Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Natal Sobre Duas Rodas

– Eu já te falei que eu não vou! – Yan frisou aumentando o tom de voz, não aguentando mais aquela discussão.
– Os natais se passam em família! – A mãe do adulto de vinte e nove anos rebateu, não se dando por vencida.
Yan passou as mãos pelo rosto, tentando controlar a paciência que já estava quase no fim. Alisou os pelos da barba rasa para baixo, e respirou fundo, o coração disparado no peito e as palavras queimando na garganta.
– Mãe—
– Eles são sim a sua família, Yan! Pare de dar desculpas.
– Eles não são a minha família, nunca foram e nunca serão! – Ressaltou tais palavras aumentando a voz, não controlando a raiva. – E. Eu. Não. Vou!
Declarou, por fim, correndo para fora de casa e subindo na bicicleta, pedalando para longe dali.
Sofia passou a mão pelos cabelos grisalhos, lágrimas escorrendo dos olhos da mulher. Cobriu os olhos com o antebraço esquerdo deixando que os soluços levassem a dor presente em seu peito. Caminhou até a porta que o filho havia deixado aberta e, após fechá-la, voltou para a sala, encarando o retrato do falecido esposo.
– Oh, Igor, seria tão mais fácil se você estivesse aqui... – Lamentou, pegando o objeto e abraçando-o contra o corpo.
Já bem longe da casa, as pernas de Yan começavam a queimar assim que o adulto entrou em um caminho de terra. As lágrimas molhavam o rosto do homem e se misturavam aos fios da barba, o pulmão clamava por oxigênio e os pensamentos excessivos impediam Yan de raciocinar de forma correta.
Continuou pedalando, quebrando os galhos com as rodas e desviando de todos os obstáculos que a floresta que adentrara sem perceber lhe proporcionava. O suor fazia com que os fios castanhos e lisos grudassem na testa e, quando pingavam nos cílios, as grandes írises azuis do adulto sumiam com uma tentativa de não deixar com que o suor ardesse em seus olhos.
De repente, brecou, o pneu derrapando na terra e deixando uma linha funda no solo. Voltando à consciência do que estava acontecendo, olhou ao redor, o peito subindo e descendo inalando grandes rajadas de oxigênio. Se encontrava no meio de enormes árvores do pântano, uma área desconhecida para ele.
– O que—
A voz sumiu ao notar o veículo que estava montado.
– Aaa! Que isso?! – Perguntou-se, a voz trêmula. Passou a perna pelo acento e se afastou da bicicleta, o barulho dela caindo despertando sensações que há muito tempo não sentia.
Com as pernas bambas de tanto pedalar, Yan sentou-se no chão, cruzando as pernas como índio e, apoiando os cotovelos nos joelhos, a cabeça pendeu para frente. Tentando normalizar a respiração, Yan aproveitou o descanso para pensar em como sair dali. Ele não reconhecia o local e logo iria escurecer, o céu em tons alaranjado decretava isso.
Um suspiro escapou da boca do moreno antes de se levantar. Bateu as mãos na calça para tirar o excesso de terra e voltou para a bicicleta, as mãos trêmulas ao tirá-la do chão. Com o coração apertado, começou a empurrar o veículo, começando a explorar a floresta em uma tentativa de descobrir o caminho de volta para a estrada.
Após voltas e mais voltas, sempre acabando indo para o mesmo lugar, a noite chegou e Yan continuou dentro da floresta. Um raio cortou o céu e um trovão ressoou ao longe, preocupando o adulto.
Sem lanterna, sem capa de chuva, sede e fome, pensou o moreno, lamentando-se para a vida. Olhou para o chão, tentando focar para enxergar algo. O tênis esgarranchou em mais outro galho, levando o adulto para o chão em um tombo. O sexto, somou no pensamento.
Entretanto, antes que pudesse entrar em desespero, uma luz amarela no meio daquele tamanho de natureza chamou a sua atenção. Os cantos dos lábios do rapaz se ergueram em um breve sorriso e usou o que restava de forças para caminhar até onde aquele pontinho estava vindo – só esperava que não fosse um vagalume!
O aro da bicicleta ficou preso em algo, obrigando o adulto voltar alguns passos para que conseguisse libertar o veículo. Alguns repuxões no escuro e estava livre para poder continuar. Mais alguns passos, outras luzes começaram a aparecer. Azul. Amarela. Verde. Vermelha. Rosa e até mesmo roxa. Um arco-íris estava espalhado pelo gramado daquele enorme campo e, quando os olhos do adulto focaram onde se encontrava, percebeu ser uma casa.
Cabana, para ser mais específica.
O telhado de telhas avermelhadas estava todo decorado com a corda iluminada, cheia de cores. Decorações natalinas se encontravam na porta principal e até mesmo nas janelinhas rústicas nas paredes de tijolinhos vermelhos e antigos.
Na varanda – coberta por um telhado – haviam duas cadeiras de madeira, acompanhando o ar rústico do resto da casa.
Outro raio cortou o céu e, no instante em que um trovão ressoou pelos ares, uma mulher saiu correndo pela porta da frente.
– Minhas roupas! Oh, céus, não podem molhar! – Lamentou-se a jovem, curvando-se de frio e apertando ainda mais o casaco no corpo.
Estático por saber que aquela cabana era habitável, Yan começou a seguir todos os movimentos daquela mulher com os olhos, admirando a forma como ela se movia com precisão naquele solo desnivelado.
De longe, o moreno apenas conseguiu enxergar os cabelos loiros e curtíssimos da mulher, batendo um pouco acima da nuca. Estavam penteados para o lado, mas o vento fez com que ficassem bagunçados em menos de cinco segundos ali fora.
A mulher sumiu das vistas de Yan durante alguns minutinhos e, quando apareceu outra vez, estava com algumas roupas no ombro. Fora então que, notando estar sendo observada, a loira olhou em volta, curiosa.
– Quem é você?! – Perguntou ríspida quando notou a silhueta do moreno em meio às árvores. Ela deu alguns passinhos para o lado e capturou um pau de vassoura para a própria defesa. – Apareça! – Ordenou.
Ainda receoso e confuso sobre o que estava acontecendo – além de estar tonto de sede – Yan empurrou a bicicleta para o local aberto, podendo ser visto com mais clareza pela mulher a alguns metros de distância. Notando o rosto perdido do adulto, a loira abaixou um pouco a guarda, adquirindo uma feição mais pacífica.
– Qual seu nome? – A mulher perguntou.
– Yan. Yan Teixeira. – O outro respondeu um pouco tímido.
Um raio cortou o céu e só então a loira pôde visualizar melhor o rosto do moreno à sua frente.
– Daqui a pouco vai chover e é só por isso que vou te deixar entrar! – Alertou. – E meu nome é Clarice.
Um pouco aliviado, o adulto de olhos azuis tornou a empurrar a bicicleta até a varanda, apoiando-a na parede perto das cadeiras de madeira. Os tênis de Yan faziam um barulho de borracha quando pisavam naquele piso branco e bem limpo que, ao que parecia, estava presente em todos os cômodos.
Mesmo com certa simplicidade, a casa era muito bem decorada e organizada. Um sofá azul marinho de três lugares, uma mesinha de centro e uma enorme estante de livros estavam abrigados na sala. Um pouco mais adiante, uma mesa de madeira, quatro cadeiras do mesmo material compunham a pequena sala de jantar, anexada à cozinha que, por sua vez, possuía um fogão à lenha, um armário preso em uma parede e uma pia de porcelana envelhecida com o tempo.
Clarice reapareceu por uma porta e soltou um risinho ao ver que Yan ainda estava parado em frente à porta de entrada. A adulta caminhou até mais perto do homem e crispou os olhos.
– O que você faz aqui no meio do nada?
– Perdido. – Respondeu simples.
Com um biquinho, a mais baixa balançou a cabeça, aceitando aquela justificativa.
– E o que fez o senhor ficar perdido?
– Não percebi onde estava indo. Eu... Acabei sendo tomado pela emoção.
Um trovão ressoou pelos ares e a loira se encolheu de susto, um gritinho escapando de sua garganta.
– E o que você faz aqui sozinha? – Quis saber, Yan. – Com medo de trovão e tal.
Clarice coçou a garganta e alisou a saia do vestido amarelo bebê que vestia, tirando a blusa de frio e a jogando no sofá.
– Todo Natal eu costumava vir aqui com o meu irmão. – Caminhou até a cozinha e abriu o armário do canto esquerdo. – Mas ele não está mais aqui, então é por isso que estou sozinha.
– Ah, sinto muito. – Os olhos azuis desceram para os pés, uma tristeza começando a crescer em seu coração.
– Fica tranquilo, não é isso. – Um riso da adulta. – Ele foi viajar com o namorado. – Deu de ombros. – Cretino, me trocou. – Xingou capturando a caneca e colocando-a embaixo da torneira da pia.
Yan arregalou os olhos, surpreso.
– Vai mesmo permanecer aí? – Clarice olhou para o rapaz, ainda estático na frente da porta. – Pode ficar à vontade, não vai ser hoje que você irá voltar para sua casa, mesmo. Teremos que conviver um com o outro por essa noite, pelo menos.
Yan piscou tentando entender o que estava acontecendo e então caminhou para a cozinha, encostando o quadril na mesa e cruzando os braços em frente ao peito.
– Café ou chá? – Clarice indagou olhando para o homem.
– Chá.
A resposta do mais alto fez com que o cenho da mulher se juntasse em confusão.
– O quê?
– Nada. – Ela deu de ombros capturando a lata de Chá Matte e colocando três colheres na água fervente do fogão à lenha. – Do que mais você gosta?
– Desculpe? – Yan ergueu as sobrancelhas, pensando não ter entendido direito.
Clarice passou a mão pelos cabelos, jogando-os para o lado que estava antes de o vento ter bagunçado e voltou-se para o adulto, tão confusa quanto ele.
– Do que mais você gosta? – Tampou a lata e guardou-a de volta no armário.
– Chá com açúcar. – Respondeu; os cantos dos lábios se repuxando para o primeiro sorriso desde que se encontraram.
– Ok.
A loira tirou a caneca do forno e, ao coar em duas xícaras, entregou o potinho de açúcar para o mais alto, dando-lhe uma colher também.
– E você? Do que gosta? – Ele perguntou, curioso também.
– Café. – Pegou a caneca de chá e caminhou até a sala. – E sem açúcar. – Completou, sentando-se no sofá e erguendo as pernas.
Seguindo a mais baixa, Yan sentou-se na outra ponta, uma distância respeitável para alguém que acabara de conhecer.
– O que te deixou tão... Emocionado para que não percebesse ter se perdido numa floresta? – Clarice indagou após um curto gole no chá.
– Ahm... – Yan suspirou, pensando em como começar. – Briguei com a minha mãe.
– Desculpe, mas quantos anos você tem? – A loira virou-se para o moreno, curiosa.
– Vinte e nove.
– Certo... – Balançou a cabeça devagar, voltando a fitar a xícara que tinha nas mãos. – Então você brigou com a sua mãe. Posso perguntar o motivo?
– Você não acha que está sendo intrometida?
– Você está na minha casa, sentado no meu sofá, tomando meu chá na caneca do meu irmão. Não, não estou sendo nem um pouco intrometida. – Rebateu rápido, como se a resposta estivesse querendo sair a qualquer momento.
Os olhos azuis de Yan se encontraram com os verdes de Clarice, surpreso.
– Me desculpe. – O homem pediu.
– Sem problemas. – A loira balançou a cabeça em concordância.
– Ahm... Tá. Eu não sou muito familiarizado com a família do meu pai. – Começou, apertando mais a caneca entre os dedos. – Devido a algo que aconteceu no passado. – Engoliu o nó que começara a crescer na garganta. Clarice tentava desvendar o sentimento do adulto ao seu lado e entender o porquê de seus olhos terem ficado marejados de repente. – E minha mãe sempre me obrigou a ir com ela passar o natal com eles, sendo que, o ano inteiro, eles não se lembram da gente.
Uma pausa para que Yan pudesse respirar fundo e não deixar com que a tristeza tomasse seu peito.
– Então acabamos discutindo. E eu... Saí de casa.
– Acho que sei o que aconteceu com o seu pai... Sinto muito por ele.
– Obrigado.
– E eu não posso discordar com você sobre não querer passar o natal com pessoas que não se importam com você e sua mãe. – Clarice olhou para Yan, cujo mesmo já estava a encarando. Um sorriso simpático surgiu nos lábios rosados da menor e Yan retribuiu. – Mas não concordo com o fato de você ter abandonado a sua mãe sozinha justo no dia vinte e quatro.
– Eu estava estressado. – Justificou-se.
– Voltava para a sua casa ou—
– Eu moro com ela!
Clarice engoliu as palavras, surpresa. Sem mexer um músculo, ambos continuaram se fitando por um bom tempo, as xícaras esquentando as mãos frias naquela noite chuvosa.
– Então você tem vinte e nove anos nas costas e ainda mora com a sua mãe? – Questionou a mulher.
– E daí?
– Nada. – Deu de ombros, mudando a direção do olhar e bebericando o chá. – Só é novo para mim. – Piscou duas vezes para a estante de livros à sua frente. – Enfim, você saiu de casa para se acalmar e, sem perceber pegou a bicicleta, pedalou até o infinito e além e cá está você. – Concluiu. – Passando a véspera de natal no meio do nada com uma completa desconhecida em uma noite chuvosa. – Completou.
– Uhum.
– Que interessante! – Clarice comemorou, gargalhando. A primeira gargalhada da noite.
Yan franziu o cenho, virando-se para a mulher.
– Qual é? Não é todo dia que algo inesperado assim acontece! – Justificou-se. – Eu adoro viver minha vida da maneira mais diferente possível e, se você for um estuprador e fizer alguma gracinha comigo, eu até vou ter no meu diário que matei uma pessoa. – Sorriu para o homem. Levantou-se do sofá e deixou a xícara de chá na mesinha de centro. – Fala sério, isso é incrível! Você sabe alguma canção de Natal?
– O quê? – Yan gargalhou. Era muita informação em apenas uma fala.
– Canção de Natal!
– Só a Noite Feliz, já que tive que apresentar com a escola na oitava série. – Ambos riram.
E então, desafinadamente afinado, os dois começaram a cantar para a chuva que caía do lado de fora.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro