Capítulo 39
Por cima do meu cadáver.
Taylor
Noah era um completo idiota! Porra, quem ele acha que é para tentar enganar a minha irmã assim? Era claro que ele não tinha sentimento algum pela Liv e a estava usando! Olivia era mais cega do que eu esperava, e uma trouxa para ter caído no papinho dele, e agora, cabia a mim corrigir isso.
Cacei ele por toda a festa, e assim que o encontrei conversando com o Joshua em um canto, eu me aproximei.
— Josh, nos deixe a sós, por favor. — Pedi, esperando que ele saísse para tomar o seu lugar na frente do Noah. — Eu não vou deixar você enganar a minha irmã assim, Noah. Por favor, não me irrite mais e pare logo com essa palhaçada, pois a Liv não merece isso!
Ele soltou um riso debochado.
— Você é tão egocêntrica, Taylor. O mundo não gira em torno de você, sabia? Se eu quiser namorar a Olivia, eu vou. É uma escolha minha e dela, e não sua. Você não tem que se intrometer entre nós.
— "Nós"? — Bufei, achando aquilo o cúmulo do ridículo. — Só vai haver um "nós" entre você e a minha irmã por cima do meu cadáver. Ouviu bem?
Ele não respondeu. Me olhando sério.
— Taylor! Taylor! — Uma garota que aparentava ter uns quatorze ou menos anos, e tinha um cabelo cor de rosa na altura dos ombros, se aproximou. Eu não a conhecia, deveria ser filha de alguma amiga da minha mãe. — Tira uma foto comigo?
— Claro!
Me aproximei, a abraçando de lado, e me inclinei um pouco para baixo para que ela pudesse tirar a foto. Assim que conseguiu, ela abriu um sorrisão para mim.
— Obrigada! Eu adoro você, te sigo em todas as redes sociais.
Eu sorri com a agradável surpresa e me abaixei para ficar na mesma altura que ela. Ela era literalmente a primeira fã que eu conhecia, eu tinha que ser agradável!
— Que fofa, qual o seu nome?
— Alana!
— Nome lindo. Está gostando da festa?
— Estou adorando!
— Que ótimo. Se divirta!
— Obrigada!
Ela se afastou com um sorriso feliz no rosto, e eu me virei de volta para terminar a conversa com Noah, no entanto, ele não estava mais ali. Olhei em volta, tentando encontrar ele entre as pessoas dançando ou nas mesas, mas ele não estava em lugar algum. Droga!
Fui para perto de Amanda, que estava dançando com um cara aleatório, e percebendo a minha expressão nada boa, ela rapidamente o dispensou para vir conversar comigo.
— O que houve, Tay? — Pôs as mãos em meu ombros, preocupada.
— Nada, amiga. Problemas com o Noah.
— Vamos dançar? Extravasar!
Ela ofereceu a sua mão, e eu estava quase aceitando quando ouvir alguém me chamar de novo. Acho que eu estava mesmo ficando famosa. Me virei pronta para perguntar se a pessoa queria uma foto, quando me deparei com aquele amigo atrevido do Elijah. E ele parecia exasperado.
— Luke, não é? Tudo bem?
Ele apenas assentiu como se não ligasse a mínima para o que havia falado, e estava ofegante e apreensivo quando voltou a falar:
— Vem comigo. É a Olivia.
— O que houve? — Estranhei.
— Apenas vem. É urgente!
Isso não era nada bom. O segui para fora do salão até a parte de trás da casa de festa, e nós subimos um andar até chegarmos na cozinha e a sua despensa. Eu tive um choque enorme quando vi minha irmã desacordada no chão, e rapidamente me abaixei para checar o seu pulso. Ela estava viva. Checado isso, imediatamente entrei em alerta.
— O que aconteceu? O que você fez com ela?
Ele ergueu as mãos de forma defensiva.
— Nada, eu juro!
— Nada? E ela está nesse estado? Espera que eu acredite nisso? — Me revoltei ainda mais. — Ou você me fala o que houve ou eu vou gritar!
— Eu juro por Deus que não fiz nada! Ela desmaiou enquanto nós estávamos... bebendo.
— Só bebendo? — Investiguei, ele parecia receoso demais.
— Rolou uns beijos também...
— Seu canalha! Olha o estado dela!
— Acha que eu não sei? Mas ela não estava assim antes! Estava consciente, normal, e me beijando! Eu nunca teria feito algo se ela não quisesse, não sou assim! Pode não parecer, mas eu sou de uma família boa e religiosa, Taylor!
Primeiro o Noah, e agora o Luke? Liv estava realmente atirando para todos os lados, hein? Olhei para ele por alguns segundos, tentando decidir se acreditava nele e nesse papinho de bom garoto, e por fim, decidi acreditar. Afinal, se ele tivesse feito isso com ela, por que iria me chamar para socorrê-la? Não fazia sentido.
— E o que vocês beberam?
— Vodca.
Merda! Vodca e Olivia juntas não era uma boa combinação.
— Me ajuda a levar ela para o banheiro. Mas sem chamar muita atenção! Nossos pais não podem ficar sabendo disso.
Ainda completamente nervoso, Luke me ajudou a levantar a Olivia e colocou um dos seus braços em volta do pescoço, eu fiz o mesmo com o outro braço dela e nós saímos da cozinha sem chamar muita atenção. Só haviam duas pessoas lá preparando bandejas, os outros provavelmente estavam lá embaixo servindo tudo, então não foi algo muito difícil. Ao lado da cozinha ficava uma porta para ir para os vestiários, e dividindo os dois espaços, uma escada que dava para o andar de cima. Tentamos a porta, mas era uma daquelas automáticas que precisam de um cartão de acesso, algo que só funcionários tinham, então, como não sabíamos se lá em cima tinha banheiro, decidimos descer.
Desci todos os degraus torcendo para que ninguém nos visse, e por sorte, não cruzamos com ninguém o caminho todo. Assim que chegamos lá embaixo, eu entrei no banheiro com a Olivia apoiada em mim, enquanto Luke ficou na porta, era um banheiro feminino afinal de contas.
— Olivia. — Me esforcei para falar e a apoiei no balcão da pia, eu não tinha força alguma para ficar segurando-a. — Olivia! — Chamei mais alto e a sacudi pelos ombros. Eu a mataria se isso fosse algo grave. Ela, o Luke, o Noah, e quem mais me irritasse essa noite! Eu deveria estar lá fora curtindo e tirando fotos, e não lidando com essa merda. — Olivia, acorda! — Dei um tapa no seu rosto e ela abriu os olhos, ainda meio grogue. — Graças a Deus! Você está bem?
— Onde... nós estamos?
— No banheiro. Na nossa festa. Você está bem? Como está se sentindo?
Mesmo sem uma lanterna, eu fiz aquilo que os médicos fazem de abrir os olhos do paciente para olhar melhor para eles, mas como eu não sabia o que estava procurando, isso meio que não serviu para nada. Contudo, ela parecia bem. Não aprecia estar bêbada, apenas confusa.
— Minha cabeça está doendo um pouco... — Ela parou de falar do nada e começou a vomitar.
Dei o maior pulo para trás que já dei em toda a minha vida para que o seu vomito não batesse em mim, e virei o seu corpo para que ela ficasse de frente para a pia, inclinando a sua cabeça para baixo. Não tinha mais tempo de abrir cabine e levar ela até uma privada, a pia teria que servir. Abri a torneira para que a água ajudasse a descer tudo, e evitei de olhar.
— Bota tudo para fora. — Aconselhei, ouvindo-a vomitar, não era nada agradável. — Você se lembra do que aconteceu?
Assim que terminou, Liv lavou a sua boca e as mãos, e virou-se de volta para mim.
— Luke foi buscar uma bebida... e eu acho que ele colocou algo dentro. Como você me achou?
Agora pronto. Isso não fazia o menor sentido!
— Luke me procurou. Ele estava preocupado com você.
— Mas... isso não faz sentido algum.
— É, eu sei! A não ser que ele tenha inicialmente te drogado, mas depois se arrependido, eu não sei! O que eu quero saber agora é, o que você quer fazer? Chamar o David?
— Eu não sei. — Ela me olhou claramente ainda confusa.
— Eu também não! — Eu não queria jogar ainda mais responsabilidade para cima dela, que claramente ainda não estava cem por cento, mas eu realmente não sabia como agir. Eu já tive vários porres em minha vida, mas nada que envolvesse drogas, nunca fui tão longe. — Você se sente bem para voltar para festa?
Ela passou a mão pelo rosto para meio que "acordar" melhor, e então, assentiu. Soltei ela para ver o que acontecia, e ela não caiu no chão, inicialmente se sustentando no balcão de mármore da pia.
— Ainda estou me sentindo um pouco tonta, mas eu consigo voltar. — Assim que tentou dar um passo, o seu joelho falhou e eu precisei segurá-la para que não fosse de encontro ao chão.
— Não, assim não. Você tem que melhorar totalmente antes. — Eu suspirei. Era isso, ou levantar suspeitas lá fora. — Mas o que aconteceu, hein? Por que você bebeu?
Ela balançou a cabeça negativamente.
— Como se você não soubesse...
— E eu tenho bola de cristal por acaso?! — Me irritei. Eu já estava dando uma de babá enquanto deveria estar curtindo, e ela ainda me vinha com isso?
— Por que você o convidou?
— O Noah? O Luke?
— O John! — Ela quase gritou, e eu precisei de um momento para digerir o que havia sido dito.
— Ele... veio?
Eu mandei uma mensagem despretensiosa para ele falando sobre a festa há alguns dias atrás, mas não pensei que ele realmente fosse aparecer por aqui. Nossas conversas não eram profundas, ele normalmente só me fazia perguntas sobre o que estava acontecendo na cidade e como eu e a Liv nos sentíamos com isso, nunca tocou em coisas pessoais do passado, e eu tive medo de o fazer, já que não queria que ele se afastasse. Também não tínhamos conversado sobre realmente nos encontrar um dia, por isso, não pensei que ele fosse levar o meu convite a sério, até tinha esquecido sobre isso. Mas aqui estávamos... ele apareceu.
— Por que você fez isso, Taylor?
O rosto da minha irmã estava distorcido. O seu mal-estar agora não era mais causado pela bebida.
— Olivia, ele é nosso pai. Você não quer nem conhecer ele? Tentar entender o que houve?
Eu realmente não entendia toda essa sua aversão a ele. Tudo bem ter medo de rejeição no início, eu certamente tive e ainda tenho, mas ele estava aqui agora, queria nos conhecer, isso deveria valer por algo!
— Só por que ele contribuiu com um pouco de esperma não significa que ele seja o nosso pai! O nosso pai é o cara que o expulsou daqui, pois eu certamente não quero ver ele nem hoje, nem nunca!
— Essa festa também é minha, Olivia. Você não tinha esse direito!
— E eu não tive! Eu só tive o prazer de ver acontecer de longe. E antes que você sequer comece a pensar em culpar o David, deveria pensar na mamãe que estava aos prantos lá fora! Esse cara não faz bem para ela! Esse estranho não merece nada da gente!
— Essa é a sua opinião e tá tudo bem, não vou discutir com você sobre isso!
Dei de ombros, sem dar importância. Eu não mudaria a opinião dela e nem ela mudaria a minha. Então, pra que brigar? Eu queria conhecer essa outra parte do meu sangue e ponto final. Era tão difícil assim de aceitar?
Olivia assentiu também, concordando em evitar uma briga. E durante esse nosso momento de silêncio, uma das cabines do banheiro foi aberta e uma garota de uns quinze anos saiu de dentro com uma expressão envergonhada no rosto. Ela sorriu sem graça para mim e para a Liv, e foi até a pia para lavar as mãos. Olhei para a minha irmã e ela parecia querer morrer de vergonha, assim como eu. Eu deveria ter checado as cabines antes de ter começado a falar sobre algo tão pessoal, mas agora já era tarde. Só nos restava torcer para que ela não espalhasse a nossa mini lavagem de roupa suja para o resto da cidade.
A garota saiu do banheiro, e Liv e eu suspiramos alto ao mesmo tempo. Ela se virou para se olhar no espelho, ajeitando o seu cabelo que estava bagunçado, e do nada me fez um pedido.
— Troca de vestido comigo?
— Por que?
Ela estava com um vestido azul brilhoso lindo, era rodado e a cara dela, enquanto o meu era vermelho e bem colado. Não combinaria com ela ou a sua maquiagem.
— Eu o molhei antes e agora tem vomito nele. — Ela apontou para a mancha na área dos seios, e imediatamente eu tive uma crise de ansiedade.
— E você quer que eu use isso?
— Eu sei que você deve ter um outro vestido guardado por aqui, é só você trocar depois. Por favor, eu não quero que mais ninguém me veja assim!
Eu suspirei, desistindo de sequer argumentar. Eu realmente tinha um outro vestido em uma mochila na mala do carro, e poderia pedir para mamãe ir buscar enquanto a Olivia se recupera um pouco mais aqui dentro. Mas um vestido com vomito...
— Olivia... — Tentei relutar.
— Taylor, por favor. — Ela juntou as mãos, implorando. — Eu nunca te peço nada!
— Tá, tudo bem! — Me dei por vencida, suspirando. — Mas você tá me devendo uma, e das grandes!
Tirei o meu vestido, o entregando para ela, e ela tirou o dela e me entregou. Como era tomara que caia, eu consegui vestir sem encostar na parte manchada. E assim que fechei o zíper e me olhei no espelho, não consegui acreditar que estava mesmo fazendo isso e que havia colocado um vestido vomitado nesse meu corpinho maravilhoso. Mas era isso. Minha irmã estava em um estado deplorável e não tinha como eu lhe dar as costas agora.
— Toma isso também. — Ela tirou o colar em volta do seu pescoço e me entregou. — Pede para a mamãe guardar no carro.
— Não quer usar? É lindo. E foi do Harry.
— Eu sei, mas é pela a segurança do colar. Não quero sujar ele também por acidente. Hoje está sendo um dia tão "bom" que só falta alguém jogar uma sacola de merda na minha cabeça.
Eu evitei de rir, afinal, ela ainda não estava cem por cento.
— Ok. Eu vou lá e você fica aqui e me espera, ok? Vou voltar com o vestido para me trocar e te trazer uma garrafa de água para que você se hidratar e melhore logo.
— Obrigada, Tay. Eu te abraçaria agora, mas não quero me sujar de vômito.
Eu abri a boca em choque pela sua ousadia. Olivia sorriu travessa.
— Vai, continua brincando assim que você vai descobrir rapidinho quem é que vai jogar aquela sacola de merda em você!
Eu saí do banheiro sorrindo, e já iria falar para o Luke ficar vigiando a porta para garantir que a Olivia não saísse, quando vi que ele não estava mais ali. Ele era o segundo idiota que fugia de mim hoje. Voltei para a festa para pedir que a minha mamãe fosse no carro pegar o outro vestido, mas não a encontrei em lugar algum, nem ela, nem o David. Lembrei do que a Liv disse sobre o John e como isso afetou a mamãe, e comecei a pensar que a situação realmente tivesse sido bem difícil.
Decidi mudar o foco e ir atrás do Elijah, que se não me engano, estava usando uma jaqueta que seria muito bem-vinda no momento. Rodei a festa inteira e não o encontrei. Perfeito! Todo mundo parecia estar desaparecendo no momento em que eu mais precisava! Joshua estava com uma camiseta do Blue Crabs, reforçando ainda mais o estereótipo de homem hétero que só usa camisa de time. Milo estava usando uma blusa de mangas longas rosa e provavelmente não estava com uma regata por baixo, pois ele odiava regatas. Já Amanda estava de vestido, e apesar de saber que ela consideraria trocar ele comigo por causa da nossa amizade, esse também era o motivo de eu não pedir, eu não a colocaria em uma posição como essa. Logo... só restava o Noah. Eu briguei com esse imbecil e agora iria ter que pedir um favor. Amei?
Me aproximei dele, que comia uns docinhos e conversava com um dos seus outros colegas de time que eu não me importava em decorar o nome, e não fiz rodeios.
— Noah, me empresta a sua jaqueta, por favor? — Era uma jaqueta bomber azul, mas não era a do time. Ele não andava com as roupas do time o tempo todo, eu garanti isso.
— O que houve com o seu vestido? — Perguntou, já tirando a jaqueta.
Mesmo estando brigados, ele nunca me deixaria na mão. Ele era uma pessoa boa quando não estava tentando se aproveitar da minha irmã.
— Eu vomitei. Mas estou bem. — Peguei e vesti a jaqueta, agradecendo em seguida.
— Precisa de algo? Está tudo bem mesmo? — Ele segurou o meu braço antes que eu saísse, me olhando com aqueles olhos escuros e preocupados.
— Está. — Eu sorri para passar confiança.
— Beleza... — Mesmo claramente não estando confiante em minhas palavras, ele soltou o meu braço e me deixou sair.
E apesar da enorme vontade de me livrar desse vestido o mais rápido possível, decidi voltar para o banheiro para checar como a Liv estava e se estava bem. Se ela tiver vomitado de novo no meu vestido, eu é que não iria oferecer o vestido limpo que eu tinha no carro, já fiz minha caridade dando o meu vestido a ela, aquele no carro era meu! Cheguei na porta do banheiro feminino, e já iria entrar quando lembrei da água que havia prometido a ela. Decidi continuar o caminho e subir até a cozinha para pegar, quando alguém me agarrou por trás e tampou a minha boca com algo para que eu não gritasse.
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