ajudando ela. Nós sozinhos... pensei que poderia surgir um clima.
– Um clima? – Soltei todo o ar dos meus pulmões, sem conseguir acreditar nisso. – Você arriscou a vida da Olivia por causa da porra de um possível clima?
Apoiei minhas mãos na mesa, o olhando irritado, enquanto ele falhava em tentar buscar palavras para responder. Honestamente, eu estava a ponto de um belo de um soco na cara desse imbecil, e meu pai provavelmente percebeu isso, pois senti sua mão em meu ombro, me puxando para longe da mesa e do Niall.
– Vai tomar um ar, eu termino de fazer as perguntas. Mesmo que realmente pareça que ele não sabe de nada.
Assenti e deixei a sala, indo para o banheiro mais próximo. Liguei a torneira, jogando um pouco de agua no rosto, e respirei fundo, tentando me acalmar e recobrar o foco, mas meu reflexo no espelho revelava uma pessoa cansada. Eu provavelmente estava a mais de vinte e quatro horas sem dormir, e ficaria muito mais se preciso. A prioridade agora é a Olivia.
Sai do banheiro e me deparei com a Susan me esperando no corredor. Ela estava ainda mais abalada que o David. Os olhos além de vermelhos, estavam inchados. Ela me abraçou assim que me viu, sem dizer uma palavra. E eu apenas correspondi ao gesto, precisando dele tanto quanto ela.
– Me desculpa, eu só estou...
– Sem problemas, eu entendo perfeitamente. Não precisa se desculpar. – Garanti. – Pode me abraçar o quanto precisar.
Ela se afastou, com um sorriso quase inexistente no rosto.
– Obrigada... você é um bom rapaz, Harry. Obrigada por estar aqui.
– Claro... é o meu trabalho, afinal.
Ela me encarou por alguns segundos, até finalmente falar o que estava pensando.
– Mas não é só isso, é? Olivia me contou sobre você, ou pelo menos sobre o que ela sentia por você... desculpa, eu só estou nervosa e tagarelando. Nem sei nem se deveria estar falando sobre isso ou se você sequer sabe...
– Eu sei. – A interrompi, antes que ela se alterasse ainda mais, e ela suspirou, um pouco aliviada. – E.... espero que isso não seja um problema, mas...
– Você também tem sentimentos por ela.
Não consegui distinguir se foi uma afirmação ou pergunta, no entanto, o sorriso no seu rosto se iluminou um pouco mais.
– Sim. Mas eu não percebi o quão grande eram esses sentimentos até agora.
– Então... ela não sabe?
– Não. E isso está me... – Arfei, me encostando na parede do corredor.
Por que eu não percebi isso antes? Por que não falei algo quando ela revelou seus sentimentos para mim? Por que eu tinha que sempre complicar tudo?
Susan, ainda em toda a sua tristeza, me lançou um olhar complacente.
– Vamos então considerar isso como mais um motivo, e incentivo, para encontrarmos ela. Pois aposto que a minha filha vai adorar ouvir isso.
– Olivia vai adorar ouvir o que? – David perguntou, saindo do escritório junto com meu pai.
– Como não estamos perdendo a fé, e o quanto estamos nos esforçando para encontrá-la. – Ela respondeu, quase no automático, e eu apenas assenti.
– Bom, Niall não nos disse nada de importante. O garoto realmente parece não saber de nada. – Resisti a uma vontade absurda de revirar os olhos. – Pensei em falarmos com a Taylor agora, se estiver tudo bem com você, David, e você, Susan.
– Claro. Ela está lá embaixo, na ambulância. – Susan consentiu.
– Ótimo, já descemos, preciso falar com o meu filho antes.
– Tudo bem. – Disse David, seguindo com a esposa escada a baixo.
– O que foi? Algo sobre o caso? – Questionei.
– Eu perguntei explicitamente se você tinha algo com essa garota, Edward. Pelo visto, você mentiu.
– Não temos tempo para isso agora... – Fiz menção de me virar, mas ele me impediu, segurando meu braço com força.
– Então arrumamos tempo! Ou você quer mesmo que Olivia acabe como a Tiffany?
Bufei, puxando o meu braço de sua mão ao mesmo tempo em que tentava permanecer calmo, o que parecia ser impossível agora. Ele tinha que trazer ela à tona. Tinha que me atormentar desse jeito!
– Eu já disse para você nunca mais falar sobre ela. Não disse? Por que você insiste em sempre desenterrar o passado?
– Porquê você insiste em sempre cometer os mesmos erros! Filho, se você me ouvisse...
– Se eu te ouvisse provavelmente teria enlouquecido e acabado em um hospício! Mas eu não vou mais ficar quieto e deixar você se intrometer na minha vida desse jeito, ouviu? Eu não sou o seu fantoche, pai! – Rebati, completamente irritado. – Por isso, vamos dar um basta nisso, aqui e agora. Não quero mais você se intrometendo onde não foi chamado, me seguindo, me espionando, não percebe o quão paranoico isso é?
– Eu só estou tentando te proteger...
– Me proteger não é me isolar do mundo. Me tratar como um incapaz! Eu sei me proteger, passei pelos mesmos treinamentos que você!
– Eu não estava falando de proteção física. Sei que sabe muito bem seu caminho em uma briga, mas seu coração...
– Olivia não é a Tiffany! – Reafirmei. – E esse assunto acaba aqui.
Dei as costas a ele. Estava na metade das escadas quando o ouvir falar.
– Só acho engraçando você dizer que eu estou errado e paranoico, mas quando eu falo algo me referindo ao seu coração, você imediatamente o assimila com essa garota. Não era apenas um trabalho, Edward?
Fechei os olhos, suspirando. Não adiantava mais fingir ou tentar esconder. Ele já sabia mesmo. Então, sem me virar para olha-lo, respondi.
– Talvez para o Edward sim. Esse filho perfeito e obediente que você ainda insiste em projetar em mim. Mas eu não sou mais ele há um bom tempo, pai. E definitivamente não vou me desculpar pelo o que estou sentindo.
Não esperei por uma resposta, e segui meu caminho.
Taylor estava tomando soro na parte de trás de uma ambulância, do lado de fora da casa de festas. Não foi de muita ajuda sobre o que estava acontecendo ou como acabou desacordada na mata, mas as informações sobre o que tinha acontecido antes, na festa, envolvendo um desmaio da Olivia, me levaram em uma nova, e ao mesmo tempo antiga, direção na investigação.
– Liam? – Perguntei.
– Sim, cara! Eu juro! – Luke respondeu. – Eu peguei o frasco dele, se tinha algo dentro não foi eu que coloquei! Juro! Você me conhece, certo?
Eu não sabia se acreditava nele ou não. Assim que eu cheguei na cidade, eu risquei os nomes de Louis, Justin e Zayn da minha lista de suspeitos. Mas Niall, Liam e Luke ainda estavam nela. Houve um ataque na casa de Niall, e eu poderia pensar que ele não faria isso na sua própria casa, mas pelo o que eu tenho visto, ele não era exatamente um poço de inteligência. Porém, esse era outro motivo para eu achar que não seria ele. Enigma era esperto demais, e se ele fosse um garoto como o estupido do Niall, eu honestamente começaria a ponderar suicídio.
Luke era um festeiro e piadista. Porém, era bastante inteligente. Só possuía notas altas na Universidade. E em cima disso, não possuía álibi para dois dos ataques. Ele era uma interrogação. E ainda é.
Já Liam, um completo mistério. Ele chegou na cidade seis meses atrás, quando o Enigma ainda estava atacando em HoodRiver. Pediu transferência da Universidade de Nova York, mas o motivo era incerto. Havia dito que a decisão foi baseada em família, mas pelo o que eu havia investigado, ele não possuía nenhuma família em Londville. É quieto demais e estava sempre saindo tarde da noite para atividades secretas ou chegando atrasado quando marcávamos em algum lugar. Além disso, não tinha álibi para três dos seis ataques que aconteceram na cidade, eram chances de 50% para o sim ou para o não. Por isso nunca consegui algo concreto em relação a ele ou ao possível segredo que ele mantinha. Contudo, agora porcentagem havia mudado, pois ele não tinha álibi para quatro dos sete ataques na cidade. Dado que, Olivia havia sido levada, e ele, desaparecido da festa.
Primeiramente, desculpa pela demora. <3 E segundamente.... Calma que nem tudo é o que parece e muita água ainda ai rolar nessa historia... 😉
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