Capítulo 22
Um toque.
— Então... podemos conversar?
Ainda em pé diante da porta, Harry ficou me olhando por alguns longos segundos antes de responder, o que só me deixou ainda mais nervosa.
— Eu não acho que isso seja uma boa ideia, Olivia.
— É rápido, eu prometo. — Insisti, e mais uma onda de silêncio se instalou entre nós.
Os olhos dele percorreram rapidamente o meu corpo, talvez notando o que eu estava usando, no entanto, ele rapidamente os desviou para o chão, limpando a garganta com uma leve tosse em seguida.
— Tudo bem. — Concordou, relutante. Então, abriu mais a porta e se afastou para que eu entrasse. — Sobre o que? — Ele não fechou a porta quando entrei, apenas a deixou entre aberta.
Logo de cara, eu fiquei impressionada. Havia uma parede inteira do quarto dedicada apenas para a investigação. E nela estavam coladas fotos, papeis, documentos, frases e nomes em papeizinhos de recado amarelo, e até mesmo linhas vermelhas do que parecia ser lã formando um circuito que interligava tudo. Especialmente no meio da parede haviam duas fotos, uma era minha, e a outra era a de uma figura de capuz, com uma interrogação onde deveria haver um rosto. Eu poderia ficar ali por horas, olhando e analisando tudo naquela parede, mas não era para isso que eu tinha vindo agora.
— Você. — Me virei, notando que ele estava do outro lado do quarto, perto de uma cômoda, vestindo-se com uma camisa preta de mangas longas. — Ou nós... eu realmente não sei.
— Olivia, eu não acho que isso seja uma boa ideia...
— Nem eu. — O interrompi. — Mas... pensar sobre isso está me deixando louca. — Dei alguns passos em sua direção quando percebi que ele não o faria. — O que você me disse aquele dia no campus, sobre eu estar projetando coisas em você...
— Me desculpe. — Foi a vez dele de me interromper. — O que eu falei foi errado, eu passei completamente dos limites aquele dia.
— Mas... você estava certo. — Ele abaixou a cabeça, se esquivando do meu olhar. — Uma parte de mim realmente queria que fosse você, queria um motivo, pois eu me sinto... exposta... ansiosa... a flor da pele, chame do que quiser, mas é sempre quando eu estou perto de você.
Eu não sabia de onde eu havia tirado a coragem para falar tudo isso que eu estava falando para ele agora. Parecia ser uma Olivia totalmente diferente ali, confessando esses sentimentos absurdos a ele. Eu definitivamente não me reconhecia, apesar de reconhecer o extremo frio na barriga.
— Olivia... — Ele começou, mas não terminou a frase.
Aproveitei o momento e me aproximei mais, ficando frente a frente com ele. Eu era uns vinte centímetros mais baixa que ele, que deveria ter uns um e noventa, mas não deixei que isso atrapalhasse o nosso contato visual quando ele finalmente ergueu o rosto.
— Eu estou errada em sentir isso?
A resposta chegou muito mais rápido do que eu antecipei.
— Sim.
Eu não iria fingir que essa pequena palavra não havia doído, me magoado, pois havia. Eu deveria estar agradecida por ele estar cortando isso logo agora, enquanto ainda estava no início e eu poderia controlar, no entanto, eu não estava. E muito provavelmente não ficaria.
— Por que?
— Por que este é o meu trabalho. É o meu dever profissional proteger você, assim como é prender esse assassino... e nada mais. — Ele começou dizendo. — Isso que você pensa estar sentindo em relação a mim, não é real... e não é correspondido. Espero que entenda isso. Você é muito jovem... — Não esperei que ele dissesse mais nenhuma palavra e fiquei na ponta dos pés para lhe dar um beijo.
Não foi um beijo longo. Foi algo rápido. Apenas um toque dos lábios por assim dizer. Me afastei dele apenas o suficiente para olha-lo nos olhos e conferir a sua reação, e encontrei os seus olhos sobre mim, em um verde escuro que eu nunca havia visto nele antes. E naquele milésimo de segundo, eu soube que isso era sim real, e que ele também sentia, pois se realmente estivesse falando sério, ele teria se, ou me afastado, mas ele não havia feito nenhum dos dois. Parecia estar tão envolvido nessa história quanto eu.
Lentamente, Harry ergueu a sua mão direita até chegar na altura do meu rosto, e percorreu a linha da minha mandíbula com a ponta do seu polegar. O meu coração acelerou com o seu toque, e a minha respiração falhou em resposta a forma como ele estava olhando para a minha boca. Tão intensa... tão quente.
— Você não deveria ter feito isso, Olivia... — Sussurrou, com a sua boca ainda a centímetros da minha.
— Eu sinto muito...
Ele desviou o olhar da minha boca para os meus olhos, e a intensidade que encontrei neles foi quase palpável. Deus... nunca, em toda a minha vida, eu havia me sentido tão exposta diante de alguém como eu me sentia agora nesse exato momento. Era como se ele pudesse enxergar cada mínimo pedacinho da minha mente e alma, até mesmo as partes que eu lutava para esconder. Derrubando cada barreira que um dia eu pensei ter criado no caminho... Era apenas um olhar, mas parecia ser muito mais que isso. Eu sentia que era muito mais...
Harry migrou a sua mão para a minha nuca, entrelaçando os seus dedos em meu cabelo, e o meu corpo todo estremeceu em resposta. Observei o seu rosto ir ficando cada vez mais próximo do meu, e os meus olhos pesarem... até estarem totalmente fechados. Foi quando eu senti... pequenos choques elétricos percorrerem a minha boca quando os seus lábios roçarem nos meus. Não chegou a ser um beijo. Foi um toque. Apenas um toque. Mas foi tudo e nada ao mesmo tempo.
Pensei que ele iria finalmente acabar com aquela tortura entre nós e me beijar, pois só Deus sabia o quanto eu queria e desejava isso, mas ele não o fez. E como se acordasse de um longo transe, Harry se afastou abruptamente de mim e eu abri os olhos completamente atordoada. Com a perda do calor do seu corpo quase se assemelhando a perda de oxigênio.
Harry estava agora do outro lado do quarto, passando a mão pelas leves ondas em seu curto cabelo enquanto respirava ofegantemente. Longe de mim. Longe daquela energia quente que ele provavelmente também havia sentido.
Fiz o mesmo que ele, e tentei controlar o trem desgovernado que eu chamava de coração em meu peito, tentando compreender tudo o que havia acontecido... ou quase acontecido. Controlei a minha respiração ofegante, tentando voltar ao meu estado normal, e olhei para ele. Harry ergueu a cabeça no mesmo segundo, e os seus olhos se encontraram com os meus novamente. Percebi que em meio a toda confusão, havia também um pingo de raiva neles, no entanto, o sentimento parecia não ser totalmente direcionado a mim, e sim, a si mesmo.
— Isso não deveria ter acontecido, Olivia. — Ele pontual, extremamente sério. — Eu sinto muito mesmo..., mas acho que você deveria ir para o outro quarto agora.
Eu não tentei resistir ou fazê-lo mudar de ideia. O arrependimento em seus olhos já me dizia tudo o que eu precisava saber por essa noite. Por isso, apenas assenti, sem qualquer escolha.
— Tudo bem. Me desculpa... novamente.
Ele não falou mais nada, e eu tomei isso como uma deixa para me virar e sair do seu quarto. No entanto, a porta, que já estava entre aberta, foi totalmente aberta e Taylor olhou para Harry e depois para mim com uma expressão confusa no rosto.
— Olivia, aí está você! Estava te procurando. O que faz aqui?
Seus olhos desviaram de mim para Harry, mas logo fizeram seu caminho de volta para mim.
— Nada... — Respondi, colocando algumas mechas do meu cabelo atrás da orelha, torcendo para que os dedos de Harry não tivessem o bagunçado demais. — Harry estava apenas me contando sobre a investigação. — Apontei para a parede de investigação e ela olhou impressionada.
— Nossa... você já tem algum suspeito? — Perguntou.
— Na verdade, sim. Tenho alguns. — Ele respondeu. — Mas como eu disse para a Olivia, eu não tenho autorização para contar nada agora. Então, é melhor vocês irem.
— Ele está certo. Vamos, está muito tarde. — Fui até a minha irmã e entrelacei o meu braço no seu, a puxando para fora do quarto. — Desculpa incomodar, Harry.
— Sem problemas. Boa noite.
Ele fechou a porta assim que saímos, e imediatamente nós voltamos para o nosso quarto.
— O que realmente aconteceu naquele quarto? Vocês se beijaram?
Taylor soltou assim que a nossa porta foi fechada.
— O que? De onde tirou isso? — Usei o choque para tentar mascarar o quanto eu estava assustada, era tão obvio assim?
— Sei lá. — Ela riu. — Tava uma energia bem estranha lá. Pensei que algo tivesse acontecido. Meus instintos nunca falham em captar esse tipo de coisa.
— Nada aconteceu. — Finalizei, me apressando para deitar na cama. — Você é a última em pé, então apaga a luz.
Revirando os olhos levemente, Taylor apagou a luz e veio se deitar ao meu lado na cama, enquanto eu me acomodava e me cobria com os cobertores. O apartamento todo era bem frio. Exceto, talvez, o outro quarto...
— Nada aconteceu mesmo? — Ela voltou a perguntar, desconfiada. — Você pode me contar se aconteceu, eu posso te ajudar, contar para o papai ou sei lá.
— Taylor! — Arregalei os olhos, assustada com a direção que isso havia tomado. — Não aconteceu nada. — Garanti.
— Não acredito que os meus instintos estavam errados. — Ela resmungou.
— Seus instintos não são tão bons assim, se fossem, você não teria namorado um fugitivo da polícia... aliás, como vocês se conheceram, afinal? Você sabia quem ele era? — Me virei para o seu lado, ficando de frente para ela.
— É claro que eu não sabia! — Ela fez uma careta de desgosto. — A gente se conheceu na internet há alguns meses atrás. Ele disse que morava em uma cidade vizinha e que não tinha muito tempo para sair e se divertir. Por isso, não conseguia marcar algo pessoalmente na época. Então... ficamos conversando por mensagens, e as vezes até por ligação, até finalmente ele vir para Londville. Quando ele foi lá em casa foi a primeira vez que nós nos vimos pessoalmente... Aliás, foi ele quem entrou no seu banheiro, tá? Ele pensou que fosse o meu quarto.
Eu abri a boca, surpresa demais para sequer falar algo.
— Taylor!?
— Eu sei, me desculpa! — Ela cobriu o rosto com as mãos, completamente envergonhada.
— Não acredito que você caiu nisso. Há alguns meses atrás ele ainda estava preso! Deve ter conseguido um celular escondido... você não desconfiou de nada?
— Não! O desgraçado me enganou direitinho... E não é como se eu assistisse ou lesse jornais para saber quem ele realmente era. — Ela respirou fundo em desgosto.
— O que ele queria com você? Ele fazia coisas estranhas?
— Tipo... no sexo? Você está perguntando se a gente transou?
Ela franziu a testa um pouco confusa, e eu virei o meu rosto para a frente, encarando o teto completamente envergonhada.
— Não! Eu quis dizer tipo... um motivo oculto, sabe? A razão de ser você e não qualquer outra garota.
— Não..., mas já olhou para mim? O motivo é obvio. — Soltou, confiante. — Apesar que... ele insistia bastante em ir lá em casa. Queria ver o meu quarto. Diz ele que só assim iria me conhecer de verdade... irônico, não? — Ela riu de si mesma. — Dá para acreditar que eu o chupei?
Eu quase engasguei com a minha própria saliva.
— Taylor?
— O que foi? — Ela começou a rir da minha reação.
— Nada... — Desconversei, antes que entrássemos naquele assunto do qual eu não tinha experiência alguma. — Eu só... eu sinto muito.
— Não sinta. Foi erro meu. — Ela deu de ombros, tentando minimizar o caso.
— Ainda assim, deve ter doído descobrir a verdade.
— Um pouco... eu realmente pensei que estava me apaixonando de verdade, sabe? — suspirou. — Mas vai passar. Taylor Amelie Collins nunca fica por baixo por muito tempo.
Eu revirei os olhos, mas não consegui conter o sorriso que surgiu em minha boca.
— É tão irritante quando você começa a falar de si na terceira pessoa. — Resmunguei, e ela abriu um sorriso divertido.
— Eu sei, por isso eu faço. Agora boa noite, Olivia Marie Collins.
Ela se virou para o outro lado, e eu fiz o mesmo, já que não gostava muito de dormir de barriga para cima.
— Até amanhã.
Fechei os olhos e me acomodei para ir dormir.
***
Eu definitivamente não pensei em como seria a manhã seguinte quando decidi beijar o Harry. Na verdade, eu não pensei em bastante coisa, apenas... fiz. No entanto, o dia amanheceu e a situação se tornou muito mais desconfortável do que eu poderia imaginar. Harry, Taylor e eu sentados na mesa da cozinha totalmente em silêncio enquanto tomávamos o café da manhã constituído de cereal com leite nas tigelas, e suco de laranja em nossos copos, bem, pelo menos no meu e do da minha irmã, já que Harry bebia café.
Taylor foi a primeira a terminar e se levantar para por sua tigela e copo na pia, deixando o silêncio daquela cozinha para ir aproveitar a televisão na sala.
Esperei até ter certeza de que ela estava mesmo entretida no programa de fofoca matinal e olhei para Harry, que dava um gole em sua caneca de café e se esforçava em olhar para qualquer lugar, menos para mim.
— Nós... vamos falar sobre o que aconteceu? — Perguntei quando percebi que ele não o faria.
— Nada aconteceu.
É, acho que esse era um dos jeitos de se encarar a situação.
Ele se levantou antes que eu pudesse falar algo e jogou sua tigela de cereais na pia, permanecendo com a caneca na sua mão direita.
— Algo aconteceu.
Eu não poderia chamar aquilo de beijo, mas definitivamente não foi nada.
— Algo que foi completamente errado, e que nunca deveria ter acontecido. Por Deus... esse é o meu trabalho, Olivia. — Ele manteve o tom de voz baixo, mesmo claramente exaltado com o tópico da conversa. — Se alguém ficar sabendo, eu posso ser tirado do caso, ser demitido, até mesmo preso, já que você sequer tem dezoito anos!
— Eu completo dezoito em alguns dias... — Tentei falar, mas ele não parecia nenhum pouco interessado.
— Não é esse o ponto.
— E qual é?
Ele respirou fundo, pensando calculadamente em sua resposta.
— Você é jovem demais, Olivia. Está em uma situação horrível... traumática até, e eu... sou uma pessoa que você vê com autoridade. O que aconteceu não é certo.
— Mas eu não beijei o Edward Chase, eu beijei o Harry.
Tentei explicar o meu ponto de vista. Pois essa atração que eu sentia por ele não era algo novo que surgiu depois que eu descobri quem ele realmente era, e sim, algo bem antigo. O problema é que eu só os encarei agora, pois antes estava ocupada demais tentando a todo custo o acusar de assassinato e fingir que não sentia nada perto dele.
— Só que eles são a mesma pessoa. — Ele falou, com um certo pesar na voz. — E não estão disponíveis. — Concluiu.
E não tinha como ficar mais claro do que isso.
Me levantei e deixei a cozinha sem sequer terminar o café da manhã, indo para o quarto. Eu estava com vontade de chorar, confesso. Contudo, não o fiz. Eu não tinha nada com ele, e como ele deixou bem claro, nada iria acontecer. Tínhamos uma relação estritamente profissional e nada além disso. Portanto, eu não alimentaria mais essa minha atração por ele. Iria apenas por um ponto final e esquecer tudo o que já aconteceu.
Decidindo me distrair, eu baixei um aplicativo de livros no celular pré-pago que Andrew havia me dado e comecei a ler um livro que havia comprado há um tempo atrás, mas nunca tive a oportunidade de começar a ler. Era de fantasia. O que me ajudou a escapar da realidade, já que eu provavelmente choraria se tivesse que ler algum romance ou um livro de crimes. A realidade da minha vida já estava sofrível demais.
Passei o resto da manhã assim, e só saí do quarto quando terminei o livro completamente. Taylor continuava no sofá, só que agora estava deitada, e Harry não estava em lugar algum.
— Ele saiu. — Ela disse antes que eu perguntasse. — Foi para o campus.
— Em Annapolis? — Não escondi a surpresa. E ela assentiu. — Ele falou quando volta?
— Ele falou que deve ficar lá o resto da semana inteira e só volta quando for a hora de irmos para o esconderijo oficial do F.B.I.
Então... era isso? Eu não o veria mais por um bom tempo?
Tentei não levar isso para um lado mais pessoal, afinal, o mundo não girava a minha volta, mas foi impossível não pensar que ele ter ido embora desse jeito abrupto foi algum tipo de precaução por causa do que aconteceu. Ele estava se afastando. Se protegendo. E eu não o julgava.
— Ele falou algo sobre mim... sobre nós duas? — Me corrigi antes que ela percebesse.
— Ah, sim, já tinha esquecido. Ele falou que o Andrew deve partir de Nova York e voltar para cá na madrugada da sexta para o sábado, mas que até lá, uma nova agente vai vir ficar aqui.
— Nova agente? Quem?
— Isso ele não disse. Só disse que ela chegaria em breve. David também ligou e vai vir hoje à noite. Os celulares foram revistados e estão limpos, ele falou que iria trazer... espero que traga o meu. — Ela sussurrou a ultima parte, mais para si mesma.
— É tão difícil assim falar "pai"? — Me sentei em uma das poltronas, já que ela estava deitada e ocupava todo o sofá.
— Ele não é nosso pai.
— Como pode dizer isso, Taylor? Ele nos criou. Ao contrário do idiota que abandonou a nossa mãe ainda grávida.
— Mas esse idiota é o nosso pai. Sangue é sangue, querendo ou não, então não tem porque fingir o contrário. O que acontece se ele voltar?
— Nada, pois ele não vai voltar! Ele teve dezoito anos para isso, agora é tarde demais. — Suspirei, tentando me acalmar, pois já estava ficando irritada com aquele assunto. — Podemos falar sobre outra coisa?
— Você que começou. Eu estava perfeitamente bem em silêncio assistindo o meu filme.
— Papai falou se vai conseguir trazer a mamãe?
— Infelizmente, não.
Sendo engolida por uma súbita saudade da minha mãe, eu me recostei na poltrona e foquei a minha atenção na televisão, tentando não chorar, e mais uma vez, me distrair. Menos de uma hora depois, ouvimos o sonzinho da porta sendo destravada, e olhamos na direção em expectativa.
Pelo o que me foi explicado, a porta só era aberta pelo lado de fora com a senha e com a impressão digital de Harry, então... não, não era ele. Soltei o ar, decepcionada, e fui cumprimentar a mulher que havia entrado no apartamento. Ela era baixinha, tinha a pele morena, e o cabelo cacheado na altura dos ombros. Vestia um terninho azul escuro, e usava um tênis cor de goiaba nos pés.
— Olá, eu sou a Agente Rosa Valdez. E ficarei com vocês durante algum tempo. Prazer. — Ela se apresentou. Parecia ser bem educada e sociável.
— Eu sou Taylor, e essa é a Olivia.
— Talvez eu demore algum tempo para decorar quem é quem, então, me desculpem se eu confundir vocês alguma vez. — Ela deu uma leve risada, aparentemente... tentando ser engraçada? Eu não tinha certeza. Mas nem Taylor nem eu sorrimos.
— Desculpa perguntar, mas... como você conseguiu entrar? A porta não é destravada apenas pela digital do Ha... agente Edward Chase?
— Sim. Mas hoje de manhã, antes de ir para a Universidade, Edward adicionou a digital do Jonas também, e ele me deixou entrar.
— Jonas? — Estranhei.
— Agente Jonas Perkins, é ele quem está do lado de fora da porta.
— Ah... — Disse apenas.
Forcei um sorriso por educação e voltei para o sofá, sem entender bem o que era aquele sentimento estranho em meu peito. Para ter feito isso, ter adicionado a digital de outra pessoa no nosso sistema de proteção, Harry deve realmente não ter plano algum de voltar. E mais uma vez, eu sei que deveria estar agradecida por ele estar fazendo isso, me dando esse espaço para conseguir esquecer..., mas eu não estava.
— São quase duas da tarde, vocês já almoçaram? Querem que eu faça algo?
Rosa perguntou, depois de deixar sua mochila com roupas no sofá e caminhar um pouco para conhecer todo o apartamento.
— Nada muito calórico, por favor! — Ouvi Taylor falar, mas não opinei.
Apesar de não tentar interagir muito com a gente, Rosa preparou o nosso almoço e o nosso jantar. A expectativa estava alta, já que os tacos que ela preparou estavam com uma aparência ótima... já o gosto, no entanto, não estava no mesmo nível. Ela fez tacos de carne para mim, e de verduras para a Taylor, só que de alguma forma... conseguiu perder a mão nos dois. Eles definitivamente não estavam bons, entretanto, não falamos nada para ela. Era o seu primeiro dia, eu não queria parecer chata, e acho que a Taylor também não.
Lá para as nove da noite, David nos fez uma visita para ver como estávamos, assim como deixar o meu celular que havia sido liberado. Taylor ficou decepcionada por ainda continuar de castigo e não receber o seu de volta, mas não comentou nada na hora, apenas fez cara feia. David, no entanto, não ficou por muito tempo já que o trabalho o chamava. Então logo, nós estávamos mais uma vez sozinhas naquele frio apartamento.
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