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Capítulo 47

Depoimento.

Harry

Eu já estava há uns trinta minutos na sala de espera do hospital. Queria dar o máximo de privacidade e conforto possível para Olivia e sua família, mas ir embora não era uma opção. Eu queria estar aqui, perto dela, mesmo que em outro cômodo. Saber que ela estava aqui, bem, e ao meu alcance, era tudo o que eu precisava nesse momento, pois a minha mente estava uma bagunça.

Eu já precisei atirar em criminosos duas vezes antes, uma vez foi na perna, e a outra no ombro, ou seja, em todas as duas a pessoa sobreviveu. Tomar a decisão de tirar a vida de alguém e puxar o gatilho parece ser fácil, a adrenalina está correndo e você não tem o que pensar, apenas agir, no entanto, não é assim. Ah, mas ele era um louco, um criminoso, merecia morrer! Que seja. Ainda não é fácil ser você a pessoa a tirar a vida de outro alguém. É uma sensação estranha. Mas estava feito. E por causa disso, a Olivia estava viva.

Confesso que eu estava nervoso, meio que pisando em ovos a sua volta, já que não queria de forma alguma lhe fazer mal, mesmo que por acidente. Olivia estava em um momento bastante delicado agora, e por mais que eu quisesse me aproximar, eu compreendia que esse não era o momento ideal. Sem falar que eu não sabia se ela sequer aceitaria a minha aproximação, visto o seu suposto namoro com o Noah. As fotos e vídeos deles se beijando na festa percorreram todos os tipos de mídia, e nesse exato momento, ele estava dando uma entrevista para a Jane Winker em uma live nas redes sociais dela.

"Ela está bem, Jane. Graças aos deuses ela está bem." Ele dizia com uma expressão abatida.

"Você já a viu?"

"Ainda não. É um momento apenas para a família agora, mas não vejo a hora de ir vê-la."

Comecei a ler os comentários que as pessoas faziam na live e que iam surgindo na tela, e foi impossível não revirar os olhos. É claro que havia pessoas agradecendo o bem-estar da Olivia e coisas do tipo, e isso era ótimo, contudo, a grande maioria era um misto de comentários sobre como o Noah era gato e como ele e a Olivia formavam um belo casal.

— Edward? — Ouvi o meu pai chamar e me desconectei da live, bloqueando o celular e o guardando no bolso. — O que está acontecendo? Por que está aqui fora? — Ele se sentou ao meu lado.

David tinha chegado e entrado no quarto há uns dez minutos atrás, ele me avisou para esperar, pois iriamos pegar o depoimento de tudo o que ocorreu com a Olivia ainda hoje, mas é claro que antes precisava de um tempo a sós com sua família. O que era compreensivo. E se devo ser honesto, me dava até um pouco de inveja, já que eles eram uma família tão amorosa e cuidadosa.

Não que eu odiasse o meu pai, longe disso, eu amo o meu velho. É só que ele pode ser sufocante as vezes. Eu entendo que ele me ama e se preocupa comigo, mas isso não deixa de ser chato as vezes.

Eu sempre fui uma criança bem ativa. Participava do clube de xadrez na escola, e nos finais de semana, treinava futebol americano com o meu pai no parque perto da nossa antiga casa. Minhas lembranças antes dos dez anos são todas felizes. Mas então, veio o câncer da minha mãe e as coisas tomaram outro curso. O mais drástico deles, envolvendo a mim. Eu sonhei com a morte dela. Sonhei que uma figura sobrevoava a cama, pairando em cima do corpo da minha mãe como um dementador, e então sugava totalmente a sua alma do seu corpo. Isso poderia ser lido apenas como um pesadelo ruim de uma criança que leu muito Harry Potter, entretanto, quando eu acordei na manhã seguinte, a minha mãe realmente havia falecido durante a madrugada. E foi bastante difícil de superar isso.

Meu pai me levou para a terapia infantil e tentou cuidar de mim como pode, mas ele também tinha os seus próprios demônios para lidar, então, foi aí que inicialmente acabamos nos afastando um pouco. Os jogos nos finais de semana pararam, e ao invés de nos aproximarmos com coisas normais e saudáveis como futebol, começamos a passar tempo juntos investigando. Eu comecei a tomar interesse e me sentir cada vez mais envolvido nesse mundo investigativo, e comecei a ler e a tentar ajudar o meu pai com os seus casos. O foco dele era em seriais killers, e como qualquer adolescente, eu não tinha as melhores ideias para realmente poder ajudar, no entanto, Andrew não se importava com isso e apenas apreciava a minha vontade de trabalhar com ele, e bem, isso meio que carregou a nossa relação pessoal por anos, até que chegou o dia em que eu completei dezoito anos e tive que deixar tudo isso de lado para me mudar e ir cursar a Universidade.

Me formei, e trabalhei por um tempo na minha área, entretanto, o gosto por investigação criminal nunca foi embora, então logo, eu estava fazendo a minha aplicação para a Quântico. Não esperava trabalhar com o meu pai, mas quando a oportunidade surgiu com esse caso do Enigma, eu pensei que as coisas seriam como eram quando eu era um adolescente bobo. Não poderia estar mais errado. Andrew era implacável. Amava o seu trabalho e não suportava erros ou qualquer coisa que pudesse colocar a investigação em risco... e no primeiro ano trabalhando juntos, eu fiz isso. Não foi algo intencional, mas aconteceu. Eu pus tudo a perder.

Precisei voltar para a terapia por alguns meses para me recuperar de tudo o que aconteceu, e Andrew ajudou a resolver tudo para que nada respingasse em nós. Por pouco não fomos retirados desse caso e substituídos por outros agentes, então não posso dizer que eu não entendia toda essa sua paranoia comigo e com a Olivia, pois eu entendia, ele estava com medo de mais uma vez, algo terrível acontecer. Entretanto, a situação agora era completamente diferente. E como eu tratei de deixar isso bastante claro na nossa conversa dias atrás em frente a esse mesmo hospital, a Olivia não era a Tiffany, e se envolver na minha vida sem que eu ficasse sabendo não era nada legal.

— Estou dando a eles um momento em família. Depois de tudo, eles merecem um pouco de privacidade.

— Você tem razão. — Concordou.

— Tenho? — Virei a cabeça para olhá-lo.

— Sim. Privacidade é importante. — Reafirmou.

— Então por que eu não posso tê-la? — Ele franziu a testa. — Olivia me contou das ligações e mensagens ignoradas. Por que você não me avisou quando eu te perguntei se alguém havia me ligado?

— Aqui não é o melhor lugar para falarmos sobre isso...

— Vai ter que ser aqui. Olivia está bem. Landon está morto. Então assim que pegarmos o depoimento da Olivia e fecharmos esse caso, acabou para mim.

— Como assim "acabou"?

— Acabou. Eu não quero mais trabalhar com você. Espero que ainda tenhamos uma relação além disso, mas eu não quero mais ter você como o meu superior.

Ele se recostou na cadeira e tomou alguns segundos para pensar no que eu havia dito.

— Você está fazendo isso por causa dela?

— Não, pai, é por sua causa. Às vezes você exagera um pouco, é sufocante. Vai ser melhor para a gente se você não for meu chefe.

— Eu só quero o melhor para você, filho.

— No fundo, eu sei, de verdade. Mas eu tenho vinte e cinco anos, acho que posso fazer minhas próprias escolhas sozinho sem precisar estar pisando em ovos ou ser repreendido a cada passo dado.

— Tudo bem... se é isso o que você realmente quer, eu não vejo problema algum. Só não diga que eu não te avisei depois que as coisas não funcionarem como você espera.

Não tive tempo de respondê-lo, pois a porta do quarto foi aberta e David nos chamou para entrar. Era a hora de sabermos exatamente tudo o que houve com a Olivia nesses últimos dias. Pedi licença ao entrar, e coloquei o meu celular para gravar tudo o que fosse dito ali dentro.

Ela estava nervosa. Não sabia para onde olhar e mexia e estalava os dedos de suas mãos completamente sem jeito. Doía ver ela assim e lembrar da garota decidida que me roubou um beijou.

— Eu não estava mentalmente bem... Tinha acabado de ver o cara que aparentemente é o meu pai biológico e precisava de um escape. Decidi beber um pouco e fui atrás do Elijah, da Patty e do Luke que estavam bebendo na dispensa. Eli e Patty não estavam lá mais e havia só o Luke. A bebida tinha acabado e ele ofereceu de ir pegar mais com o Landon. Eu aceitei e esperei. Não parecia haver nada de errado com a vodca quando eu bebi, mas não demorou para que eu começasse a me sentir mal e a ver coisas. — O seu olhar cruzou com o meu por um breve segundo, mas ela rapidamente o desviou de volta para a suas mãos. — Eu apaguei e ele chamou a Taylor, acho que essa parte vocês já sabem. Fiquei no banheiro esperando a minha irmã voltar, mas quando isso não aconteceu, eu pedi a ajuda do Noah para achá-la. Fomos para o andar de cima, em determinado momento eu comecei a sentir uma sensação estranha e decidi voltar para a festa, no entanto, já era tarde. Quando eu percebi, Noah estava desacordado no chão, e uma pessoa encapuzada estava na minha frente. Era o Landon. Pensei em correr, fugir, mas Taylor também estava lá desacordada, e ele ameaçou matá-la se eu não fizesse tudo o que ele mandasse... então eu fiz. Coloquei as algemas que ele me deu e pulei para o prédio ao lado. Ali, já longe da Taylor, eu pensei em pedir ajuda novamente, e até mesmo gritei pelo papai, mas Landon conseguiu me apagar antes que você me visse.

Ela olhou para David, e o mesmo deixou escapar algumas lágrimas enquanto ia até a filha e segurava as suas mãos.

— Eu pensei que estivesse doido, pois eu te ouvi, querida, juro que te ouvi me chamar, mas não te achei. Sinto muito...

— Eu sei, pai, eu sei. — Eles se abraçaram. E o que começou como um ato entre pai e filha, acabou sendo um abraço em família, pois Taylor e Susan logo se juntaram. — Está tudo bem agora. É o que importa. — Olivia suavizou o momento.

— Vamos deixar que ela termine o depoimento. — David falou, tocando no ombro da esposa para que ela se afastasse, e cuidadosamente puxando a Taylor pelos ombros de volta para o seu lugar.

— Eu acordei na mala de um carro e depois já em uma cabana. Fiquei algemada na cama o tempo todo, e em alguns momentos ele me apagava com o que eu acho que era clorofórmio. Eu me sentia muito tonta, mas por algumas vezes, eu consegui ver ele falando no telefone com alguém. Dizendo que estava ficando sem tempo, ou algo assim.

— E como você conseguiu ligar para a polícia? — Andrew perguntou.

— Eu fingi que estava dormindo e ele deixou o celular em cima da cama. Eu conseguir trazer até minhas mãos com os pés e liguei.

— Você foi incrível, meu amor. Graças a você, a polícia conseguiu rastrear a ligação e te achar. — Susan falou, claramente orgulhosa da filha. — Finalmente esse pesadelo acabou e esse filho da puta está morto.

— É aí que tá... eu não acho que acabou. — O tom na sua voz deixava claro que ela estava com medo do que iria dizer, e o quarto todo ficou em silêncio para escutar.

— Como assim? — David a olhou confuso.

— Como eu disse. Ele estava falando com alguém. Ele parecia estar sob ordens ou algo assim. Eu acho que ele tem um parceiro de crime.

— Você tem certeza disso? — Andrew perguntou.

— Acho que sim... sim.

— Nós apreendemos o celular dele na cabana, os dois, o bom e o outro que ele danificou. E se isso tiver algum fundamento, vamos investigar isso a fundo, pode ter certeza. — Continuou, decidido. — Existe mais alguma coisa que você lembre que possa nos ajudar?

— Tem outra coisa... — Olivia começou, de repente ficando completamente desconfortável. — Em todos os casos, com todas as outras garotas que morreram... ele nunca fez nada além de matá-las, certo?

— Sim, esse é o perfil dele. Nunca há nada além das facadas na barriga, ou em alguns casos, um corte na garganta também. — Andrew concordou. E eu temi o rumo que isso estava levando.

— Landon... ele... — Ela não conseguiu terminar. Ou sequer olhar para ninguém no quarto. — Ele quase.... — Lágrimas se formaram em seus olhos. — Ele tentou...

— Olivia... — O seu nome saiu pela minha boca antes que eu pudesse pensar melhor no que estava fazendo, e logo, todos os olhos ali presentes estavam sobre mim, exceto os de quem mais importava. — Nós ouvimos a gravação da chamada de emergência. Dá para entender o contexto da situação... — Tentei ser o mais suave possível com as minhas palavras, pois apenas em lembrar dessa maldita gravação e dos gritos de socorro dela pedindo para que ele parasse, o meu sague fervia. — Ele chegou a conseguir? — Perguntei. Esperando, ou melhor, implorando aos céus para que essa resposta fosse não. Pois se fosse sim, eu teria que trazer o Landon de volta dos mortos apenas para matá-lo novamente. De uma forma mais lenta e cruel dessa vez. — Ele conseguiu?

Pelo canto dos olhos eu consegui ver a Susan levar a mão até a boca para esconder os soluços, assim como eu, e todos ali, ela temia pela resposta. Mas eu não conseguia desviar os olhos da sua filha. Olivia evitava ao máximo o meu olhar, mas eu não conseguia desviar os meus olhos dela.

Senti uma mão no meu ombro e olhei pro lado. Era Andrew. Ele não precisou dizer nada, apenas com o seu olhar eu pude perceber que estava me deixando levar pelas minhas emoções e me alterando novamente. Respirei fundo antes que o meu comportamento chamasse a atenção de mais alguém ali e voltei a olhar para Olivia bem na hora em que ela ergueu a cabeça, mas ainda sem olhar para mim.

— Ele tentou... passou as mãos em mim, rasgou a minha... — Ela fechou os olhos com força. — Mas ele notou o celular escondido embaixo de mim, se desesperou e desistiu. Tentou me levar para outro lugar, mas foi quando vocês chegaram. — Ela enxugou as lágrimas que escorreram pelo seu rosto e finalmente olhou diretamente para mim, como se quisesse que eu, mais do que ninguém, acreditasse nela. — Eu realmente acho que isso não acabou, não completamente, pelo menos.

Apesar de ter ouvido suas palavras sobre tudo isso ainda não ter acabado e estar preocupado, não pude evitar de me sentir aliviado também por Landon não ter conseguido abusar dela. Sim, o filho da puta ainda tinha tocado nela, e só de lembrar disso, eu já me enchia de raiva, porém, o pior não havia acontecido, ele não havia deixado um trauma ainda maior nela, um trauma do qual muitas garotas não conseguiam se recuperar. Eu vi em primeira mão o que isso fez com a Gina, e apenas em pensar no mesmo acontecendo com a Olivia, eu me sentia enjoado.

— Há mais alguma coisa? — Andrew perguntou.

— Acho que foi o suficiente, certo? — Susan perguntou, indo para perto da filha e a abraçando de lado por cima dos ombros. — Ela precisa descansar.

— Claro. — Andrew concordou. — Se lembrar de algo mais, é só nos chamar.

— Tem mais uma coisa. — Ela disse de imediato. — Ele falou que o seu nome de verdade era Anderson e que eu deveria chamá-lo assim lá.

— Ele disse algum sobrenome? — Perguntei interessado. Era o mesmo nome que ele usou com a Gina.

Olivia negou com a cabeça e desviou sua atenção de mim para a sua mãe que falava alguma coisa ao seu lado. Parei a gravação e guardei o celular, saindo do quarto com o meu pai e o David.

— Espero que isso tenha sido de alguma ajuda. — Ele falou.

— Foi sim. Sua filha foi corajosa e nos ajudou bastante. Pode ficar tranquilo agora e ir descansar com a sua família. — Andrew ofereceu um pequeno sorriso ao xerife.

— Obrigado por tudo. De verdade.

Ele apertou as nossas mãos em uma clara demonstração de respeito, e então voltou para dentro do quarto.

— O que achou sobre o que a Olivia disse? — Perguntei quando já estávamos do lado de fora do hospital.

— Não sei. Há uma grande chance de ser verdade, mas ela pode ter entendido errado... alucinado. Os testes toxicológicos ainda não saíram, então não sabemos o que ela ingeriu ou foi aplicado nela. Mas nos testes da Gina encontraram até mesmo heroína, se ele usou o mesmo na Olivia, seu depoimento sobre o que ouviu não é dos mais confiáveis. — Ele suspirou pesadamente. — Vamos esperar os resultados para termos certeza.

— Não acho que ela alucinou. Landon possui álibis para algumas das mortes na cidade, logo, não seria loucura pensar que uma outra pessoa tenha o ajudado todo esse tempo.

— Com certeza é algo para mantermos em mente enquanto investigamos e finalizamos este caso. Mas se ele já está morto, isso já é meio caminho andado. — Comentou, um pouco aliviado. — Mas e você, está bem? Esse trabalho é difícil as vezes. Lembro da minha primeira pessoa e não foi nada fácil. — Seu olhar se tornou um pouco vago enquanto ele provavelmente passeava por essas lembranças.

— Esse momento iria chegar uma hora ou outra, então, eu vou ficar bem, não se preocupe.

Atravessamos a rua e paramos em frente ao carro dele, estacionado no parquímetro da rua.

— Quer uma carona?

— Não, eu vou andando mesmo. Uma caminhada vai ajudar.

Eu fui para Westville no carro com ele, mas acabei voltado na ambulância com a Olivia, não tinha ideia de onde o meu carro estava, talvez em frente ao departamento de polícia?

— Tudo bem, então, até mais.

— Até mais.

O observei entrar no carro e dar partida, e comecei a caminhar pela calçada da cidade. Estava no finalzinho da tarde e o clima estava esfriando gradativamente. Cheguei no departamento em uns quinze minutos, já que ele não ficava tão longe assim do hospital, e de lá, foram-se poucos minutos até eu dirigir para o apartamento. Não havia mais viaturas estacionadas em frente ao prédio, ou policiais guardando o lugar, já que não havia ninguém aqui que precisasse de tal proteção. Entrei no apartamento e me deparei com Cameron no sofá.

— Ela está bem?

— Sim. Ela vai ficar bem. — Garanti, me sentindo aliviado.

— Que bom. — Ele sorriu e apontou para a mesinha de centro, onde havia uma caixa de pizza fechada. — Eu comprei pizza, está com fome?

— Bastante.

Me juntei a ele no sofá e ele abriu a caixa, me entregando uma fatia.

— O caso vai ser fechado?

— Ainda não sei. Olivia acha que Landon tinha um ajudante, por isso temos que investigar mais.

— E o que você acha?

Boa pergunta. O que eu achava de toda essa situação? O meu único foco nas últimas horas foi em Olivia e apenas ela. Não tive tempo de assimilar ou analisar nada.

— O perfil que eu tinha do Enigma era que ele era um homem por volta dos seus trinta e cinco. Landon não era isso. Mas eu também não sou o dono da verdade, então posso ter me enganado.

— Confie nos seus instintos, cara. Eles são ótimos.

Eu assenti agradecido antes de morder a fatia de pizza em minhas mãos.

— Você vai ficar para me ajudar? — Questionei, lembrando que ele tinha vindo para Londville como um favor para mim e não tinha intenção de ficar por muito tempo.

— Vou ver com o chefe, como esse caso está quase no final, talvez ele me coloque de volta no que eu estava trabalhando em Nova York.

— Espero que fique. Está sendo bom rever você, amigo. — Sorri, pegando outra fatia e levando a boca. Eu estava faminto.

— Igualmente. — Ele deu um tapa em meu ombro.

No quarto, depois de ficar horas conversando com Cameron na sala. Tomei um banho e me sentei na cama para rever mais uma vez os arquivos naquela pasta. Annabelle Jolie, que se tornou Anna Flint após o casamento com o Daniel Flint. Ela era linda. E extremamente parecida com Olivia... ou a Olivia que era parecida com ela? Havia mesmo uma conexão aqui? Ela era uma das ou a vítima original?

Talvez Daniel Flint pudesse me responder essas e mais perguntas. O arquivo informava que ele havia sido condenado e estava em uma prisão no País dos Gales, no entanto, esses registros eram antigos, então, essa informação talvez tenha mudado. Na manhã seguinte, pedi para Cameron confirmasse tais informações para mim, pois eu precisava descobrir em qual instalação Daniel estava para poder lhe fazer uma ligação. Tentaria descobrir o máximo de informação possível sobre esse caso, pois se Anna realmente foi uma vítima do Enigma, ele não poderia ser apenas o Landon, já que Anna foi assassinada há mais de vinte anos atrás e Landon não teria idade para isso.

Recebi um telefonema e fui para o hospital de Westville no final da manhã a pedido do legista, Mackenzie, pois nenhum parente havia se apresentado para assinar os papeis da liberação do corpo de Landon. Mackenzie havia ligado para a Universidade e perguntado quem eram as pessoas com quem ele mais convivia para fazer a liberação, ele deve ter ligado para mim e para o Elijah, pois ele já estava lá quando eu cheguei.

— Harry. — Ele me cumprimentou quando virou o rosto para o lado e me viu. Ele estava de frente para a mesa onde o corpo de Landon estava deitado. — Desculpe, é Edward.

— Não esquenta com isso. Eles te ligaram também? — Ele assentiu. — Você não precisava vir. Não acho que isso o fará bem.

— Eu não iria vir..., mas eu precisava vir. Ele se aproximou de mim e fingiu ser meu amigo por seis meses, e durante todo esse tempo, escondia quem ele realmente era de mim. Um assassino doentio obcecado pela minha irmã! Eu precisava vir aqui para ver ele morto e saber que acabou. — Sua raiva era clara. Mas também havia um pouco de alívio ali presente. — Inclusive, muito obrigado por isso, cara. — Ele se virou totalmente para mim e eu pude ver que ele estava com um dos seus pulsos enfaixado. — Eu fiquei revoltado quando soube que você não era quem me dizia ser, mas acabou que isso foi para o melhor. Olivia está bem e é isso o que importa.

— Não precisa agradecer, sério, eu estava apenas fazendo o meu trabalho. — Ele assentiu e suspirou alto. — O que houve com você? — Apontei para o seu antebraço.

— Eu quebrei um copo, nada grave. — Desconversou, virando-se de volta para o corpo. — Me disseram que nenhum familiar se apresentou. Você conhece alguém?

— Não, o FBI está tentando rastrear, mas até agora nada. Você o conhece a mais tempo do que eu, você já chegou a ver ele com alguém?

— Não. Nunca o vi com ninguém além do Luke. Mas ele falava bastante no telefone com o pai dele. Teve uma noite que a gente bebeu bastante e começou a falar dessas baboseiras sentimentais, e eu acabei perguntando sobre a sua família. Ele revelou que o pai morava em um outro estado com a sua nova família e ele tinha vindo para cá para ficar mais próximo dos parentes por parte da mãe. Mas eu não sei de mais nada, isso foi tudo, e pode nem ser verdade já que ele mentia sobre tudo. Deve ter inventado toda essa merda para me fazer sentir pena ou me fazer desabafar sobre a minha família também.

— Verdade.

O celular que estava bom não nos revelou nada de estranho ou suspeito, só coisas da universidade e contatos de lá, inclusive o número que eu utilizo como "Harry" estava salvo lá também. Todas as nossas esperanças estavam no celular que ele quebrou, ele seria levado para um especialista em Baltimore para conseguíssemos recuperar o máximo de coisas possíveis. Mas se conseguíssemos pelo menos os registros de chamadas recentes já seria o bastante para confirmar se ele recebia mesmo ligações ou não como a Olivia havia dito.

— Eu tenho que ir agora. Mas foi bom ver você. Obrigado novamente.

— Você vai visitar a Olivia?

Não pude deixar de notar que ele não estava no hospital com o resto da família ontem, o que era um pouco estranho, mas talvez tenha algo a ver com o seu braço.

— Na verdade, eu acabei de sair de lá, passei a madrugada e o começo da manhã com ela enquanto o resto da família descansava. Estamos fazendo meio que um rodízio para que a Liv não fique sozinha, Taylor é quem está com ela agora..., mas por quê? Surgiu algo novo ou tem mais alguma pergunta para ela?

— Não. Eu só queria saber como ela está indo, se está bem.

Elijah e eu havíamos conversado e ele havia entendido o meu lado e o porquê de eu ter mentido. Não voltamos a ser amigos como antes, mas estávamos bem com isso agora, então, eu é que não iria estragar esse bem-estar ao falar para ele qualquer coisa sobre mim e a sua irmã. Ele era o típico irmão superprotetor, com certeza me odiaria. Além do mais, eu ainda precisava falar com a própria Olivia sobre isso, e em seguida seus pais. Contar ao Elijah não era uma prioridade.

— Ah, sim. Tudo bem,  então, até mais.

Fizemos um breve aperto de mãos como despedida, e em seguida, ele saiu, me deixando ali sozinho com aquele corpo. Ele estava extremamente pálido, em um tom meio cinza, e bastante limpo. Ao contrário da última vez em que eu o vi, quando estava coberto com o próprio sangue.

— Bom dia. — O legista passou pela porta. — Desculpe a demora, tive que atender uma ligação. Você é o Harry, certo? Para onde o outro rapaz foi?

— Certo. E ele foi embora. Não acho que esteja disposto a ajudar, é o filho do xerife de Londville.

— Oh. É o irmão da sobrevivente? — Eu assenti, e ele assentiu de volta, me entendendo. — Você está? Disposto a ajudar, quero dizer. Não conseguimos localizar nenhum familiar e precisamos de alguém para nos dizer o que fazer com o corpo. Saber se terá um enterro e essas coisas.

— Também não. — Eu é que não ficaria responsável por um velório e um enterro para esse ser desprezível. Landon e o seu corpo poderiam ir se foder. — Pode cremar.

— Certeza?

— Absoluta. Ele não merece um enterro.

— Você assinará os papeis, então? — Pensei um pouco sobre e em seguida assenti. Ele me entregou uma prancheta onde estavam os papeis da liberação do corpo. — Pronto. O corpo será levado para o crematório e você poderá pegar as cinzas hoje à noite.

— Tudo bem. — Meu celular começou a tocar e eu o tirei do bolso, vendo o nome de Cameron na tela. Me despedi do legista e rapidamente deixei o necrotério. — Então, conseguiu algo?

— Consegui, vou te mandar uma mensagem com o nome e endereço da prisão.

— Não conseguiu o número?

— Não, os prisioneiros não recebem ligações, apenas visitação.

— Não há outro jeito? Qualquer outro jeito? Talvez conseguir mais registros sobre esse caso, sei lá... — Tentei. Afinal, ir embora de Londville agora já estava fora de cogitação, imagina ir embora do país?

— Bom... de forma online não. Esses casos mais antigos ainda não foram digitalizados no país de origem, então, não temos como conseguir eles aqui na América. Se realmente quiser saber mais sobre esse caso em particular, terá que ir para o país de origem e recorrer aos policiais que investigaram o caso na época.

— Tem noção do que está dizendo, cara? — Eu respirei fundo, considerando a absurda ideia.

— Você que pediu por um outro jeito. Só há esse. Não coloque a culpa em mim, eu fiz minha parte. — Se defendeu.

— Claro, claro. Eu sei, me desculpe. E obrigado por isso e por ter vindo aqui ajudar, Cameron. Você foi um amigo e tanto.

— Disponha, cara, sempre que precisar estou aqui, você sabe.

A ligação acabou, e quase que imediatamente eu recebi a mensagem com o nome e endereço da prisão. País de Gales. Europa. Do outro lado do mundo. Seria mesmo possível que isso tivesse alguma coisa a ver com o Enigma? Eu queria que a resposta fosse não, mas a semelhança... a maldita semelhança entre Anna e Liv me deixava em dúvida.

Eu precisava pensar bastante no que faria a seguir. Se eu iria ou não. E essa decisão eu só conseguiria tomar depois de ir vê-la, então, entrei no meu carro e dirigi de volta para Londville.

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