Capítulo 67
A casa do lago.
Olivia
Eu não sei por quanto tempo o Andrew ficou fora, mas quando ele retornou, trouxe um vestido branco consigo e ordenou que eu o colocasse. Eu ainda estava com a calça e blusa de moletom que vesti no apartamento há uns dois ou talvez mais dias atrás, eu não tinha ideia de há quanto tempo estava presa aqui. Era difícil ter noção disso quando não se via luz do sol ou lua, e eu ainda estava drogada.
— Eu não vou me despir na sua frente. — Falei decidida. Mesmo sabendo que isso poderia resultar em alguma consequência pior para mim.
— Você dormiu por doze horas seguidas quando eu te trouxa para cá, Olivia, se eu quisesse te ver nua, teria visto... talvez até tenha. — Ele percorreu o meu corpo com os olhos de forma sugestiva. Seus olhos estavam totalmente pretos, como os de um demônio. — Você nunca irá saber. — Completou, para o meu completo tormento.
Comecei a ter flashs de Andrew passando a sua mão, assim como um pano úmido, em mim, como se estivesse me limpando, e abaixei o olhar para o meu próprio corpo, tentando descobrir se havia alguma dor ou machucado novo em mim... Se ele tivesse feito algo comigo enquanto eu estava desacordada... eu conseguiria descobrir?
Andrew se abaixou para abrir o cadeado que prendia as correntes em meus pulsos, e então, jogou o vestido em cima do mim e saiu do cômodo, fechando a porta atrás de si e só voltando cinco minutos depois quando eu já estava vestida. Seu rosto estava distorcido e seus olhos agora estavam vermelhos, pareciam queimar como chamas.
— Não faça nenhuma estupidez. — Alertou quando se inclinou para abrir o cadeado das correntes em meus pés. — E tire a calça também.
Todas as possibilidades de fugir passaram pela minha cabeça, como empurrá-lo, chutá-lo e correr para longe, mas em todos os cenários, eu acabava morta. Eu sabia que não conseguiria ir muito longe, isso se eu sequer conseguisse passar da escada, principalmente por eu ainda me sentir um pouco tonta e meio que desconectada com a realidade e com o meu próprio corpo. A sensação não era boa. Eu me sentia entorpecida.
— Por que? — Indaguei.
Eu não precisei tirar a calça para pôr o vestido, e estar vestida com ela agora fazia com que eu me sentisse mais protegida.
— Não me faça tirar, Olivia. — Ameaçou, com tédio.
Tomando cuidado para não levantar o vestido, eu puxei a calça para baixo e a retirei, passando os meus pés agora livres por ela. E me segurando forte pelo braço, Andrew me guiou escada acima até deixarmos o que eu agora sabia que era mesmo um porão. Estávamos em uma casa, o que significava que poderia haver vizinhos por perto, mas as janelas estavam todas fechadas e eu não conseguia ter certeza disso.
Subimos mais um lance de escadas até o primeiro andar da residência e eu notei que haviam alguns portas retratos em cima de um aparador no corredor quando passamos, mas todos estavam virados para baixo e eu não consegui ver de quem eram as fotos, e consequentemente, a casa. Passamos pelas portas de dois quartos, mas não entramos, Andrew continuou me puxando pelo corredor e me empurrou para dentro de um banheiro. Os meus olhos imediatamente se focaram na banheira posta bem no centro do cômodo e já completamente cheia com... sangue.
Eu quis vomitar.
— O que pretende fazer? — Perguntei, quando ele me empurrou e me forçou a entrar na banheira.
Olhei para minhas mãos e braços cobertos por sangue, e ao piscar, tudo voltou ao normal e eu vi que era apenas água. Transparente, limpa... normal.
— Eu não pretendo fazer nada, você sim.
Ele foi até o balcão da pia e pegou uma câmera fotográfica que havia lá, virando-a para mim e batendo uma foto. O flash fez com que eu me recordasse dele tirando outras fotos minhas quanto estávamos no porão, mas eu não conseguia lembrar com claridade. Talvez nem fosse real, apenas eu alucinando.
— Vai atualizar o seu blog? — Soltei, enojada.
— O blog era do Landon, não meu. Mas pensei em postar essa última foto como forma de honrar a memória dele, sabe? Apesar de tudo. — Ele deixou a câmera de lado e colocou sua mão sobre um estojo preto que havia perto da pia. — Tudo depende de você agora, Olivia. O nosso destino, meu, seu, e de Edward, está nas suas mãos... ou melhor, nos seus pulsos.
Ele tirou um bisturi de dentro do estojo e o ergueu na altura dos olhos, encarando a lâmina com admiração. E então, foi como se algo estalasse em minha mente. A Tiffany. Foi assim que ela morreu! Se suicidando em uma banheira.... se é que foi mesmo um suicídio, a essa altura, eu já não sabia.
— Ninguém vai acreditar nisso, Andrew! A polícia, minha mãe, o meu pai! Eles saberão na hora que foi você!
— Não importa se eles saberão ou não. Sua família não é o alvo de nada disso, o meu filho é quem é. Ele está tão apegado a você, que a única forma de eu o ter ao meu lado novamente, é se ele te perder. E te perder da mesma forma que a outra idiota apaixonada, vai ser belo de um...
— ...Gatilho. — Completei sua frase, o fazendo sorrir. Um sorriso tão vazio quanto os seus olhos.
— Eu iria dizer trauma, mas que bom que compreendeu. — Ele desviou o olhar de mim, olhando para o estojo com um semblante sério.
Ele não lembrava em nada o Landon. Enquanto o mais novo parecia ser um louco psicótico, o homem a minha frente não aparentava ser nada além uma pedra desprovida de qualquer emoção. Era como encarar um abismo escuro e sem fundo.
E era aterrorizante quando esse abismo te encarava de volta.
Mas mais aterrorizante ainda era lembrar de como ele era antes. Um agente do FBI extremamente sério e dedicado em prender criminosos e me proteger. Será que ele ria de mim e da minha família quando não estávamos vendo? Pois assim como fez agora, ele poderia ter me sequestrado e me matado desde o primeiro dia, ele apenas não o fez por que não quis! Mas eu lembro perfeitamente bem que quando o meu nome ficou completo, foi uma sugestão dele me levar para o apartamento. Foi sugestão dele! Todo esse tempo, enquanto eu pensava estar segura naquele lugar, eu estava apenas sendo controlada como uma peça de tabuleiro que poderia ser comida a qualquer momento!
Andrew trocou o pequeno bisturi que segurava por um outro um pouco maior, e veio com ele até mim e o estendendo na minha direção.
— Eu não vou me matar! — Afirmei, recusando-me a pegar o objeto.
— Ninguém virá te salvar, Olivia. Você pode fazer isso por mim e pelo meu filho, e morrer com a certeza de que realizou alguma coisa de útil nessa sua vidinha insignificante, ou, eu simplesmente posso matá-la aqui mesmo e acabar com o seu sofrimento. É algo fácil para mim, você sabe disso. — Disse em tom de pena, segurando o meu pulso e me forçando a pegar o bisturi das suas mãos.
E ele nem precisou fazer força, já que os meus pulsos estavam completamente roxos e qualquer mínimo toque já me causava uma grande dor. Engoli um grito de dor e prendi a respiração, tentando não chorar de novo. Eu não daria esse gostinho a ele, pois por mais cruéis que suas palavras fossem, eu não iria lhe satisfazer!
Olhei para o bisturi em minha mão. Ele era bem frio em contraste com a água morna em que eu me encontrava. Eu poderia tentar usá-lo contra o Andrew. Sim, eu poderia. Mas eu teria forças para conseguir fugir daqui? Fechei os olhos. O sentimento de tristeza profunda misturada ao desespero ia se acumulando sem parar em meu corpo, acabando por paralisá-lo. Eu estava com medo, muito medo, mas eu também estava com ódio, nojo! E eu não queria morrer! Muito menos dessa forma. Entretanto, Andrew e essa sua presença maligna pairando perto de mim faziam parecer que essa era a minha única alternativa. Morte. Seja pelas minhas mãos, ou pelas mãos dele.
Deus, eu só precisava de um plano! De uma chance!
Olhei para a pequena janela a minha frente. A cortina preta fechada cobria a visão do que havia lá fora, mas ainda dava para ver resquícios do que seria a luz alaranjada do sol se pondo. E imaginando o calor dele em minha pele, assim como a liberdade que eu conseguiria se escapasse, eu consegui pensar em um ângulo.
— Você a matou não foi? — Olhei para ele ao meu lado, encontrando um par de olhos inexpressivos. — A Tiffany.
— Ela se suicidou. Pensei já ter dito isso.
— Desse mesmo jeito? — Ergui o bisturi e o usei para apontar para ele. Andrew nem se mexeu, sem um pingo sequer de medo de mim. — Com você na frente dela, a menosprezando e enchendo a sua cabeça de besteiras sobre como ninguém, nem mesmo o Edward, a salvaria? A amaria? — Acusei, sentindo o gosto salgado das minhas lágrimas. Droga, eu não deveria estar chorando!
— Eu não cortei os pulsos dela, Olivia, assim como não cortarei os seus. — Um pequeno sorriso surgiu nos cantos da sua boca. — Mas se quer mesmo saber, sim, eu estava lá, e apreciei com prazer o momento em que a sua vida se foi e os seus olhos, assim como o corpo, se transformou em nada mais que um receptáculo vazio. E é exatamente isso que eu farei com você.
Não consegui mais me controlar e estourei.
— Você é um monstro, Andrew, um MONSTRO!
Em um movimento rápido, usei o bisturi para atacá-lo, e o objeto atingiu o seu rosto, fazendo um corte em sua bochecha. Contudo, Andrew rapidamente segurou o meu pulso e eu gritei de dor enquanto ele me fazia largar o bisturi, que caiu no chão a sua frente.
— Sua... — Enfurecido, ele se abaixou para pegar o bisturi no chão, mas antes que pudesse usá-lo contra mim no que eu imaginei ser o fim da minha vida, ouvimos o som de um tiro vindo do lado exterior da casa.
Andrew congelou onde estava, alternando o seu olhar entre mim e a porta do banheiro. Segundos de puro silêncio se passaram, ele parecia analisar cada possível cenário que encontraria em sua mente. E decidindo o que fazer, Andrew foi até o estojo para guardar o bisturi, e tirou a sua faca de caça das costas, golpeando a parede ao lado da porta com ela. Eu quase gritei com o susto do repentino ato.
— Está vendo isso aqui? — Ele retirou a faca da parece, e pelo buraco que ficou, ele puxou o que parecia ser um tipo de espuma de lá de dentro. — A casa toda tem isolamento acústico. Então grite o quanto quiser, sua vadia, ninguém irá te ouvir!
Me lançando um último olhar mortal, ele me deu as costas e fechou à porta ao sair. Quase que imediatamente, eu saí da banheira e eu fui até lá para tentar fugir, mas acabei expirando frustrada ao constatar que ele não havia se esquecido de passar a chave. Eu estava trancada! A minha única saída agora era a janela, mas ela era pequena e alta, sem falar que estávamos no primeiro andar, não seria fácil... Ele havia deixado o estojo aqui, então, eu poderia pegar algo e o atacar quando voltasse.... mas além de um assassino em série, ele também era um agente do FBI treinado, ou seja, eu seria rapidamente imobilizada e assassinada se escolhesse esse caminho.
Fui até a janela. Eu a alcançava com as mãos, mas nunca conseguiria passar por ela sozinha. Olhei em volta, e assim que vi a lixeira de metal ao lado do balcão da pia, a peguei e posicionei em baixo da janela. Com o maior cuidado do mundo para não escorregar, já que eu estava encharcada de água, coloquei um pé em cima e tentei subir. Contudo, acabei escorregando do mesmo jeito e ainda bati com a testa em uma das bordas da banheira no caminho até o chão. Fiquei de pé, conferindo no espelho que havia conseguido um corte no local, mas era pequeno, o sangue que saía era pouco e não me atrapalharia. Eu tive bastante sorte, pois as extremidades da banheira eram arredondadas, e não, afiadas e cortantes, caso contrário, eu poderia ter morrido ali mesmo.
Me inclinei para abrir a porta do armário embutido no balcão da pia, e peguei a primeira toalha que vi, estava usando-a para enxugar os meus pés e as minhas pernas, quando outro tiro ecoou lá fora. Meu corpo gelou. Que merda estava acontecendo lá? Era a polícia? Andrew estava morto? Eu não poderia apenas confiar que sim, precisava fugir! Andrew poderia voltar a qualquer momento, e se isso acontecesse, eu já deveria estar bem longe daqui. Deixei a toalha de lado e fui até a lixeira, conseguindo subir e me equilibrar bem dessa vez. Apoiei os meus antebraços e cotovelos no peitoril, e me sustentei o suficiente para conseguir passar a cabeça e o tronco, tirando os pés da lixeira.
Olhei para baixo, vendo alguns arbustos e flores, e me senti um pouco enjoada com a altura e a paisagem. As cores ali eram incrivelmente bonitas e intensas, e as flores e folhagens pareciam dançar ao se mexerem com o vento, porém, decidi não pensar sobre isso, afinal, desistir estava fora de cogitação, mesmo que eu ainda não estivesse cem por cento sóbria.
Usando as minhas mãos contra a parede exterior da casa, eu fiz força e literalmente me joguei de cabeça para fora daquela janela. Caí com tudo em cima dos arbustos, e enquanto eu me esforçava para não gritar de dor e acabar sendo ouvida, mais três tiros aconteceram. Levantei com os braços e o rosto todos arranhados e ralados, mas fiz de tudo para segurar o choro e suportar a dor, eu não poderia vacilar agora! Simplesmente, não, Olivia!
Respirei fundo algumas vezes, antes de começar a correr, e assim que me afastei o suficiente da casa, foi que eu pude reconhecer onde estava. Era a casa do lago da família do Noah. O lugar onde ele havia morrido. Não mais consegui mais impedir as lágrimas de caírem nesse momento, porém, eu já não tinha certeza se eram de solidariedade ao Noah, ou pelos inúmeros machucados espalhados pelo meu corpo.
Comecei a pensar no que tudo isso significava. Eu estava ali. Andrew estava ali... e ele não parecia estar andando no escuro, parecia familiarizado com tudo. Então, e se... naquela noite de halloween quando a Taylor deixou o Noah aqui, ele desceu para o porão e encontrou o covil do Andrew? O covil do Enigma? Isso poderia ser o motivo o suficiente para ele ser assassinado! Mas... e quanto a todas aquelas coisas do Andrew no porão? Há dias atrás, a polícia fechou essa casa e toda essa área quando o corpo do Noah foi descoberto, eles teriam ignorado um porão cheio de provas que há tanto tempo estavam procurando? Isso teria passado despercebido pela polícia? Pelo meu pai?
Ele pode ter movido tudo antes deles chegarem! Ouvi a voz da Taylor falar, mas ao olhar para os lados, não encontrei ninguém ali comigo.
Olhei em volta. Só havia duas formas de chegar e sair daqui. A primeira era de barco pelo lago mais a frente, e a segunda, pela estrada que ficava há alguns metros depois da parte frontal da casa. Os tiros que ouvi pareciam ter vindo de lá, contudo, também não havia nenhum barco parado na areia para que eu usasse para sair daqui. Considerei tentar atravessar nadando, mas eu sabia que não conseguiria chegar viva até o outro lado, era longe e fundo demais, eu provavelmente afundaria e morreria na metade do caminho. Não tinha como! E como ficar aqui parada tampouco era uma escolha, só restou a estrada.
Ficar na estrada seria burrice, eu seria facilmente encontrada pelo Andrew, então, eu poderia correr para dentro da floresta e tentar encontrar o meu caminho até o outro lado do lago. Eu não conhecia a área desse lado do lago, então, se eu entrasse na floresta e tentasse encontrar o meu caminho de volta a partir de aqui, eu acabaria me perdendo. A Floresta Ouklen era enorme e estava escurecendo, poderia levar horas até que eu encontrasse ajuda, isso se eu encontrasse ajuda, já que poderia acabar sendo atacada por algum animal e terminar morrendo. Se eu chegasse até o outro lado do lago já seria mais fácil, pois de tanto os moradores percorrerem a área para chegar até lá, uma trilha demarcando o caminho havia se formado.
Era isso. Eu tinha um plano!
Fui me apoiando meio encolhida na parede lateral da casa até chegar na parte da frente, e o meu peito se encheu de esperança quando eu vi o carro de Edward parado na beira da estrada a alguns metros da casa. Será que foi ele o responsável pelos tiros que eu ouvi? Notei que havia uma fumaça branca saindo de algumas árvores um pouco mais a frente, mas dali de onde eu estava não dava para ver direito o que estava causando aquilo, se era um incêndio ou algum tipo de acidente. Olhei em volta para ver se eu via alguém, Andrew ou alguma outra pessoa, mas tudo o que eu avistei foi um par de pés caídos no chão atrás do carro de Edward. Meu Deus, havia alguém ali! Talvez os tiros tenham acertado alguém...
Olhei em volta para ter certeza de que realmente não havia ninguém por perto, e saí correndo em direção ao corpo, torcendo para que não fosse o Edward ou alguém conhecido. Contudo, o meu coração se encheu de angustia assim que eu vi quem era que estava ali caído.
— Não, não, não, não, não, não, Deus, não....
Me joguei com tudo no chão ao seu lado, esquecendo totalmente da dor espalhada pelo meu corpo, pois ela não era nada comparada a dor que que eu estava sentindo em meu coração no momento.
Harry
Estacionei o carro na entrada da casa do lago e saquei a minha arma antes de descer, me mantendo em alerta. Não havia mais nenhum outro carro ali, o que me fazia questionar onde estava o carro de Andrew, ou se ele e a Liv sequer estavam mesmo aqui. A casa era literalmente cercada pelo lago na parte de trás, e pela estrada e a Floresta Ouklen na frente. Desci e fechei a porta o mais silenciosamente possível. Se esse era mesmo o lugar, eu não queria anunciar que havia o encontrado. Ainda não.
Fui até a porta de entrada da casa para ver se estava aberta, mas estava fechada, iria checar a porta de trás, quando escutei o som de um carro derrapando pela estrada e me escondi atrás do meu carro para observar. O veículo descontrolado se chocou contra uma árvore, e uma fumaça branca começou a sair do que sobrou do capo do carro. Pensei em continuar com o que eu estava fazendo e apenas ignorar aquele acidente, afinal, quem quer que estivesse no volante provavelmente estava morto ou inconsciente, porém, de repente, a porta do carro foi aberta e Elijah pulou para fora, cambaleando pelos lados. Não pensei duas vezes antes de sair de onde estava e correr até ele. Se Andrew realmente estivesse escondido aqui, o som daquele acidente poderia tê-lo alertado da nossa chegada.
— Elijah? O que faz aqui? — Assim que ele me viu se aproximar, ele sacou uma arma das suas costas e a apontou para mim. Ótimo, aqui vamos nós de novo... — Elijah...
— Cale a boca! Eu estava te seguindo! — Ele parecia estar transtornado. Tinha os olhos esbugalhados exibindo um olhar instável, e olheiras enormes e escuras pairavam logo abaixo. — Sabia que você me levaria até a Liv uma hora ou outra!
— Eli, abaixa a arma. — Pedi, tentando manter a calma. Mas ele negou várias vezes com a cabeça, apontando a arma com ainda mais certeza para mim. — Você está bêbado, precisa ir dormir, descansar, depois conversamos, ok?
— Você acha mesmo que eu conseguiria dormir sabendo que a Liv provavelmente está sendo abusada e morta pelas mãos do SEU pai? Acha mesmo, Harry? Edward, ou qualquer caralho que seja o seu nome real! Diferente de você, eu realmente estou tentando encontrar ela!
Perfeito, tudo o que eu precisava agora era de um bêbado surtando para cima de mim!
— Você estava procurando por ela dentro de uma garrafa de cerveja lá no bar? — Não consegui ficar calado.
— Vá se foder, Harry, meu amigo de infância morreu! — Esbravejou. — E eu estava tentando deixar isso para lá, mas aí você entrou lá e me lembrou de que eu não posso sequer fazer isso! A Olivia precisa de mim, então, aqui estou eu. Ela está lá dentro? — Ele gesticulou com a arma na direção da casa.
— Eu não sei. — Fui honesto. — Estando ou não, é perigoso demais para qualquer civil estar aqui agora, Andrew é perigoso.
— Eu também sou. — Ele balançou a arma em suas mãos, enfatizando-a. — A sua arma, no chão, agora! — Ordenou, apontando para as minhas mãos.
— Eu não vou largar a minha arma. — Informei, tentando pensar em como contornar essa situação.
— Eu devo atirar, então? Está me dizendo para atirar, é isso?
— Calma... se vai mesmo fazer isso... podemos entrar juntos. — Tentei sugerir.
— Eu não confio em você, seu bosta! Arma. No chão. Agora!
Eu poderia tentar erguer o braço e atirar nele em algum local não fatal, de fato poderia, apenas para tentar lidar com toda essa merda de situação, mas era melhor não. Seu dedo estava no gatilho e ele poderia atirar de volta em um local fatal, e Olivia precisava de mim. Ninguém havia aparecido ali no jardim frontal, então, se o som do carro batendo não tinha alertado o Andrew, o som de um tiro, ou dois, certamente o faria. Eu não poderia correr esse risco. A minha melhor opção era acalmar ele agora. Devagar, e sem movimentos bruscos, eu me abaixei e coloquei a arma no chão, dando alguns passos para trás enquanto ele fazia o mesmo para a frente. E tendo cuidado para sempre manter a sua arma apontada para mim, Elijah se abaixou e pegou a minha pistola, guardando-a em sua cintura.
— Você precisa se acalmar, Elijah. Eu só estou tentando encontrar a sua irmã. Só estou tentando ajudar. — Falei, tentando tomar as rédeas da situação.
— Seu pai também estava, mas agora sabemos que isso é pura mentira, não é? Você provavelmente está envolvido nisso tudo também! É claro que sim, faz total sentido!
— É claro que não! Você está agindo como um louco, por favor, abaixe essa arma! — Insisti, olhando em volta para garantir que ainda estávamos sozinhos ali.
— Você se fingiu de meu amigo apenas para se aproximar e machucar a Liv, não foi?
Não deixei de notar que ele não usava a palavra "irmã". Talvez, aquela história da Patty tivesse algum fundo de verdade afinal de contas, o que era preocupante. Contar para ele a verdade com ele nesse estado seria um tiro no pé, mas ainda assim, eu precisava deixar claro que nunca machucaria a Liv.
— Elijah, eu nunca faria mal algum a sua irmã. Nunca. Meu trabalho é protegê-la, eu não sou como o meu pai, e eu não sabia que era ele. Ele enganou a todos... estamos do mesmo lado aqui. — Tentei explicar da melhor forma que consegui.
Ficando totalmente sem reação a primeira instancia, Elijah vacilou e deu um passo para trás, me olhando de cima abaixo claramente afetado por algo.
— Vocês estão juntos? — Perguntou de repente, revelando desdém em sua voz. — Você é tal namorado de quem ela tanto falou?
— O que? De onde tirou i... — Ele puxou o gatilho e uma bala atingiu o meu ombro, me derrubando no chão. — Porra, Elijah!
Olhei para o buraco em meu ombro, vendo sangue começar a sair de lá. A dor era excruciante, eu sequer conseguia mexer o braço.
— Foder ela é parte da merda do seu trabalho também? — Ele veio até mim a passos pesados. — Você? Porra, você? — Balançou a cabeça em descrença enquanto ria, só que os seus olhos revelavam puro ódio. — Eu desconfiei assim que ela me disse que não era o Noah. Por quem a Olivia poderia ter se apaixonado trancada naquele apartamento o dia inteiro? — Ele se abaixou na minha frente, apontando a arma na direção da minha cabeça. — Mas eu não quis acreditar, pensei que você não faria isso. Mas tal pai, tal filho, pois você é um mentiroso de merda! Como pôde fazer isso comigo, Harry? A Olivia está fora dos limites para você! Para qualquer um! Que mentiras disse a ela para conseguir levá-la pra cama, hein? Que mentiras usou para enganá-la?!
— Não foi assim que tudo aconteceu, Elijah... — Ele me interrompeu, apontando a arma bem no meio da minha testa.
— CALE A BOCA, SEU FILHO DA PUTA! Você abusou dela! Olivia nunca escolheria você. Nunca! Você é doente... E eu deveria te matar agora mesmo por isso.
A minha respiração cortou enquanto eu cogitava a possibilidade de morrer ali. Merda, isso não poderia acontecer. Eu não deixaria ninguém me impedir de encontrar a Liv. Nem mesmo ele.
— Ela nunca te perdoaria por isso. — Falei, consciente de que isso era uma confirmação da sua até então teoria. — Ela iria te odiar... ainda mais do que provavelmente já odeia.
Eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo entre eles dois, mas Elijah não estaria agindo desse jeito maluco se tudo estivesse normal. Eles provavelmente tinham brigado, e eu poderia usar isso.
Elijah deixou o braço cair um pouco, vacilando enquanto a sua mão começava a tremer, e me olhou pensativo, indicando a sua indecisão. Eu conseguia ver que havia uma guerra interna acontecendo ali dentro dele, e sabia que era difícil dar o braço a torcer e confiar em alguém assim do nada, principalmente quando o pai desse alguém era o culpado por toda a desgraça acontecendo nessa cidade. Ainda assim, eu estava torcendo para que o lado racional vencesse a guerra e ele ouvisse a voz da razão. O que foi burrice minha, já que um: ele amava a Olivia e ela me amava. E dois: ele não aparentava estar em suas melhores capacidades mentais.
— Ela não precisa saber. Ela não vai. — Concluiu. Se livrando da incerteza.
— Exceto pela bala em meu ombro que saiu da sua arma. Ela vai saber... todos irão. — Continuei insistindo. E Elijah ficou de pé, sorrindo.
— Eu digo que você me atacou. Que fazia parte de tudo e que eu estava tentando te impedir... ou melhor ainda! — Ele retirou a minha arma da sua cintura. — Faço parecer suicídio.
— Elijah...
Minha voz foi cortada pelo som de um tiro. E em total choque, eu observei o corpo do rapaz a minha frente ir perdendo o equilíbrio até atingir o chão. Uma bala havia atravessado o seu pescoço e ele agonizava de dor enquanto jatos fortes de sangue esguichavam para fora do seu corpo. Não havia nada que pudesse ser feito para ajudá-lo agora, pela quantidade de sangue jorrando, o tiro havia acertado a artéria carótida e ele morreria em poucos segundos.
— Liv... Liv... — Ele começou a murmurar algo, mas sangue começou a escorrer pela sua boca.
— Eu sinto muito, Elijah...
Peguei a minha arma da sua mão e utilizei o meu carro como apoio para conseguir me levantar. Meu ombro latejava de dor, mas eu não poderia parar. Pelo reflexo do retrovisor externo, eu consegui ver que Andrew estava parado perto da porta de entrada da casa, então, assim que me virei, atirei três vezes na sua direção sem pensar duas vezes. Contudo, não obtive sorte. Por causa do buraco em meu ombro e da dor insuportável, eu não conseguia movimentar o meu braço direito e estava tendo que utilizar a minha mão esquerda para atirar. Apesar de já ter feito treinamento para isso, minha mira com essa mão não era assim tão perfeita. Andrew correu para longe da casa, e após atravessar a estrada, ele adentrou pelas árvores da Floresta Ouklen, sumindo da minha vista.
Olhei para a casa do lago, temendo pela vida da Liv, mas eu simplesmente não poderia deixá-lo fugir! Olivia nunca iria conseguir ter um minuto de paz se ele continuasse vivo e foragido por esse mundo afora. Viver sempre em dúvida e com medo do seu retorno não era viver. Eu precisava acabar com isso e precisava ser hoje! Dei uma última olhada na casa, e corri atrás do Andrew.
Quanto mais eu adentrava aquela floresta, mais longe eu parecia estar ficando de encontrar o meu pai. Eu conseguia escutar o som dos seus passos correndo, mas não conseguia determinar a direção. Chegou um momento em que eu não tinha mais ideia de para qual lado ele estava indo, se é que estava indo, pois mais parecia que ele estava me cercando, e não o contrário. Muito provavelmente, ele conhecia aquela área na palma de sua mão após tanto tempo escondido por aqui, enquanto que eu, estava literalmente correndo no escuro.
O sol já havia desaparecido completamente, e agora, havia apenas a vaga luz da lua como fonte de luz. Mas nem isso era o suficiente, pois as árvores ali eram altas e cheias de galhos e folhagens que acabavam por cobrir boa parte do céu. O frio reinava. E se Londville já era fria normalmente, estar no meio de uma floresta a noite no começo do inverno não ajudava! O máximo que eu conseguia ver naquele breu era o ar que saia do meu nariz e boca quando eu respirava.
Coloquei a minha arma de volta no coldre, e usei aquela mão boa para pegar o meu celular no bolso e ativar a lanterna. Chequei o sinal, mas como já era esperado, não havia nenhuma barrinha disponível. Passei o celular para a outra mão, que a essa altura já estava latejando igual ao ombro, e ao braço inteiro para falar a verdade, e voltei a pegar a arma com a minha mão esquerda.
— O que espera encontrar naquela casa, Edward? — Ouvi a voz de Andrew perguntar e olhei para os lados, sem conseguir detectar de onde estava vindo.
— Olivia... viva. — Ouvi quando ele deu uma risadinha e então... o silêncio. — Andrew?
— Ainda estou aqui. — Me virei na direção da sua voz e atirei duas vezes, esperando acertar algo além das árvores. — Você errou! — O som veio de uma outra direção e eu atirei novamente. — Errou novamente! E confesso que estou decepcionado. Que tipo de homem tenta matar o próprio pai?
— Que tipo de homem tenta matar a namorada do próprio filho? — Devolvi a pergunta, o fazendo rir.
— Que tipo de homem namora a própria prima?
Abaixei a cabeça, sentindo uma raiva incontrolável tomar conta do meu corpo. Com tudo o que estava acontecendo, eu sequer tive tempo para pensar sobre isso, mas Annabelle e Susan eram primas, o que fazia de mim e Olivia, primos em segundo grau, e aqui estava ele jogando isso na minha cara. O fato de que ele sempre soube quem ela era me causava ainda mais ódio do que eu já tinha, mas o que esperar de um homem que assistiu a um filho atirar no outro e sequer derramou uma lágrima?
— Você vai pagar por tudo, Andrew. Principalmente pelo o que fez a Olivia e a minha mãe!
— Você está falando da Anna... ou a Sophia?
Não... não, não, não era possível! Ele estava mentindo, ele estava mentindo! Ele não seria tão inescrupuloso assim. Nenhum ser humano conseguiria ser tão cruel! Mas então... a memória do que realmente aconteceu naquela noite voltou com tudo em minha mente.
— Papai? — Abri a porta do quarto e entrei, carregando comigo o meu cobertor. Estava caindo uma tempestade lá fora e eu estava congelando de frio em meu quarto. Meu pai estava em pé ao lado da cama, ele usava um terno preto e estava inclinado sobre o corpo da minha mãe que estava deitada dormindo. — O que houve? Está tudo bem com a mamãe?
O câncer estava sedo muito difícil para ela, e para mim. Passávamos todas as tardes juntos e eu sentia que ela estava me preparando cada dia mais para o pior. Ela me ensinava como ser gentil e bondoso com os outros, como fazer coisas da casa, e basicamente, como continuar sem ela. Só que ainda assim, eu não me sentia preparado. Precisava de mais tempo. Muito mais.
Ele se afastou da cama e veio até mim, se ajoelhando a minha frente e pondo seus mãos em meus ombros.
— Por que não estaria?
— Eu tive um sonho ruim... um sonho em que ela... — Não consegui terminar, me sentindo mal ter sonhado com isso.
— Você ainda está sonhado, querido.
— Estou? — Olhei em volta, tentando notar algo de diferente para conseguir distinguir se aquilo era tudo um sonho, e assim que olhei para a cama, notei que os olhos da mamãe estavam abertos encarando o teto. — Mãe?
Fiz menção de ir até lá, mas o meu pai me puxou pelos ombros para olhar para ele.
— Vamos voltar para a cama? Sua mãe precisa descansar, e você precisa voltar para o seu corpo, caso contrário não irá acordar amanhã.
Ele ficou de pé e me guiou para fora do seu quarto e em direção ao meu.
— Você a matou? — Não me importei de enxugar as lágrimas que escorriam pelo meu rosto e apenas olhei em volta, esperando uma resposta. ME RESPODA, VOCÊ A MATOU? — Ergui a arma e esperei com o dedo no gatilho pelo som da sua voz, dos seus passos, de galhos quebrando, qualquer coisa que fosse, mas não houve nada. Nada! — ANDREW?!
Após andar mais alguns metros sem ter a menor ideia de para onde eu estava indo, não vi outra escolha a não ser voltar. Ele não parecia estar mais por aqui, e se tivesse voltado, eu não poderia deixar que chegasse até a Olivia.
Já havia voltado uns bons metros, quando ouvi o som de passos vindo na minha direção, me apoiei em uma árvore e apontei a arma e a lanterna na direção do som. Quando a luz atingiu um par de pés descalços e sujos, eu mirei o celular para cima e vi o rosto da Olivia. Puro alivio percorreu o meu corpo. Ela estava viva. Porra, ela estava viva! Olivia estava descabelada, com sangue escorrendo da sua testa, o vestido branco sujo de terra, e coberta de cortes e arranhões... sem falar do roxo escuro em volta dos seus pulsos e tornozelos, mas ela estava viva, e bem diante dos meus olhos!
— Olivia. — Abaixei a arma e chamei. Ela chorava e andava sem rumo, tão perdida em pensamentos que sequer notou a minha presença. — Liv!
Balancei o celular um pouco, e ao notar a luz da lanterna, ela finalmente olhou na minha direção.
— Edward...
Assim que me viu, ela sorriu aliviada e veio na minha direção, como se fosse me abraçar, entretanto, após alguns passos, ela parou no meio do caminho, como se tivesse travado ou algo tivesse cruzado a sua mente. E quando a expressão de alívio deu lugar a uma expressão de medo e dúvida, eu soube que algo estava errado.
— O que foi? — Olhei em volta, não encontrando nada nem ninguém... aquele olhar era para mim? — Olivia, sou eu.
Dei dois passos na sua direção, tentando eliminar a distância entre nós, mas ela acabou fazendo o mesmo para trás, levantando a mão em seguida e apontando a arma que segurava na minha direção. A luz da lanterna do celular não era forte o suficiente para que eu tivesse certeza, mas aquela parecia ser a arma do Elijah. E se ela o tinha encontrado... meu Deus.
— Você o matou? — Perguntou, olhando para a arma que eu segurava, e que prontamente, eu joguei no chão a sua frente para que ela não me temesse.
— Não. Nunca! É claro que não, não fui eu! — Me desesperei.
Eu aguentaria o medo e a desconfiança de qualquer um nessa cidade, ou no mundo até, menos dela. Dela não.
Olivia balançou a cabeça, chorando ainda mais. Não parecia estar convencida.
— Ele está morto... — Sua voz saiu cortada. E ela evitou de me olhar nos olhos a tudo custo, encarando o chão.
— Eu sei... — Eu queria tanto ir até ela e envolvê-la em meus braços para tentar mostrar que tudo ficaria bem, mas eu não podia. Seu dedo estava no gatilho e qualquer movimento meu poderia assustá-la. Eu, mais uma vez precisava ter calma, isso tinha que ser no tempo dela. Olivia, assim como David também fez, precisava voltar a confiar em mim.
— Você matou o Noah?
Franzi o cenho, totalmente confuso. De onde ela havia tirado isso? O Elijah eu até entendia, agora o Noah?
— Eu sequer estava no país, Liv. Você sabe disso. — Esclareci, mesmo sem entender de onde aquilo estava vindo. Talvez fosse fruto de alguma mentira do Enigma. — Olha para mim, por favor. — Pedi. Mas ela não queria. E ao invés do que pedi, ela fez o contrário e fechou os olhos com força enquanto balançava a cabeça aos prantos e chorava mais ainda. Doía demais vê-la assim tão perdida, assustada e machucada. Nem mesmo o meu ombro doía tanto assim. — Olha para mim, Liv, por favor.... por mim. Por nós! — Implorei. E cheia de medo e receio, ela abriu os olhos para encontrar os meus. — Eu não matei o seu irmão, foi o Andrew. — Garanti. — E quanto ao Noah... — Suspirei, pensando com calma. Eu poderia dizer que ele se suicidou, mas a verdade era que eu não fazia a menor ideia do que havia acontecido com ele. Andrew disse que foi suicídio, mas sua palavra não valia nada agora e eu não conversei com David ou com ninguém sobre isso. — Olha, eu não sei o que aconteceu com ele, de verdade, eu não sei..., mas o que eu sei é que, eu não o matei. Eu nunca faria isso. Você sabe. Você me conhece, Olivia. E se você me ama, tanto quanto eu te amo.... por favor, abaixe essa arma.
Foi só então que eu consegui ver o reconhecimento atingir os seus olhos. Consegui ver a minha namorada ali na minha frente de novo. E sim, ela ainda estava com medo e aterrorizada, mas agora, já não era mais de mim. Olivia voltou a confiar em mim e isso era tudo o que importava. Fechei os olhos por um breve segundo, e respirei aliviado, sabendo que tudo ficaria bem. Em seguida, estendi a minha mão na sua direção para que ela viesse até mim.
Toda via, o som de alguém se aproximando de nós cortou o silêncio daquela floresta, e ao se assustar... Olivia puxou o gatilho.
R.I.P. Elijah Thornhill. 🙏
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