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Capítulo 36

Jogo de Beisebol

Na quarta-feira à tarde, Taylor saiu acompanhada do policial Carter para ir até o nosso colégio. As aulas realmente voltaram, os testes para a peça de teatro estavam acontecendo, e como sempre, ela não poderia faltar de jeito nenhum.

Cameron estava na sala conversando com a minha mãe, que veio nos fazer uma visita, e eu estava no meu quarto. A porta estava fechada e eu estava sentada na cama com a pasta do caso Annabelle Jolie Flint em minhas mãos. Iria aproveitar o tempo sozinha para revisar as informações ali e tentar descobrir algo. Loira, olhos azuis, dezessete anos. Ela era o padrão perfeito. Tentei pesquisar o seu nome na internet, mas não apareceu nada sobre ela ou o caso, apenas sobre outras garotas com o mesmo nome. O caso era bem antigo, aconteceu há mais de vinte anos atrás, então, era compreensível não haver coisas sobre isso online.

Também não havia muita coisa sobre o parceiro dela, Daniel Flint, apenas uma pequena nota em um site de notícias criminais dizendo que a sua apelação foi negada e ele permaneceria na cadeia. A nota, no entanto, foi postada no site há seis anos atrás, e de lá para cá não havia mais nenhuma notícia. Então, não tinha como saber se ele ainda estava preso, se tinha fugido, sua aparência, nada.

Tentei mudar a linha de pesquisa, e digitei no Google o nome do país onde tudo ocorreu, País dos Gales. Entrei em alguns sites informativos, desses tipo educacionais, e vi que era um país bem pequeno, com uma cultura bem distinta e legal. Decidi ir para o Google Imagens para ter uma visualização do local, e acabei sorrindo ao ver como tudo era bonito por lá. Havia bastante verde, montanhas, água, e lindos castelos. Era incrível. Estava perdida entre as lindas fotos da paisagem do lugar, quando uma foto diferente apareceu e me chamou a atenção imediatamente... a foto da bandeira do país.

O fundo da bandeira era dividido entre uma faixa branca e uma verde, e bem no centro dela, como o foco principal da bandeira... havia o desenho de um dragão vermelho.

Meu Deus... — Larguei o meu celular e levantei da cama, em choque.

Um enorme "puta merda" surgiu em minha mente em luzes neon, e eu comecei a questionar se isso era mesmo possível... será? Sim, certo? Tinha que ser.

Dragão vermelho, assim como a pista que Enigma havia nos dado! Meu Deus... Eu já estava desconfiada antes de que não poderia ser apenas sobre aquele filme, e agora, vendo isso, eu sentia que estava mesmo certa. Ou pelo menos no caminho certo. O filme não tinha conexão alguma com o Enigma, já essa bandeira, esse país, havia uma conexão aqui com o caso Annabelle. Seja por esse caso possivelmente ter sido um dos primeiros casos do Enigma, ou, por ele ter servido de inspiração para os crimes cometidos aqui na América. Quaisquer que fosse a resposta, havia algo grande aqui, eu podia sentir!

Minha mente queria explodir. Mas ao invés disso, apenas marchei de volta para a cama e peguei o meu celular, discando o número de Harry. Dias haviam se passado e ele não havia retornado a nenhuma das minhas ligações daquele dia, por isso, achei que ele não atenderia a essa também e acabei me surpreendendo quando ouvi a sua voz do outro lado da linha.

— Olivia?

Levou alguns segundos até as borboletas em meu estômago se aquietarem e eu conseguir falar normalmente.

— Oi, sou eu.

— Aconteceu alguma coisa? Você está bem? — Era compreensível essa sua preocupação, afinal, ele havia me dito para ligar em caso de emergência.

De certo modo, isso era meio que uma emergência, certo?

— Sim. Não comigo, eu estou bem, mas eu acho que descobri algo.

— Que bom ouvir isso. E o que houve?

Um sorriso nasceu em meu rosto e eu fiquei como uma boba ao ouvi-lo dizer isso, um quentinho invadiu o meu coração e eu tive que sair desse mini transe para responder a sua pergunta.

— Dragão vermelho. Eu acho que descobri o que Enigma queria dizer com isso, e tenho quase certeza de que não era sobre o filme.

— Sério? — Se interessou. — O que descobriu?

— A dica faz ligação a um país, o País de Gales, a bandeira de lá possui um dragão vermelho enorme no centro.

— Mas... por que ele nos daria essa referência a esse país assim do nada?

— Aí é que está, lembra dos arquivos que você pediu para o Cameron pesquisar sobre os casos internacionais? Eu encontrei um lá que bate perfeitamente com o padrão de vítimas do Enigma. Sério, a semelhança é assustadora! Esse caso pode ter servido de inspiração para ele, ou quem sabe, ter sido o primeiro crime dele... apesar de alguém ter sido condenado por isso. Pode ser um tiro no escuro, mas eu acho que você ou o seu pai deveria dar uma olhada.

— Nossa... você descobriu tudo isso sozinha?

Eu me deitei na cama, me permitindo suspirar. Agora que eu já tinha dito isso a ele, eu poderia apenas... aproveitar este momento.

— Tecnicamente, você e o Cameron ajudaram, mas sim... não é como se eu tivesse muito o que fazer por aqui, principalmente agora que você não está presente... eu sinto falta das nossas conversas.

Eu senti medo ao revelar essa minha sensação, pois eu honestamente não sabia o que esperar dele. Nossa relação, ou a falta dela, era meio complicada.

— E eu sinto a sua falta. — A confissão me atingiu em cheio e eu não soube mais o que falar, apenas sentir. O coração acelerou e eu fechei os olhos, tentando registar cada segundo dessa ligação em minha mente. Até mesmo o quase inaudível som da sua respiração. — Mas Olivia... espero que não esteja parando a sua vida por isso... por mim.

Não, não, não...

— O que quer dizer com isso?

— Olha... o que aconteceu entre nós foi maravilhoso, não há como dizer que não..., mas você é jovem, Liv. Tem muito o que aprender ainda, assim como viver, se divertir, curtir, e basicamente, aproveitar essa época da sua vida... com pessoas da sua idade.

— Você fala como se fosse assustadoramente mais velho do que eu. A diferença não é assim tão gritante. — Tentei contornar a sua afirmação.

— Mas você me entendeu. Moramos em Estados diferentes, eu estou quase sempre ocupado no trabalho, você tem a Universidade a sua frente, mesmo se tentássemos... temo que só estaríamos adiando o inevitável. Eu não quero ser uma pedra no seu caminho.

Escolhi ignorar todos os fatos que ele me lançou e foquei apenas em refutar a única coisa que conseguiria, a extensão do meu sentimento por ele.

— Você está longe de ser uma pedra para mim, Harry.

— Eu sei que não, mas no fundo, você sabe que eu estou certo. — Ele suspirou, e eu fiz o mesmo, falhando ao tentar não ser pessimista.

Tudo o que ele citou nós poderíamos lidar juntos. Não é como se estivéssemos presos a essas coisas para sempre, eu sei que sempre pensei em ir para a Universidade aqui em Maryland para poder ficar perto da minha família, mas Nova York não era tão longe assim, e haviam boas universidades por lá! Já sobre estarmos ocupados... bem, eu aceitaria ficar com ele nem que fosse apenas para nos vermos uma vez por semana. Eu só queria estar com ele. Não é isso o que dizem? "Quem quer dá um jeito?". "O amor supera todos os obstáculos" e outras inúmeras frases de efeito sobre como fazer isso funcionar.

Poderíamos funcionar. Eu sei que sim.

Mas talvez o que faltasse não fosse apenas tempo e organização, e sim... amor. Eu havia me declarado na nossa noite juntos, mas ele não, e talvez... ele nunca o fizesse. Talvez eu fosse apenas uma diversão. Uma noite maravilhosa.... uma boa memória. E se eu fosse um pouco mais longe... talvez esse tenha sido o motivo de ele não ter ligado de volta. Não é que o seu trabalho o impeça de se apegar, é que ele simplesmente não quer apegar. Há uma grande diferença nisso.

No entanto, haviam muitos "talvez" nessas hipóteses para eu sequer pensar, e eu definitivamente não queria pensar tão cedo, pois se o fizesse, veria que ele estava certo. Então, decidi por mudar de assunto.

— Harry...

Antes que eu pudesse começar a minha pergunta, ele se antecipou.

— Posso te fazer uma pergunta? Outra, no caso, já que essa já é uma. — Ele riu de si mesmo, fazendo um ótimo trabalho em mudar o rumo da conversa por mim.

— Claro.

— Por que você prefere me chamar de Harry ao invés de Edward?

Franzi as sobrancelhas.

— É o seu nome, não é?

— Tecnicamente sim, mas não é todo mundo que sabe disso, eu o uso apenas no meu trabalho.

— Na última vez que falamos sobre isso, você me disse que esse era o seu nome verdadeiro, mas não me explicou direito, então eu só continuei usando. Acho que... Harry apenas combina mais com você.

O nome "Edward Chase" era bastante bonito, além de soar incrível na boca, mas eu não sabia explicar, "Harry" apenas combinava mais com ele.

— Combina comigo... ou com a primeira versão de mim que você conheceu?

Eu honestamente não estava entendendo onde ele queria chegar com isso.

— O que quer dizer? Você não gosta que eu te chame assim? Prefere Edward?

— Não é isso. É só que... você me conheceu como um personagem, Liv, uma pessoa inventada para uma investigação. A pessoa verdadeira sou eu, Edward Gabriel Chase. Um agente federal. Mas é como se você separasse as coisas.

Parei para pensar sobre isso, e mais uma vez, ele estava certo. Não era como se eu fizesse isso propositalmente, mas inconscientemente... sim, eu meio que os separava. Na minha cabeça, Harry era uma pessoa que eu poderia alcançar. Uma pessoa acessível com quem eu um dia poderia namorar e ter um relacionamento duradouro. Já Edward Chase, bem... apenas o pensamento de namorar com ele já me dava medo. Não dele em si, mas sim, da reação que as pessoas a nossa volta teriam. Por exemplo, como eu iria explicar isso ao meu pai? "Ah, e aí, pai? Eu me apaixonei pelo seu colega de trabalho! Gostou?" David nunca aceitaria isso. Isso acabaria gerando uma briga entre nós, entre a nossa família, e no fim, toda essa tensão levaria ao nosso termino. Todos os cenários pareciam levar ao nosso termino. Era frustrante!

— Você tem razão... sobre tudo. — Decidi ser sincera. — Eu gosto de pensar que é por que você me disse que era o seu nome real, ou pois o nome Harry combina mais com você, mas a verdade é que... eu tenho medo de como a nossa relação seria vista. Principalmente pelo meu pai.

Eu pensei que um grande "eu te avisei" me atingiria, mas para a minha surpresa, ele não seguiu por esse caminho. Talvez por escutar o quão triste isso me deixava, ele tenha decidido trazer um pouco de humor para a nossa conversa.

— Você acha que ele me bateria se soubesse o que aconteceu entre nós? Ou melhor ainda, você acha que eu aguentaria?

Eu comecei a sorrir apenas em imaginar a cena. Harry era alto e forte, mas comparado a montanha que era o meu pai, ele não tinha qualquer chance.

— Eu acho que você apagaria no primeiro soco.

Ele gargalhou alto e eu acabei fazendo o mesmo, me contagiando com a sua risada.

— É... provavelmente. — Falou, aceitando o seu hipotético futuro.

— Ok. Minha vez de perguntar se posso fazer outra pergunta?

— Vá em frente.

— Como você descobriu que o seu nome costumava ser Harry antes da adoção? Você não me explicou essa parte direito.

— É uma história meio triste. Não sei se vai gostar. — O humor na nossa conversa mudou de repente, e ele assumiu um tom mais sério.

— Se é algo que te incomoda, não precisamos falar sobre.

— Não, está tudo bem, eu consigo falar. — Ele respirou fundo antes de continuar. — Minha mãe me falou.

— A Sophia?

— Sim. Eu falei que ela morreu de câncer quando eu tinha dez anos, não falei?

— Sim. — Respondi com cautela, não sabia que iriamos entrar em um assunto tão delicado assim.

— Ela foi diagnosticada muito tarde, como não tinha mais tratamento, ela escolheu ficar em casa mesmo. Meu pai e eu fizemos de tudo para que ela tivesse uma passagem tranquila. Mas se estou sendo honesto... esses foram os meses mais difíceis da minha infância. — Minha respiração oscilou e eu comecei a me emocionar. — No meu aniversário de dez anos, ela estava tão fraca que nem conseguiu apagar as velas comigo, algo que sempre fazíamos juntos nos meus aniversários, no entanto... o seu presente para mim aquele dia foi isso. "Harry". Ela me revelou o meu primeiro nome de nascença. — Ele fez uma longa pausa. Sua respiração parecia ser um reflexo da minha, então eu sabia que ele também estava emocionado. Eu mesma tive que piscar várias vezes para que o choro não viesse à tona. — Sophia faleceu horas depois naquela madrugada. — Revelou tristemente. — De alguma forma, era como se eu soubesse que isso iria acontecer. Lembro até hoje de como eu não queria ir dormir no horário de sempre e fiquei com ela o máximo possível... Quando eventualmente acabei adormecendo, tive um sonho estranho sobre ela estar morrendo, e ao acordar aos gritos na manhã seguinte, Andrew me deu a notícia. — Eu não aguentei e deixei que algumas lágrimas escorressem de forma silenciosa pelo meu rosto, as limpando em seguida para que ele não notasse. — Ela faleceu as três e meia da manhã, então, tecnicamente foi no dia seguinte. Mas para mim ainda parece que foi no dia do meu aniversário, sabe? Desde então, eu não gosto muito de festas nesses dois dias. Comemoro o meu aniversário de forma discreta. Geralmente apenas com o meu pai presente.

— Me desculpa por ter perguntado. Eu não queria...

— Liv, está tudo bem. — Ele interrompeu, tentando me reconfortar, sendo que era eu quem deveria estar fazendo isso. — Eu quis falar. Não precisa pedir desculpa.

Eu respirei fundo, tentando me livrar da culpa de ter trazido um assunto tão delicado à tona tão de repente. Não conseguiria nem imaginar estar no seu lugar. Uma criança de apenas dez anos e já tendo que lidar com mortes e luto? Era triste demais.

— Você está bem agora?

— Eu tive pesadelos com a morte dela por um tempo, mas agora, sim, eu estou bem. Não é uma ferida aberta, consigo falar sobre isso com pessoas como você.

— Pessoas como eu? — Estranhei.

— Sim... pessoas que eu gosto. Que são importantes para mim.

E lá estava eu novamente sorrindo como uma idiota. Sequer parecia a mesma garota que estava a ponto de cair no choro há poucos momentos atrás. Conversar com ele era literalmente uma montanha russa de emoções, haviam altos e baixos, e era uma loucura imprevisível, mas eu adorava cada segundo. Cada nova informação. Eu adorava tanto ele.

— Você é importante para mim também. — Eu mordi o lábio após revelar tal fato, me sentindo totalmente boba.

Um silêncio gostoso tomou conta da ligação, e eu conseguia dizer pela forma como ele respirava que ele, assim como eu, também estava sorrindo. Eram momentos assim que me faziam acreditar que seriamos perfeitos juntos. Uma conexão como a nossa não era algo comum, era extraordinária. Ele me causava borboletas e fazia eu me sentir incrível apenas por meio de uma ligação. Ninguém mais tinha esse "poder" sobre mim além dele. Como eu deveria ignorar isso? Esquecer?

Estava viajando nesse sentimento, perdida entre pensamentos bons e duvidosos, quando ouvi um barulho no fundo da ligação, e a sua voz surgiu, agora não mais leve e carinhosa como antes.

— Eu tenho que desligar agora, Liv. Surgiu algo importante, eu sinto muito.

Todo o bom humor havia desaparecido da sua voz e eu pude sentir que algo realmente grande havia acontecido. Contudo, não perguntei, apenas deixei que ele seguisse com o seu trabalho.

— Tudo bem.... Mas o que eu faço com o arquivo do caso que encontrei?

— Mantenha-o a salvo para mim. Assim que eu voltar para Londville, eu darei uma verificada.

— Certo... até mais.

— Até.

A ligação foi encerrada e eu permaneci ali naquela mesma posição, apenas encarando o teto do quarto. Harry, ou melhor, Edward, havia dito com todas as palavras que eu merecia ser feliz e que isso não deveria depender dele. Eu tinha que sair e ir aproveitar a minha juventude, e se isso significa ir beijar outros garotos, que assim seja.... Mas ele também havia dito que eu era uma pessoa importante e que ele sentia a minha falta. E de alguma forma... isso me afetava muito mais.

Eu poderia ter correspondido a investida de Noah se quisesse, afinal, ele deixou bem claro que não estamos juntos. Só que me livrar desse sentimento em meu coração não era uma tarefa fácil. Eu tentei, por diversas vezes eu tentei, mas tudo o que eu consegui foi acabar na cama com ele confessando todos os meus sentimentos. Era ridículo! Mesmo tendo a total noção de que um futuro onde nós ficássemos juntos fosse completamente improvável, eu não conseguia desistir.

Mas pelo menos eu não estava com vontade de chorar por causa disso. Isso já era uma vitória!

Deixaria isso em pausa por enquanto e iria fazer o que ele havia me incentivado. Apenas viver a minha vida sem amarras. Edward deixou implícito que voltaria para Londville muito em breve, poderia não ser agora, ou nos próximos dias, mas voltaria, então, eu resolveria isso quando ele chegasse. Quem sabe os meus sentimentos já não tenham mudado quando isso acontecer? Ou os dele...

Acabei dormindo ali e acordei com o som da minha irmã resmungando algo enquanto revirava as suas roupas. Me sentei na cama e cocei os olhos para expulsar a preguiça e me acostumar com a luz artificial que estava acesa. Estava escurecendo.

— Como foi lá? Conseguiu o papel principal?

— Os resultados saem na semana que vem, mas provavelmente sim, eu arrasei como sempre. — Disse, orgulhosa de si mesma. — Você viu os meus saltos vermelhos?

— Eu peguei emprestado no outro dia quando fui almoçar com o Harry, estão debaixo da cama. — Notei que ela estava toda arrumada e maquiada e estranhei. — Vai sair de novo?

O combinado era de que poderíamos sair apenas uma vez ao dia, e ela já havia saído para ir fazer o teste.

— Hoje vai acontecer o primeiro jogo de beisebol desde que o colégio voltou a funcionar e David revogou o horário de recolher apenas por hoje para que os moradores pudessem ir apoiar o time. Como o mundo não parou nas outras cidades, os outros colégios continuaram com o campeonato e agora o nosso time está no final da lista de pontos, se perdermos o jogo de hoje, estamos fora.

— Nossa, que chato. — Lamentei. — Deseje boa sorte ao Noah e ao time por mim. Espero que eles consigam reverter a situação.

O sonho do Noah era arrasar nesse campeonato para conseguir uma bolsa para jogar por um time universitário ou até mesmo, ir para um time da liga profissional. O nosso time estando no final da lista fazia com que olheiros não viessem presenciar o jogo, e logo, menos oportunidades surgiriam.

— Você não quer ir? David vem me buscar para irmos em uns trinta minutos, o jogo é em uma hora, mas sempre atrasa, então dá tempo de se arrumar.

— Você acha? — Considerei a ideia.

— Mas se apressa. Não quero atrasar. Enquanto isso, vou passar uma mensagem para ele falando que você também vai, assim ele pode colocar mais policiais de guarda.

Ela pegou o celular e se sentou na cama para escrever a mensagem. Aproveitei para correr até o banheiro para tomar um banho rápido, e assim que voltei para o quarto, Taylor já estava totalmente pronta com os seus saltos vermelhos, vestido branco, e a jaqueta bomper azul e branca do time por cima. Possuía o emblema do nosso colégio no lado direito do peito, o desenho de um gato no esquerdo, e o número dez que pertencia ao Noah atrás, presumi que ele tenha dado de presente ou emprestado a jaqueta a ela.

Como eu não tinha blusas bonitas de sair por aqui, decidi pegar uma das da Taylor. Era uma blusa cropped roxa de mangas longas, mas com um decote redondo bem generoso na frente. Meus seios ficaram bem destacados. Considerei usar outra coisa por causa disso, mas como eu ia colocar a minha jaqueta jeans por cima, relevei e continuei com ela. Vesti uma saia preta justa de cintura alta por cima que ia até a metade das minhas coxas e nos pés, botas na altura do calcanhar da mesma cor. Parei em frente ao espelho para analisar, e ao aprovar o visual, eu decidi me maquiar um pouco.

Coloquei um pouco de corretivo em baixo dos olhos, rímel para alongar os meus cílios, batom cor rosa goiaba nos lábios, e para completar, soltei o meu cabelo. Ele estava enorme, quase alcançando a minha cintura, e apesar de eu amar ele assim grande, eu teria que falar com a mamãe para ela cortar um pouco as pontas, já que estavam ficando ressecadas por eu não ir ao salão há um bom tempo. Quando me visse enfim livre desse apartamento e dessa rotina controlada, faria um dia inteiro de beleza com a Patty. Assim ficaríamos lindas enquanto ela ia me atualizando melhor sobre todas as fofocas da cidade. Coloquei um pouco de perfume, vesti a minha jaqueta e coloquei o meu celular no bolso dela antes de sair do quarto.

— Vamos? — Papai perguntou assim que me viu chegar na sala.

Eu assenti, e ele e Taylor levantaram do sofá. Pensei que iriamos com algum outro policial e me surpreendi quando Cameron se juntou a nós. Ele estava vestido de forma bem despojada com calça jeans e uma camisa xadrez preto e branca de mangas longas, já o meu pai estava vestido com calça jeans e camiseta branca, mas com a jaqueta de xerife por cima, denunciando o seu amor pelo trabalho. Mesmo em um momento de descontração, ele não esquecia de que era autoridade.

O grande campo de beisebol ficava na área externa da parte de trás do colégio, a parte onde o jogo em si acontecia era toda rodeada por aquelas grades finas de proteção, enquanto que do lado de fora haviam arquibancadas onde as pessoas poderiam sentar para assistir ao jogo. Eram três, duas para o nosso time, e outra para o time visitante. Quando nós chegamos, uns quinze minutos antes do horário do jogo, a arquibancada do time visitante estava cheia, enquanto que a nossa ainda estava bem vazia. Isso não passava uma imagem legal da cidade, principalmente agora que estávamos voltando a normalidade. Pensei em falar com a Taylor para ver se ela conseguia trazer os seus vários amigos para cá, mas não precisei, pois logo, várias pessoas começaram a chegar. Aparentemente, a notícia de que o xerife viria se espalhou e isso deu mais confiança para as pessoas comparecerem.

Enquanto o lugar ia enchendo, notei que os olhos de quase todos estavam sobre mim. A curiosidade era clara. Em alguns, havia até mesmo um certo medo, como se o fato de eu estar ali entre eles fosse perigoso. O que por si só já era ridículo, já que eu estava com o meu pai. Mas não me importei com isso e apenas continuei sorrindo e conversando normalmente.

— Olivia! — Virei o rosto para ver Julia terminar de subir os últimos degraus da arquibancada para chegar até onde estávamos lá no alto. — Como você está?

Ela apontou para mim como quem diz "posso te dar um abraço?" e eu assenti, prosseguindo com o ato.

— Eu estou bem, e você?

A última vez em que nos vimos, ela estava bem mal por causa da morte da Lana, agora, entretanto, seu semblante já estava bem melhor, ela até mesmo deu um sorriso educado quando nos afastamos.

— Estou indo. Tudo foi uma tragédia, mas eu estou aliviada por finalmente ter acabado e você estar bem. Espero que consigam pegar o desgraçado em breve.

Seus olhos se desviaram de mim para o meu pai por um breve segundo, mas logo ela sorriu para disfarçar. Não que eu tenha visto qualquer tipo de maldade, provavelmente foi no automático mesmo. E como David estava ocupado falando algo com a Taylor ao meu lado, não houve qualquer comentário e ficou por isso mesmo.

— Também espero o mesmo. Está acompanhada? Quer ficar aqui com a gente?

— Obrigada, mas eu estou com os meus pais lá embaixo.

Ela apontou na direção e eu vi uma mulher negra e um homem ruivo sentados juntos na primeira fila da arquibancada lá embaixo, estreitei os olhos até o homem, reconhecendo o médico Michael Kermine, e assim que eles olharam para mim, eu acenei, sorrindo. Não tinha ideia que ela era filha do Doutor Kermine.

— Nos vemos em breve, então.

— Você pretende voltar a frequentar o colégio?

Para essa pergunta, nem mesmo eu sabia a resposta.

— Talvez em breve.

Ela assentiu, entendendo, e acenou com a mão antes de descer para ir ficar com os pais. Olhei em volta, notando que o lugar já estava lotado, e sorri animada.

O time de beisebol era bem amado na nossa cidade, o time em si, assim como os jogadores, era comumente chamado de "Os gatos de Ville" ou "Gatos da Vila" pelos moradores, uma brincadeira com o mascote e o nome da nossa cidade. O mascote era um gato cinza vestido com o uniforme do time, e nesse exato momento, havia um aluno vestido com uma fantasia do mascote fazendo dancinhas para entreter as arquibancadas enquanto o jogo não começava, jogo esse, que aliás, já estava atrasado dez minutos do horário.

— Será que aconteceu algo?

— Sempre atrasa. Eles devem estar no vestiário dando uns gritos de guerra. — Taylor riu.

Mais cinco minutos se passaram, e finalmente o mascote do time pode parar para descansar quando os jogadores começavam a entrar no campo. Primeiro foram os jogadores do outro time, "os canários de Landover", a arquibancada do outro lado fez o maior barulho e eles acenaram e sorriram para lá. Logo depois, vieram os nossos jogadores. A nossa arquibancada fez ainda mais barulho, já que estávamos em maior quantidade, e os gatos da vila entraram sorrindo e igualando a nossa energia.

No meio de todo aquele barulho, encontrei os olhos de Noah em mim, e fiz questão de sorrir e fazer dois "joinhas" com as mãos para ele ver que eu estava torcendo muito por ele. Noah sorriu de volta, mas logo foi chamado pelo treinador e correu até ele para se preparar para o jogo.

— Eu perdi alguma coisa? — Meu pai perguntou de repente. Olhei para ele confusa e encontrei o seu olhar desconfiado sobre mim. — Em relação ao Noah.

— É apenas amizade, pai. Talvez até menos que isso.

Não era como se tivéssemos tido altas conversas para nos considerarmos como amigos, mas se tratando do meu pai, era melhor colocar todos os pingos nos ís.

— Você não era toda boba por ele?

— Quem te contou isso? A mamãe?

— Os meus olhos. — Ele debochou.

— Se fosse mais do que amizade, o que acharia disso? — Decidi perguntar, já que nunca havia visto ele assim tão relaxado quando o assunto era garotos.

— Ele é um bom garoto. De família boa. E tem um ótimo futuro pela frente. Eu acharia o que você quisesse que eu achasse.

Sua resposta verdadeiramente me surpreendeu. Nem em um milhão de anos esperaria isso dele.

— Uau. Você não era assim com o Jace. — Provoquei.

— Mas o Noah não roubou um banco, roubou? — Ele provocou de volta, me fazendo sorrir contra a minha própria vontade.

Ele estava tão certo... Me pergunto o que ele acharia do Edward. Quero dizer, para superar um agente do FBI como genro somente se eu namorasse o presidente, certo? Tive que conter um sorriso, pois longe de mim perguntar sobre isso a ele!

O jogo começou, e logo, todos estavam na torcida para que ganhássemos. O que para a minha surpresa ou não, foi até que bem fácil. Noah fazia strikeout atrás de strikeout, e mesmo quando uma bola ou outra era rebatida, o nosso time conseguia correr e contornar toda a situação. Ganhamos de lavada! E no final do jogo, a nossa arquibancada comemorava bem alto a vitória.

Papai nos instruiu a permanecer onde estávamos enquanto a arquibancada ia esvaziando, para que assim ele não nos perdesse de vista, e assim que o campo foi ficando vazio, ele liberou para que Taylor e eu fossemos falar com o Noah.

Taylor pulou nos braços do melhor amigo e os dois comemoraram animadamente a vitória. Quando Noah colocou a minha irmã no chão, eles finalizaram a interação com um high five e ela foi falar com o Joshua e o Milo que também estavam por ali pelo campo, me deixando a sós com um Noah todo suado a minha frente. Em outro momento da minha vida, eu já estaria boba e gaguejando de nervosismo. E bem, eu não estava boba agora, mas acho que nervosa eu sempre ficaria em sua presença.

— Parabéns! Foi um ótimo jogo.

— Obrigado, Liv. — Ele abriu um sorriso. — Tenha a certeza de que a sua presença foi essencial para isso. Me deu sorte.

— Eu devo estar presente em todos os futuros jogos, então?

— Pensei que você já fizesse isso. — Eu não soube o que responder e fiquei em silêncio por alguns segundos, totalmente sem graça. Pensava seriamente que ele não notava a minha presença nos jogos antes. — Você é quase que um amuleto da sorte a essa altura.

Eu tentei rir para expulsar a vergonha.

— Olha, toma cuidado, pois eu não tenho dado muita sorte ultimamente...

Falar sobre a minha atual trágica vida era bem mais reconfortante do que falar sobre a minha vergonhosa antiga vida. Eu realmente dei uma de doida perseguindo o Edward e o acusando de assassinato, mas antes dele sequer chegar em Londville, eu já não batia bem da cabeça quando o assunto era Noah Kim. A grande diferença era que, Edward pelo menos notava a minha presença e se importava o suficiente para interagir comigo, se defender, discutir, enquanto Noah nunca sequer tentou. Sua atenção era toda e exclusivamente para a minha irmã, e muitas das vezes em que estávamos no mesmo lugar, como por exemplo, nesses jogos, eu chegava até a me sentir invisível perto dele. Noah não me via. Ou pelo menos, era isso o que eu pensava.

— Acho que eu vou me arriscar. — Ele era rápido nas resposta. Rápido até demais. Deveria ter experiência de sobra em ser assim tão confiante e galanteador. — Anda comigo até o vestiário?

— Precisa de ajuda para tomar banho? — Tapei a boca com a mão assim que terminei de falar, em choque comigo mesma.

Noah riu e levou numa boa a minha debochada sugestão.

— Olha que talvez eu precise, hein.

— Precisa o suficiente para que o meu pai vá junto? Pois eu não posso sair do seu campo de vista.

Apontei para o meu pai perto das arquibancadas, olhando atentamente para nós, e Noah fez uma careta.

— Putz... acho que um convite para ir a uma festinha de comemoração na casa do Milo também não rola sem a ilustre presença do Xerife Thornhill, não é?

— Infelizmente. — Dei de ombros, de certa forma até um pouco contente por não ter que ir.

Depois do que aconteceu na última festa que ele deu, não acho que o meu pai permitiria que eu fosse em outra do tipo tão cedo. Pelo menos não sem uns cinco policiais na minha cola.

— Posso te pedir outra coisa, então?

Seus olhos desceram do meu rosto para o meu decote por um breve momento. A minha jaqueta estava aberta e havia começado a ventar um pouco ali, meio que dando destaque para aquela área. Mas eu não acho que ele fez isso de uma forma intencional e descarada, eu tinha noção de que ele não era nenhuma santinho, mas ele também não era de deixar nenhuma garota desconfortável. Noah sempre foi um cavalheiro com todas as garotas com quem saía, e até as que não saía.

Quando os seus olhos voltaram a encarar os meus, eu respondi com cautela. Ele não tinha um histórico de ser descarado, mas ainda era um homem e históricos podem mudar.

— Depende do que for.

— Me guarda uma dança.

Estranhei.

— Como?

— Sexta à noite, na sua festa de aniversário, me guarda uma dança.

— Como você sabe da festa? E do dia da festa?

Nem mesmo eu sabia quando seria, já que mamãe estava se esforçando para deixar Taylor e eu por fora de tudo.

— Espera... era uma surpresa?

Ele me olhou preocupado e eu sorri para amenizar a situação. Era até um pouco cômico, minha mãe estava se esforçando tanto, mas o mesmo não poderia ser dito das pessoas a nossa volta. A essa altura, não me surpreenderia se essa festa fosse anunciada no jornal local.

— Sim, mas não se preocupe, não foi você quem me contou primeiro.

— Nossa, ainda bem. Mas então?

Considerei seu pedido e rapidamente cheguei à conclusão de que não havia nada demais nele. Era apenas uma dança.

— Tudo bem, eu te guardo uma dança.

— Perfeito! — Ele fechou a mão em um punho e comemorou com um movimento do braço. — Nos vemos lá então.

Acenei com a mão e dei as costa a ele, voltando para junto do meu pai. Taylor terminou de falar com o resto do seu grupinho de amigos poucos minutos depois, e logo, nós estávamos de volta no apartamento.

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