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Capítulo 38

Festa de Aniversário

— Posso retirar a venda agora, mãe? — Perguntei, provavelmente pela milésima vez essa noite.

— Não. Estamos quase lá. E mesmo que já saibam da festa, finjam surpresa, eu me matei para organizar tudo nesses últimos dias!

— Eu sei. — Concordei, rindo.

— Taylor?

— Claro, mãe. Você sabe que eu aproveito qualquer oportunidade para mostrar o meu talento.

— Certo, certo. — Ela murmurou, muito mais nervosa que Taylor e eu.

— Amor, você sabe que não faz sentido algum elas chegarem lá vendadas sendo que já estão completamente arrumadas, não é? Claramente não há surpresa alguma acontecendo. — David falou, sem tirar os olhos da estrada. — Já viu o colar de ouro que a Olivia está usando?

Ouvi minha mãe suspirar em derrota, e logo, as nossas vendas foram retiradas.

— Só fiquem surpreendidas quando chegarem lá, ok? Não precisam exagerar surpresa, mas... é isso. — Ela expirou alto, como se um grande peso tivesse sido retirado dos seus ombros. — E onde você arrumou esse colar, Olivia?

— Ganhei de presente de um amigo. Não é lindo? — Levei a minha mão até o pescoço para sentir a correntinha e o pingente com a letra O.

— A Patty? — Papai perguntou, olhando rapidamente para mim pelo espelho.

— Não seja bobo, amor, por que a Patty faria isso? Tá na cara que foi um presente romântico.

Eu senti um friozinho gostoso no estômago ao escutar essa fala, pois isso era uma confirmação de que o presente havia mesmo sido algo romântico e não outro exagero da minha cabeça.

— Foi o Noah?

— Não, não foi ele, foi um outro amigo. — Fui o mais vaga possível.

— Para alguém que ficou semanas trancada em um apartamento, você está cheia de novos amigos, hein? — Ele apontou.

Dei uma risada nervosa, sem saber o que responder, mas logo, a voz da minha querida irmã quebrou o recente silêncio do carro.

— Nós ganhamos meio que um status de celebridade nessa cidade, "amigos" é o que não falta. — Eu sorri em um misto de surpresa e alivio, afinal, ela realmente havia me ajudado. — Mas também pode ter sido do Harry, quem sabe?

Meu sorriso literalmente despencou do rosto e eu joguei o meu melhor olhar assassino na direção dela, que sequer estava prestando atenção já que não tirava os olhos do seu celular. Mas que porra? Como ela teve coragem de dizer isso? Taylor arregalou os olhos e virou o rosto para mim assim que se deu conta do que havia dito, e eu quis morrer na minha própria desgraça, pois nem de propósito esse terrível erro havia sido.

— Por que ele te mandaria um presente assim? Ainda mais um colar como esse? — Papai perguntou, olhando de relance para mim pelo espelho novamente.

Era isso. Eu tinha que ser bastante cuidadosa com o que iria falar, caso contrário, iria despertar o lado investigativo do meu Xerife favorito e estaria completamente ferrada!

Engoli em seco.

— Pois é, isso não faz o menor sentido! Sequer somos amigos. Não sei de onde a Taylor tirou isso. — Evitei de olhar para ele pelo espelho enquanto respondia, e apenas olhei para a janela, torcendo para que ele não pensasse muito sobre isso.

Mamãe virou o rosto para trás para olhar para mim, e disfarçadamente, para que o meu pai não percebesse, eu lancei um daqueles olhares de "socorro" para ela, que capitou na mesma hora o meu desespero.

— Sua filha é linda e maravilhosa, ela deve ter vários pretendentes. — Eu olhei para ela em total desespero, isso não ajudava em nada, apenas insinuava que Edward era um desses pretendentes! — Então, óbvio que não foi ele. Foi um amigo, como ela disse.

Para o meu alívio, ela completou. E para que não ficássemos nesse assunto e eu me afundasse ainda mais em mentiras, decidi mudar um pouco o foco.

— Por que você o chama de Harry e não de Edward?

Ok, talvez eu não tenha mudado o foco tanto assim, mas pelo menos não era sobre mim em especifico.

— Ele e Andrew me pediram por causa do disfarce. Eu só uso Edward quando estamos dentro do departamento. Poderia usar aqui com vocês, já que estamos a sós, mas meio que já me acostumei assim. — Ele explicou.

Então, ele pedia para que o meu pai o chamasse de Harry, mas comigo ele tinha problema? Eu deveria pensar demais sobre isso?

O carro parou em frente a única casa de festas no centro da cidade, e nós descemos, caminhando até a entrada. Não era bem uma casa, e sim, um prédio com três andares, mas as festas só aconteciam no térreo, já que os andares de cima tinham o acesso liberado apenas para os funcionários. Se não me engano, o primeiro andar era dividido entre a cozinha e os vestiários dos funcionários, e o último, um deposito e o escritório do dono, Jonathan Harpman.

Em frente ao prédio havia todo um perímetro de policiais denunciando a extrema segurança do local, mas todo tipo de iluminação estava apagado como parte da surpresa. Passamos pela porta de entrada, e assim que chegamos ao salão principal, as luzes foram acesas e todos gritaram "SURPRESA!" enquanto jogavam confete para cima e para todos os lados. E bem, mesmo já sabendo de tudo desde o começo, eu ainda acabei me surpreendo de verdade com a magnitude do ato e não precisei fingir nada. O local estava lindamente decorado com balões coloridos e cheio de rostos conhecidos, a sensação de estar em um ambiente assim, depois de tanto tempo me escondendo e com medo era muito boa. Não havia nada de atuação em mim no momento, o sorriso em minha boca, assim como a vontade de chorar, eram reais, bem reais.

Patty foi a primeira a se aproximar para me abraçar.

— Feliz aniversário novamente, amiga!

— Valeu! — Eu sorri, a abraçando forte.

Ela estava usando um vestido preto curtinho e o meu perfume, já que nos arrumamos juntas lá em casa e ela esqueceu de levar o seu. Fizemos um dia de beleza durante a tarde para cuidarmos do nosso cabelo e pele no salão, e estávamos radiantes!

— Minha vez! — Elijah se aproximou de nós, e Patty teve que interromper o abraço e se afastar de mim toda relutante.

— Não consegue esperar, não? Era o meu momento! — Ela cruzou os braços.

— Não! — Elijah fez uma careta para ela, que correspondeu com outra, mas ele logo me abraçou pela cintura e eu tive que o segurar com força ao sentir os meus pés saírem do chão. — Eu te amo, Liv. E estou mais do que feliz por você está bem.

Eu tive que piscar bem umas dez vezes seguidas para impedir que os meus olhos começassem a lacrimejar quando ele me colocou no chão e se afastou.

— Obrigada, Eli. Eu também te amo, seu idiota!

— Idiota?

— Sim! Ou pensa que eu não notei a sua tentativa de me fazer chorar para estragar a minha maquiagem?

Ele riu da minha acusação e se aproximou para me dar um beijo na bochecha antes de se afastar de vez para ir falar com a Taylor. Algumas outras pessoas vieram me parabenizar, entre elas, Luke e Landon, o que foi uma bela surpresa, já que eu não os via há algum tempo. E apesar de ser um momento meio que agitado, dada as pessoas e a música alta a nossa volta, nós tivemos essa rápida oportunidade de conversar.

— Parabéns, Olivia. — Os dois disseram ao mesmo tempo, e eu tomei o meu tempo para abraçá-los um de cada vez.

— Obrigada, garotos. — Eles sorriram, Luke de forma mais aberta que o seu amigo. — Estão cuidando bem do meu irmão?

— Estamos fazendo o nosso máximo, pode ficar tranquila. — Landon garantiu.

— Foi terrível o que aconteceu com você. Não nos falamos muito quando tudo estourou, pois Elijah ficou aqui em Londville a maior parte do tempo, mas nas vezes em que nos falamos, seu irmão cogitou até mesmo trancar o curso por um tempo.

— Nossa! — Expressei, realmente surpresa. Elijah não comentou nada disso comigo.

— Um pouco depois, Harry pediu transferência para outra Universidade, e isso deixou o seu irmão meio que aéreo por um tempo, já que mesmo não conhecendo Harry há tanto tempo assim, eles se deram bem e criaram uma amizade logo de cara. — Landon completou, fazendo-me lembrar de que não era de conhecimento público quem Harry realmente era.

Como Eli não podia dizer nada, eles ainda pensavam que Edward era apenas um estudante aleatório chamado Harry. E era até melhor assim. Isso também explicava o pedido dele ao meu pai, e me deixava ainda mais confusa sobre o dele a mim. O que me diferenciava das outras pessoas? Por que ele pediu que eu o chamasse de Edward? Não que eu me incomodasse, era um nome lindo, eu só... era curiosa.

Me despedi deles para ir dar atenção aos outros convidados presentes e falei também com alguns familiares, tanto da parte de David, quanto da minha mãe. Até mesmo os meus avós vieram do Maine! Bem, eles não vieram apenas para a festa, pelo o que eu entendi, isso já estava em conversa desde que eu fui parar no apartamento, já que eles estavam bem preocupados, no entanto, eles concordaram em não vir antes, pois a minha mãe insistiu para que ficassem lá até tudo melhorar, e dessa forma, não alimentar ainda mais a mídia jornalística dessa cidade. Contudo, agora que as coisas estavam se acalmando, eles finalmente estavam aqui e me abraçando forte de tanta saudades!

— Vovó Margot, vovô Sam! — Eu estava a ponto de chorar com esse abraço tão querido deles.

— Graças a Deus você está bem, bonequinha. — Vovó se afastou para se benzer fazendo o sinal da cruz, e então, acariciou o meu cabelo antes de me dar um beijo na testa.

— A Deus e ao FBI. — Vovô acrescentou, também me olhando com bastante apreço.

— E ao papai. — Acrescentei também.

Samuel e David não tinham uma relação maravilhosa como a de David e Margot, sempre teve um leve atrito entre os dois desde que mamãe se mudou para Londville para se casar e nos criar aqui. Antes disso, ela, Taylor e eu morávamos na fazenda com eles lá no Maine. Não me lembro de muita coisa dessa época, já que a mudança ocorreu quando eu tinha quatro anos, mas lembro de ser muito feliz lá. E ainda sou, já que vamos visitar eles em quase todas as férias do colégio.

— É claro. Como pude esquecer? — Ele cedeu, sorrindo sem graça.

— Você está maravilhosa, bonequinha. — Vovó elogiou, me olhando de cima abaixo. Ela me apelidou assim, pois quando eu era mais nova eu a "forçava" a assistir filmes da Barbie comigo ao invés de fazer qualquer outro tipo de atividade ao ar livre na fazenda. — Se tornou uma mulher linda.

Eu sorri em agradecimento a ela, e os abracei de novo para matar a saudade antes de ter que ir falar com os outros convidados.

Depois de um bom tempo sorrindo, abraçando e agradecendo as pessoas pela presença, eu pude finalmente ir me divertir. Não havia bebidas alcoólicas na festa, mas haviam refrescos deliciosos de tudo quanto era fruta. Patty e eu estávamos arrasando na pista de dança, e estava sendo o momento de maior diversão e felicidade que eu tinha há tempos. Não havia nenhuma preocupação em minha mente, eu estava apenas dançando e curtindo o momento, nada além disso.

— Vem comigo! — Ela segurou a minha mão de repente e me arrastou para fora da pista de dança.

— Para onde estamos... — Parei de falar assim que notei a mesa cheia de doces e salgados a alguns passos de distância.

Haviam varias mesas espalhadas pelo local, umas com cadeiras para os convidados se sentarem e outras apenas com comidas.

— Estou com fome!

Ela pegou algumas bolinhas de queijo e as jogou na boca, fazendo uma cara de satisfação. Me virei, vendo um garçom se aproximar com uma bandeja cheia de refrescos, e Patty pegou dois copos, agradecendo a ele antes de me entregar um. Dei um gole e era de framboesa.

— Seus pais bem que poderiam ter liberado uns coquetéis, né? Eles não são tão alcoólicos.

— Meu pai é o xerife, nunca que ele iria liberar álcool em uma festa cheia de jovens que não podem beber. — A lembrei.

Dei alguns goles no meu refresco, enquanto Patty virou o copo dela e expirou pesadamente em seguida, sorrindo.

— Vamos dançar!

Ela saiu correndo de volta para a pista de dança e eu ri, colocando o meu copo em cima de uma mesa qualquer para segui-la. Uns vinte minutos depois, ainda estávamos dançando quando Patty perguntou.

— Cadê o Elijah? Não o vi mais. — Falou alto por causa da música.

— Não sei, deve estar por aí. — Respondi na mesma altura.

Ela começou a olhar em volta, diminuindo os movimentos da dança meio que involuntariamente para procurar, até que de repente os seus olhos brilharam.

— Eu sabia! Vem comigo!

Novamente, ela segurou a minha mão e saiu me arrastando. Dessa vez, para os fundos do lugar. O salão principal era enorme e ocupava praticamente todo o térreo, era bem espaçoso, mas assim que passávamos pela cabine do DJ, chegávamos a um corredor que dava para as portas do banheiro masculino e feminino, e logo depois, a uma escada que levava ao andar de cima.

— Para onde estamos indo? — Perguntei ao chegarmos no corredor.

— Eu vi o Elijah vindo para cá. — Ela olhou em volta.

— Talvez ele tenha entrado no banheiro? — Apontei para a porta do banheiro masculino.

— Ele estava acompanhado, homens não tem o costume de irem juntos ao banheiro. É suspeito.

— É suspeito ou você só está arrumando uma desculpa para ficar perto dele? — Provoquei.

— Óbvio que não! Ele está aprontando algo. — Um garçom, que vinha da cozinha equilibrando uma bandeja de refrescos na mão, terminou de descer a escada e assentiu levemente com a cabeça ao passar por nós. — Ele só pode ter subido, vamos!

Subimos um lance de escadas, e ao invés de continuar e subir mais outro, entramos na cozinha. Fomos recebidas por alguns olhares confusos dos funcionários que estavam ali preparando tudo e andando como loucos de um lado para o outro.

— Não queremos atrapalhar. — Fiz questão de dizer.

— Vocês viram um rapaz meio loiro passar por aqui? — Patty soltou na lata.

Sem dizer nada, um dos funcionários apontou para uma porta nos fundos da cozinha, e Patty assentiu prontamente, segurando a minha mão e me guiando até lá. Era uma despensa consideravelmente grande com várias prateleiras de mantimentos e panelas. Elijah e Luke estavam lá dentro, sentados no chão com uma garrafa de vodca entre eles.

— O que fazem aqui? — Luke tentou esconder a garrafa.

— A gente já viu, nem tenta! — Patty foi até ele, e após algumas tentativas, conseguiu tomar a garrafa para si, erguendo-a sobre a boca para beber alguns goles.

— Tem certeza disso, Liv? — Elijah ficou de pé e veio até mim. — Na última vez que você bebeu vodca...

Ele não completou a frase, e eu pisquei, ficando levemente desconfortável com a lembrança.

— Quando você bebeu vodca e por que não me convidou? — Patty estreitou os olhos na minha direção.

— Foi há um tempo atrás, nem me lembro direito. — Ela deu de ombros, deixando o assunto para trás, e eu respirei aliviada.

Elijah entregou a ela o copinho de shot que estava segurando e Patty rapidamente o encheu e bebeu o líquido de uma só vez. Aparentava ser bem mais prático do que beber direto da boca. Luke me ofereceu o copinho dele, mas eu neguei, era melhor ficar sóbria essa noite ao invés de cometer alguma loucura que depois eu precise esquecer. Não queria que nada de errado acontecesse hoje, era uma festa de comemoração por literalmente estar viva e eu só queria aproveitar ao máximo sem precisar ficar bêbada, sabe, criar memórias que eu possa facilmente lembrar! E como o meu irmão havia certeiramente pontuado, não deu muito certo para mim da última vez que bebi isso.

— Eu vou voltar para a festa. — Avisei.

— Ok. Eu te encontro daqui a pouco para a gente dançar mais, ok? — Patty avisou, já enchendo o seu copinho novamente.

Assenti e voltei para o salão. Todos dançavam e se divertiam como já não se era visto há um bom tempo por aqui na cidade. Nunca fomos uma cidade muito animada, mas Londville passou por um período de puro pesadelo, poder estar comemorando agora era divino!

Obviamente, nem todos estavam aqui e isso era uma lástima. Apesar de ter convidado, minha mãe me informou hoje mais cedo que as famílias das vítimas do Enigma haviam educadamente recusado o convite e mandado um cartão de aniversário para mim. E eu entendia isso, minha mente não ficava o tempo todo em fantasias amorosas e teorias suspeitas. Quando eu me deito para dormir, tudo isso vem a minha mente e eu me pego lembrando das vítimas, de como essa cidade era antigamente, e de como a vida era mais fácil antes. Morrer deveria ser terrível, mas sobreviver também era um pouco.

Eu não conseguia nem imaginar o luto que essas famílias devem estar sentido, por isso, não fiquei magoada com a recusa. Deveria ser doloroso ir na festa de uma garota que sobreviveu, enquanto que um ente querido seu não teve a mesma sorte. Era uma situação difícil. Bem desagradável. Essa festa poderia até mesmo ser vista como insensível por alguns, mas eu precisava disso. Essa cidade precisava. E os rostos felizes de todos presentes aqui provavam isso. Era como se um grande peso tivesse sido retirado de cima de todos nós, e agora, finalmente poderíamos respirar livremente.

Estava comendo alguns docinhos na mesa de comidas, quando minha avó apareceu ao meu lado.

— O que está te preocupando, bonequinha?

— Nada, vovó. — Eu sorri. — Só estava pensando em que estratégia usar para pedir ao papai para ir a fazenda mais cedo.

Ela abriu um sorriso lindo.

— É só dizer que está com saudades do Hades. Seu pai sempre adorou aquele cavalo.

— Olha que isso talvez funcione mesmo! — Considerei a ideia. — E não seria uma mentira. — Acrescentei o mais importante.

— Então, está decidido!

Ela terminou de colocar uns docinhos em seu prato e saiu no mesmo segundo em que Noah se aproximou de mim. Possível até dizer que ela saiu por ter notado ele chegando, conhecendo a vovó Margot e o seu pensamento rápido e astuto, ela com certeza iria querer me ajudar com garotos.

— Oi, Liv. Tudo bem? — Ele começou dizendo, expressando um pouco de receio e nervosismo, o que não era muito comum vindo dele.

— Oi, Noah. Tudo bem. Só estava me distraindo com comida. — Larguei o docinho de chocolate que eu tinha nas mãos e me virei completamente para ele.

— Eu vim te dar o meu presente. Antes você tinha acabado de chegar e era o centro das atenções, então, esperei esse momento mais calmo para falar contigo. Espero não ter atrapalhado a sua conversa com aquela senhora.

— Ela é a minha avó, e não, não atrapalhou.

— Perfeito. Então... fecha os olhos e estica a mão. — Estreitei os olhos com desconfiança e ele riu. — Vamos lá, não é nada demais!

Fiz o que ele pediu, esperando que ele colocasse algo sobre as minhas mãos, no entanto, ele fez o inesperado e colocou algo em meu pulso. Eu ainda não tinha aberto os olhos para ver, mas já conseguia sentir que era uma pulseira.

— Já posso abrir? É uma pulseira, não é?

— Pelo visto eu tenho o dom da sua mãe para surpresas. — Ele zombou. — Mas sim, pode abrir.

Abri os olhos e imediatamente olhei para o meu pulso, vendo a linda pulseira nele. Era uma corrente com vários pingentes dourados de corações nela. Era linda.

— Noah... não precisava!

— Eu queria te dar algo especial e que fizesse você lembrar de mim sempre que usasse... Gostou?

— É claro! Ela é linda, obrigada!

O abracei agradecida, e acabei me surpreendendo quando ele deu um beijo em meu ombro nu por causa do vestido tomara que caia que eu vestia. Ele era feito de um tecido azul claro brilhoso, e era justo na parte de cima, mas da cintura para baixo era rodado. Os olhos escuros de Noah pareciam ser pretos naquela luz de festa, e o jeito como ele me olhava demonstrava um claro interesse, talvez até... desejo em mim. Isso teria me matado em um outro momento da minha vida, e se estou sendo totalmente honesta... talvez ainda me atingisse um pouco. Ainda não conseguia distinguir se era mesmo por causa dele ou apenas por carência, pois agora que eu havia experimentado dessa água e tido a minha primeira vez, pensar sobre isso havia ficado cada vez mais fácil.

— O que acha de me pagar aquela dança agora?

— O que? — Precisei perguntar, já que não prestei atenção no que ele havia dito.

— Dança comigo?

— Ah, sim!

Ele colocou a mãos nas minhas costas e eu deixei que ele me guiasse para longe das mesas e para o centro do salão onde algumas pessoas dançavam animadamente. No entanto, como se o DJ soubesse da nossa intenção de dançar juntos, a música dançante foi substituída por uma balada lenta e romântica, e Noah e eu nos entre olhamos antes de nos aproximarmos para dançar. Ele posicionou suas mãos na minha cintura, juntando o seu corpo ao meu, e eu passei as minhas mãos pelo seu pescoço, o abraçando de volta. Eu não sabia exatamente qual era a música que estava tocando, mas reconhecia a voz da Taylor Swift.

Noah Kim comandou toda a dança perfeitamente, me girou e me pegou nos momentos certos, manteve o contato visual durante todo o tempo, e literalmente realizou um antigo desejo meu que era ter uma dança assim com ele em um dos nossos bailes do colégio. Não era um desses bailes, mas a sensação era a mesma: nostalgia. E quando a música chegou ao fim, e nós paramos de dançar, continuamos ali no meio da pista de dança apenas olhando um para o outro. Seus olhos estavam brilhando e ele parecia realmente feliz por estar ali comigo, o que era incrível, de verdade, contudo, não pude deixar de notar o jeito como ele estava olhando para a minha boca, e assim que ele fez menção de me beijar, eu desfiz o abraço e me afastei um pouco.

Virei a cabeça para o lado para escapar do seu olhar e acabei olhando em volta, percebendo que algumas pessoas perto de nós haviam parado de dançar e estavam apenas nos observando como se fossemos a grande atração da festa. Duas garotas mais novas estavam até mesmo gravando e tirando fotos de nós, era um tanto estranho ter toda essa atenção sobre mim.

— Não foge de mim. — Ele pediu no pé do meu ouvido. — Você sabe que este seria o momento perfeito para um beijo.

Ele parecia não estar nada abalado pelos olhares, o que de certa forma já era esperado graças a sua posição no time do colégio, ser o centro das atenções não era algo novo para ele. Mas para mim sim.

— Eu não sei se este seria tal momento, Noah. — Fui honesta com ele. O frio na minha barriga não me deixaria mentir no momento.

— Por que não? Por que você está apaixonada por outro cara?

Eu pisquei, surpresa. E precisei voltar a olhar para ele para tentar entender se havia mesmo escutado aquilo ou não. Não esperava que ele dissesse ou sequer soubesse disso.

— Você sabe?

Ele inclinou a cabeça para o lado levemente, me dando um sorriso complacente.

— Um cara sempre sabe, Olivia. — O seu sorriso foi perdendo força. — Você costumava me olhar de um jeito diferente antes.

Novamente, eu não soube o que dizer. Era bem vergonhoso saber que ele notava e sabia dos meus sentimentos por ele. Lembro-me que fiquei um pouco chocada quando a minha mãe revelou saber, e mais chocada ainda quando o meu pai contou que também notava, pois eu pensei que soubesse disfarçar isso bem. Contudo, se até o próprio Noah sabia, eu deveria ser uma piada em esconder meus sentimentos.

— Por que não fez nada antes? — Procurei saber.

— Não é a hora de falar do passado e sim do presente. Do agora. Você, eu... e o outro cara.

— Se você sabe que eu gosto de alguém, por que ainda quer me beijar? — A dúvida era real. Para mim isso não fazia sentido.

Noah tomou alguns segundos para responder e eu aproveitei o momento para olhar em volta novamente. Uma nova música havia começado a tocar e as pessoas que antes estavam de olho em nós, aos poucos, foram se distraindo e nos esquecendo. Assim como a anterior, a nova música também era lenta, então, meio que inconscientemente, Noah e eu voltamos a dançar para não ficarmos ali no meio da pista parados.

— A essa altura você já deve ter visto a foto e sabe que essa cidade toda está esperando por esse exato momento. Todos nos apoiariam se fossemos um casal.

— Sim, eu vi a foto... e talvez. Mas o que isso tem a ver com esse momento?

— Seria uma oportunidade incrível para nós dois, pensa nisso.

— Você faz soar como se isso fosse uma proposta de emprego. — Eu dei uma leve risada, pois se a intenção era ser romântico, ele passou bem longe disso.

— Desculpe, não foi essa a intenção. — Ele também riu. — O que eu quero dizer é... em uns dez anos, quando você for relembrar do passado e olhar para trás para esse exato momento... você vai querer se recordar desse dia como o dia em que você quase beijou o Noah Jin Kim, ou como o dia em que quase o beijou?

Ele ergueu as sobrancelhas e eu sorri um tanto nervosa. Ele tinha o mesmo costume da minha irmã de falar sobre si mesmo na terceira pessoa, e dado o tempo que os dois passavam juntos, isso não era nada surpreendente.

— Isso não foi nada convencido, hein? — Brinquei.

— Oh, não, não me leve a mal. — Ele levantou as mãos em sinal de redenção, mas logo voltou a me segurar pela cintura. — É só que... eu definitivamente quero lembrar de hoje como o dia em que eu beijei você, Olivia Collins.

Oh... Ele de fato sabia o que estava fazendo.

Eu fiquei sem qualquer reação e realmente afetada pelas suas palavras e a seriedade exibida em seu rosto. Ele queria isso. E muito. E bem, eu poderia até não estar apaixonada por ele agora, mas se tinha uma coisa que Noah sabia fazer com maestria, era deixar qualquer garota sem chão! Eu fiquei sem saber o que dizer por uns bons segundos, e apenas quando pensei como ele pensou, e me imaginei daqui há uns dez anos me lembrando desse momento, foi que eu consegui chegar a uma conclusão.

— Você tem razão. — Ele abriu um sorriso de expectativa alcançada. — Vamos apenas... nos divertir e criar lembranças!

Eu poderia estar sendo impulsiva? Sim, mas essa não era a hora de se importar com isso. Sem esperar por mais nada, Noah segurou o meu rosto com as duas mãos e me beijou. E como se já não bastasse a sua aparência e a sua personalidade serem incríveis, ele ainda beijava muito bem! O sonho de qualquer garota.

Mesmo estando de olhos fechados, eu consegui sentir quando a luz de alguns flashes nos atingiu. Câmeras. Estavam tirando a nossa foto novamente e dessa vez eu poderia apostar que a minha mãe estava nesse meio. Pensar nisso me fez sorrir em meio ao beijo, e instintivamente, eu me agarrei ainda mais ao Noah para o trazer mais para perto. E como se ele quisesse dar um show completo as pessoas a nossa volta, ele foi ainda mais longe e me inclinou para baixo como em uma daquelas cenas clássicas de beijo de cinema.

Não foi com a pessoa que eu queria, mas eu enfim poderia dizer que tive o meu grande momento de cinema.

E eu queria estar totalmente envolvida nesse beijo e nele, afinal, beijar Noah Kim sempre foi um sonho meu, no entanto, minha mente começou a imaginar a reação da Patty ao saber que perdeu tudo isso e no quanto ela surtaria ao ficar sabendo depois, e sem conseguir controlar, eu acabei rindo e interrompendo o beijo antes do esperado. Por sorte, Noah não achou estranho a minha reação e apenas me colocou de pé novamente, sorrindo de volta para mim. Ouvimos uma salva de palmas a nossa volta e nos afastamos para sorrir e acenar para as pessoas e para os seus celulares. Eu tinha um sorriso envergonhado no rosto, nada acostumada com toda essa atenção, enquanto ele exibia um sorriso super confiante. O sorriso sexy de jogador de beisebol que eu tanto adorava!

Passado o momento de protagonismo, o DJ colocou uma música animada para tocar e as pessoas voltaram a dançar, se divertir, e esquecer da cena que protagonizamos. O que era um alivio, na verdade. Olhei para Noah em busca de cumplicidade pelo momento que havíamos dividido, e ele já estava olhando para mim ainda sorrindo confiantemente.

— Não ouse esquecer de mim, Olivia Collins!

Abandonei a vergonha e sorri de forma atrevida para ele.

— Você é que não ouse esquecer se mim, Noah Kim!

Ele segurou o meu rosto para me dar mais um beijo, mas acabou errando a minha boca e acertando um beijo estalado em meu nariz. Ou talvez essa tenha sido a sua intenção desde o começo, seja qual fosse, nos afastamos rindo que nem bobos e acabamos por levar um pequeno susto ao percebermos que a minha irmã estava parada bem ao nosso lado. Taylor tinha um sorriso claramente falso no rosto, mas que por sorte, não era direcionado a mim.

— Eu posso falar com a minha irmã um minutinho, Noah?

— Claro. — Ele assentiu, me lançando um sorriso de boa sorte antes de sair.

— O que você está fazendo? — Ela cruzou os braços, me olhando de forma... indignada?

— Como assim?

— Com o Noah. Não se lembra do que eu te disse? Ele não é o garoto certo para você, Liv.

— Eu sei que não. — Me defendi, sem entender o porquê de ela estar voltando nesse assunto novamente. — Você sabe muito bem de quem eu gosto. Aliás, até expos isso pro papai! Noah é apenas um amigo, estamos apenas nos divertindo. — Expliquei, realmente confusa por tamanha irritação, ela nem gostava dele romanticamente.

— Não parecia apenas amizade.

— E daí? Continua não havendo nada entre nós dois. E mesmo se houvesse, isso não é da sua conta! A não ser que queira me responder por que exatamente ele não é bom para mim? Essa já é a segunda vez que você me fala isso, mas eu não vejo nada de errado com ele. Nunca vi. Por que não daríamos certo?

— Por que não! — Ela bateu o pé no chão. — Apenas acredite em mim dessa vez. — Ela tentou sair andando, mas eu segurei o seu braço.

— É só me dar um motivo. Se você gosta dele...

— Você está entendendo tudo errado! — Ela puxou o seu braço da minha mão, ainda mais irritada. — Depois não diga que eu não avisei!

Taylor saiu pisando forte, não demorando para desaparecer da pista de dança, e após um longo suspiro, eu decidi fazer o mesmo, indo me sentar um pouco para tentar me distrair de toda essa tensão. Aproveitei também para descansar os meus pés, já que eles estavam começando a dar sinais de incomodo por causa do salto alto. Avistei a mesa onde a minha mãe estava sentada sozinha e me juntei a ela.

— Cadê o papai? Vovô, vovó?

— Um policial o chamou agorinha, parece que tinha alguém que não foi convidado tentando entrar, não entendi direito. Mamãe foi no banheiro e papai foi com o David.

Assenti, entendendo, e tentei não ficar preocupada. Mas apenas tentei mesmo, pois assim como ela, não consegui. Uma pessoa tentando entrar na festa de penetra poderia não ser nada, mas também poderia ser tudo. Após alguns segundos, vovô Sam retornou a mesa, mas não se sentou, apenas sorriu rapidamente para mim e falou algo no ouvido da minha mãe, que ficou pálida e séria no mesmo instante.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa, vô? — Tentei descobrir algo.

— Não precisa se preocupar, Liv. Aproveite a festa. Eu e sua mãe só precisamos conversar um pouco.

Eles se afastaram, indo na direção da saída, e eu permaneci ali sentada por alguns segundos, tentando entender o que diabos havia acabado de acontecer. Após pensar bastante e chegar à conclusão de que isso não tinha nada de normal e que algo definitivamente estava acontecendo, decidi por ir atrás deles. Algo estava estranho, estava claro isso. Entretanto, antes de conseguir chegar ao lado de fora para descobrir, fui parada por Carter, que estava protegendo a porta.

— Você não pode sair, Olivia. — Falou.

— Tá tudo bem, minha mãe e meu avô acabaram de sair, eu só vou falar com eles.

— Foram ordens do seu pai, você e Taylor não podem sair de jeito nenhum, ainda mais desacompanhadas.

— Carter, qual é? Você viu, o meu avô e os meus pais estão aí fora, eu não vou fugir! Você pode até vir comigo se quiser, eu só quero falar com eles.

Ele me olhou por alguns segundos, pensativo, e eu pensei que diria não novamente, mas acabou reconsiderando e abriu a porta, passando primeiro e permitindo que eu passasse depois. Do lado de fora haviam mais policiais fazendo meio que uma barreira em frente à entrada da casa de festas, e logo após essa barreira, estavam o meu pai, o meu avô, e a minha mãe... chorando? Me preocupei ainda mais com essa situação, pois ela parecia estar completamente abalada enquanto olhava para um homem que estava sendo segurando por dois policiais, um deles sendo o meu pai. Ele era magro, tinha a pele clara, cabelo escuro, e olhos azuis bastante familiares. Será que eu já o conhecia de algum lugar?

— Não era para você ter aparecido aqui! Não era para você ter voltado para a minha vida nunca mais! — Mamãe cuspiu as palavras aos prantos, mas foi rapidamente amparada pelo meu avô.

— Eu só quero ver as minhas filhas, Susan...

— Elas não são suas filhas! Você perdeu o direito de ser chamado de pai quando nos abandonou! Você não é nada nosso!

— Vá embora daqui, John. Você não é bem-vindo. — Vovô acrescentou.

— Minha própria filha me convidou, como não sou? — Ele jogou as palavras de forma convencida.

Foi como se o meu corpo gelasse ao ouvir toda aquela discussão. Eu fiquei ali apenas... olhando, enquanto tentava absorver tudo. Não sabia o que fazer. Minha mente estava completamente atordoada. Não poderia ser o que eu estava pensando e ouvindo, mas eu sabia que era. Eu não o conhecia. Nunca o tinha visto antes em toda a minha vida..., mas os seus olhos sim. Eles me eram familiares, pois eram idênticos aos meus, aos da Taylor, era o mesmo azul claro.

— Filhas? Mãe... o que... — Eu sequer conseguia formular uma frase.

— Olivia? Meu Deus, volte para dentro! Por favor, levem ela! — Ela pediu de forma desesperada assim que me viu ali fora, e sem hesitar, Carter me segurou pelos ombros e me puxou de volta para dentro.

O salão de festas parecia girar a minha volta.

— Era o meu pai biológico, não era?

Olhei para ele em busca de confirmação, mas ele apenas deu de ombros.

— Eu não sei, Liv.

Ele me levou de volta para a mesa e literalmente me empurrou pelos ombros até que eu estivesse sentada em uma das cadeiras, voltando em seguida para perto da entrada e basicamente me abandonando sozinha ali. Mas ele não tinha obrigação alguma comigo. Não era nada meu. Já o homem lá fora... ele sim! Ele me abandonou! Fiquei ali sentada por vários minutos, tentando pensar no que fazer, mas não cheguei a nenhuma conclusão. Era loucura demais! Ele pensou mesmo que só seria aparecer por aqui e ficaria tudo bem? Eu nem o conheço! E a Taylor... Ah, a Taylor! Ela o convidou? Eu certamente iria tirar satisfação sobre isso depois. Mas não agora. Tudo o que eu precisava agora era de uma bebida. Alcoólica, dessa vez.

Caminhei de forma determinada até o corredor nos fundos, e fui subindo as escadas sem prestar atenção em absolutamente nada a minha volta. Acabei esbarrando em uma garçonete e como resultado, a bandeja com refrescos que ela carregava virou sobre nós duas, molhando o meu vestido e o seu uniforme.

— Eu sinto muito, Olivia! — Ela falou desesperada ao ver o estrago. — Vamos ao banheiro, eu posso...

— Não precisa. Não foi culpa sua, está tudo bem.

Passei pela cozinha e entrei na despensa torcendo para que ainda houvesse um pouco daquela vodca a minha espera, mas para a minha surpresa, Elijah e Patty não estavam mais lá quando eu cheguei, havia apenas Luke sentado no chão mexendo em seu celular.

— A festa está tão ruim assim que você precisa ficar aqui sozinho o tempo todo?

Ele guardou o celular e me olhou, sorrindo.

— Me diz você, já que voltou para cá. — Me sentei no chão ao seu lado e ele fez uma careta ao perceber que meu vestido estava molhado. — O que houve com você?

— Festejei demais. — Tentei desconversar, não queria falar sobre o que aconteceu, queria esquecer. — A festa está boa. A comida está ótima. Mas eu decidi aceitar um pouco daquela vodca.

— Infelizmente, você chegou tarde demais. Elijah e Patty beberam quase toda a garrafa e saíram para dançar. — Ele mostrou a garrafa vazia no chão do seu outro lado e eu suspirei decepcionada. — Porém, acho que o Landon também trouxe um pouco no frasco dele, se você quiser, eu posso ir pedir a ele.

— Você faria mesmo isso por mim? — Me animei um pouco mais.

— Você é a aniversariante! O que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando.

— Chorando? — Estranhei. — Se não quiser tudo bem...

— Não, não! — Ele riu. — É só uma expressão. Uma forma de brincar e dizer que eu farei tudo o que quiser. Me espera aqui, eu volto em alguns segundos.

Ele se levantou e saiu da despensa. Fiquei ali no escuro literalmente apenas ouvindo a música tocar lá embaixo enquanto a minha respiração ia ocupando todo o espaço aqui dentro. Eu não queria ficar sozinha agora. Queria companhia, distração. Estava quase levantando e indo embora a procura disso, quando Luke retornou com um cantil de aço nas mãos e me entregou, sentando-se novamente ao meu lado. Bebi alguns goles da vodca, e aos poucos, fui sentindo como se a atmosfera pesada que me rodeava fosse diminuindo.

— Você não parece feliz como quando chegou na festa. — Falou, depois de alguns segundos em silêncio, apenas me observando

— É... aconteceram algumas coisas.

— Quer conversar?

— Não. Definitivamente não!

Terminei de beber todo o frasco e o deixei de lado, olhando para Luke. Ele parecia estar flutuando... ou seria eu? Não sabia dizer ao certo, mas eu me sentia extremamente leve. Estava escuro ali, mas os feixes de luz vindo da cozinha por debaixo da porta começaram a brilhar intensamente, se tornando algo forte e realçado. Luke estava usando uma correntinha de prata no pescoço que estava quase me cegando. Tive que piscar algumas vezes para que parasse.

— Quer fazer outra coisa então?

— Tipo o que? — Perguntei, vendo-o se aproximar mais.

— Eu tenho algumas ideias...

Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e em seguida, me beijou. Era o meu segundo beijo da noite, e de alguma forma, essa minha repentina "sorte" com garotos estava desestabilizando totalmente todo o resto da minha vida. Ou talvez o contrário... Eu estar beijando outro garoto nesse exato momento poderia ser o motivo do recém chegado problema na minha vida chamado "John"! Será que era verdade aquilo que as pessoas dizem sobre ninguém conseguir ser feliz em todos os aspectos da vida? Que merda eu sequer estava pensando? Isso lá era hora para isso? Fechei os olhos e apenas correspondi ao beijo, me deixando levar por esse pequeno momento de prazer. Eu queria uma distração e aqui estava ela.

Luke me puxou para que eu sentasse em seu colo, e eu passei uma perna por cada lado do seu corpo para ficar mais confortável. Senti algo frio tocar a área interna da minha coxa, bem próximo da minha calcinha, e precisei interromper o beijo para ver o que era, pois se fosse o que eu desconfiava que era, ele só poderia ser um vampiro de tão frio.

— Foi o meu cinto. Desculpa. — Não tive oportunidade de rir pois ele já foi me beijando novamente.

Seus beijos não demoraram a alcançar o meu pescoço, assim como suas mãos foram rápidas em apalpar os meus seios, ele parecia realmente sedento em relação ao meu corpo, então me tocar por cima de um tecido não parecia ser o suficiente. Luke enfiou seus dedos por dentro do meu vestido e o puxou para baixo, e como era um tomara que caia, ele caiu, ficando preso na minha cintura. Sua boca tomou um dos meus seios e eu acabei gemendo com o ato, e apesar de gostar e estar sentindo prazer, isso não seria o suficiente, não era apenas isso o que eu queria. Abri os meus olhos a procura de contato visual para que talvez assim eu me sentisse melhor, mas para a minha surpresa, quem eu encontrei a minha frente não foi o Luke, e sim, o Edward.

Sua boca subiu dos meus seios para o meu pescoço, e então, queixo, e eu finalmente encontrei os seus olhos verdes quando ele me encarou com amor e desejo, era isso o que eu queria. Ele.

— Você veio. — Eu sussurrei em sua boca. Quase emocionada por ele estar aqui comigo.

— Ainda não.

Ele me agarrou com ainda mais firmeza na cintura, e fiz questão de voltar a beijá-lo e a me entregar totalmente ao momento. Apoiei minhas mãos em seus ombros, querendo mais contato, e o beijei de volta, dessa vez com mais vontade. Suas mãos passearam pelo meu corpo até se firmarem em minha bunda, porém... comecei a sentir que não era o mesmo. Eu nunca iria esquecer da nossa noite, a minha primeira vez, estava marcada em minha mente para sempre, e agora... não era igual. Seu toque em mim não era o mesmo, seu beijo também parecia estar diferente... não era como antes quando ele me deixava totalmente sem fôlego, algo parecia ter mudado. Me afastei para respirar e procurar entender o que havia de diferente conosco, quando percebi que não era Harry ali comigo, e sim, Luke.

Me afastei dele, escorregando para trás quase como se tivesse levado um choque, e olhei em volta, tentando me situar enquanto subia o meu vestido e cobria os meus seios. Eu ainda estava na despensa, mas Edward nunca esteve aqui comigo... eu tinha alucinado?

— Olivia, o que foi? — Luke me olhou preocupado.

— Não se aproxime de mim! — Quase gritei quando ele fez menção de se chegar mais perto. Seu rosto começou a alternar de Luke para Edward, de Edward para Noah, e então, de Noah para Luke, me deixando ainda mais atordoada. Fechei os olhos e abaixei a cabeça para ver se melhorava, mas só parecia piorar. — O que você colocou naquela bebida?

— Nada! Eu peguei o cantil e vim direto para cá. Você está bem?

Levantei o rosto e olhei para ele. A troca de rostos havia parado e restava apenas Luke ali na minha frente, me encarando confuso. Já a minha visão ia ficando cada vez pior e mais embaçada. A sensação de estar caindo em um espiral me atingiu e eu apoiei as minhas mãos no chão, tentando suportar. Tudo a minha volta parecia estar girando. Eu definitivamente não estava bem.

— Eu não sei... eu preciso sair...

Não demorou até que eu perdesse a força nos braços, e então... tudo ficou preto.

xoxo.

Mds, esse capitulo ficou enorme! Eu até tentei procurar um lugar/parágrafo pra dividir em duas partes e assim não ficar tão cansativo, mas não deu, cortaria totalmente o embalo da narração. Narração essa que terminou com um BANG, hein? Mas isso aqui é Londville, então, muita coisa ainda vai rolar! Espero que estejam gostando. 💜

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