Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 03

Boliche

"É com um pesar no coração que venho aqui dizer que mais uma garota foi morta ontem à noite. Lana Deli, de dezessete anos, foi encontrada em meio as árvores na rua 03. Testemunhas disseram que ela estava em uma festa na casa da família Kim, mas ninguém notou quando a garota desapareceu, apenas quando o corpo foi encontrado tempos depois por um grupo de adolescentes bêbados, que logo chamaram a polícia. As suspeitas iniciais já foram confirmadas, Lana, assim como Mary Smith, foi uma vítima do Enigma. Quando esse terror em Londville irá acabar?".

Desliguei a TV, sentindo como se fosse vomitar a qualquer momento. A garota, Lana, tinha sido mesmo uma vítima desse assassino em série desgraçado. E pensar que eu talvez o tenha visto, me deixava enjoada. E se tivesse sido eu no lugar dela? Eu poderia estar morta! Só Deus sabe o quão difícil foi dormir com isso na minha cabeça, cheguei até a ter um pesadelo com a imagem do corpo de Lana morto bem diante de mim. Era angustiante. Mas ao mesmo tempo em que eu tinha medo, eu tinha dúvidas...

Minha mente estava cheia de perguntas.

A primeira delas: aquela sombra que eu tinha visto tinha sido mesmo do Enigma? Ou apenas a minha imaginação? Afinal de contas, apenas eu a tinha visto, Patty não viu absolutamente nada! Sem falar que segundos depois não havia mais ninguém debaixo do poste, e uma pessoa não sumiria do nada sem deixar rastros.

A segunda: Harry havia dito que chamou a polícia, até ligou para alguém na minha frente, mas segundo a reportagem na televisão, alguns bêbados que encontraram o corpo é que ligaram... e se ele não tinha ligado para a polícia, para quem havia ligado?

Me levantei do sofá, indo para a cozinha. Eu precisada de um pouco de água. Abri a geladeira e peguei uma garrafa, como estava com preguiça de ter que pegar um copo no armário, apenas bebi direto da boca da garrafa. Eu estava sozinha em casa mesmo, meus pais e minha irmã tinham ido ao shopping, ou seja, ninguém para reclamar do meu ato.

Coloquei a garrafa de volta na geladeira e fechei a porta, dando de cara com uma figura de cabelo castanho claro, olhos azuis, uma barba por fazer, e um sorriso maligno no rosto. Pulei para trás com o susto, levando a mão até o meu coração acelerado.

— Porra, Elijah!

— Te assustei, irmãzinha? — Meu irmão mais velho, e idiota, perguntou, enquanto ria da minha cara.

— Não, imagina! — Dei um tapa em seu braço.

— Ai! Calma, foi apenas uma brincadeira. — Ele reclamou, ainda com seu sorriso idiota no rosto.

— Com um assassino solto na cidade não se faz esse tipo de brincadeira, imbecil! Ainda mais comigo sozinha em casa!

— É.... você tem razão. Me desculpa?

Ele me puxou para um abraço, beijando o topo da minha cabeça. Tinha como resistir a tanta fofura?

— Tudo bem... só dessa vez, viu? — Me afastei dele, fazendo charme.

— Então, cadê os velhos?

Ele seguiu para a geladeira e pegou a mesma garrafa que eu havia pegado, dando alguns goles direto da boca também. Eu ri. Se a nossa mãe estivesse em casa, ela já estaria gritando horrores com a gente por fazer isso. Coisa que só fazíamos quando ela não estava, claro, pois com ela por perto éramos completos anjinhos... ou pelo menos tentávamos ser.

Apesar de Taylor e eu sermos gêmeas, eu nunca tive essa cumplicidade com ela como eu tinha com o Eli, que nem meu irmão de sangue era. Desde pequenos nos tornamos inseparáveis. Ele era dois anos mais velho que eu, filho de David com a sua primeira esposa, Laura, que acabou tendo um surto psicótico e sendo internada em uma clínica psiquiátrica não muito depois do parto.

Assim como era comigo e o meu pai biológico, Elijah não tinha qualquer lembrança da mãe, que se suicidou dentro da clínica quando ele tinha apenas um ano. E como nossos pais se casaram quando ele tinha cinco, ele se acostumou a tratar a Susan como sua mãe mesmo. Fomos criados juntos e ele sempre foi um grande irmão para mim.

Claro que eu amava a Taylor. Mas amizade mesmo, daquele tipo de irmãos inseparáveis, eu tinha mais com o irritante do Elijah. Ele ter entrado na minha vida junto com David foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.

— Foram no centro com a Taylor. Bom, eles foram fazer a feira do mês, enquanto ela apenas pegou uma carona para encontrar o grupinho dela no cinema.

— E você, o que está fazendo aqui sozinha?

— Nada. Mas vou sair em breve. Alguns alunos estão organizando um pequeno memorial no colégio para Lana e as outras garotas e eu pretendo passar lá. Mas e você? Como está lá na Universidade?

Elijah tinha se formado do colégio há dois anos, e sido aceito com bolsa de estudo em uma universidade na capital, que ficava há quarenta minutos de carro de Londville. Ele agora estava morando no campus da Universidade e voltava para casa apenas nos finais de semana para nos visitar. Por isso o meu susto com sua presença, eu tinha me esquecido totalmente de que hoje era sábado e ele viria.

— Estou bem. Tudo normal como sempre. Que horas é esse memorial? — Olhei para o relógio da parede da cozinha.

— Em meia hora mais ou menos. Por que?

— Eu e uns amigos estamos planejando de ir em um boliche mais tarde, não quer ir comigo?

— Acho melhor não. — Neguei, receosa.

Apesar de querer passar um tempo com ele, já que agora ele passava a maior parte do seu tempo longe, eu estava tensa demais para sair. Quatro a cada cinco pensamentos meus eram sobre ontem a noite e aquela morte.

— Vamos, vai ser divertido! — Insistiu. — Você claramente precisa espairecer. — Ele estava certo sobre isso. Minha mente estava uma bagunça. — Qualquer coisa, eu te protejo. — Garantiu.

— Eli, você seria o primeiro a morrer, tem medo até de baratas!

Fui realista, e ele espremeu os olhos, se sentindo insultado.

— Apenas das voadoras! — Eu balancei a cabeça, contendo um sorriso. — Está na cara que você quer ir, então diz logo que sim!

— Tá, tudo bem. — Me dei por vencida.

Seria bom eu me distrair um pouco para tentar esquecer toda a confusão em que eu secretamente havia me envolvido.

— Ótimo, lá para as sete horas eu estou saindo.

— Posso chamar a Patty? — Perguntei esperançosa.

Sim, eu e Elijah éramos inseparáveis, mas e se eu chegasse lá e os amigos dele fossem um porre e eu ficasse meio de fora da conversa? Eu precisava da minha melhor amiga lá para essas situações constrangedoras.

— Patty?

Ele franziu a testa e eu revirei os olhos. Não era nem a primeira ou a segunda vez que ele esquecia quem Patty era. Parte de mim começava a se questionar se ele realmente esquecia ou apenas fingia esquecer por implicância. Ele nunca foi muito fã dela.

— Patrícia, minha melhor amiga?

— Ah, sim, claro, sem problemas. Com tanto que ela não arme um barraco lá, por mim tudo bem.

Dei uma leve risada ao lembrar da cena de alguns anos atrás. A nossa família foi a um parque de diversões em uma cidade vizinha, e eu chamei a Patty para ir com a gente. Chegando lá, quando fomos andar na montanha russa, todos passaram, menos ela, que era bem baixinha demais e não passou da altura mínima permitida do brinquedo. Ela não aceitou isso muito bem e iniciou uma cena daquelas que todos param para olhar, com direito a palavras de baixo calão e tudo!

O gerente foi chamado, pois ela estava fazendo muita baderna no parque e acabou proibindo a nossa família inteira de andar no brinquedo. Ficamos tão envergonhados que fomos até embora mais cedo, pois todos no parque ficavam nos olhando de lado. Lembro que Elijah ficou puto, pois estava falando sobre andar naquela montanha russa há dias.

— Você não esquece isso, não é? Éramos crianças!

— Eu estou falando sério, se eu for expulso do boliche nunca mais falo com você! — Ameaçou de forma séria, mas seus olhos estavam sorrindo.

— Eu vou falar com ela. — Garanti, respirando fundo e enxugando uma lágrima solitária que havia caído de tanto rir.

Subi as escadas e fui para o meu quarto. Liguei o notebook e fiz uma chamada de vídeo para ela, já que o meu celular tinha ficado com Deus graças ao banho de piscina ontem. Estava na torcida para que a minha mãe tivesse pena de mim e comprasse outro no centro. Ela reclamou bastante quando eu contei que havia deixado ele cair na "pia do banheiro" e ele tinha parado de funcionar, já que esse era o segundo celular que eu quebrava em cinco meses. Estava para nascer pessoa mais desastrada e azarada que eu. Eu tinha a mão furada! Isso, ou os meus celulares amavam beijar o chão... ou nesse caso, a água.

— E você só me avisa agora? As três e meia da tarde? — Patty reagiu exageradamente. — Não vai dar tempo!

— Patty, você tem quatro horas para se arrumar, é tempo demais. Sem falar que vamos ao boliche, e não a premiação do Oscar.

— Tudo bem, eu vou tentar..., mas não prometo nada! — Ela suspirou. — Você vai como? — Perguntou, depois de alguns segundos.

— Calça jeans e uma blusa de frio, a previsão do tempo de hoje à noite é de ser uma noite fria.

— Desde quando você assiste o jornal? — Ela levantou as sobrancelhas.

— Desde que eu me envolvi em um dos casos do Enigma e tive que assistir para ver se meu nome estaria de alguma forma ligado a uma morte. — Bem... isso era o que eu deveria ter dito. Ao invés disso... — Sei lá. — Dei de ombros, não conseguindo pensar em nenhuma desculpa. — Você não quer ir mesmo no memorial?

Ela negou com a cabeça.

— Eu não me sinto bem com essas coisas de mortes e memoriais, sabe?

Eu apenas assenti. Patty realmente tinha uma trava quando se tratava desses assuntos. Começou com a morte do seu gatinho, Fluffy, quando ela tinha cinco anos, e durante os anos foi se tornando tão grave, que ela nem mesmo conseguiu ir ao enterro do próprio avô, pois teve uma crise de ansiedade na porta do cemitério. Ela era o tipo de pessoa que tentava ao máximo se dissociar da perda, ao invés de encarar o luto. Mas eu não a julgava por isso, cada um tinha o seu próprio processo, o dela só era um pouquinho diferente.

— Eu te conto como foi depois.

— Tudo bem... eu vou ver aqui o que vestir aqui e te encontro aí as sete.

— Até mais.

Ela desligou.

Patty morava a apenas uma quadra da minha casa, então eu sabia que ela não poderia se atrasar...muito. Separei o que ia vestir, calça jeans, blusa de manga longa lilás e uma sapatinha preta. Peguei a toalha e fui para o banheiro. Eu tinha essa mania de contar quanto tempo eu levava no banho pelo número de músicas que eu ouvia, mas sem o meu celular aqui, eu teria que me virar com a minha "linda" voz.

***

O memorial foi algo bem simples, já que era organizado pelos próprios alunos, e não pelas famílias das vítimas ou pelo colégio. Começou no pátio de entrada, onde as melhores amigas de cada uma das vítimas fizeram um pequeno discurso falando sobre como eram elas ainda em vida, e depois, todos puderam entrar no colégio para deixar flores, ursos de pelúcia, cartões, ou o que quisessem em frente ao armário de cada uma delas.

Deixei um pequeno ramo de flores em frente ao armário da Mary, já que das três garotas que haviam partido, ela era a única que eu conhecia, mesmo que apenas de vista, e então, fui até o armário da Bianca, e depois o da Lana, para pagar os meus respeitos, sussurrando um triste "descanse em paz" como despedida.

— Oi, Olivia. — Olhei para o lado, vendo Julia se juntar a mim em frente ao armário da Lana.

Tínhamos aula de biologia juntas, mas não éramos de nos falar muito. Julia era alta, negra, possuía o cabelo cacheado curto na altura da orelha pintado em um tom avermelhado, e os olhos castanhos claros agora vermelhos de tanto chorar, protegidos diariamente por óculos de grau daqueles quadrados. Ela e Lana eram melhores amigas. Do tipo inseparáveis, como eu e Patty.

— Você está bem? — Fechei os olhos, me arrependendo imediatamente da pergunta. É claro que ela não estava. — Desculpa, foi uma pergunta besta.

— Não se preocupe. — Ela limpou o nariz com um lenço. — Obrigada por ter vindo, eu sei que vocês não eram próximas.

— Não precisa agradecer, é o mínimo. Ela era uma colega.

Julia assentiu, e se abaixou para ajeitar um buquê de rosas que havia se desfeito e estava espalhado no chão em frente ao armário. Me abaixei também e a ajudei a montar o buquê de volta, colocando-o novamente aonde estava. Iria me levantar, mas Julia continuou abaixada, então, fiz o mesmo. Com cuidado, ela pegou uma das várias fotos de Lana que haviam espalhadas por ali e olhou para mim.

— Vocês se parecem.

Olhei para a foto. Ao contrário da Mary e da Bianca, onde as semelhanças paravam na cor dos olhos, cabelo e na idade, Lana e eu tínhamos o mesmo rosto arredondado, com as maçãs do rosto bem destacadas, e os mesmos lábios em formato de coração. O que nos diferencia completamente era o nariz, já que o dela era mais redondinho, enquanto o meu era reto e arrebitado, as sobrancelhas, onde as dela eram retas e as minhas um pouco arqueadas, e o tipo de corpo, já que Lana era alta e bem magra, estilo modelo, enquanto eu tinha uma altura mediana e era mais encorpada.

— Um pouco. — Concordei, olhando tristemente para a foto. Era na Disneylândia, Lana tinha uma daquelas tiaras do Mickey Mouse e parecia realmente feliz ali, o que deixava tudo ainda mais triste.

Julia colocou a foto de volta na pilha de homenagens e se levantou, limpando as lágrimas em seu rosto.

— Obrigada novamente por ter vindo, Olivia. — Ela se despediu com um abraço.

Não senti a necessidade de responder dessa vez e apenas assenti, observando-a se afastar e seguir em silêncio pelo corredor. Então, acenei levemente com a cabeça para alguns conhecidos e fiz o meu caminho para fora do colégio.

***

Por incrível que pareça, Patty tinha conseguido a proeza de se atrasar dez minutos, fazendo com que Elijah e eu esperássemos por ela em frente a nossa casa até a belezinha aparecer na esquina da rua, vestindo um vestido azul curto e salto alto.

— Uau... ela cresceu. — Elijah disse meio abobado.

Revirei os olhos. Homens.

— Não temos mais quatorze anos, meu querido irmão.

— Percebi. — Ele limpou a garganta. — Mas você avisou a ela que iriamos ao boliche e não a premiação do Oscar? — Ele comentou ao meu lado, e eu sorri, pensando em como eu tinha dito a mesma coisa a ela mais cedo.

— Avisei, e acho que ela levou em consideração, visto que vestidos curtos não são muito comuns no Oscar. — Elijah fez a maior cara de tédio. — Oi, Patty!

— Oi. — Ela se aproximou, me abraçando.

Ela foi abraçar Elijah também, mas na mesma hora ele esticou a mão para cumprimenta-la, o que é claro, se tornou uma situação. Ao mesmo tempo em que eu queria rir das expressões de constrangimentos nos rostos dos dois, eu também queria correr para o mais longe dali.

— Okay.... vamos? — Sutilmente — eu acho — mudei de assunto.

— Claro. — Elijah concordou, e então, entramos no seu carro. Ele dirigindo, eu no banco de carona e Patty no banco de trás.

— Então, Elijah... como está a vida na Universidade? — Patty tentou puxar assunto.

Pelo espelho do carro eu conseguia ver o sorriso nervoso que ela exibia no rosto, e poderia apostar dez dólares que ela estava batucando os dedos dos pés, como fazia sempre que ficava nervosa, mas eu não conseguia enxerga-los para ter certeza.

— Está normal. Nada muito interessante.

Elijah deu de ombros, sem dar muita atenção a Patty, que praticamente murchou no banco de trás, não levantando mais nenhum assunto.

Chegamos no boliche poucos minutos depois. A cidade era pequena, logo, não havia nenhum trânsito ou engarrafamento. O tráfico era calmo e as ruas quase que desertas, exceto por um ou outro carro. O centro da cidade era mais movimentado que a parte residencial, no entanto, assim que se chegava no centro, era muito mais prático estacionar o carro em algum lugar e ir visitar as lojas, e o comercio em geral, andando mesmo.

O boliche era bem iluminado, decorado com cores e luzes neon por todos os lados, e tocava alguma música da Madonna ao fundo. Além, é claro, do cheiro maravilhoso de pizza que o lugar tinha, o que era uma das minhas coisas preferidas, sempre que eu vinha aqui quando pequena, esse cheiro era característico, e era bom saber que as coisas estavam do mesmo jeito.

— Elijah! — Um cara chamou, e nós fomos de encontro a ele. Na mesa estavam sentados dois garotos, acho que da mesma idade de Eli, 20 anos. — Você demorou.... e quem são essas gatas? — Ele perguntou charmoso, o que fez com que eu e Patty sorríssemos, mas o Eli não.

— Olha o respeito Luke, essa é a minha irmã, Olivia e a melhor amiga dela, Patty.

O tal do Luke era moreno, tinha a pele bronzeada, o cabelo escuro cacheado e olhos castanhos claro cor de mel. Muito provavelmente vinha de alguma família ou descendência latina.

— Certo, entendi, general! — Ele bateu uma rápida e debochada continência para o meu irmão. — Eu manterei distância da Olivia e da Patty... posso ao menos me apresentar? — Luke deu um sorriso sacana que fez Elijah revirar os olhos e sair de perto, indo cumprimentar o outro cara na mesa.

— Prazer, Luke Hernandez.

Ele segurou a minha mão e deu um beijo, olhando intensamente em meus olhos, em seguida, fez o mesmo com Patty, que logo depois me deu uma olhada como se dissesse "Meu Deus, que homem é esse?", o que em parte, era o que eu também estava pensando...

— Meninas, esse é o Landon Perot. — Elijah apresentou seu outro amigo.

Landon era branco, até mesmo um pouco pálido. Tinha os olhos castanho escuro, e o cabelo da mesma cor, cortado curto rente a raiz. Ele olhou para mim e Patty com um sorriso educado no rosto, mas esse mesmo sorriso se tornou travesso assim que ele olhou para o meu irmão.

— Se eu soubesse que você tinha uma irmã tão bonita, teria ido na sua casa Elijah. — Landon provocou. E Elijah, que já estava com cara de poucos amigos, se fechou mais ainda.

— Imagina então quando você descobrir que ela tem uma irmã gêmea! — Patty entrou na brincadeira.

Landon e Luke me olharam surpresos.

— Não? É bom demais para ser verdade! — Falou Luke.

Abaixei a cabeça, sentindo o meu rosto corar. Eu sabia que eles estavam fazendo isso apenas para provocar o meu irmão, mas ainda assim, suas palavras me deixavam um pouco envergonhada. Eu não estava nada acostumada a ficar na presença de garotos, muito menos garotos tão bonitos. Me dava um certo frio na barriga.

— Podemos começar logo o jogo? — Elijah perguntou, irritado.

— Calma, temos que esperar o.... não, não precisamos esperar mais, já vem ele ali. — Landon apontou na direção da entrada do boliche.

Me virei para ver quem era, e para a minha surpresa e choque, era ninguém mais que Harry. Minha respiração falhou por alguns segundos e eu paralisei onde estava. Harry era amigo do meu irmão? Oh, merda... Será que ele tinha contado algo? Não... ele não faria isso... faria?

— Desculpem o atraso. — Ele falou, se sentando no único lugar vago na mesa, que era ao meu lado.

Eu já havia desaprendido a respirar a esse ponto.

Um por vez, ele olhou para todos na mesa, e quando seus olhos cruzaram com os meus, eu vi que ele estava tão em choque quanto eu. Ele definitivamente não estava esperando me encontrar ali ou tão cedo, nem eu a ele.

— Sem problemas. Essa é a minha irmã, Olivia, e a melhor amiga dela, Patty.

— Harry. — Ele se apresentou com um sorriso fraco no rosto.

Respirei aliviada por ele não ter comentado que me conhecia, e por Patty não ter lhe reconhecido da festa. Eu não precisava do meu irmão e minha melhor amiga me fazendo perguntas que eu não sabia, ou queria, responder.

— Podemos começar agora? — Patty perguntou animada.

As duplas ficaram, Landon e Luke, apesar de Luke ter insistido bastante de me ter como sua dupla, meu irmão não deixou e eu fiquei com Patty. E por último Elijah e Harry, que estavam ganhando o jogo com mais pontos. Eu sabia que Elijah era bom no boliche, mas Harry conseguia ser muito melhor, em todas as suas jogadas ele conseguia fazer strikes, derrubando todos os pinos. Ele tinha uma mira e tanto, e a dinâmica com o meu irmão estava funcionando, eles pareciam melhores amigos.

Foi a vez de Patty jogar e pela primeira vez dentre as suas três jogadas anteriores, ela conseguiu um strike. Ela começou a gritar e pular, comemorando os tão desejados pontos, e pelo canto do olho eu vi Elijah afundar na sua cadeira, se escondendo. Rapidamente o cutuquei com o dedo para que deixasse de ser tão dramático. Ela só chamou a atenção de algumas pessoas nas pistas de boliche ao lado, nada anormal considerando que ela era a Patty. Não era uma cena.

Luke se levantou, já que era ele quem jogaria depois da Patty, mas a doida entendeu que ele também estava comemorando e pulou em seus braços. Luke, por sua vez, não recuou e passou os braços pela cintura dela, suspendendo-a e girando-a no ar.

— Ok, quando eles passaram de total estranhos para... para isso? — Elijah gesticulou com a mão algo que eu não entendi e apontou para Patty e Luke.

— Com ciúmes, irmãozinho?

Ele revirou os olhos, rindo debochadamente.

— Até parece.

Desviei meus olhos deles e olhei pelo lugar. Harry estava parado no balcão da pizzaria, esperando para pegar a pizza que havíamos pedido um tempão atrás, e trazer para a mesa.

Ele usava uma calça jeans preta, uma camiseta branca, e por cima, uma camisa xadrez vermelho e preta que ele estava usando como um casaco, já que os botões estavam todos abertos. No pescoço, tinha a mesma corrente da festa e nos pés um sapato casual. Eu não deveria ficar impressionada, mas ele era realmente bonito. Tudo parecia funcionar ao seu favor, as roupas, o cabelo escuro em contraste com a pele clara, a mandíbula marcada, os olhos verdes penetrantes, e até mesmo a postura impaciente dele ali parado em pé... Harry se virou de repente ao ouvir o som de pinos caindo, e eu desviei o olhar na mesma hora, percebendo que eu estava encarando demais.

Patty e Luke já estavam sentados, e Elijah havia feito um strike.

— Então, ele é o carinha da festa do Noah? — Patty perguntou, pulando dois assentos para se sentar ao meu lado.

— Eu pensei que você não tivesse o reconhecido.

— Na hora não, mas eu sabia que eu o conhecia de algum lugar e forcei minha memória para tentar lembrar, já que eu estava um pouco bêbada ontem. — Ela sorriu culpada. — O que ele estava fazendo em uma festa de colegial, ele não está na universidade?

— Eu não sei. Na verdade, eu não sei nem se ele está mesmo na universidade, Elijah não disse nada sobre isso, apenas que sairia com uns amigos.

Mas só de saber que meu irmão conhecia Harry, eu já ficava um pouco mais tranquila. Elijah era certinho demais para sair com gente perigosa. Ele era e sempre seria o filho de ouro. E eu não dizia isso com deboche. Desde notas, até a educação, ele era admirável.

— Pergunta a ele, oras... e já vem a sua chance. — Ela olhou para o lado, e eu fiz o mesmo, vendo Elijah se aproximar e se sentar na nossa frente. Eu, entretanto, não falei nada, e nem iria falar. Acho que ela percebeu isso. — Então, Elijah... — Ela limpou a garganta de forma exagerada antes de continuar. — Você e o Harry se conhecem da universidade? — Perguntou, e eu quis morrer.

— Você adoraria saber, não?

Patty fez uma careta, sem entender o motivo do tom sarcástico na voz do Eli.

— Sim, por isso perguntei. Isso não ficou claro?

— Bem, não é da sua conta.

Elijah sorriu forçadamente e cruzou os braços, e dessa vez foi impossível para a Patty não perceber o péssimo humor do meu irmão.

— Nossa, está emburrado por que? Você e o Harry estão ganhando!

— Tanto faz. — Ele disse apenas.

Patty olhou para mim com uma expressão que claramente dizia "seu irmão é um imbecil!" e eu dei de ombros, sem entender o que diabos deu no Elijah. Ele realmente estava agindo como um idiota. Também se irritando com o meu irmão, Patty acabou revirando os olhos e saindo para ir conversar com o Landon.

— O que foi isso? — Perguntei, surpresa.

— Não foi nada. — Ele passou a mão pelo cabelo, respirando fundo. — Luke só está me dando nos nervos hoje.

— Ele fez alguma coisa? — Perguntei, preocupada.

— Não, nada. — Desconversou.

— Olivia, é sua vez! — Luke chamou e eu assenti, me levantando e pegando uma bola de boliche.

Me posicionei um pouco longe da pista e andei até o começo para jogar a bola, que foi fazendo uma curva estranha até derrubar apenas dois pinos no canto.

— Ok, você consegue ser pior que eu. — Patty bufou irritada, já que estávamos perdendo na pontuação.

— Harry, é você! — Luke chamou.

Harry veio correndo até nós, pegou uma bola e jogou da forma mais aleatória e despreocupada possível. E novamente, derrubou todos os pinos, fazendo outro strike. Sério, como ele fazia isso? Ele nem ao menos se esforçava!

— Você pode ajudar a Olivia? Ela é tipo... muito ruim, e poderia usufruir de algumas dicas! — Patty pediu para Harry de repente.

E naquele momento, eu quis cavar um buraco enorme direto para a Coreia do Sul. Puta que pariu! Se um olhar pudesse matar, minha melhor amiga estaria morta de tanto que eu a fuzilei com os olhos.

— Sério, não precisa... — Tentei falar.

— Não tem problemas. — Harry deu de ombros, concordando. — Elijah, você pode ir resolver o negócio da pizza? Estou lá há alguns minutos e aquele atendente parece estar me ignorando de propósito. — Ele disse irritado e Elijah apenas assentiu, levantando da mesa e indo até o balcão da pizzaria. — Então, no que você tem mais dificuldade? — Perguntou.

Tínhamos nos afastado do grupo e ido para a última pista do canto direito, que estava vazia, pois assim ele conseguiria me ensinar melhor e não atrapalhar o jogo. Meu corpo todo estava tenso, a boca seca, e eu não conseguia me concentrar na sua pergunta, apenas no que havia acontecido ontem e nas suas mãos cobertas de sangue. Tentei raciocinar algo, mas os seus olhos sobre mim estavam me deixando ainda mais nervosa.

— Eu... era m-muito boa no boliche quando criança, acho que só perdi o jeito. — Comentei, me esforçando para não gaguejar.

— Tudo bem, faz uma jogada para eu ver como você se sai.

Assenti e peguei uma bola, fazendo o mesmo esquema de antes e tentando ao máximo acertar o meio dos pinos, mas minha bola acabou indo para o canto e não derrubou nenhum pino. Será que eu tinha desenvolvido algum problema de pontaria?

— Você está na posição errada. — Ele se aproximou e me entregou uma nova bola. — Posso te tocar?

Eu congelei, olhando para ele em choque. Que tipo de pergunta era essa? Não. É claro que não! Ele possivelmente tinha matado uma pessoa!

— Olivia? — Ele voltou a perguntar.

Foi quando eu me dei conta de que não havia verbalizado nada do que havia pensado.

— S-sim...? — Foi o que saiu. E então, eu entrei em um estado que só poderia ser nomeado como catatônico. Meu corpo todo ficou dormente.

Harry colocou a mão atrás da minha coxa direita, empurrando-a um pouco para o lado e para a frente, e aquele simples movimento quase me desequilibrou, já que apenas com o seu toque minhas pernas haviam fraquejado. Ele posicionou a minha perna esquerda mais para trás e se afastou para observar de longe.

— Agora, quando você for jogar, tenta se inclinar um pouco para a frente, posso te mostrar?

Ele olhou em meus olhos novamente, e eu não consegui formular uma frase sequer! Deus! Nem ao menos um "sim" dessa vez, apenas assenti com a cabeça como uma completa imbecil!

Ele se posicionou atrás de mim, colocando uma das suas mãos na minha cintura e a outra na mão que eu segurava a bola, e eu engoli seco, sentindo meu coração acelerar a cada segundo, enquanto minha respiração ia ficando cada vez mais desregulada pela sua proximidade. Eu definitivamente não estava bem.

— Acho que eu já entendi! — Falei rapidamente, me afastando dele em um momento de lucidez.

Harry apenas assentiu, e deu alguns passos para o lado, esperando que eu mostrasse a jogada. Fiz exatamente como ele havia dito, tentando não pensar no quão nervosa eu estava. Observei a bola percorrer toda a pista de boliche e acertar o pino do meio, que por sua vez, foi caindo e derrubando todos os outros, deixando apenas os dois últimos de cada lado em pé. Não era um strike, mas já estava de bom tamanho.

— Obrigada pela ajuda. — Agradeci, tentando não demonstrar todo o redemoinho de nervosismo que acontecia dentro de mim.

— Sem problemas... — Seu rosto então adotou uma expressão séria. — Escuta Olivia, precisamos conversar.... sobre ontem.

— ... sim, precisamos. — Concordei, lembrando de todas as dúvidas que eu havia acumulado durante o dia.

Eu precisava de respostas, e com sorte, Harry as teria.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro