15 - Andrew Chase
Andrew Chase.
Quando eu acordei no dia seguinte, meu pai disse que eu não precisaria ir à escola, pois já que eu não tinha dado o meu depoimento ontem, eu teria que ir até a delegacia para contar o que aconteceu. O que seria um problema, já eu não sabia se Patty tinha dito a verdade ou mentido. Patty... Eu pensei bastante sobre o que aconteceu, e cheguei à conclusão de que ela sempre foi minha melhor amiga, tanto que eu nem me lembro de como nós nos conhecemos, tudo o que eu lembro de quando eu era pequena envolve a Patty, e mesmo ela tendo escondendo o que fez de mim e ajudado um possível assassino, ela não deixaria de ser a minha melhor amiga, e eu tinha que dizer isso a ela.
Tentei entrar no quarto de Louis, mas estava trancado, o que era estranho, mas foi só eu pegar a chave reserva que tudo se resolveu. Entrei no quarto lentamente para não fazer barulho, e vi que ela ainda estava dormindo. Essa preguiçosa! Mas ela iria acordar e era agora!
– PATTY! – Pulei na cama ao lado dela e sacudi o seu corpo.
– Ai meu Deus! SOCORRO! – Ela começou a se debater debaixo das cobertas, e acabou acertando um chute na minha barriga.
– Ai, sua vaca! Sou eu! – Puxei o cobertor de cima dela para que ela me visse. – Não reconhece minha voz mais? – Reclamei, fazendo cena e passando a mão onde ela tinha me acertado, mesmo que o chute não tenha doido tanto.
– Você me assustou, pulando em cima de mim desse jeito! Você não sabe a noite que eu tive!
Revirei os olhos.
– O que demais poderia ter acontecido enquanto eu dormia?
– Você não faz ideia! ... mas espera um pouco, estamos bem? Você não quer me matar ou nada parecido?
– Não, não se preocupe. Você fez o que achou ser certo, eu é que deveria ter dito logo o que estava acontecendo, assim você não confiaria no Harry.
– Ótimo, por que eu odiaria ficar brigada com você. – Ela disse me abraçando. – Voltando ao assunto, adivinha com quem eu encontrei ontem de madrugada?
– Um fantasma? – Brinquei.
– Não, mas igualmente assustador, o Zayn!
– O que? Como assim? – Não consegui acreditar.
– Eu entrei sem querer no quarto da Taylor, e ele tentou me agarrar pensando que eu era ela. Por sorte eu conseguir sair de lá e me tranquei aqui dentro. E falando nisso, como você entrou?
– Chave reserva, o que não vem ao caso, eu vou matar a Taylor! Como ela traz um criminoso para dentro de casa?
– Olha, sua irmã sempre foi um pouco sem noção, eu confesso, mas isso é outro nível!
– Eu vou conversar com ela e tirar isso a limpo. Eu tenho que resolver outra coisa agora.
– O que?
– O que você disse no seu depoimento ontem? Eu vou para a delegacia em alguns minutos e precisamos estar combinando.
– Eu não disse nada demais, só que estávamos passeando e encontramos o corpo. Mas, Liv, você não acha melhor contar logo toda a verdade para o seu pai?
– Eu pensei sobre isso, e eu vou contar a verdade. Não agora, pois antes eu preciso encontrar alguma prova concreta de que Harry é mesmo o culpado.
– E como você pretende fazer isso? Vai seguir ele por aí? – Ela riu.
– Exatamente. – Dei de ombros, vendo ela ir parando de rir aos poucos ao perceber que eu não estava brincando.
– Espera aí, você está falando sério? – Assenti. – Olivia você endoidou?
– Não, é um plano perfeito! Hoje é sexta-feira, o que significa que os universitários vão passar o final de semana em casa. Vamos até a Universidade e esperamos Harry sair, então o seguimos até onde ele mora.
– Não querendo de incentivar nesse seu plano doido, mas o que você vai fazer depois? Invadir a casa dele?
– Hoje não, logicamente. Ele vai estar cansado e provavelmente irá dormir, mas amanhã sim. É sábado, ele com certeza irá sair. Hoje só precisamos descobrir onde ele mora.
– Você pirou! – Ela disse, se levantando da cama e andando agitada pelo quarto.
– Não é loucura. É um ótimo plano, e se eu conseguir alguma evidencia, qualquer que seja, eu conto amanhã mesmo tudo para o meu pai. – Concluí. – Você vai me ajudar, não é?
– Me meter em uma situação claramente perigosa que tem tudo para dar errado? É claro que eu vou! Não por opção, mas já que você vai com ou sem mim, é melhor nós irmos juntas. – Ela suspirou.
– Obrigada! – Agradeci, aliviada por não ter que fazer isso sozinha. – Eu tenho que ir agora, conversamos depois.
– Ok.
Me levantei da cama e a abracei antes de sair do quarto, pensei em ir no quarto da Taylor conversar sobre o que diabos ela estava fazendo se envolvendo com Zayn, mas me lembrei que ela já tinha ido para a escola, então essa conversa teria que esperar. Desci as escadas e encontrei o meu pai no sofá da sala.
– Vamos? – Ele perguntou, se levantando.
– Vamos.
Eu já tinha estado várias vezes naquela delegacia visitando o David, ou apenas fazendo bagunça mesmo, era quase como uma segunda casa. Mas agora o sentimento que eu sentia não era agradável, e sim bem desconfortável, pois eu teria que mentir e ocultar várias coisas que eu sabia que poderia ajuda-los, mas com sorte, isso seria por pouco tempo.
– Espera nessa sala que logo alguém irá vim te interrogar. – Meu pai disse, me colocando na sala do interrogatório.
– Não vai ser o senhor? – Perguntei sem entender.
– Não, eu vou está na sala ao lado vendo tudo por aquele espelho. – Ele apontou para o grande espelho na parede. – Não se preocupe, vai ser tudo muito rápido e normal, é só contar o que você sabe.
– Tudo bem. – Assenti e me sentei na cadeira, enquanto ele saia da sala.
Alguns minutos se passaram de puro silencio, até que a porta finalmente abriu e por ela passou um homem de terno. Ele tinha o cabelo castanho, assim como os olhos, e vestia um terno preto. Seu rosto permaneceu serio todo o tempo, e sentado de frente para mim, do outro lado da mesa, ele olhava para alguns papeis dentro de uma pasta.
– Eu sou o Agente Andrew Chase. – Ele era do F.B.I.? Então foi ele quem tomou o controle da investigação na cidade.
Estar cara a cara com um agente federal era incrivelmente difícil, quem dirá mentir para um, minhas mãos estavam começando a soar de nervoso no meu colo, porém eu continuei em silencio, e esperei que ele começasse com as perguntas, talvez assim fosse mais fácil. Contudo, ao invés de começar o interrogatório, ele apenas retirou várias fotos de dentro da pasta e as espalhou pela ela para que eu visse. Eram fotos das cinco vítimas que o Enigma tinha feito em aqui Londville. Todas cobertas de sangue, exceto Valerie, que estava extremamente limpa, mas com a pele completamente enrugada pelo temo no lago. Senti o meu estomago revirar e virei o rosto, sem conseguir olhar mais.
– Por que você está me mostrando isso?
– Apenas para que você entenda que isso é extremamente sério, e qualquer informação que você tiver, pode ser essencial para nós. – Ele explicou, olhando para as fotos como se nem se importasse.
– Eu sei disso. – Disse, engolindo seco, pois eu sabia que ele estava certo.
– Você sabia que a Valerie não morreu afogada? – Neguei com a cabeça. – Ela foi esfaqueada várias vezes, assim como todas as outras vítimas e depois jogada naquele lago como se ela nem importasse... como se fosse nada. É com uma pessoa tão perversa assim que estamos lidando. Uma pessoa que não tem sentimentos, que não tem empatia. Você quer que ele continue solto para que mate sua última vítima aqui em Londville e então vá para outra cidade continuar com a matança?
– Não, claro que não. – Respondi de imediato. – Mas como assim última vítima?
– Ele sempre faz seis vítimas em cada cidade que vai. – Ele explicou e eu lembrei de ter lido ou visto alguma coisa sobre isso. – Valerie foi a quinta... – Ele continuou. – Então, tem alguma informação que possa nos ajudar? Qualquer coisa que possa nos guiar na direção certa?
Parei para pensar se realmente estava fazendo o certo em esconder minha desconfiança sobre o Harry, mas a verdade é que era apenas isso mesmo, uma desconfiança, e até eu conseguir uma prova, por menor que fosse, eu manteria isso em segredo.
– Desculpa, mas não. Eu e Patty só fomos andar um pouco e acabamos encontrando o corpo.
Andrew ficou me olhando em silencio, como se conseguisse me ler e dizer que eu estava mentindo. Enquanto eu não conseguia ler ou dizer nada sobre ele, apenas que ele realmente parecia instigado a descobrir tudo o que eu sabia e estava escondendo, e eu podia jurar que ele iria jogar isso na minha cara, quando a porta foi aberta de repente, e meu pai passou por ela.
– Acho que acabamos aqui. Filha, vamos, eu vou te levar para casa.
Assenti e me levantei da cadeira, Andrew fez o mesmo, olhando para David como se não estivesse nada satisfeito com a situação, mas sem realmente dizer nada.
– Obrigado por tudo, Olivia. Se lembrar de algo... bem, seu pai é o delegado, então você já sabe.
– Ok. – Concordei, e segui o meu pai pelo corredor para fora daquela delegacia.
Estávamos no caminho de volta para casa quando ele finalmente se pronunciou.
– O que você está escondendo, Olivia?
Engoli em seco. Como ele sabia?
– Como assim?
– Além de ser bom no que eu faço, eu te criei, e nesses 14 anos eu acho que fiquei bom em dizer quando você está mentindo. Não é sempre que eu consigo, mas as vezes você escorrega e eu consigo ver diretamente por você, e hoje, a minutos atrás, estava claro que você estava escondendo algo. E o Agente Chase também percebeu isso.
Respirei fundo, pensando no que falar.
– Eu não posso dizer agora. – Ele já iria começar um sermão quando eu continuei. – Mas eu prometo que te contarei tudo o mais rápido possível! Eu juro.
Ele respirou fundo, desviando seu olhar da rua para mim por alguns segundos.
– Eu não quero que você se machuque, filha, essa cidade não é mais tão tranquila como antes. – Ele disse, claramente preocupado.
– Eu sei, não se preocupe. Eu vou tomar cuidado. – Garanti.
– Tudo bem...
Eu conseguia sentir na voz dele que ele não estava gostando nada da minha ideia, mas ainda assim, ele não me proibiu de nada. O que era bom. Tudo o que eu precisava agora era conseguir alguma prova para provar a minha teoria. David continuou a dirigir em silencio, então eu aproveitei para checar o meu celular. Eu tinha mandado algumas mensagens para o Justin, pedindo para que ele me ligasse ou me encontrasse em algum lugar para conversar, mas ele não havia respondido a nenhuma delas.
Será que ele sabia o que tinha acontecido? Era improvável que não, afinal, o meu rosto e o de Patty estava em praticamente todos os jornais, sites e televisões. Mas se ele realmente sabia o que tinha acontecido, por que não me ligava ou ao menos mandava uma mensagem perguntando se eu estava bem? Sem querer bancar a "namorada grudenta" ou pensar demais no assunto, coloquei os meus fones de ouvido e coloquei para tocar o álbum da Melanie Martinez, que era um dos meus favoritos. Quando eu percebi, já estávamos na rua da minha casa, e meu pai estava encostando o carro no meio fio.
– Eu tenho que voltar para o trabalho, mas lembre-se do que eu disse, tome bastante cuidado, minha filha. – Ele disse, beijando o topo da minha cabeça.
– Eu vou, pai. – Garanti mais uma vez, e desci do carro.
Eu estava abrindo a porta de casa, quando o meu celular tocou, o retirei rapidamente do bolso da calça na esperança de que finalmente fosse Justin, mas quando olhei na tela, era uma ligação do Louis. Atendi.
– Meu Deus, Liv, como você está? Eu acabei de ver na TV sobre o que aconteceu.
– Eu estou bem, não se preocupe. Mas confesso que foi bastante... chocante, na hora. Obrigada por ligar!
– Não fiz mais que a minha obrigação, pequena.
Imediatamente eu sorri com o carinho na sua voz. Ele era o melhor irmão que alguém poderia ter.
– Você não me chama assim faz é tempo. – Comentei.
– Você tem quase a minha altura agora, não faria sentindo. Mas eu quero que saiba que mesmo eu estando um pouco longe agora, você ainda é e sempre será a minha pequena, entendeu? – Meu sorriso aumentou ainda mais.
– Entendi.
– Ótimo. Eu tenho que ir agora, tenho aula.
Ele já iria desligar, quando eu lembrei de algo.
– Espera! Que horas você vai vim para casa?
– Eu normalmente saio daqui as cinco da tarde, mas nós vamos a uma pizzaria hoje, então eu devo chegar lá por volta das nove da noite. Você avisa aos nossos pais?
– Claro, mas quem é "nós"? Está de namorada nova? – Provoquei.
– Só se essa namorada for dois caras chamados Liam e Luke! – Ele riu.
– E aquele seu outro amigo? – Fingi não saber o nome.
– Harry? Ele não vai poder ir, tem que ir para casa, algum problema de família, não sei direito.
– Ah... – Disse apenas, já começando a pensar em um plano.
– Tenho que ir, nos vemos a noite! – Ele se despediu.
– Tchau. – Desliguei o celular e entrei em casa. Subi para o meu quarto e me deparei com ele vazio. Será que Patty ainda estava no quarto de Louis? Já estava indo para lá quando ouvi o som do chuveiro vindo do meu banheiro. – Patty? – Bati na porta.
– Calma, já estou terminando! – Ela gritou lá de dentro.
Me deitei na minha cama e chequei o meu celular novamente. Nenhuma nova mensagem. Suspirei frustrada. Eu já tinha ligado duas vezes para Justin e em nenhuma das duas ele atendeu ou se importou de retornar, eu que não iria ficar fazendo o papel de trouxa, ele que me ligasse agora. Ou ao menos enviasse uma mensagem, qualquer coisa para dar um sinal de vida.
– Como foi lá? – Patty perguntou saindo do banheiro.
– Esse vestido é meu? – Franzi a testa sem ter certeza.
– Na verdade é meu, eu devo ter esquecido aqui algum dia. Sorte que eu o encontrei enquanto procurava algo para vestir no seu armário. – Ela sorriu se jogando na cama ao meu lado. – E aí?
– Estranho..., e bastante desconfortável. Eu conheci esse agente Federal, Andrew Chase, e ele parece saber que eu estava mentindo ou ao menos, omitindo informações.
– Você não é a melhor mentirosa que eu conhe...
– Eu sei! – A interrompi, revirando os olhos. Eu era uma péssima mentirosa, mas estava progredindo. Se bem que isso não era algo do que eu deveria estar me orgulhando. – Mas ainda assim, ele é... diferente. – Comentei, sem saber bem o que eu queria dizer com aquilo. – Você já comeu? – Mudei de assunto.
– Já. O que vamos fazer agora? Temos bastante tempo até de tarde.
– Vamos buscar o seu carro no lago, e abastasse-lo. Depois assistimos a algum filme ou qualquer outra coisa. – Dei de ombros. – Vamos?
– Claro!
Demoramos mais ou menos uma hora para chegar até onde o carro estava estacionado, a pé. Patty reclamou boa parte do caminho, mas fomos matando tempo com conversas aleatórias e quando nos demos conta, estávamos lá. Haviam faixas criminais amarelas rodeando todo o perímetro do lago, mas por sorte o carro estava do lado de fora.
– Você acha que ainda tem algum policial por aqui? – Perguntei olhando em volta, apenas árvores e mais árvores balançando com o vento.
– Não sei, você que é a filha de um delegado aqui. – Ela comentou, indo em direção ao carro. – Você não vem?
– É claro. Não estava pensando em ir embora sem mim, estava? – Brinquei, indo em direção ao carro.
– É claro que não! – Ela piscou um olho para mim, enquanto desligava o alarme do carro.
Balancei a cabeça negativamente, enquanto esticava a mão para abrir a porta de passageiro do carro. Mas assim que encostei na maçaneta senti algo perfurar minha pela. Retirei a mão rapidamente, e fechei os olhos para suportar a dor que ficava cada vez mais forte, enquanto o sangue escorria e pingava no chão.
– Merda!
– O que foi? – Patty perguntou, já sentada no lugar do motorista.
– Alguma coisa me cortou. – Expliquei, levantando a minha mão para que ela visse o estrago. Um corte de mais ou menos dois centimetros na palma da minha mão.
– Meu Deus, como foi isso? – Ela desceu rapidamente do carro.
– Não sei... acho que tem alguma coisa na maçaneta. – Me inclinei para olhar melhor e realmente havia algo ali. – Parece um pedaço de vidro colado. – Notei.
– E por que alguém colaria um pedaço de vidro no meu carro? – Ela perguntou já do meu lado.
– Acho que tem um pedaço de papel colado nele...
– E por que alguém colaria um pedaço de papel em um pedaço de vidro e colaria esse pedaço de vidro com o pedaço de papel colado, no meu carro?
Com a minha mão esquerda eu cuidadosamente puxei o pedaço de vidro, o virei e retirei o pedaço de papel que havia atrás, vendo o que estava escrito.
– Eu não entendi nada da sua pergunta, mas eu acho que quem colou isso queria que eu encontrasse. – Disse, sentindo o meu coração acelerar cada vez mais.
– Por que? – Eu não consegui dizer nada, apenas entreguei o pedaço de papel a ela. E em menos de um segundo eu vi sua expressão, antes confusa, se tornar assustada. – Oh, merda... merda, merda! O que fazemos agora? – Ela perguntou, se desesperando.
– Calma... – Disse, mas a verdade é que eu estava a ponto de começar a chorar ali mesmo. A dor na minha mão parecia fichinha ao medo que estava crescendo em meu peito.
– Calma? Eu não vou conseguir ficar calma! – Ela me devolveu o pedaço de vidro. – Você tem que contar tudo ao seu pai!
– Eu sei. – Concordei, lendo novamente o que estava escrito de caneta vermelha no papel.
Hey, Olivia, vamos brincar?
Chegamos a 3K!!! Muito obrigada a todas vocês minhas leitoras (e talvez algum leitor? Quem sabe? rsrs ) 3 mil beijos a todos! Adoro cada um de vocês! <3 Espero que tenham gostado desse capítulo, e nos vemos no próximo! XOXO.
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