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Capítulo 64

51497131.

Olivia

Lá estava eu novamente, no banco traseiro de uma viatura policial, sendo levada para o apartamento de Edward para minha segurança. A confirmação de que havia uma conexão direta entre a morte em Annapolis e o Enigma chegou, e não podíamos perder tempo.

O apartamento continuava o mesmo, só que muito mais limpo e organizado em comparação a antes. Edward deve ter limpado tudo antes de viajar ou pago alguém para fazer isso. Carter colocou a minha mala no chão da sala e fez uma checagem rápida por todos os cômodos para garantir que estava tudo bem.

— Obrigada, Carter. E desculpa por ter atrapalhando a sua folga. — Pedi, envergonhada.

Por causa da confirmação e da urgência em me proteger, todos os policias foram chamados de volta para o serviço, já que era preciso todas as mãos no convés agora.

— Não precisa se desculpar, Liv, eu escolho participar da equipe de proteção da filha do xerife a qualquer hora ao invés de ficar em casa bebendo cerveja e assistindo filmes. Você não atrapalhou muita coisa. — Ele sorriu brevemente.

— Ainda assim, obrigada. — Agradeci mesmo assim, e ele assentiu.

Não que o policial James fosse ruim, não era isso, era só que Carter já era um rosto conhecido por mim, então, eu me sentia muito mais confortável e protegida com ele aqui também.

— Nós vamos ficar aqui fora no corredor, e qualquer coisa é só chamar ou vir nos pedir. — James avisou. — Há outros policiais lá embaixo, e em viaturas do lado de fora do prédio.

— A senha da porta foi atualizada e é 51497131, eu a anotei aqui para você decorar. Entretanto, só a use em caso de emergência, o ideal é que não abra a porta para ninguém. — Carter alertou, e eu assenti, pegando o pedaço de papel com a senha.

51497131 até que era fácil de decorar em comparação com senha antiga que era enorme.

Eles saíram do apartamento e eu olhei em volta, encarando o silêncio e o vazio do lugar. Preparei um suco e pipoca, e fiquei na sala assistindo filmes e decorando aquela senha pelo resto da tarde. Já estava anoitecendo quando eu peguei a minha mala para ir para o quarto. Olhei para a porta do quarto de Edward, mas decidi apenas seguir para o "meu". Só por que éramos namorados agora, não significava que eu poderia ficar xeretando nas suas coisas por pura saudades e curiosidade.

Tomei um banho, vesti um conjunto de moletom confortável, e fui para a cozinha preparar alguma coisa para comer agora a noite. Eu estava com vontade de comer um bife assado ou um frango à parmegiana, no entanto, eu não sabia preparar nada disso. A geladeira estava bem abastecida e eu poderia fazer algo diferente se quisesse, mas decidi não arriscar começar um incêndio. Então, depois de encarar a geladeira aberta por um tempão sem ter a menor ideia do que comer, acabei pegando o pote de geleia de amora para fazer um simples sanduiche. Fácil, prático e sem qualquer perigo de eu acabar ateando fogo em tudo ao tentar cozinhar como o meu namorado.

Com o jantar pronto, eu fui para a sala, e foi quando eu notei a presença de um homem de costas para mim mexendo no painel de senha da porta. Deixei o meu prato com o sanduíche cair no chão com o susto, e por pouco não gritei, já que não era o Carter nem o James a minha frente. Entretanto, ele se virou rapidamente por causa do barulho do prato se quebrando, e eu pude reconhecer o seu rosto.

— Andrew! Meu Deus, você me assustou! — Eu ri aliviada. — O que faz aqui? — Me abaixei para recolher os cacos, ainda me recuperando do susto.

— Desculpe, não foi minha intenção assustá-la. — Ele deu alguns passos largos para vir se abaixar e me ajudar com os cacos de porcelana do prato. — Eu já estava ficando aqui enquanto o meu filho está longe, mas agora com o que eu descobri em Annapolis, o seu pai achou melhor que eu continuasse aqui para te proteger, pelo menos, até o Edward voltar amanhã de manhã.

— Ah, sim. Obrigada. Desculpa por ter sujado tudo!

Provavelmente tinha sido ele quem havia limpado tudo. E por causa da queda, o sanduiche se desfez e eu acabou melando aquela parte do chão com geleia.

— Não tem problema. — Ele riu. — Não sujou tanto. Sem falar que foi eu quem te assustei, então foi culpa minha. — Levamos tudo para a cozinha e jogamos no lixeiro. — Você está bem? Deve estar sendo difícil estar presa aqui novamente.

— Estou. Eu tenho fé no meu pai, no Edward, e em você, é claro.

Eu honestamente me sentia protegida aqui. Ainda mais com ele por perto. Não demoraria até que o Edward voltasse, e logo, eu teria todos que eu amo ao meu lado enquanto eu enfrento tudo isso. Não era fácil estar aqui "presa" de novo, mas não estar em um lugar isolado, rodeada de pessoas estranhas, já era o suficiente para que eu não surtasse.

— Você não gosta muito de mim, não é? — Ele perguntou de repente, me pegando de surpresa, mas ele não aparentava estar incomodado.

— Não. Eu não tenho nada contra você, agente Chase. — Deixei claro. — Eu me sinto bem com você aqui, eu só não te conheço tão bem quanto o Edward, sabe? E pra falar a verdade, acho que isso é por sua causa e não minha. Eu tenho a impressão de que você é quem não gosta muito de mim.

— Eu não tenho nada contra você, Olivia. Tenho certeza de que é uma garota adorável... Eu só não acho que você seja a pessoa certa para o meu filho.

Fiquei sem saber o que falar. Ele sabia? Edward tinha contado? Combinamos de esperar... Meu Deus, eu literalmente não sabia o que responder ao meu sogro!

— Eu não... — Ele me interrompeu antes que eu sequer começasse.

— Não precisa mentir. Está na sua cara de vocês os seus sentimentos um pelo outro.

Respirei fundo, decidindo não mentir e conversar honestamente com ele sobre isso. Por que eu não era boa o suficiente?

— Então... se você sabe que nossos sentimentos são reais, qual o problema?

— Quer que eu prepare algo para você comer? Já que acidentalmente estraguei o seu jantar. — Mudou de assunto, me deixando um pouco confusa.

— Não precisa...

— Eu faço questão. — Insistiu.

— Tá, tudo bem, então. — Concordei, torcendo para que ele soubesse cozinhar tão bem quanto o filho.

Ele foi até o freezer e pegou um bife, colocando-o no micro-ondas para descongelar, depois, pegou umas verduras e alguns legumes para descascar e cortar. Eu me sentei em um dos bancos da ilha, o tempo todo esperando que ele respondesse a minha pergunta, mas quando ele finalmente falou, não foi o que eu estava esperando.

— Edward te contou que ele costumava ter pesadelos com a Sophia? Minha falecida esposa. — Balancei a cabeça, assentindo.

— Ele comentou sobre ela e sobre isso. Disse que ela faleceu de câncer.

— Os pesadelos eram sempre sobre um espirito mal matando ela. E duraram por vários anos, anos esses em que eu também não estava mentalmente bem para estar lá cuidando dele, tinha os meus próprios espíritos para superar, mas graças as várias sessões com um psiquiatra infantil, os pesadelos dele pararam.

— Eu não entendo o que isso tem a ver comigo... — Comentei, mas ele me ignorou e continuou com a história.

— Três anos atrás, quando Edward entrou nesse caso, ele conheceu a Tiffany. Ele já te falou sobre ela? — Neguei novamente, ele não me falou sobre ela, mas eu li sozinha em um dos arquivos da investigação. — Foi em Nova York. Ela seria a sexta vítima, mas assim como você, foi encontrada a tempo e sobreviveu. Foi colocada em um esconderijo do FBI e supervisionada pelo meu filho diariamente, e por causa disso, eles acabaram ficando muito próximos em pouco tempo. — Ele parou de falar de repente, me deixando totalmente ansiosa. O quão próximos eles haviam ficado? Estava prestes a perguntar, quando ele falou. — Seu celular está tocando.

Só então foi que os meus ouvidos voltaram funcionar e eu escutei o toque do meu celular vindo da sala.

— Com licença, eu já volto. — Pedi, e corri para a sala antes que quem estivesse ligando desligasse. Peguei o celular em cima do sofá e olhei para a tela. Edward. — Alô?

— Olivia, ainda bem que atendeu! Onde você está? — Sua voz estava ofegante, como se ele estivesse muito nervoso.

— No apartamento. Eu estou bem, segura. — Falei, esperando que aquilo o tranquilizasse.

— Me escuta, você não...

Ele parou de falar de repente. Fiquei esperando-o continuar, mas o celular ficou mudo.

— Edward?

Afastei o aparelho da orelha e percebi que ele tinha descarregado. Revirei os olhos para mim mesma por ter esquecido de dar carga nele antes, e fui até o meu quarto pegar o carregador na minha mochila, coloquei o aparelho para carregar na cabeceira da cama e voltei para a cozinha, me sentando no mesmo lugar. Andrew tinha colocado um pouco de macarrão para cozinhar, e os pedacinhos de verduras e legumes ele colocou para refogar enquanto picava a carne.

— Quem era? — Levantou os olhos para mim brevemente. Provavelmente preocupado em não acabar se cortando com aquela faca.

— Seu filho. Mas o meu celular descarregou. Coloquei para carregar e daqui a pouco eu retorno. O que você estava dizendo antes disso mesmo? — Voltei no assunto, sem conseguir deixar isso para lá.

— Onde eu parei?

— Edward e Tiffany estavam ficando próximos. — O relembrei, como se eu sequer pudesse esquecer. — O que exatamente você quis dizer com isso?

— Se tornaram amigos. Grandes amigos. — Enfatizou. — Confesso que eu pensei que algo estivesse rolando entre eles, mas o meu filho sempre negou. Tiffany, entretanto, se apaixonou perdidamente por ele.

— E o que aconteceu? — Perguntei, mal conseguindo me conter de curiosidade. Será que ele chegou a corresponder o sentimento? Se sim, por que nunca mencionou ela para mim?

— Ela se matou. — O jeito direto com o qual ele falou isso acabou me deixando de boca aberta. — Cortou os pulsos dentro de uma banheira no banheiro do esconderijo e deixou um bilhete de despedida dizendo que se ela não pudesse ser dele, não seria de mais ninguém... Edward foi quem encontrou o corpo dela e alertou a todos do ocorrido.

— Jesus... — Eu não sabia o que dizer. Aquilo era simplesmente terrível. Traumático!

— Depois disso, ele voltou a ter pesadelos, mas dessa vez, eles eram com a Tiffany. Esses, ele nunca chegou a me contar exatamente sobre o que eram, eu só sabia que eram pesados, pois o ouvia gritar e acordar de madrugada. Ele precisou entrar em licença médica enquanto cuidava da sua mente e via um psiquiatra, e acabou se mudando do apartamento em que morávamos juntos logo depois, alugando o seu próprio em outro bairro. Eventualmente, ele melhorou. — Ele sorriu como um pai orgulhoso após a última frase. — Três meses depois, quando o serial killer, que na época ainda nem tínhamos apelidado de Enigma ainda, atacou em uma cidade em outro Estado, ele já estava melhor e voltou a trabalhar mais focado do que nunca em desvendar o caso e conseguir uma condenação. Isso é... até você aparece. O mesmo perfil da Tiffany, a mesma história de sobrevivente, a mesma história de...

— Andrew... — O interrompi, extremamente alarmada. — Eu não vou me suicidar por causa do Edward! — Disse seriamente.

— Você diz isso agora, mas e daqui a alguns dias, ou semanas, quando esse caso for resolvido ou esfriar, e ele tiver que voltar para Nova York? Voltar para a vida dele? Você pode acabar o ressentindo!

— Não! Eu nunca faria isso, nunca! — Garanti. — Confesso que já cheguei a pensar que talvez a vida de todos a minha volta ficasse melhor se eu não estivesse aqui incomodando tanto, sabe? Mas nunca, nem em um milhão de anos, eu culparia uma pessoa que eu amo por ter pensado em algo assim. Nunca! Enigma está fazendo da minha vida um inferno, mas todas as outras pessoas são como uma luz no fim do túnel para mim, me dando força! Eu amo demais o seu filho para sequer pensar em o magoar desse jeito!

Tiffany provavelmente ficou muito afetada com toda a situação no geral, já deveria estar com depressão, ou talvez até com algum outro problema psicológico para chegar a uma decisão tão trágica como essa. Eu não tinha nada disso! Meu amor pelo Edward era algo saudável! Se ele decidisse terminar tudo comigo e ir embora para Nova York amanhã mesmo, doeria, é claro que doeria, mas eventualmente... eu iria conseguir superar. Tenho certeza disso!

— Que bom que pensa assim, Olivia. Sério, isso me deixa muito mais tranquilo. — Afirmou, me dando as costas para ir escorrer o macarrão na pia.

— Então... você gosta de mim e super me apoia como a sua nora agora? — Decidi brincar, ganhando uma surpreendente risada em resposta.

Não iriamos virar melhores amigos da noite pro dia, mas agora que eu sabia qual era o problema dele comigo, eu poderia me esforçar para resolver. Provar para ele que eu era a pessoa certa para o seu filho. Andrew só estava fazendo o seu papel de pai em querer proteger ele, e estava tudo bem com isso. Mas eu também não iria me afastar do Edward apenas por medo. Nunca!

Não falamos mais sobre esse assunto, e Andrew terminou de fazer o picadinho de carne, servindo-o em cima de uma porção de macarrão. O cheiro estava divino, e eu não precisei nem comer para saber que assim como o filho, ele sabia se virar na cozinha.

— Me alcança um garfo, por favor? — Pedi, já que ele não havia me dado talheres.

— Mas é claro, me esqueci disso! — Ele riu, se tocando. — Cuidado, pois está quente, deixa esfriar um pouco. — Alertou, me entregando o garfo.

— Verdade. — Admirei o vapor saindo de cima do prato, ansiosa para prová-lo. — Vou deixar esfriar um pouco e eu vou pegar o meu celular, ok? — Ele apenas assentiu.

Saí da cozinha e fui até o quarto pegar o aparelho. A bateria já estava com trinta e cinco por cento de energia carregada, então, tirei ele do carregador e apertei o botão para ligá-lo, voltando com ele na mão para a cozinha.

— Eu servi um pouco de suco para você. — Andrew falou assim que me viu, apontando para o copo ao lado do meu prato no balcão.

— Obrigada. — Eu iria dar apenas uns dois goles, mas acabei bebendo metade do copo ao sentir o sabor de laranja do suco. Era um dos meus sucos preferidos.

Meu celular terminou de iniciar e eu o desbloqueei para mexer. Havia duas ligações perdidas do meu pai, e três ligações perdidas do Edward que eu decidi retornar imediatamente. Enquanto chamava, bebi mais alguns goles do suco e dei uma garfada na comida em meu prato, que aliás, estava tão gostoso quanto o cheiro!

— Está bom? — Andrew perguntou, sorrindo em expectativa. E eu assenti, fazendo um gesto de "ok" com os dedos já que estava com a boca cheia.

— Olivia? — Meu namorado atendeu.

— Oi... — Me apressei para engolir a comida em minha boca. — Desculpa por antes, meu celular descarregou. O que você queria me dizer?

— Você não pode deixar o meu pai entrar aí!

— Ué? Por que não? — Acabei esboçando um pequeno sorriso, pensando em como agora já era tarde demais e nós iriamos virar grandes amigos!

— Eu acho que ele é o Enigma, Liv. Andrew pode ser o Enigma. Não confie nele e nem permita que ele entre aí, ok?

Eu não tive reação alguma, além de deixar o garfo cair da minha mão. Eu não tinha ouvido nada disso errado... tinha?

Andrew estava de pé de frente para mim do outro lado da ilha, e me olhava curioso, como se não tivesse nenhuma preocupação na vida. Não parecia uma ameaça, só um homem tranquilo. Mas então, eu acabei descendo o olhar para a faca que ele tinha usado para cortar a carne, e que estava a apenas alguns centímetros de distância da sua mão, e ele seguiu o meu olhar, olhando também para o objeto cortante, e em seguida, para mim, dessa vez sem expressar nenhuma emoção. Curiosidade, expectativa, felicidade, tristeza, surpresa, raiva.... nada. Seus olhos esvaziaram.

Será que foi ele quem ensinou isso ao filho?

Forcei um sorriso descontraído, como se estivesse ouvindo uma história divertida, e levantei do banco, tentando não entregar que estava completamente apavorado por dentro enquanto ia para a sala.

Ele já está aqui! — O alertei, em um fio de voz.

— Olivia, saia daí! Saia daí agora! — O desespero em sua voz não me deu qualquer escolha.

Corri até a porta, digitei a senha, e assim que ela abriu, eu me deparei com os corpos de Carter e James no chão do corredor em volta de uma poça enorme poça de sangue. Caí para trás, me sentindo tonta com toda aquela vermelhidão, e tateei o chão para pegar o celular que acabei deixando cair.

— Aonde você pensa que vai, Olivia? — Ouvi Andrew chamar, e virei a cabeça, assustada. Ele estava de pé na entrada da cozinha, brincando com uma faca em suas mãos. Não era a mesma que eu vi antes, essa era diferente, era uma faca de caça personalizada. Provavelmente a que ele usava para matar as suas vítimas. Me levantei do chão, tentando não pensar demais no fato de eu estar vendo dois Andrews na minha frente, e dei alguns passos para trás, acabando por pisar no sangue do corredor. — Estávamos tendo um papo tão legal, não acha?

Pisquei várias vezes, sentindo aquela sensação de tontura piorar e o meu corpo involuntariamente relaxar.

— Olivia, corre! Sai daí! — Ouvi Edward falar enquanto eu usava toda a força do meu corpo para conseguir manter aquele celular na minha orelha. — Eu já liguei para o seu pai, ele...

Não consegui mais aguentar e deixei o meu braço cair ao lado do meu corpo. O celular caiu na poça de sangue aos meus pés.

— O que... você fez comigo? — Me esforcei para falar, já que isso também estava começando a ser algo extremamente difícil de conseguir.

Meu corpo inteiro parecia estar ficando dormente.

— Nada demais. — Deu de ombros, vindo na minha direção lentamente. — Apenas joguei alguns tranquilizantes no seu suco. Você vai se sentir cada vez mais tonta e fraca, até finalmente dormir... eu posso continuar conversando com você enquanto isso, o que acha? — Não respondi a sua pergunta, ao invés disso, apenas comecei a forçar o meu corpo a andar para trás, respirando fundo várias vezes enquanto tentava a todo custo lutar contra o efeito dos remédios. — Resistir é inútil, Olivia. — Ele falou, encostado no batente da porta e sem mexer um musculo sequer para tentar me impedir, o que me deu mais força ainda para não desistir e continuar lutando.

— Vá se foder...

Fui me apoiando pelas paredes até chegar no fim do corredor e apertei o botão para chamar o elevador. Tudo a minha volta estava rodando e embaçado, meu corpo gritava para desligar, enquanto minha mente tentava a todo custo me manter acordada. Porém, quando o elevador finalmente chegou e eu pus os meus pés para dentro... eu simplesmente não tive mais força alguma para apertar um dos botões, ou sequer permanecer em pé ali, por isso, acabei caindo no chão, completamente desorientada.

Ainda consegui ver quando o Andrew passou pelos corpos de James e Carter como se eles não fossem nada e caminhou sem pressa alguma na minha direção. Enquanto encurtava a nossa distancia, ele ia percorrendo a ponta da faca que segurava pela parede do corredor como uma clara forma de provocação, apenas para me causar ainda mais medo. Mas então, quando ele finalmente chegou no elevador e se abaixou diante de mim para tocar em meu rosto com a ponta fria da sua faca... eu já não tinha mais forças para sequer manter os meus olhos abertos.

Eu te disse que seria inútil, meu amor... — Sussurrou. Sua voz parecendo ecoar em minha mente. — Nós vamos nos divertir tanto juntos, Anna...

Senti o meu corpo ser erguido do chão, e então... não consegui mais sentir nada.

Harry

Meu pai.

Caralho, o meu próprio pai!

Eu não conseguia acreditar... eu não conseguia aceitar! Era impossível até de explicar a sensação que foi olhar para aquela foto e reconhecer naquele jovem rapaz o rosto do homem que me criou, do homem com quem eu convivi praticamente todos os dias da minha vida. Do homem que eu admirava! O agente do FBI que prendeu vários assassinos durante toda a sua carreira! O meu pai.... um assassino em série asqueroso!

Três anos de investigação, e durante todo esse tempo... o culpado estava bem ao meu lado. Matando em seu tempo livre e cobrindo os seus rastros no trabalho sem que ninguém percebesse! Eu era um humano, ou apenas um burro idiota?

— Ela não está aqui, Harry. — David falou do outro lado da linha. — Os policias na porta estão mortos e ela não está aqui! Ele a levou!

Minha pressão baixou e eu precisei parar de andar para me agachar, apoiando minha mão no chão em busca de algum sustento. Minhas mãos estavam tremendo tanto que eu mal conseguia segurar o celular, mas eu não poderia me deixar abalar agora, eu tinha que pensar e agir, agora mais do que nunca! Nada poderia acontecer à Olivia!

— Eu estou no aeroporto, meu voo sai em trinta minutos, David. Logo estarei aí, e farei o possível para encontrá-la. Eu prometo.

Ele não respondeu, apenas desligou a ligação após alguns segundos em silêncio. E eu não me permiti pensar muito sobre isso, já que assim como eu, ele deveria estar arrasado. Apenas fiquei de pé, ignorei os olhares curiosos das pessoas a minha volta, e segui até o meu portão de embarque.

Várias horas depois, quando o avião pousou em Maryland, a notícia já havia se espalhado como incêndio florestal e estava em todos os cantos. Nas televisões espalhadas pelo aeroporto, nas telas dos celulares das pessoas a minha volta, nos jornais, nas conversas, só se falava disso. A verdadeira identidade do Enigma, e o fato de ele ter sequestrado a Olivia novamente, era o assunto do momento.

Caminhei às pressas até o carro que eu havia deixado no estacionamento do aeroporto, e paguei uma nota grande pelos dias que eu precisei deixar ele ali estacionado, mas não dei importância alguma para isso e segui caminho, abastecendo no primeiro posto que consegui encontrar por ali.

Eram duas horas do aeroporto até Londville. Duas horas de silêncio e tortura! Eu não aguentaria todo esse tempo com a minha própria mente me crucificando por não ter enxergado a verdade antes, então, precisei ligar o rádio para tentar me distrair. Todavia, esse assunto já havia chegado nas rádios também, me frustrando mais ainda. Tentei mudar de estação, mas nada servia. Esse maldito caso estava em todo o lugar! Algumas estações focavam em falar das vítimas e da Liv, enquanto outras, não se intimidavam nenhum pouco e metiam o pau no FBI, na polícia, no meu... no Andrew, e obviamente, em mim.

— É quase inacreditável, Jake. Pai e filho trabalhando juntos no caso, e o filho não tinha a menor ideia de que o pai era o assassino? É um pouco questionável. — Uma mulher falou.

— Apesar de ser uma grande acusação, eu também penso assim, Maggie. — O tal de Jake respondeu. — Não estamos insinuando nada, apenas questionando. — Acrescentou. Provavelmente por medo de algum processo.

— Vamos ver o que vocês, o nosso público, acha. Fiquem à vontade para ligar, o nosso número é...

Ela falou o número, e não demorou até que várias pessoas ligassem para lá para dar os seus dez centavos do que achavam de toda essa situação. Algumas lamentavam e pediam calma e preces para a Olivia, enquanto outras, concordavam com os radialistas e acrescentavam ainda mais lenha na fogueira.

— Quem confia no F.B.I. esses dias? — Um cara chamado Jimmy falou. —Eles, junto com o governo, nos escondem tudo! Alienígenas, tuneis secretos em baixo do país, veneno no nosso ar, na água! A última que eu soube é de que a terra talvez nem redonda seja! É inacreditável, eles mentem e...

— Jimmy, Jimmy, Jimmy! Vamos com calma ai! — Maggie o interrompeu, claramente constrangida. — Acho que estamos fugindo um pouco do foco da nossa conversa aqui, não acha? — Ela deu uma risadinha discreta. — Ainda assim, obrigada por ligar. Próxima ligação!

Revirei os olhos. Esse claramente não era um programa de rádio sério. Eu estava prestes a mudar de estação de novo, quando uma voz familiar prendeu a minha atenção.

— Vocês deveriam ter vergonha!

— Hm... oi? Com quem estamos falando? — Jake perguntou.

— Susan, a mãe da Olivia! — Ela revelou, deixando os apresentadores da rádio em um silêncio mortal. — Eu entendo que vocês devam estar confusos e irritados com toda essa situação, já que assim como nós, pensavam que isso tinha acabado. Acreditem, eu entendo, e muito bem! Mas o que vocês estão fazendo é sujo! Acusam, inventam, mentem! Minha filha foi sequestrada, pelo amor de Deus! Apenas parem! — Ela implorou. Sua voz estava cortante e chorosa. — Vocês são o pior tipo de jornalismo! Harry nunca faria nada para machucar a minha filha!

— Harry? — Maggie perguntou.

— Edward. — Susan se corrigiu. — O filho do...do Andrew. — Gaguejou. — Ele salvou a vida da minha menina quando Landon tentou matá-la. As suas acusações são baixas e sem sentido!

— Eu entendo o que quer nos dizer, Sra. Thornhill, mas... — Jake começou, mas logo foi cortado.

— Eu só queria dizer isso. — Susan finalizou, desligando a ligação em seguida.

— Bem... essa foi a mãe da Olivia, pessoal. — Maggie disse, claramente sem jeito. — Vamos para um rápido comercial e voltamos em breve.

Mudei de estação novamente, e dessa vez, caiu em uma onde estava tocando música. Aumentei um pouco o volume para tentar atrapalhar os meus próprios pensamentos e continuei dirigindo. Eu ainda estava me sentindo confuso e devastado sobre tudo o que estava acontecendo, mas agora, pelo menos, eu estava um pouco mais tranquilo por saber que a Susan acreditava e ainda confiava em mim.

Assim que cheguei em Londville, fiz o meu caminho até a casa dela. Não sabia se haveria alguém ali para abrir a porta, já que antes da Olivia ser levada, todos estavam ficando no departamento de polícia, mas toquei a campainha mesmo assim. Conversar com eles aqui, de forma privada, seria melhor do que enfrentar os olhares desconfiados de todos lá no departamento.

A porta foi aberta, e assim que me viu, Susan me recebeu com um abraço apertado.

— Ainda bem que você chegou. — Falou, com a voz fraca e o rosto abatido de quem já havia chorado muito.

— Obrigado, Susan.

— Pelo que? — Ela se afastou e me convidou para entrar, fechando a porta atrás de mim.

— Eu escutei o que você disse naquela rádio, e não precisava ter feito isso. Eu entenderia perfeitamente se você quisesse me bater, me odiar.

— Você nos ligou e avisou assim que descobriu. Foi tão enganado quanto nós. Até mais, considerando que foi criado por aquele monstro! — Ela olhou para mim de forma constrangida por ter usado essa palavra, mas eu a tranquilizei com o olhar. Não tinha outro jeito de suavizar isso. Andrew era um monstro. — De verdade, não há motivos para que eu te odeie, Edward. Eu vi o jeito que você olhou para a Olivia no outro dia, e vi nos seus olhos quando conversamos que o seu sentimento é verdadeiro, eu sei que você nunca faria nenhuma daquelas atrocidades que eles estavam te acusando. Eu sei.

— Obrigado novamente, Susan...

— Ao invés de me agradecer, apenas encontre a minha filha, ok? — Pediu, começando a derramar algumas lágrimas. — Meu marido está no escritório, conversem, se entendam, briguem, o que for, só achem a minha menina!

Eu segurei as suas mãos, que assim como as minhas, estavam trêmulas, e dei um rápido beijo nelas.

— Eu farei o possível e o impossível, Susan.

Ela assentiu, se afastando para ir se sentar no sofá, e eu segui até o escritório do David. Bati algumas vezes na porta, mas após longos segundos sem resposta, eu decidi apenas entrar no cômodo. O xerife Thornhill estava sentando no chão, ao lado da sua mesa, e segurava uma garrafa de vodca quase vazia nas mãos. Ele sequer notou a minha presença.

— David... — Chamei, receoso.

Ele levantou a cabeça para me olhar, e então, se levantou do chão e veio na minha direção, me acertando um gancho de direita no rosto. Dei alguns passos para trás, me encostando na porta para permanecer em pé por causa do forte impacto, mas não reagi. David estava muito pior do que eu poderia imaginar. Ele veio na minha direção novamente, e eu apenas deixei que viesse, não me defenderia ou reagiria se ele me socasse novamente, aceitaria de bom grado, pois talvez... e esse era um grande "talvez", mas talvez... eu sentisse que merecesse isso. Sentisse que tudo aquilo era culpa minha e que eu deveria ter percebido antes! Entretanto, David não realizou os meus supostos desejos internos, e apenas me puxou com força pela gola da camisa, me forçando a encará-lo nos olhos.

— Você sabia? — O cheiro forte de álcool invadiu as minhas narinas, sendo quase insuportável.

— Não. — Respondi firmemente. Ele balançou a cabeça como se estivesse em negação, e segurou a gola da minha camisa com ainda mais força, praticamente me tirando do chão. — David, eu não sabia... — Tentei falar.

— Mentiroso! Filho da puta do caralho!

Ele me deu mais um soco, e quando estava se preparando para mais um, eu apenas surtei e o empurrei para longe, tirando suas mãos de mim. Todas as emoções que eu havia engarrafado durante as últimas horas explodiram como uma bomba relógio em meu peito, e eu não consegui mais fingir que estava bem.

— Você acha mesmo que eu faria algo assim? Que eu sou a porra de um PSICOPATA DE MERDA? — Perdi o controle da minha própria voz. — ACHA QUE EU MACHUCARIA A OLIVIA? MATARIA AQUELAS GAROTAS? OU QUE EU TERIA MATADO O MEU PRÓPRIO IRMÃO SE REALMENTE SOUBESSE?

Ele me olhou confuso por vários segundos, mas até mesmo bêbado ele era um bom, e inteligente, policial, pois logo conseguiu fazer aquela conexão.

— Landon? — Eu assenti, ainda ofegante. — Jesus Cristo...

Ele cambaleou para trás, encontrando equilíbrio na sua mesa.

— Acontece que... o Andrew não é apenas o meu pai adotivo como eu passei a minha vida toda acreditando, ele é também... — A minha voz falhou, e eu quase caí no choro ali mesmo a sua frente. — Ele é também o meu pai biológico! — Revelei, o deixando completamente sem palavras. — Landon é meu irmão gêmeo não idêntico. Andrew matou a nossa mãe biológica e com a ajuda da própria família, ele nos trouxe para a América e recomeçou a sua vida. Eu ainda não sei bem os detalhes de como tudo isso aconteceu, pois não tive tempo de investigar nada a fundo, apenas liguei para você assim que descobri quem ele era e peguei um avião de volta pra cá. — Expliquei, tão confuso quanto ele sobre tudo. — Mas David... você precisa saber que eu nunca soube de nada. Nunca faria nada para machucar a Olivia. Pelo amor de Deus, você precisa saber disso! Por favor, eu... — Ele me interrompeu.

— Está tudo bem... — Eu paralisei onde estava, esperando que ele continuasse. — ... eu acredito em você, Edward.

— Acredita? — Ele assentiu lentamente, provavelmente ainda em choque. Ou talvez fosse a bebida. — ... De verdade? — Perguntei receoso, já que eu me ajoelharia ali aos seus pés se fosse preciso.

— Sim. — Ele se desencostou da mesa e se inclinou para baixo para pegar a garrafa de vodca em seus pés. E após beber os últimos resquícios do líquido que havia ali dentro, ele falou. — Tem algo a mais que queria confessar antes de irmos procurar pela minha filha? A hora é essa. O momento da verdade! Pois assim que eu ficar sóbrio, não pararei até conseguir encontrar a Olivia!

— Bem... — Eu respirei fundo, mudando o peso do meu corpo de uma perna para a outra, sem ter certeza alguma de se o que eu estava prestes a fazer era o certo. — Já que... — A minha voz falhou e eu limpei a garganta, tomando coragem. — Já que estamos sendo totalmente honestos um com o outro, acho melhor eu te contar logo que estou perdidamente apaixonado pela sua filha.

Durante quase um minuto de puro silêncio, David ficou completamente imóvel e apenas absorveu o que eu havia lhe dito. Sua expressão foi mudando de compreensão para medo, de medo para tristeza, nojo, raiva, até que finalmente, ele me encarou completamente puto! E sem qualquer aviso prévio, ele simplesmente jogou a garrafa de vodca que segurava na minha direção.

E a identidade do Enigma enfim foi revelada. O que acharam? Alguém já chegou a teorizar ou desconfiar dele? E o mais importante de tudo... será que a Olivia vai conseguir sair dessa viva novamente? 🤐

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