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Capítulo 33

Uma possível descoberta

Olivia

Acordar naquela cama sozinha não foi nada fácil. Principalmente ao esticar o braço, esperando encontrar um corpo quente ao meu lado, e me deparar com uma cama vazia. Harry tinha ido embora, como havia dito que faria, e agora, tudo o que me restava era o seu cheiro em seu travesseiro.

Fechei os olhos, me lembrando da noite anterior. Ela tinha sido perfeita. Ele tinha sido perfeito. A noite foi melhor do que qualquer fantasia que já cheguei a ter. O jeito que ele me tocou, me beijou... apenas em lembrar eu já ficava toda fraca. Até que o meu corpo tensionou e eu abri os olhos em choque ao lembrar do que havia lhe dito enquanto ele me levava as alturas.

Eu amo você....

Permaneci na cama completamente imóvel, chocada comigo mesma por ter tido a coragem de falar isso. Se é que eu deveria chamar isso de coragem, estava mais para burrice! Quem em sã consciência diz isso na primeira noite? Harry deveria estar me achando louca agora! Ou no mínimo, muito emocionada. Eu queria gritar comigo mesma, mas não tinha como voltar atrás agora. Havia escapado e era isso. Ele obviamente não respondeu, mas eu não precisava me sentir mal por isso. A noite foi mais do que perfeita, eu não tinha que ficar procurando defeitos para me martirizar. Poderia apenas aproveitar as mais que perfeitas lembranças que havíamos feito.... Mas por que eu tinha que ter falado? Argh!

Fiquei ali na sua cama por mais alguns minutos, me permitindo sentir sua falta ao mesmo tempo em que me repreendia pela declaração, e então, me levantei e procurei pela minha calcinha e camisola no chão do quarto. Já vestida, eu decidi retirar todos os lençóis da cama, já que estavam um pouco suados e até mesmo com uma pequena manchinha de sangue, e fui até o armário para pegar novas roupas de cama. Acabei sorrindo ao notar que Harry não tinha levado todas as suas roupas consigo e que ainda haviam algumas camisas ali. Isso era um bom sinal. Um sinal de que ele tinha intenção de voltar.

Me forcei a voltar a pensar ao invés de ficar ali apenas suspirando e peguei os lençóis limpos. Não sabia se o tal agente que viria iria querer dormir nesse quarto ou não, mas já deixaria ele limpo para isso. Assim que forrei todos e deixei tudo arrumadinho, peguei os lençóis sujos e fui em direção a porta para sair do quarto, no entanto, acabei parando após alguns passos ao notar que havia um papelzinho amarelo grudado na altura dos meus olhos na porta.

Se houver alguma emergência, me ligue. — H.

E em baixo, um número de celular. Eu sorri como uma boba e peguei o post it para guardá-lo comigo. O número era diferente do número que eu e a Taylor tínhamos salvo no celular descartável que Andrew nos deu, o que só poderia significar que ele tinha dois números e esse era o seu número pessoal.

Coloquei os lençóis no sexto de roupa suja que ficava atrás da cozinha. Era uma pequena área com espaço apenas para o sexto e uma prateleira com diversos tipos de sabão em pó na parede, não havia maquina de lavar ou secar, pois o prédio tinha uma lavanderia no subsolo. Taylor e eu não utilizávamos ela, pois deixávamos as nossas roupas sujas em uma sacola e de dois em dois dias o nosso pai levava para casa a nossa mãe lavar, assim como também trazia roupas limpas para nós. Como eu não podia sair do apartamento para ir a lavanderia, apenas deixei os lençóis ali no sexto, que também contavam com a calça jeans e a camisa que Harry estava usando ontem, e fui para o banheiro tomar meu banho.

Taylor ainda estava dormindo quando eu entrei no nosso quarto já de banho tomado. Eram quase onze horas da manhã, um pouco tarde, mas não a incomodei, apenas vesti a primeira roupa que achei no armário, um short jeans e uma blusa rosa, e fui para a cozinha. Eu estava morrendo de fome! Surpreendentemente, assim que abri a porta da geladeira, escutei a porta do apartamento abrir e fechar e corri até a sala sentindo o meu coração acelerar.

— Har... — Parei de falar, ao notar que não era ele. E sim, o meu pai. — Pai!

Não fazia nem sentido ser o Harry. Ele havia partido, era isso. Eu precisava me acostumar. Eu sorri nervosa e encarei o meu pai, não estava esperando encontrar com ele hoje, especialmente depois da madrugada movimentada que eu tive. Era estranho.

— Tudo bem? — Ele veio até mim.

Iria me dar um beijo no cabelo, mas por ele estar molhado por eu o ter lavado, ele mudou a rota e me beijou na testa.

— O que faz aqui?

— Vim ficar com vocês até o novo agente chegar. — Explicou. E fazia sentido, o novo agente não tinha hora certa para aparecer e não seria legal que ficássemos sozinhas aqui o dia todo. Mesmo que houvesse policiais do lado de fora. — Está com fome?

Ele ergueu uma sacola de papelão com a logo do Winter's Café, e eu sorri.

— Claro!

Comemos alguns muffins de mirtilo enquanto tomávamos cappuccino, e ele aproveitou o momento para me contar sobre os resultados da autopsia e dos testes toxicológicos feito no corpo da agente Rosa Valdez. Foram encontrados cinco tipos de remédios diferentes em seu estômago e organismo. Dois antidepressivos, e três analgésicos. Mas os remédios não foi o que de fato a matou, e sim, o que eles desencadearam: uma parada cardíaca. Misturar todos aqueles remédios teve um efeito terrível em seu corpo e ela não resistiu. Logo, a conclusão final foi a de que a sua morte havia sido um suicídio. Resta saber se esse ato foi proposital ou acidental. Ela realmente havia tomado todos os remédios na intenção de se matar, ou foi um daqueles casos em que a pessoa se esquece que já tomou um remédio e toma outro, e depois outro, e por aí vai? O F.B.I. foi quem ficou responsável de investigar a vida pessoal da Rosa para descobrir isso, já que ela era um deles.

Essa informação me deixou um pouco mal, pois eu fiquei a todo tempo julgando a sua comida mentalmente. Se soubesse que ela não estava bem mentalmente, teria me esforçado para comer e ainda sorrir após isso, apenas para estimular a sua confiança e bem estar. Era realmente um pena ela ter partido assim. Mas agora que se foi, espero que descanse em paz.

Um pouco depois do meio dia, Taylor se juntou a nós na sala, e lá para as três da tarde, o meu pai precisou ir embora para o departamento de polícia já que ele iria falar com a Patty para resolver todo o seu caso de atropelamento. Os policiais ainda estavam vigiando a nossa porta como cães de guarda atentos, mas não ficamos muito tempo sozinhas, pois as três e quarente da tarde, a campainha tocou e o agente que Harry informou que viria, chegou.

Fechei a porta assim que ele entrou, e fiquei observando-o terminar de empilhar duas caixas de papelão grandes no chão ao lado da porta. Ele tinha quase a mesma altura que Harry, era bem forte, negro, cabelo escuro curto com um degrade navalhado, e tinha olhos castanho escuro. Estava usando uma calça jeans de lavagem clara e uma camisa de lã azul escura com mangas longas. Bem bonito.

— Olá. Eu sou o agente Cameron Griffin, prazer. — Ele me lançou um sorriso nervoso. — Edward me enviou para vigiar você e sua irmã enquanto ele está fora. Você é a Olivia ou a Taylor? Ele falou que são gêmeas...

— Olivia. Prazer. — Tentei ser o mais amigável possível. — Taylor está no banheiro.

— Certo. — Assentiu, finalmente saindo de frente da porta e olhando para o resto do apartamento com olhos curiosos. — Está com fome? Eu trouxe uns hambúrgueres de uma lanchonete que achei no caminho para cá. Espero que sejam bons, a comida do avião foi basicamente uma bolacha água e sal e uma garrafa de água.

Ele tirou sua mochila das costas e se sentou no sofá, retirando uma sacola do Ally's Party de dentro. O que já foi um ótimo começo.

— A comida do Ally's é maravilhosa.

Fui me sentar ao seu lado no sofá, e ele me entregou um dos hambúrgueres. Estava embrulhado em um papel branco com a logo da lanchonete, e haviam três no total.

— Não foi nada. Edward comentou que vocês não cozinham, então, pensei em trazer algo.

Eu sorri envergonhada enquanto desembrulhava o meu hambúrguer. Era um dos meus preferidos, com bacon e maionese especial. O cheiro era maravilhoso.

— Falando assim faz parecer que somos inúteis na cozinha. — Brinquei.

— Não foi essa a intenção, desculpe. — Ele riu.

Preferi não comentar nada, mas não era como se ele estivesse totalmente errado. Eu ainda sabia me virar na cozinha, mas a Taylor, se brincar, não sabia nem fritar um ovo.

Momentos depois, ela se juntou a nós e engatamos em uma conversa onde todos se conheciam. Descobri que Cameron e Harry, que ele conhecia apenas como Edward, foram colegas de quarto durante o ano de treinamento no Quântico. E desde então, eles mantinham uma amizade, mesmo não trabalhando na mesma área. Apesar da estatura alta e dos músculos, Cameron preferia investigar crimes por trás da tela de um computador, os famosos "crimes do colarinho branco", enquanto Harry, gostava mais de entrar na investigação, "colocar a mão na massa" por assim dizer, por isso ele sempre trabalhava disfarçado se infiltrando em casos.

Segundo Cameron, o caso Enigma foi o terceiro caso que Harry foi inserido depois que começou a trabalhar no FBI, e os dois anteriores foram solucionados perfeitamente, meio que transformando Harry em uma estrela em ascensão no departamento deles. Apesar disso, inicialmente o diretor do departamento não queria colocar Harry trabalhando sob o comando direto do seu próprio pai, já que eles possuíam uma política de deixar a vida pessoal e profissional bem separadas. Porém, como Andrew era como uma lenda viva lá dentro, tendo conseguido o feito de prender quatro assassinos em série durante toda a sua carreira, o diretor deu um voto de confiança aos dois, deixando que eles trabalhassem juntos no caso. Com Andrew no comando, é claro, já que apesar de se sair bem nos casos em que trabalhou, Harry ainda era novo demais lá para assumir a responsabilidade de um caso tão difícil e problemático como era o caso Enigma.

Cameron, assim como Harry, também morava em Nova York, mas ao contrário do último, que sempre estava em uma cidade diferente seguindo o Enigma, Cameron preferia continuar na sua cidade natal mesmo. E do jeito que ele falava de lá, especialmente do Brooklyn, onde ele morava, Nova York parecia ser um sonho!

— E você tem namorada lá em Nova York? — Taylor perguntou, enquanto enrolava uma mecha do seu cabelo nos dedos.

Eu fiquei sem qualquer reação na hora, pois ela nem ao menos tentou disfarçar o claro interesse.

— Tenho. — Ele respondeu, rindo descontraidamente. — Noiva, na verdade.

— Que pena. — Ela suspirou decepcionada e pegou o seu celular, se desconectando totalmente de nós e da conversa para focar no aparelho.

— Desculpe pela minha irmã. — Pedi baixinho, meio sem graça.

— Que nada, relaxa. — Ele riu, mostrando ser bem carismático. — Ah, e antes que eu me esqueça! — Ele se levantou de repente e foi até as caixas de papelão ainda no chão perto da porta. — Aqui está tudo o que eu consegui encontrar sobre possíveis casos do Enigma que nunca foram "descobertos" e conectados aos casos oficiais. Harry me pediu para pesquisar e eu decidi trazer. Não sei quando ele vai retornar, então, como a ideia foi sua, pensei que poderíamos ler e analisar tudo isso juntos mais tarde se quiser. Eu preciso mesmo que alguém me atualize mais sobre esse caso.

— Isso seria ótimo, obrigada!

Sorri, olhando com ansiedade para as caixas. Sem Harry por aqui, o melhor que eu poderia fazer era jogar a minha cabeça nisso de uma só vez. Eu já precisava de algo para focar e passar o tempo, e se eu acabasse descobrindo alguma coisa útil, então? Melhor ainda!

***

No finalzinho da tarde, o meu pai ligou para confirmar a chegada de Cameron e conferir se estava tudo bem. Ele me contou que tomou o depoimento da Patty e que tudo parecia indicar para um acidente de carro aleatório, ao invés de algo premeditado. Algum bêbado provavelmente a atropelou e fugiu com medo, e não, algo mais sinistro que isso. Ele também informou que a mamãe iria vir passar a noite aqui conosco e que estava quase chegando, o que era divino, já que eu estava com saudades dela. Enquanto ela não chegava, aproveitei para ir conversar com a Taylor no quarto.

— Você deixou o Cameron sem jeito lá na sala. — Fui direta, já que ela estava mexendo em seu celular e provavelmente me ignoraria se eu tentasse ser mais suave com as palavras.

— Eu só fiz uma simples pergunta. Ele já é grandinho, tenho certeza de que consegue lidar bem com perguntas. — Ironizou.

— Não estou tentando te julgar, você só poderia ter esperado alguns dias até estarmos mais familiarizados, não acha?

— Olivia, você não poderia me julgar nem se quisesse, não depois de eu ter ido dormir com os fones de ouvido no volume máximo para não ter que ouvir você transando no outro quarto!

Arregalei os olhos enquanto o meu corpo todo congelava em um choque absurdo. Ela tinha escutado... oh meu Deus, ela tinha escutado! Fiquei de costas para ela imediatamente, com vergonha demais até para encará-la. Puta que pariu....

— Não precisa se fechar toda e ficar com vergonha. — Ela ficou de pé na minha frente e eu me virei de novo, realmente sem conseguir sustentar seu olhar, já que era quase como estar olhando para o meu próprio reflexo me julgando. — Ok, me desculpa por ter mencionado isso. Deve ser um assunto difícil agora que ele não está mais aqui. — Se desculpou. O que por si só era uma surpresa, já que ela não costumava se desculpar muito, pelo menos não comigo. — Como ficou essa relação de vocês, afinal?

— Não estamos juntos... eu acho. Não sei. Não conversamos sobre isso, apenas... — Não completei, ficando vermelha novamente com as memórias. — Me desculpe por ter incomodado... e por ter tentado te dizer o que fazer. Não é da minha conta.

Senti que deveria me desculpar também, afinal, não deveria ter sido nada legal ter ido dormir escutando música alta. Taylor apenas assentiu, e o assunto se encerrou ali.

***

— Mãe!

Comemorei a sua chegada com um longo abraço de saudades.

— Oi, minha querida.

Ela se afastou um pouco para me olhar nos olhos e fez um carinho pelo meu cabelo, me olhando com orgulho e saudades. No entanto, do nada a sua expressão mudou e ela deu dois passos para trás para me olhar por inteira, assumindo uma expressão enigmática em seguida.

— O que foi? — Me preocupei.

Ela olhou em volta para conferir que estávamos sozinhas na sala antes de se aproximar novamente e sussurrar.

Você perdeu a virgindade?

Minha primeira reação foi a de abrir a boca em absoluto choque e encará-la por uns bons dez segundos em silêncio.

— Como... — Eu sequer conseguia falar de tão chocada.

— Uma mãe sempre sabe. — Sua expressão suavizou e ela voltou a me abraçar. — Como está se sentindo?

— Bem. — Apartei o abraço antes de continuar. — Eu estava sentindo uma dorzinha incomoda quando acordei, mas agora já está ficando melhor.

— Isso é normal, ainda mais por ter sido a sua primeira vez. Seu pai já me deixou dolorida por vários dias.

— MÃE! — Soltei, em choque. Ultimamente ela estava sendo tão aberta comigo.

— Desculpe. — Ela riu, tanto pelo o que disse quanto pela minha reação. — Acho que me empolguei na conversa.

— Tá tudo bem, apenas... obrigada por ser uma mãe tão compreensiva.

— Como eu disse, querida, sexo é normal. — Ela abriu um sorriso compreensível. — Agora me diga, cadê o meu genrinho?

— Mãe, não! — Comecei a rir de nervoso. — Ele não está aqui... e não estamos juntos.

— Ah, não? — Ele me olhou confusa.

— Ele viajou. Enigma pode estar atacando em outra cidade, e ele e o Andrew foram verificar.

— Por isso não estão juntos? — Ela investigou, fazendo os seus olhos de águia. Ela tinha olhos azuis também, mas não como os meus e o da Taylor, os delas eram bem mais escuros.

— Eu não sei. Só aconteceu. Não tivemos tempo de conversar. Foi como... uma despedida.

Ela entrelaçou o seu braço no meu como forma de conforto.

— Tudo eventualmente vai se resolver, querida. E se for para ser, será. — Eu apenas sorri, agradecendo suas palavras. — Como está o quarto? Tudo direitinho?

Eu fiquei vermelha de vergonha, mas não me calei e comentei.

— Eu tirei os lençóis, estão na pequena área atrás da cozinha.

— Certo. Eu vou colocar para lavar, dar uma geral no apartamento e preparar algo para comermos, o que acha?

— Não precisa, mãe... — Ela me parou antes que eu continuasse.

— Obrigada, filha, mas eu realmente preciso de algo para ocupar minha mente agora. Os últimos dias não foram fáceis.

— Os jornalistas ainda estão incomodando?

— Não. Acho que entenderam que ninguém iria comentar nada e se mandaram há alguns dias. — Ela riu tristemente. — Seu irmão também voltou para a Universidade e agora eu tenho que ficar vinte e quatro horas lá praticamente sozinha.

Eu finalmente entendi o porquê de ela estar tão mal. Pelo menos aqui eu tinha a Taylor para conversar todos os dias e lidarmos com a barra juntas, minha mãe tinha o Eli, mas agora que ele se foi, ela não teria ninguém, já que agora o papai passava a maior parte do tempo no trabalho.

— Desculpa por tudo, mãe. Deve estar sendo muito difícil.

— Como se isso sequer fosse culpa sua para você estar se desculpando. Não faça isso. Você é a vítima aqui, entendeu?

Mesmo ainda me sentindo um pouco culpada por ter virado a vida de todos de cabeça para baixo, eu assenti.

— E a loja?

— Como os jornalistas estavam aparecendo por lá também, eu parei de ir e deixei a Thea no comando.

Elas são amigas há vários anos. Thea, inclusive, foi uma das primeiras amizades que a minha mãe fez quando se mudou para cá ao se casar com o David.

— Mas e a biblioteca?

— Está fechada, assim como o colégio. Talvez reabra na semana que vem junto a volta às aulas, se isso acontecer e a Thea retornar para lá, eu volto ao comando da loja. Acho que as coisas já estarão mais calma até lá.

— Espero que sim. E faça o que for preciso para se ocupar. Se precisar de ajuda, é só pedir.

— Obrigada, meu amor. — Ela fez um rápido carinho no meu rosto e foi para a cozinha para começar a limpar o apartamento e ocupar a sua mente.

Taylor tinha uma toalha no ombro e estava pegando algumas roupas no armário quando eu entrei no quarto, e assim que eu peguei o meu celular e me sentei na cama, ela saiu para ir tomar seu banho. Aproveitei o momento a sós e fiz uma vídeo chamada para a Patty. Acho que a essa hora, ela já deve ter chegado em casa do lance na polícia.

— Patty? — Estreitei os olhos ao olhar para a tela, estava bem escuro.

— Oi, Liv. — Ouvi ela bocejar, e logo, a luz do abajur que ficava ao lado da sua cama foi acesa, revelando a sua cara de sono. — Estava tirando um cochilo.

— Nossa, queria. — Brinquei. Apesar de não estar com sono no momento, um cochilo sempre era bem-vindo. — Como foi lá com o meu pai?

— Normal. Eu contei o que vi, dei detalhes de onde estava, do modelo do carro, da cor, essas coisas.

— E sobre o Zach?

— O que tem ele?

— Você contou o que ele disse sobre o Jace?

— Não. Apesar de acreditar no Zach, é a palavra de um contra o outro, e eu não quis me envolver nisso. Não há qualquer prova.

— Realmente.... mas foi somente isso que ele disse mesmo? — Perguntei, tentando me livrar daquele sentimento de que ela ainda estava escondendo algo.

— Sim. Ele só falou sobre isso do Jace, nada mais.

— Não falou nada sobre a Taylor?

Minha irmã realmente estava começando a ter sentimentos por ele quanto tudo acabou da pior forma possível. E não que isso fosse mudar algo, já que Taylor aparentemente já seguiu em frente, mas saber que ele ao menos teve sentimentos também seria reconfortante... eu acho.

— ... Não. Nada sobre isso. — Ela deu de ombros. — Aliás, você está diferente. Cortou o cabelo?

Eu apenas balancei a cabeça para a sua clara tentativa de mudança de assunto.

— Não. O mesmo de sempre. — Disse apenas, decidindo seguir a sua onda e mudar de vez de assunto. Talvez ela estivesse realmente contando tudo e eu é quem estava ficando doida.

— Espera um pouco... — Ela estreitou os olhos e aproximou o celular dos seus olhos, fazendo que que apenas o seu nariz ficasse visível na minha tela. Eu dei uma risada, mas o meu riso foi rapidamente cortado quando ela do nada falou. — Você transou, não foi?

Eu fiquei totalmente sem fala. Completamente em choque! Meu queixo foi ao chão e voltou inúmeras vezes. Que a minha mãe conseguisse notar isso tudo bem, eu havia literalmente saído de dentro dela, mas agora a Patty? Como assim? Eu tinha a palavra "desvirginada" escrita na minha testa e não estava sabendo?

— Como... como você sequer deduziu isso?

— Eu tenho um dom! — Se gabou, confiante. — Me conta tudo agora ou eu te mato! Com quem foi?

— Com quem você acha? — Tentei ser debochada, mas ganhei um olhar de confusão em resposta.

— E eu sei lá? Você tem tipo, umas três opções...

— Tá, tá, foi o Harry! — Respondi por cima da sua fala. — Não vamos exagerar, obviamente foi com o Harry. Não é como se eu tivesse em condições de sair desse apartamento.

Ela inicialmente riu, mas logo, fechou os olhos e suspirou, se derretendo toda na cama.

— Ele é o meu preferido. — Disse orgulhosa. — Mas vamos ser honestas aqui, o Jace é um assaltante a banco talvez assassino e o Noah nunca sequer olhou por mais de dois segundos para você. Harry era a única opção real aqui. — Eu apenas balancei a cabeça, tentando levar isso numa boa. Apesar da verdade sobre o Noah ainda doer um pouquinho. — Era questão de tempo até vocês se pegarem. E eu falei que isso seria a solução de tudo, não falei? Viu como eu sempre estou certa? A esse ponto, eu estou quase que prevendo o futuro!

— Já pode mudar seu nome para Alice Cullen. — Debochei, fazendo-a sorrir.

— Mas e aí? Como foi? Quero detalhes! Ele é grande?

— Patrícia!

— Olivia! — Ela exclamou de volta. — O que foi? Eu mereço saber!

— Merece nada, deixa de ser indiscreta! — Comentei rindo, não estava irritada nem nada, só era um pouco estranho falar sobre isso.

— Ah amiga, desculpa, mas aquele homem com um e noventa, forte, gato, é de se questionar!

Eu não tinha ideia se o tamanho era considerado grande ou médio, mas era perfeito. Eu me senti incrível, e era isso o que importava.

— Ele é perfeito. — Concluí.

— Ele quem? O Harry ou o pau dele?

— Os dois! — Disse apressadamente, não querendo mais falar sobre o membro do meu... de Harry. — E foi incrível. Ele foi tão atencioso e romântico, mas ao mesmo tempo tão... sedento e quente.

Suspirei só de lembrar.

— Nossa... não vejo a hora de perder a minha também. As coisas que eu faria com o seu irmão. Ou melhor, deixaria ele fazer comigo...

— Informação demais, amiga! — Dei um pulo para fora da cama de tão agoniada que fiquei com a imagem dos dois surgindo em minha mente. — Eu definitivamente não preciso disso gravado na minha cabeça! — Alertei, para não acabar saindo dessa conversa traumatizada. Patty gargalhou, se divertindo.

— Como se você já não soubesse!

— Sua paixão pelo Elijah já é notícia velha, eu só não tenho que ficar imaginando isso.

— Eu não controlo a sua mente, se você imaginou foi por que quis! — Ela continuou rindo.

— Você é tão irritante! — Resmunguei, voltando a me deitar na cama.

— E você me ama! — Ela piscou para mim, e eu revirei os olhos, tentando conter o meu sorriso. — Agora me dá mais detalhes da sua noite, anda!

— Sua pervertida...

***

— Encontrou algo? — Cameron perguntou.

Estávamos sentados no chão do quarto lendo os arquivos que ele havia trazido. Era um pouco mais das nove da noite. Ele já havia conhecido a minha mãe, e havíamos jantado todos juntos uma sopa de legumes que ela havia preparado.

— Eu não sou uma expert nesse caso como o Edward, mas acho que esse caso se encacharia quase que perfeitamente se a garota não tivesse dezenove anos. — Falei, lhe entregando a pasta que havia lido.

Ele deixou a pasta que estava lendo de lado e começou a ler a que eu havia entregado.

— Você tem razão. — Concordou. — Vamos fazer o seguinte, separamos todos os arquivos em duas pilhas, a dos casos que possuem mais de setenta por cento de chances de ser do Enigma, e a dos casos que possuem menos, e amanha nós lemos tudo com mais atenção, já que está ficando tarde.

— Ok. Boa ideia.

Levamos o resto da noite toda apenas lendo e separando os casos de uma das caixas, deixando para analisar melhor apenas no dia seguinte com mais calma e clareza.

— Mais um para a pilha dos casos quase certos. — Cameron colocou mais uma pasta na pilha, onde já haviam sete outras pastas.

— Todos esses casos são isolados e em Estados e cidades diferentes. Além das datas serem bem mais antigas que os três anos que ele vem atacando. Se for mesmo ele, é como se ele estivesse... experimentando. — Notei.

— Não é uma regra, mas muitos assassinos em série passam por essa fase. Eles matam de diversas formas diferentes até achar aquela que mais os satisfaz. Como se estivessem atrás de uma "fórmula" perfeita. Uns são descobertos e presos antes de conseguirem encontrá-la, já outros, como o Enigma, acham essa formula e a repetem e repetem em um ciclo vicioso até morrerem ou serem pegos.

— Um completo louco. — Completei, me sentindo enojada com aqueles fatos. — Mesmo sabendo que isso é tipo um transtorno, eu ainda fico de cara em como um ser humano consegue ser tão malvado.

— É realmente chocante, e ao mesmo tempo, impressionante, quando se para pra pensar sobre isso. "Empatia" pode parecer algo tão básico e sem importância à primeira vista, mas quando você a retira de um ser humano, você o fode completamente.

— Verdade. — Concordei, realmente impactada com suas palavras, pois nunca havia pensado nisso antes. Empatia era basicamente o que nos tornava "bons". Quando voltei os olhos para o arquivo em minhas mãos, eu decidi parar e fechar a pasta ao me dar conta de que estava lendo a mesma frase há quase dois minutos e não havia conseguido absorver nada. — Onde estão os casos internacionais? Você encontrou algum?

— Sim. Estão na outra caixa.

Me levantei do chão e peguei a outra caixa, levando-a para onde estávamos sentados perto da mesinha de centro do sofá. Os casos internacionais eram bem mais diferentes, quase nenhum possuía uma ligação forte com o Enigma. As mortes eram feitas das formas mais variadas, e não lembravam em nada as facadas que o Enigma dava em suas vítimas. Eu estava quase desistindo e indo descansar um pouco os meus olhos, quando um nome em uma das pastas me chamou atenção: Annabelle Flint.

Decidindo que esse seria o último caso que eu leria essa noite, eu peguei a pasta e comecei a ler as informações. Ele se passava no País de Gales, no Reino Unido, e era bem diferente dos outros casos presentes na caixa, além de ser o mais antigo.

A jovem galesa, Annabelle Jolie, fugiu de casa quando tinha apenas quinze anos para ir se casar com o seu vizinho, Daniel Flint, de dezessete. Os dois foram para outra cidade, e a sua família só foi receber notícias dela dois anos depois, quando a jovem, agora com dezessete anos, foi encontrada morta em sua cama com múltiplos golpes de faca na área da barriga, deixando para trás seus dois filhos. Daniel, apesar de declarar-se inocente, foi condenado pelo assassinato de Anna e sentenciado a trinta e sete anos de cadeia.

Havia uma foto da Anna no arquivo, e assim que eu bati os olhos nela, eu senti o meu coração afundar em meu peito. Ela se parecia comigo. E quando eu digo isso, não quero dizer apenas em relação ao fato de sermos loiras e termos os olhos azuis, e sim, realmente parecidas! Era como se eu estivesse olhando para a foto de um antepassado meu, ou, uma parente distante. Era realmente assustador!

Tudo no seu caso batia perfeitamente com o padrão de vítimas do Enigma. A sensação que eu tinha, era a de possivelmente estar olhando para uma das primeiras vítimas dele. Talvez até mesmo a primeiríssima! E eu precisava fazer algo com essa informação. Precisava ligar para Harry! Isso não era exatamente uma emergência como ele havia escrito no post it, mas com toda certeza parecia ser bem importante!

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