Capítulo 72
Reencontro.
Olivia
Eu não conseguia acreditar. Se alguém me contasse, eu provavelmente diria que a pessoa estava mentindo. Eu estava vendo com os meus próprios olhos, e ainda assim, a ficha não havia caído. Ele estava mesmo aqui?
— Harry... — Sussurrei, incrédula.
— Oi, Olivia.
Era mesmo ele. Sua voz ainda me causava arrepios e seus olhos verdes ainda aceleravam o meu coração. Ele estava aqui... Jesus, ele estava aqui! Um turbilhão de sentimentos passou por mim e eu tive vontade de abraçá-lo, de gritar, de me jogar em seus braços, de lhe dar um tapa, até que por fim, fui tomada por uma vontade absurda de chorar, e eu estava dando o meu máximo para controlar isso.
— Edward, você está aqui! Quando você voltou? — Cameron perguntou, animado.
— Hoje mesmo, acredita? — Ele sorriu, ainda um pouco sem graça. Seu olhar desviou de mim por um breve segundo para olhar para o amigo, mas logo, ele estava me encarando novamente.
Éramos como um maldito imã, pois eu não conseguia parar de olhar para ele também.
— Nossa, faz tanto tempo que não nos vemos, quanto tempo você ficou fora mesmo?
— Tempo demais... aparentemente. — Ele limpou a garganta.
Seu olhar pairou no anel em meu dedo, que eu estava apenas experimentando para a Taylor, e eu rapidamente entendi o que ele achava que estava acontecendo. Logo, a vontade de chorar foi sufocada pela raiva que invadiu o meu peito com força total. Ele passa três anos sem dar a mínima para mim e de repente volta querendo estar cheio de direitos? Me julgando? Empurrei o anel de volta para o meu dedo e me forcei a desviar do olhar dele.
— Eu vou entrar e deixar vocês dois conversando.
Dei um beijo na bochecha de Cameron como despedida, e ele me olhou sem entender nada, pois eu nunca fazia isso com ele, no máximo nos abraçávamos em festas e feriados.
— Na verdade, eu estava pensando se poderíamos conversar um pouco, Olivia? — Harry me parou.
— Eu não quero conversar com você. — Fui direta e passei por eles, saindo do gazebo sem dirigir mais nenhuma palavra ou olhar a ele, apesar da vontade alarmante que eu tinha de fazer isso. Eu precisava ser forte agora.
Caminhei às pressas pela fazenda até chegar na casa e passei como um furação pela sala onde uma confraternização estava acontecendo. Não dei atenção a nada nem ninguém e apenas me tranquei no meu quarto. Foi só o tempo de eu confirmar que Patty continuava dormindo, que as lágrimas começaram a cair como uma cachoeira pelo meu rosto. Desabei no chão e permiti que elas caíssem, sentindo o meu coração doer como eu já não sentia há três anos.
Eu sonhei tanto com o momento em que eu o veria novamente, mas agora que aconteceu... eu sentia tanta magoa. Era até assustador de encarar isso.
Não sei quanto tempo permaneci ali no chão sentindo pena de mim mesma, mas batidas na porta me fizeram levantar a força. Limpei o rosto antes de abrir, e encontrei o Cameron ali parado, ele parecia preocupado.
— Podemos conversar?
— Agora não, Came...
— É importante. — Me interrompeu. — Por favor?
Abri mais a porta e permiti que ele entrasse.
— Só vamos falar baixo para não acordar a Patty, ok? — Cruzei os braços, esperando-o começar.
— Ok... então, vamos lá... você lembra de três anos atrás quando eu te disse pelo telefone que o Edward não queria mais te ver? — Perguntou, receoso.
— Se eu lembro do momento que me destruiu completamente por dentro? Acho um pouco difícil de esquecer. — Eu não queria parecer tão ríspida, mas ele estava me deixando inquieta com todo esse ar preocupado.
— Ele não disse aquilo.
Meus braços caíram ao lado do meu corpo, enquanto choque se apossava de mim. O que ele tinha acabado de dizer?
— C-como?
— Nunca aconteceu, Liv. Edward não disse que não queria te ver. — Continuou, agora nervoso.
— Então por que diabos.... — Ele me interrompeu outra vez.
— Ele perdeu a memória sobre você, Olivia. — O olhei completamente em choque, sem saber nem o que pensar. — E quando eu digo sobre você, é especificamente sobre você, e sobre o relacionamento de vocês. Ele lembrava de praticamente tudo, menos que tinha desenvolvido sentimentos por você e você por ele. — Eu continuei encarando-o em um silêncio incrédulo, só que agora, de boca aberta. — Eu não sabia como te dizer isso, então eu menti. Pensei que ele lembraria em poucos dias, te procuraria e tudo ficaria bem, sabe? Mas quando isso não aconteceu e ele viajou, eu apenas...
— Continuou mentindo! — Completei, ainda completamente incrédula. — Você tem ideia do que fez? — Acusei, me sentindo traída, apesar de parte de mim conseguir entender o seu lado.
— Eu não queria te machucar ainda mais. — Falou, de fato soando arrependido.
— Mas você acabou machucando muito mais, não percebe?
Ele assentiu, aparentando estar realmente mal com toda essa situação, no entanto, eu não tinha tempo para me entender com ele agora. Estava indo em direção a porta, quando ele perguntou.
— Onde você vai?
— Pra onde você acha? Pro gazebo.
— Ele não está lá, acho que está no quarto.
Eu assenti e saí apressada. O tempo todo meu coração parecia que iria pular para fora do meu peito. Ele se lembrava de mim agora? Era isso o que ele queria conversar comigo? Eram tantas perguntas rodeando a minha cabeça que quando eu finalmente parei em frente a porta do único quarto vago, eu estava a ponto de desmaiar.
Me encostei na parede em frente e respirei fundo algumas vezes para me acalmar. Só então, bati na porta. Não demorou mais do que alguns segundos para que ela abrisse, e então... lá estava ele novamente. Harry me olhou um pouco surpreso, mas logo expirou aliviado.
— Oi, Liv...
Inúmeros cenários se passaram pela minha cabeça, porém, eu ignorei todos eles e apenas fiz o que o meu coração estava exigindo. Eliminei o espaço entre nós e passei meus braços pelo seu pescoço, o abraçando forte. Seu corpo, que estava um pouco tenso, logo relaxou, e eu pude sentir os seus braços rodearem a minha cintura, me abraçando de volta.
Nada foi dito por um bom tempo, apenas permanecemos ali, um nos braços do outro. Seu perfume ainda era o mesmo, inebriante, e ele parecia precisar desse abraço tanto quanto eu, pois me segurava contra si como se pudesse me perder a qualquer momento. Uma de suas mãos foi para o meu cabelo, o alisando continuamente, e então, eu me afastei para erguer o meu rosto e encontrar aqueles olhos verdes que eu tanto adorava e sentia falta. Eles pareciam um pouco distantes agora, mas a sua essência ainda estava lá. Algo em mim, ainda reconhecia ele, e isso era o suficiente para mim. Mesmo que ele ainda não lembrasse, eu o faria lembrar.
— Eu não sabia. — Expliquei, já sentindo os meus olhos e nariz arderem. — Se eu soubesse, eu teria ido até você, eu teria tentado...
— Olivia, está tudo bem. — Ele me interrompeu, me olhando em um misto de adoração e curiosidade.
— Não, não está! Eu senti tanto a sua falta!
Abaixei o rosto e o apoiei em seu peitoral, voltando a abraçá-lo, mas dessa vez pela cintura. Harry não se importou, apenas me envolveu em seus braços com uma mão enquanto que com a outra, voltou a fazer carinhos com meu cabelo, permitindo que eu molhasse o seu suéter com minhas lágrimas até que eu me acalmasse.
— Eu senti falta do seu cheiro. — Comentou em meu ouvido, e sua voz assim tão perto de mim me trouxe mais uma onda de arrepios. — Pode parecer loucura, porém é algo que eu só me dei conta agora, tendo você nos meus braços novamente, tão perto, mas tão longe...
— Eu não estou longe. Não mais. — Afirmei baixinho.
Ele não disse nada em resposta, apenas afogou seu rosto em meus cabelos, inspirando forte, enquanto eu o abraçava mais ainda, querendo eliminar qualquer mínimo espaço que restasse entre nós, mesmo que isso fosse fisicamente impossível.
Então, senti o meu corpo todo arrepiar outra vez quando os seus lábios tocaram o meu pescoço. Não foi um beijo, apenas um toque e um suspiro pesado contra a minha pele, e então, ele se afastou. Sua repentina ausência me aturdiu um pouco, mas tratei de me recuperar enquanto o via ir se sentar na cama do quarto. Ele estava um pouco diferente, ligeiramente mais velho, mais encorpado e com muito mais músculos do que ele aparentava no vídeo que mandou para o meu pai, seu cabelo também estava mais curto, contudo, apesar das mudanças, ele continuava extremamente atraente. De tirar o fôlego. Especialmente o meu.
— Você se lembra de mim agora, não é? — Fui me sentar ao seu lado e aproveitei para entrelaçar as nossas mãos, ansiando pelo seu contato físico após tanto tempo afastados.
— Sim, eu lembro... eu lembro já há algum tempo, Liv. — Ele virou o rosto para mim com um semblante sério.
— Espera... o que? — Não consegui esconder a surpresa. — Quanto tempo?
Ele havia se lembrado há vários dias, ou semanas, e não tinha tentado nenhum contato comigo?
— Dois anos... mais ou menos.
Minha mão automaticamente se desentrelaçou da sua enquanto o choque ia apossando do meu corpo novamente. Mas que merda?
— P-por que não ligou ou me procurou antes? — Ele abaixou o olhar para as nossas mãos agora afastadas, e eu pude sentir que havia algo que ele não estava me contando. — O que está acontecendo? Por que agora? Por que hoje...
Minha mente finalmente voltou a funcionar e eu fui capaz de conectar todos os pontos. O encontro da minha avó com a sua irmã Denise estava acontecendo nesse exato momento lá na sala. Ela chegando no mesmo momento que ele, ele ficando no único quarto disponível da casa e que estava designado a ela, e como a cereja do bolo, a minha aparência. A porra da minha aparência! Não poderia ser. O universo não seria tão cruel a esse ponto.
— A irmã da sua avó é a mãe da Annabelle, Liv. O que significa que nossas mães eram primas. Nós...
— Não! — O interrompi abruptamente antes que ele terminasse. Pois se ele falasse em voz alta, seria ainda mais real. — Não fala... por favor. — Levantei da cama e dei as costas a ele, encarando uma parede aleatória do quarto enquanto tentava não voltar a chorar. — Você não veio até aqui por minha causa, não foi?
— Eu... — Sua voz cortou. — Não, no começo não. Eu vim apenas acompanhar a minha avó no reencontro. Mas, Liv...
E o meu coração sofreu mais um baque. A dor estava quase impossível de sustentar a essa altura. Tentei respirar fundo, tentei me acalmar, mas não foi possível. Então, antes que ele pudesse me ver chorar ou falar qualquer outra coisa, eu apenas abri a porta e fui embora dali, voltando para o meu quarto.
Cameron não estava mais lá, apenas Patty, que ainda dormia como uma pedra. Despenquei no chão, sem força alguma nas pernas, e ali fiquei pelo resto da madrugada. Não consegui dormir, apenas chorei e observei o nascer do dia por uma brecha na cortina da janela do quarto.
***
— O que aconteceu com os seus olhos? — Patty perguntou preocupada assim que acordou.
Me sentei na cama para calçar um par de botas. Eu havia combinado de ir ajudar o vovô com alguns animais agora de manhã. Sem falar do passeio com o Hades que eu ansiava há bastante tempo, agora mais do que nunca. Trabalhar ajudaria a ocupar a minha mente, e cavalgar sempre me trazia paz.
— Harry está aqui.
Patty fez a careta de surpresa mais caricata que eu já havia visto na vida.
— Como é que é?
— Ele é neto da Denise, irmã da minha avó. — Revelei, e ela arregalou ainda mais seus olhos.
— Mas isso não faz de vocês...
— Pois é. — A interrompi, ainda um pouco em negação quanto a isso. — Eu vou trabalhar um pouco pela fazenda para espairecer, nos falamos depois, ok?
Patty apenas assentiu, completamente sem palavras. E olha que isso era bastante raro, o que só mostrava o tamanho da merda em que eu me encontrava.
— Liv, venha conhecer a Denise! — Minha avó chamou quando eu passei pela porta da cozinha.
Voltei alguns passos e fui até ela, cumprimentando-a. Vovó nos apresentou e eu sorri educada, dando o meu melhor para não causar nenhuma má primeira impressão.
— Prazer. — Falei, enquanto ela continuava me olhando abismada.
Olhei para a minha avó, sem saber o que fazer, depois olhei de volta para Denise, esperando por alguma reação dela. Até que do nada, ela simplesmente me abraçou. Passado o susto inicial, eu fui aos poucos entendendo o que estava acontecendo. Annabelle era a sua filha, e eu... era a cara da Annabelle.
Como se ser prima em segundo grau já não fosse preocupante o suficiente, eu ainda era a cara da mãe do cara por quem eu estava apaixonada. Pois sim, eu ainda estava apaixonada por ele, mesmo após saber disso e de tudo. Será que tinha como a minha situação piorar?
— O prazer é meu, querida. — Denise finalmente se afastou, e eu apenas assenti, sem jeito.
Informei a eles para onde estava indo e saí da casa, andando apressada pela fazenda a procura do meu avô e do meu tio. Para a minha surpresa, encontrei os dois no galinheiro junto da única pessoa que eu não queria ver agora, Harry.
— O que você faz aqui? — Perguntei de cara, aproveitando que meu avô e tio estavam distraídos com as galinhas.
Harry tinha uma cesta de ovos na mão, e me olhava tão surpreso quanto eu.
— Eu não consegui dormir e seu avô me chamou para ajudar com os afazeres da fazenda. Você?
Parte de mim queria mentir e inventar alguma desculpa para não ter que confessar que o mesmo havia acontecido comigo, contudo, não consegui pensar em algo rápido o suficiente. Além de a minha mente estar uma bagunça, eu ainda tinha certeza de que não conseguiria mentir para ele.
— O mesmo. — Passei por ele e fui até o meu avô. — Bom dia, vô, precisa de ajuda?
— Não, já estamos terminando por aqui. Você e o Harry podem ir na frente para os estábulos, seu tio e eu encontramos vocês lá.
— Não acha melhor irmos todos juntos? — Sugeri, querendo fugir de ter que ficar com Harry sozinha.
— E correr o risco de atrasar o cronograma? De jeito nenhum. Sua avô foi bastante clara ao dizer que queria todos os animais cuidados até o meio dia, pois depois vamos começar as preparações para a virada do ano, e a noite vai ser só de festa.
Eu suspirei, sem escolha. Se sugerisse que Harry fosse sozinho, ou que eu fosse sozinha, ele certamente iria perguntar o porquê. Ele claramente não sabia quem ele era, não deve ter reconhecido ele de três anos atrás, já que Harry estava em outra cidade quando eu fui levada da minha festa de aniversário, e depois que eu fui encontrada, meus avós não ficaram tempo o suficiente para conhecê-lo. Eles devem achar que ele é apenas o neto da Denise, então, era melhor apenas obedecê-lo
— Tudo bem. — Dei as costas a eles e voltei para onde Harry estava. — Vem, vamos para os estábulos.
Ele não disse nada, apenas colocou a cesta de ovos em cima de um fardo de feno e começou a me seguir pela fazenda.
— Então... — Começou de repente, andando alguns passos atrás de mim. — Você e o Cameron... como isso aconteceu?
Fechei os olhos e amaldiçoei mentalmente, pois já tinha me esquecido desse detalhe. Olhei para a minha mão, eu estava usando luvas, mas ainda conseguia sentir o anel que eu havia esquecido de tirar e entregar de volta para o Cameron. Dizer a verdade agora seria patético, mas eu também não poderia continuar mentindo descaradamente. Eu recriminei o Cameron por ter mentindo e não seria hipócrita de fazer o mesmo depois, ainda mais o envolvendo nessa mentira.
— A minha vida não é mais da sua conta. — Falei, sem responder de verdade.
Chegamos nos estábulos, e eu entreguei uma vassoura pra que ele varresse a sujeira pelo chão, enquanto que eu fui checar os tanques de água. Havia um em cada uma das dez cabines para que os cavalos pudessem beber quando quisessem. Abri a primeira cabine, e com cuidado, já que Apollo estava dormindo, eu fui até o tanque dele, estava cheio e a água estava em uma temperatura boa. Todos os tanques tinham aquecimento para que a água não congelasse pelo frio e ficasse morninha.
Saí da cabine do Apollo e fui checando todas as outras, enchendo os tanques que estavam vazios e ajustando a temperatura dos que estavam frios. Até que cheguei na cabine da Afrodite e a água do seu tanque estava quase congelada. Conferi para ver se era algo que eu poderia resolver, e ao constatar que estava fora do meu conhecimento, decidi chamar o meu ajudante do dia.
— Chamou? — Ele apareceu na porta da cabine.
E eu precisei de um momento para me recuperar antes de falar qualquer coisa. Estava sendo difícil me acostumar com a sua presença, pois apesar da raiva, meu coração, e corpo, eram totalmente traiçoeiros!
— Você entende de fiação? Esse tanque não está esquentando a água. — Falei, olhando para o tanque como desculpa para não ter que olhar para ele ou o seu cabelo perfeito.
— Não muito, mas posso dar uma olhada.
— Obrigada. Eu vou buscar água aquecida para ela enquanto isso.
Saí daquela cabine, peguei um balde e entrei na cabine ao lado, tirando um pouco de água de um tanque propriamente aquecido e voltando para entregar a égua. Afrodite, que até então estava deitada meia triste, levantou e começou a beber do balde que coloquei a sua frente, secando-o bem rapidinho. Fiz um carinho na sua crina branca e sai para buscar mais. Quando ela ficou satisfeita, eu coloquei o balde para fora da cabine e me encostei na porta para observar Harry. Ele estava abaixado perto do tanque mexendo em alguns fios, sua mandíbula estava tensa e ele parecia bastante concentrado.
Talvez fosse todo esse tempo sem me conectar, ou transar, com ninguém, ou talvez fosse apenas por ser ele. Mas meu corpo todo esquentou enquanto eu o observava trabalhar.
— Vai ficar aí apenas me encarando? — Ele falou de repente, me causando uma onda de vergonha. Me virei de costas para ele e pude ouvi-lo rir baixinho. Revirei os olhos e continuei de costas, esperando-o terminar. — Pronto. — Informou, ficando de pé, e eu me virei de volta para ele. — A água deve descongelar em breve.
— Obrigada por isso.
Ele assentiu, vindo na minha direção, ou melhor, na direção da porta, e querendo manter uma distância segura entre nós, eu dei alguns passos para trás. Eu só não esperava acabar esbarrando no balde que eu havia acabado de colocar ali. Me desequilibrei, e quase fui de encontro ao chão, se não fosse por eles e as suas mãos na minha cintura.
— Cuidado... — Alertou, perdendo a voz assim que se deu conta do quão perto nós estávamos um do outro.
Tentei reaver o meu equilíbrio para conseguir me afastar, mas era difícil com ele me segurando assim tão perto e fortemente. Minha respiração começou a oscilar enquanto eu encarava os seus olhos, e então, a sua boca, e meu coração pisou no acelerador quando ele começou a fazer o mesmo.
— Não deveríamos, Harry ... — Sussurrei, tentando dar ouvidos a voz da razão.
— Sim, não deveríamos. — Ele concordou prontamente. Me apertando mais para si ao invés de me soltar. — Definitivamente não deveríamos, Liv.
E então os seus lábios estavam sobre os meus.
Agarrei o tecido do seu casaco enquanto ele me guiava até a porta da cabine em frente a que estávamos, e assim que senti a madeira encostar em minhas costas, o beijei com ainda mais vontade, sentindo o meu corpo todo aquecer em meio aquele frio. Era tanta saudades, tanta paixão e tanto desejo acumulado, que eu não conseguia nem controlar o meu próprio corpo, era como se estivesse agindo sozinho. Matando aquela sede incontrolável que eu sentia por ele.
Suas mãos começaram a passear pelo meu corpo, e eu queria fazer o mesmo, mas todas aquelas camadas de tecidos estavam me dando nos nervos. Nunca odiei tampo a neve quanto agora, se estivéssemos no verão seria tão diferente.... Abaixei o zíper do seu primeiro casaco, e estava abaixando o do segundo enquanto ele beijava o meu pescoço, quando uma voz ecoou pelos estábulos.
— O que exatamente está acontecendo aqui?
Puta que o pariu, era o tio Mike!
Harry e eu nos afastamos imediatamente e olhamos para a entrada do estábulo completamente envergonhados. Mike trazia consigo a Afrodite, e imediatamente eu olhei para a cabine dela, notando com desgosto que havíamos esquecido de fechar a porta da sua cabine e por isso ela havia saído.
— Tio... não é o que parece! — Tentei falar, me esforçando para não gaguejar.
— Sério? Pois parece que vocês estavam enfiando a língua na boca um do outro. Vocês jovens chamam isso de outra coisa agora? — Eu não soube mais o que dizer, então apenas escondi o rosto nas mãos, querendo morrer de tanta vergonha. — Olha, eu não quero problemas, então, vou só colocar a Afrodite de volta e ir embora, tudo bem? Vocês que são jovens que se resolvam.
Eu apenas assenti, observando de cabeça baixa ele guiar a égua de volta para a sua cabine, e então, fazer seu caminho de volta para dar o fora dali, mas não antes de se virar e olhar para mim e Harry com curiosidade.
— Mas vocês sabem que tecnicamente são primos, não sabem?
Alguém por favor joga a última pá de terra em cima de mim, pelo amor de Deus!
Harry assentiu com a cabeça por nós dois, já que eu estava ocupada demais querendo enfiar a minha cabeça em um buraco, e então, Mike sumiu da nossa vista.
— Liv...
Ele tentou falar, mas honestamente? Eu não estava com cabeça para falar ou fazer mais nada agora, então apenas saí correndo dali e voltei para dentro da casa, onde me tranquei no meu quarto mais uma vez para tentar fingir que o resto do mundo havia desaparecido por algumas horas.
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