Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 16

Dúvida.

Hey, Olivia, vamos brincar?

Aquela frase continuou ecoando tão repetidamente na minha mente, que eu nem percebi que Patty já havia estacionado o carro em frente ao departamento de polícia da cidade e me olhava preocupada.

— Liv... vamos?

Eu olhei pela janela, vendo o grande prédio de dois andares feito de tijolos marrons alaranjados ao lado e assenti. Nós descemos do carro, e fomos em direção a entrada, passando por um gramado bem verde, e um pequeno jardim onde estavam fincados três mastros, um para a bandeira do país, outro para a do Estado, e o último para a bandeira da cidade. Os mastros deveriam ter de uns sete a uns dez metros de altura, e as bandeiras balançavam lá em cima com o vento.

A entrada era feita de uma porta de vidro de mais ou menos um metro e meio de largura no centro, um dos lados da porta abria para fora e o outro para dentro, e havia uma pequena placa do lado de fora, e outra do lado de dentro, indicando qual você deveria puxar ou empurrar para entrar ou sair do prédio. Ao lado da porta, haviam duas paredes também de vidro uma de cada lado, dando a ilusão de que a porta de entrada tinha uns três metros de largura. Em cima da entrada havia o nome "Polícia", e em cima do nome havia o símbolo brasão azul, vermelho e dourado do nosso condado.

Patty empurrou a porta e permitiu que eu entrasse primeiro. Ela havia enrolado a minha mão em uma flanela que mantinha no porta-luvas do carro para que parasse de sangrar, e o caminho todo eu continuei fazendo pressão no corte, tanto para estancar o sangramento quanto para ter certeza de que ele realmente estava ali e isso não era um sonho, pois certamente parecia ser um.

O departamento estava praticamente vazio, ao contrário de hoje mais cedo quando estive aqui e haviam policiais para todos os lados. Talvez por ser o horário de almoço? Eu não sabia. Mas antes de toda essa tragédia chegar em Londville, o departamento costumava ser assim, vazio e calmo, não se via muita agitação ou rostos preocupados, os policiais estavam sempre sorridentes e com um copo de café na mão, já que não havia muito crime a se combater por aqui. Agora, no entanto, movimentação havia se tornado o novo normal e ver o lugar deserto era preocupante, havia apenas a recepcionista uniformizada padrão que atendia as pessoas na entrada, um detetive em sua mesa lendo algum arquivo, e dois policiais, um logo na entrada por onde passamos e o outro, que eu conhecia, descendo as escadas que davam para o primeiro andar.

— Carter! — Fui até ele, que sorriu de forma contida ao me ver.

Carter era bem alto. Deveria ter quase uns dois metros. Negro, com um cabelo Black Power pequeno, sobrancelhas grossas e olhos castanhos claros marcantes.

— Oi, Olivia. Como você está depois de tudo o que aconteceu?

— Estou bem... na medida do possível. — Sorri fraco e ele assentiu, entendendo.

— E o Elijah?

Carter era da mesma turma que o Elijah no colégio, eles eram bastante amigos e viviam andando juntos, mas quando se formaram há dois anos atrás, acabaram se afastando, pois o meu irmão foi para a Universidade na capital e Carter se juntou ao treinamento para se tornar policial.

— Elijah está bem também lá em Annapolis. Ele está vindo para casa amanhã para o final de semana, vocês deveriam marcar algo.

— Pode ser. Mas o que você veio fazer aqui?

— Eu vim ver o meu pai, ele está na sala dele?

— Não... você não soube? Existe a suspeita de que talvez outra garota tenha desaparecido. Seu pai saiu com alguns detetives e oficiais para investigar.

— Mas isso não faz sentido... — Patty sussurrou o que eu estava pensando, e eu lembrei que tinha esquecido de apresenta-la.

— Essa é a minha melhor amiga...

— Eu conheço a Patty. Vocês sempre andam juntas. — Ele me interrompeu, e eu me dei conta de que ele já deve ter conhecido ela pessoalmente quando nos trouxe do lago e ficou de vigia na porta da minha casa ontem. — Mas o que não faz sentido, Patty?

— Não é nada. — Eu disse rapidamente, segurando o braço dela para que ela não falasse nada, já que a única pessoa em quem eu confiava para contar tudo era o meu pai.

No entanto, eu acabei usando a minha mão machucada, o que doeu com o toque, e Carter acabou percebendo.

— O que houve com a sua mão?

— Foi um acidente, nada que precise se preocupar.

— Eu já estou preocupado. Deixe-me dar uma olhada nisso?

— Ela deixa sim. — Patty concordou antes que eu pudesse negar.

— Ótimo, eu vou buscar o kit de primeiros socorros. — Ele nos deu as costas.

— Por que você concordou?

— Olivia, o corte pode infeccionar, é melhor deixar ele cuidar disso antes que você precise ir a um hospital.

Eu suspirei, sem escolha, ir a um hospital agora estava fora de questão.

Em poucos segundos, Carter voltou com uma pequena maleta verde com o símbolo de uma cruz branca em cima, e nos levou para uma sala pequena onde havia um sofá, uma mesa de duas cadeiras, e uma televisão desligada. Nos sentamos no sofá, e ele começou a limpar a ferida, enquanto Patty preferiu se sentar na mesa, não em uma das cadeiras, na mesa.

— Sinto informar, mas vai precisar de alguns pontos.

— Você pode fazer? Não quero ir a um hospital.

Ele respirou fundo algumas vezes, relutante, mas acabou concordando e me entregando um rolo de faixa de curativo.

— Morde isso, pois vai doer. Eu não tenho anestesia.

Fiz o que ele disse e coloquei o rolo entre os dentes. Carter começou limpando a ferida com álcool, e com apenas isso, eu já quis gritar de tanta dor. Ardia como o inferno, e era uma dor continua, pois ele tinha que deixar o álcool ali por alguns segundos para depois limpar, pôr o remédio, e começar os pontos, para assim limpar a ferida e não infeccionar.

Patty desceu da mesa para vir segurar a minha outra mão, me dando forças, e eu fechei os olhos assim que ele começou a dar os pontos. Foram apenas três pontos, mas cada um deles doeu pra caralho! Durante o segundo, Carter até precisou pedir para que Patty segurasse o meu braço no lugar para conseguir trabalhar, já que eu me mexia a cada mínimo toque. Mas no final, essa foi realmente a melhor decisão. Apesar de ter saído mais sangue do que eu esperava, o ferimento era pequeno e dava para eu aguentar, não valeria a pena gastar centenas de dólares em algo que poderia ser feito facilmente com um kit de primeiros socorros.

— Obrigada por tudo, Carter. — Agradeci, o abraçando rapidamente.

— Tem certeza de que não quer esperar pelo seu pai?

— Tenho, não se preocupe.

Com essa suspeita de desaparecimento, meu pai não tinha hora para voltar e eu poderia acabar ficando o dia todo aqui esperando. Isso não ajudaria em nada.

Patty e eu saímos do departamento e entramos no seu carro. Estava claro que ela não estava gostando nenhum pouco da minha decisão, mas eu não mudaria de ideia agora. Principalmente se a vida de outra garota estivesse em perigo... o que, pensando bem, não fazia o menor sentido. A não ser que aqui em Londville fosse ser diferente. Talvez... não fossem ser apenas seis vítimas como nas outras cidades, talvez fossem mais?

— Para onde vamos agora? E não diga Annapolis, pois isso é loucura.

— Você tem uma ideia melhor?

— Tenho. Nós vamos almoçar. Estou morrendo de fome.

— Mas...

— Sem "mas". Estou faminta.

Sem ligar para a minha opinião, ela apenas colocou a chave no carro e ajustou o freio de mão. Fomos para a casa dela. Que aparentemente, estava vazia.

A casa de Patty era praticamente igual a minha, e a de todos no nosso quarteirão, dois andares, garagem para dois carros, jardim frontal largo e aberto com uma grama bem verde, e o esquema dos cômodos comuns serem sempre no térreo e os quartos no primeiro andar. Acho que a única diferença gritante era o escritório do meu pai, e a piscina da minha casa, já que ela, e muitos outros moradores não tinham. Foi um luxo que meus pais quiseram se dar para os dias de calor, principalmente no verão.

— Cadê os seus pais?

— Só Deus sabe. — Ela resmungou, jogando as chaves do carro e da casa na tigela ao lado da televisão.

Os pais da Patty, Karol e Jakob Willians, eram corretores de imóveis não apenas em Londville, como em todo Estado de Maryland. Volta e meia eles estavam viajando e longe de casa. Quando Patty era pequena, eles costumavam deixar ela na minha casa por um ou dois dias enquanto estavam longe, mas assim que ela completou quinze anos, isso parou. Claro, ela ainda ia para a minha casa quando bem entendia, mas agora era por vontade própria mesmo, já que seus pais aparentemente não se importavam mais se ela estava conosco ou sozinha em casa.

A sala de estar da casa era repleta de fotos em família. Algumas normais, e outras temáticas. Todos os anos eles faziam um ensaio de natal com um tema diferente, no do ano passado por exemplo, o tema foi o Grinch. Em todas, Karol e Jakob apareciam com o mesmo sorriso gigante e luminoso no rosto, enquanto o sorriso de Patty ia ficando cada vez mais discreto no decorrer dos anos. Em um ensaio de quando ela ainda era pequena, ela estava sorrindo abertamente enquanto estava pendurada nas costas do seu avô, já na foto mais recente, do ano passado, o sorriso mal alcançava os olhos. Ela estava sentada no meio dos seus pais no sofá, e enquanto ela estava vestida de Grinch, seus pais era o Papai e a Mamãe Noel. Era um costume bem estranho. E era um pouco triste perceber esse afastamento deles, mas eu não comentava nada, pois Patty preferia assim. Ela não gostava, ou sabia como ter essas conversas sentimentais sobre si mesma e a sua família. Preferia muito mais fofocar sobre a minha.

— O que você quer comer?

— O que tiver, ou for mais fácil. — Fomos para a cozinha, e ela abriu o armário, tirando de dentro dois potes de lámen. — Perfeito.

Ela colocou uma chaleira com água no fogão para ferver, e nós nos sentamos no balcão para esperar.

— O que foi? Você está pensativa.

— Não é nada. É só que... Jace não me contatou o dia todo. — Revelei, já esperando alguma reação negativa dela, já que a minha melhor amiga não era uma das maiores fãs de Jace. No entanto, Patty não falou nada, ou sequer demonstrou alguma expressão, apenas esperou que eu continuasse. — Estou preocupada, e confusa. Pensei que ele me ligaria assim que soubesse o que aconteceu.

— Talvez ele tenha estado ocupado.

— Eu mandei mensagem. Ele visualizou e não respondeu.

— Aí já foi longe demais! — Ela abandonou a imparcialidade. — Ele vai ouvir poucas e boas quando eu o ver no colégio. Deixar você no vácuo é pior do que roubar um banco!

Mesmo percebendo o tom sarcástico na sua voz, eu não consegui conter o sorriso. Ela tinha razão. Eu tinha mais com o que me preocupar.

— Meu pai falou que quer ter uma conversa comigo sobre ele, mas com tudo acontecendo, acabamos que não tivemos tempo.

— Não é de se admirar. Que xerife iria querer sua filha envolvida com um ex-delinquente?

— Nenhum.

— Que bom que já sabe.

Ela se levantou para apagar o fogão e pegar a chaleira que já estava apitando, e voltou até o balcão, colocando água dentro dos potes de lámen. Fechei a tampinha deles enquanto Patty devolvia a chaleira para o fogão, e coloquei pequenos pratos de vidro em cima dos potes, para que o vapor não saísse e o macarrão cozinhasse mais rápido.

— Acha que ele vai ficar muito bravo?

— Provavelmente. Você deve ficar de castigo por um bom tempo. E dadas as circunstâncias, a sua festa de aniversário vai ser cancelada também.

Eu completaria dezoito anos em alguns dias, e minha mãe tinha feito uma reserva com antecedência no salão de festas da cidade para a comemoração. Mas é isso foi antes do Enigma atacar na cidade, desde então, nunca mais falamos sobre o assunto ou sobre os preparativos. Mas dado o número de velórios se acumulando na cidade, a probabilidade era de que não fosse acontecer mesmo, talvez apenas um bolinho em família.

— Talvez.

Concordei. Eu não fazia muito questão da festa, mas tinha certeza absoluta de que se ela fosse cancelada, eu iria ouvir horrores da Taylor por anos.

Almoçamos, assistimos alguns episódios de The Vampire Diaries, e no final da tarde, voltamos para a cozinha para preparar alguns cupcakes. Eu sabia que ela estava me distraindo para que eu não voltasse a pensar na ideia de ir até a capital. E estava funcionando, já que os cupcakes da Patty eram simplesmente deliciosos. Principalmente os de chocolate.

— O que quer fazer agora? Vamos no centro?

— Fazer o que?

— Andar. Sei lá. Cansei de assistir TV, e é até bom para a gente, pois fazemos a digestão desses cupcakes.

— Tá bem, vamos.

Pensei que iriamos estacionar o carro em algum lugar e literalmente andar pela cidade, mas Patty estava apenas dirigindo pelas ruas sem rumo. Já estava anoitecendo e alguns estabelecimentos estavam começando a fechar, então não tínhamos muitas opções de onde ir.

— Vamos no Winter's Café? — Ela sugeriu.

— Pode ser. Mas eu não estou com fome.

Deixamos o carro do outro lado da rua e atravessamos para entrarmos na cafeteria. A fachada era toda feita de grandes janelas de vidro e uma porta de madeira branca da metade para baixo, e de vidro na parte de cima, já em cima da porta, havia uma placa de madeira também branca com o nome do local em letras marrons. E creio eu que essa fachada aberta ajudava bastante os negócios, pois era impossível não passar em frente ao Café e não desejar um dos muffins de mirtilo que eles tinham dispostos na vitrine de sobremesas em cima do balcão.

Passamos pela porta e inspiramos o ar aromatizado de café e chocolate que o lado de dentro tinha. O ambiente era bem rústico, todos os moveis eram em tons de marrom, enquanto a decoração variava entre branco, vermelho vinho, e luzinhas amareladas em um cordão cobrindo todo o teto do lugar. Era bem aconchegante ali, boa parte dos alunos passavam aqui no final das aulas para tomar uma boa bebida ou comer um bom doce.

Como o céu já estava ficando escuro, todas as mesas estavam vazias, exceto por uma, onde estavam sentados Noah, Taylor e o resto da sua turminha. Amanda era uma garota ruiva, alta, e com um corpo atlético invejável. Ela fazia parte do time feminino de corridas do colégio, mas tentava a todo custo formar um grupo de líderes de torcida oficial para o time de beisebol... o que todos os anos o diretor negava, já que não haviam líderes de torcida no beisebol. E então, tinha Joshua e Milo, companheiros de Noah no time de beisebol. Enquanto Joshua era loiro e o namorado de Amanda, Milo era negro, solteiro e gay. Ele também fazia parte do clube de teatro junto com a Taylor. Os cinco formavam o grupinho mais popular do colégio.

— Olivia, hey! — Noah acenou para mim assim que Patty e eu alcançamos o balcão.

Acenei de volta, sorrindo levemente, e iria deixar essa interação por isso mesmo, quando ele foi mais longe e fez um sinal com a mão para que eu me aproximasse.

— Vai lá. Você não quer nada mesmo. — Patty falou e se virou para fazer o pedido com o atendente.

Com o nervosismo tomando conta do meu corpo, eu caminhei até a mesa onde eles estavam e sorri, acenando abertamente para todos e sussurrando o mais contidos dos "olá".

— Você e a sua amiga podem se juntar a nossa mesa se quiserem. — Ele ofereceu.

— Elas parecem ocupadas. — Taylor pronunciou antes que eu tivesse a chance de falar. — Fica para a próxima.

Apesar de estar exibindo um sorriso nos lábios pintados de rosa, os olhos da minha querida irmã me diziam tudo. Ela não me queria ali. Ela nunca me queria ali. Eu não era legal o suficiente para andar com o seu grupinho de amigos.

— Taylor tem razão. — Forcei um sorriso, tentando não me sentir constrangida.

— Ah, qual é? Ficar um minutinho aqui não vai atrapalhar. — Ele insistiu.

Olhei para o resto do grupo, e exceto por Noah e Taylor, todos estavam se entre olhando claramente desconfortáveis com o que estava acontecendo e com a minha presença. Se eu me sentasse, eles provavelmente fingiriam me adorar e sorririam na minha cara apenas para falar mal de mim depois. Eu os conhecia, mesmo não os conhecendo. Noah tinha boas intenções, e era um completo fofo por estar tentando, mas eu não me sentiria bem ali de qualquer jeito, então...

— Não dá. Só viemos pedir algo para a viagem, não vamos ficar.

— Que pena. — Ele lamentou.

Me afastei daquela mesa e voltei para o balcão onde Patty esperava pelo seu pedido enquanto mexia em seu celular, que ela guardou no bolso da calça jeans assim que eu me aproximei.

— Socializou com as cobras?

Revirei os olhos, tentando não rir.

— Você é tão idiota. — Ela riu por mim, jogando o seu cabelo curto por cima do ombro ao se virar para ficar de costas para a mesa de Noah, e assim que o seu macchiato ficou pronto, nós demos o fora dali e voltamos para dentro do carro. — Então, para onde vamos agora?

— Podemos apenas ficar aqui no carro um pouco? Pelo menos até eu terminar essa delicia.

— Tudo bem.

Alcancei o meu celular no bolso traseiro do meu jeans, e chequei se haviam novas mensagens. Nenhuma. Suspirei alto, frustrada. E dois segundos depois, Patty suspirou também.

— Não quer ligar logo para ele? — Sugeriu. — É melhor do que ficar nessa.

— Não. Deixa pra lá. — Guardei o celular de volta no bolso e olhei para a frente. Um carro preto havia estacionado duas vagas a frente de nós. — Isso é uma SUV?

Acenei com a cabeça para a frente e Patty olhou na direção.

— Sim. Por que?

— Parece o carro que estava me seguindo aquela noite que eu fui na sua casa.

— Tem certeza? A placa é parecida? — Ela cerrou os olhos ao olhar para o carro.

— Por causa dos faróis e o medo de morrer, eu não consegui enxergar a placa aquela noite, lembra? Então, eu não...

Parei de falar ao ver a porta do motorista do carro ser aberta e Harry descer por ela. Sem qualquer reação, eu apenas olhei para a Patty, e vi que ela estava tão surpresa quanto eu.

Que coincidência do caralho?! — Ela sussurrou, como se Harry pudesse nos ouvir ali de dentro.

Ele estava usando uma calça jeans e uma camisa social preta com as mangas dobradas até o cotovelo. Observei em silêncio ele atravessar a rua e caminhar até a cafeteria, mas antes de sequer entrar no estabelecimento, o mesmo cara que atendeu a Patty saiu e entregou uma sacola de papel a ele. Havia "Winter's Café" na sacola, então deveria ser um pedido. A cafeteria tinha um aplicativo e as pessoas poderiam retirar seus pedidos aqui se quisessem, eles só não faziam entregas. Harry abaixou um pouco a cabeça, falando o que só poderia ser um "obrigado", e caminhou de volta até seu carro.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, Patty colocou a chave no carro e puxou o cinto de segurança.

— O que está fazendo?

— O que você tanto quer. Vamos seguir ele.

— Mas você não achava essa ideia absurda?

— Era um absurdo ir até a capital apenas para segui-lo, mas ele já está aqui, então... ainda é um absurdo, mas pelo menos se formos pegas, vamos ter a desculpa de estar na nossa cidade natal ao invés de perdidas em Annapolis.

— Tudo bem por mim. — Dei de ombros e puxei o meu cinto de segurança também.

Patty deu partida do carro assim que Harry o fez, e nós começamos a seguir o carro dele pela cidade.

— Eu só quero deixar claro que, uma SUV preta é um carro bem comum... eu acho. Não entendo muito disso.

— Eu sei. O carro ser parecido não prova nada.

— Entre várias outras coisas, você já considerou a hipótese de não ser ele? — Ela perguntou de repente. — E se ele estiver apenas indo visitar a família? Ou amigos? Ou passeando, sei lá.

— É claro que eu considerei. Mas ele estava na cena do crime na casa do Noah com as mãos sujas de sangue, e apareceu na biblioteca quando eu encontrei... — Parei de falar ao notar que ele estava pegando a estrada que dava para a Floresta Ouklen. — Tá vendo? Ele tem família no meio da floresta agora?

— Talvez? Vai saber?! A gente não sabe de nada sobre ele. Aqueles registros que eu queimei, por exemplo, vai que o Jace inventou tudo?

— Se eram falsos então por que ele te pediu para se livrar deles? — Rebati.

— É, isso foi bem estranho mesmo... — Ela fez uma careta. — Mas ainda assim, eu não tenho certeza de nada!

Realmente, não tinha como eu ter cem por cento de certeza, então, apenas fiquei calada, observando atentamente o caminho. Estavamos dirigindo há quinze minutos na única estrada que cortava a floresta Ouklen, e aquela área era bem deserta e densa, estávamos cercadas dos dois lados da estrada por árvores e mais árvores, e isso se estendia por vários quilômetros.

— Você sabe o que tem por essa área?

— Se tivéssemos pegado a direita e ido para a interestadual há uns cinco minutos atrás, estaríamos indo para a capital. Mas continuando por aqui, pelo o que eu saiba, assim que chegamos do outro lado da floresta tem o Ouklen High, onde o seu querido Jace estudou, e alguns comércios pequenos, principalmente lojas de barcos e pescaria. Se continuarmos dirigindo mais chegamos na cidade vizinha, lá tem a prisão de onde o namorado da sua querida irmã escapou. Aliás, já conversou com ela?

— Ainda não... e nem sei se vou. — Revelei. — Talvez seja mais fácil apenas falar tudo para o meu pai mesmo.

— A Taylor vai se ferrar tanto. — Ela riu. Mas então a sua risada se tornou uma careta. — E você também, amiga.

— Nem me lembre.

Suspirei, não queria nem pensar na reação do meu pai quando eu contasse tudo. Ele já havia ficado bem nervoso e irritado comigo sem saber de toda a verdade, quando eu contasse tudo ele ficaria puto.

Assim que passamos pela floresta, chegamos ao Ouklen. Um bairro de Londville que ninguém realmente frequentava. Era um bairro mais simples e comercial, e como Patty falou, um comercial mais voltado para pescaria e caça, então, não era comum as ruas estarem muito movimentadas ou jovens andarem por aqui. Os rostos que se viam pela rua eram mais de homens mais velhos, e como Ouklen ficava bem no limite de Londville e depois dela já era outra cidade chamada de Westville, os moradores de lá também eram vistos por aqui.

Observamos de longe quando Harry parou o carro no estacionamento aberto de um motel de beira de estrada. O que por si só já era bastante estranho, pois como alguém com um carro bom como o dele estava morando em um lugar como esse? Era de se estranhar. Esperamos ele entrar em um dos quartos, e estacionamos o carro três vagas depois da dele.

— O que fazemos agora? Esperamos aqui até ele sair? — Patty perguntou, fechando as janelas.

— Talvez. Ou... podemos entrar?

— Olivia! — Patty me encarou seriamente. — Você quer morrer?

— Amiga... — Ela me cortou.

— Pelo amor de Deus, já estamos no cu de Londville, você está completamente louca se acha que eu vou deixar você entrar lá!

— Amiga, eu estava brincando. — Ela piscou duas vezes, processando minhas palavras, e então, fechou a cara enquanto eu ria. — Não sou tão louca assim... obviamente vamos esperar ele ir embora e aí sim entrar lá.

Patty nem tentou discutir comigo essa última parte. Apenas balançou a cabeça como se eu fosse louca e suspirou. Cinco minutos depois, Harry saiu do quarto e voltou para o seu carro. Patty e eu nos abaixamos dentro do carro para não correr o risco de ele nos ver, e assim que ele saiu do estacionamento e foi embora do motel, nós nos endireitamos.

— Você vem ou vai ficar de vigia?

— De vigia?

— Caso ele volte.

— Até parece que eu vou ficar aqui fora sozinha. — Ela desatou o cinto de segurança e pegou as chaves da sua casa que estava no porta moedas do carro, me mostrando o pequeno frasco de spray de pimenta que estava preso a elas. — E não se engane, eu ainda acho essa ideia absurdamente estúpida!

— Acredite... eu sei.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro