0.1 : BORDERLAND
A sensação que a nicotina dava era prazerosa, mesmo sendo mortal. A fumaça inalada preenchia os pulmões de Natsuki, antes de escapar lentamente pela sua boca.
─── Sinto muito, ─── murmurou baixo, ao esbarrar fortemente em um homem que, sem sequer olhar para ela, seguiu seu caminho.
Um sorriso travesso tomou conta de seu rosto. Ele nem percebeu que a carteira havia sumido do bolso de seu jaleco.
Sentada no chão de um beco, Natsuki segurava o cigarro entre os lábios enquanto vasculhava a carteira recém-furtada. Cartões, documentos, algumas notas... Era o suficiente para ela.
─── Um médico? ─── murmurou, soltando uma risada baixa ao ler a identificação de um hospital universitário. ─── A carteira talvez eu devolva no endereço... o dinheiro, nem pensar.
Antes que pudesse continuar, uma voz familiar interrompeu seus pensamentos.
─── Natsuki! — chamou Kaito, aproximando-se com aquele tom irritante de sempre. ─── Vejo que arranjou uns trocados pra mim.
─── Não enche. — respondeu, ríspida, guardando as notas no bolso da jaqueta e apagando o cigarro no chão. ─── Por que me chamou aqui, Kaito?
─── Pra me despedir. — ele disse casualmente, enfiando as mãos nos bolsos. ─── Tô indo embora.
─── Finalmente uma decisão inteligente. ─── brincou, oferecendo um abraço breve. ─── A polícia tá atrás de você?
─── Ainda não, mas prefiro sair antes que esteja.
─── Boa sorte amigo. Em seja lá o que for fazer.
─── Valeu. Espero que você consiga se acertar também. Se cuida, viu.
Natsuki ficou parada enquanto Kaito sumia no horizonte. Agora, ela estava completamente sozinha. Ele era o último resquício de algo remotamente estável em sua vida. Era sensato partir; continuar em Tóquio significava um futuro sombrio, exatamente como o dela parecia ser.
Pensamentos deprimentes rondavam sua mente, como sempre faziam quando estava sóbria. Talvez uma bebida ajudasse.
Menos de vinte minutos depois, ela caminhava pelas ruas de Shibuya, procurando a loja de conveniência mais próxima para comprar o saquê mais barato que encontrasse. Ao entrar, notou um grupo de adolescentes rindo e roubando garrafas de bebida. Ignorou a cena e foi direto ao que interessava.
Com o saquê em mãos, Natsuki encontrou um banco de cimento na calçada. Acendeu um cigarro, abriu a garrafa e tomou um gole, ignorando completamente as regras e os olhares ao redor.
─── Desculpe, senhorita. ─── Uma mulher idosa se aproximou, com passos cuidadosos. ─── Mas você não pode fazer isso aqui.
─── Eu te desculpo senhora, não tem problema. ─── Natsuki respondeu, sarcástica, soltando um trago de fumaça.
A mulher, com uma expressão de desaprovação, se afastou. Natsuki apagou o cigarro e se deitou no banco, permitindo que a luz do sol tocasse seu rosto. Sem perceber, adormeceu.
O barulho repentino de fogos de artifício a despertou. Assustada, caiu do banco.
─── Ai, minha bunda... ─── resmungou, massageando o cóccix dolorido.
Ao olhar em volta, percebeu algo estranho. As ruas de Shibuya estavam desertas. Nenhuma alma viva. Nenhuma luz. Apenas um silêncio desconfortável.
─── Que merda tá acontecendo?
Enquanto tentava entender, o enorme telão de um prédio piscou e uma mensagem apareceu:
[GAME]
Bem-vindos, jogadores.
O jogo começará em instantes.
Dirijam-se à arena de jogos.
➡
Um calafrio percorreu sua espinha. Antes que pudesse reagir, uma voz masculina surgiu atrás dela.
─── Ei! Foi mal, não queria te assustar.
Natsuki virou-se, dando de cara com um homem magro e de aparência desleixada. Ele parecia relaxado, o que só a deixou mais irritada.
─── Mas assustou.
─── Você vai jogar? — ele perguntou.
─── Eu deveria?
─── Bem... se não jogar, um laser atravessa seu crânio. Mas tudo bem, sua escolha.
─── Você tá sendo irônico, não é? ─── Natsuki o encarou por um longo momento, avaliando cada palavra, o silêncio dele foi quase a resposta para sua pergunta ─── Pode me levar até essa tal arena?
─── Foi o que imaginei.
O rapaz caminhava na frente, enquanto Natsuki, com uma certa desconfiança, o seguia passos atrás. Não era muito sábio seguir um desconhecido em uma situação como essa, mas parecia não haver muita opção.
A dupla andou por alguns minutos, antes de chegar à um hotel barato que parecia já ter gente dentro. Na porta do local, havia uma mesa com dois celulares e uma carta dizendo que era um por jogador.
─── Caramba, chegamos bem a tempo. ─── Yuta suspira, pegando um celular e entregando outro para Natsuki ─── Vamos precisar disso.
A dupla entrou no lobby do hotel barato, com a garota analisando o ambiente. As paredes descascadas e o cheiro de mofo. Algumas pessoas já estavam ali, dispersas em pequenos grupos ou sozinhas. O silêncio predominava, quebrado apenas por murmúrios e passos hesitantes.
─── Ah, olá! ─── uma voz feminina chamou, surpreendendo Natsuki. Uma garota jovem, com um uniforme escolar, aproximou-se com um sorriso nervoso. ─── Eu sou Yui. Como você se chama?
─── Natsuki.
─── Eu sou o Yuta. ─── completou o rapaz que havia acompanhado Natsuki até ali, acenando com a cabeça.
─── Podemos ser amigos? Eu não quero ficar sozinha... ─── Yui olhou de Natsuki para Yuta, como se implorasse por algum senso de segurança.
─── Eu não─
─── Claro! ─── Yuta respondeu antes que Natsuki pudesse terminar, sorrindo para Yui.
Natsuki revirou os olhos, mas não disse nada. O ambiente já era pesado o suficiente sem discussões triviais.
─── Vocês têm ideia do que tá acontecendo? ─── Yui perguntou, sua voz quase um sussurro. ─── Eu tô com medo.
Antes que alguém pudesse responder, uma voz grave e autoritária ecoou pelo lobby.
─── Vocês aí! ─── um homem de aparência imponente, usando uma farda militar desgastada, caminhou em direção ao trio. ─── Deixem de tagarelar. Estamos todos no mesmo barco, mas vocês têm que ser os únicos a fazer barulho.
─── E você tem que ser o único a se incomodar? ─── Natsuki retrucou, cruzando os braços e encarando o homem de frente.
Ele parou a poucos passos dela, inclinando-se ligeiramente para diminuir a distância.
─── Você sabe com quem tá falando, garota? ─── ele perguntou, o tom carregado de desprezo.
─── Sei sim. Com um cara que acha que tá no meio de um campo de batalha, mas na real tá num hotel caindo aos pedaços, igual todos nós. Que tipo de soldado você é? Comprou essa farda numa loja de fantasias?
Os outros jogadores começaram a se virar para assistir à cena. Alguns pareciam ansiosos para ver o desfecho, enquanto outros desviavam os olhos, evitando qualquer envolvimento.
─── Se eu fosse você, escolheria melhor minhas palavras. ─── o homem ameaçou, cerrando os punhos.
O homem avançou um passo, mas antes que fizesse qualquer coisa, Yuta se colocou entre eles.
─── Calma aí, pessoal. Não estamos aqui pra brigar uns com os outros. Vamos tentar manter a cabeça no lugar, ok?
─── Esse bando de idiotas vai me fazer perder a paciência... ─── o militar murmurou, recuando, mas não sem lançar um último olhar ameaçador para Natsuki.
─── Você é louca? ─── Yui perguntou, puxando Natsuki pelo braço assim que o homem se afastou. ─── Ele podia ter te matado! Você viu o tamanho dele?
─── Até parece. ─── Natsuki respondeu, jogando o cabelo para trás com desdém. ─── Gente como ele só sabe latir.
Antes que o clima pudesse piorar, o som de passos chamou a atenção de todos. Mais jogadores estavam descendo as escadas dos quartos ou entrando no lobby.
O grupo logo se dispersou, cada um se afastando para analisar a situação por conta própria, até que uma vibração nos celulares que estavam na mesa atraiu todos os olhares.
─── O que é isso? ─── Yui perguntou, olhando nervosamente para os aparelhos.
Era o anúncio das regras. A tensão no ambiente aumentou ainda mais, enquanto todos pegavam seus celulares para ouvir a mensagem.
CADA JOGADOR, DIRIJA-SE PARA UM DOS QUARTOS
assim foi feito. Natsuki respirou fundo. O celular começou a falar novamente assim que ela entrou no quarto de número 7. A voz feminina, quase mecânica, passou as regras detalhadas:
【 Nome do jogo: Cidade Dorme 】
Dificuldade: Sete de Copas.
Regras:
Os jogadores encontrarão um envelope e um colar sobre a cama de seu quarto. O colar deve ser colocado no pescoço antes de abrir o envelope. Dentro do envelope há uma carta com o papel que o jogador deverá desempenhar.
Papéis disponíveis:
1. Um Assassino.
2. Um Anjo.
3. Um Detetive.
4. Sete Cidadãos.
─── O Assassino escolherá um número de 1 a 10. O jogador correspondente a esse número será eliminado.
─── O Anjo pode tentar salvar vidas. Ele escolherá um número que acredita ser o mesmo escolhido pelo Assassino. Caso acerte, o jogador indicado pelo Assassino será salvo.
─── O Detetive pode investigar um jogador por rodada e, com base em sua análise, poderá acusar alguém de ser o Assassino.
Os três jogadores especiais (Assassino, Anjo e Detetive) têm cinco minutos para fazerem suas escolhas antes do início do debate.
Após isso, todos os jogadores deverão retornar ao lobby. Um debate de no máximo quinze minutos será realizado. O Detetive pode revelar sua acusação durante o debate, mas os demais jogadores devem decidir, por meio de voto, se concordam ou não com a acusação. A maioria vence.
─── O jogo termina de uma das duas formas:
1. O Assassino é descoberto e eliminado.
2. O Assassino elimina todos os Cidadãos, incluindo o Anjo e o Detetive.
─── Lembre-se: o colar ao redor de seu pescoço é um dispositivo de monitoramento. Ele não poderá ser retirado até o término do jogo. Qualquer tentativa de remoção resultará na eliminação imediata.
Natsuki engoliu em seco.
Ela se aproximou da cama com passos hesitantes. Sobre o colchão estava o colar, feito de um material preto metálico. Era largo, tinha uma luz azul piscando nele, como uma coleira eletrônica, e exibia em uma pequena tela com o número 7 — o número de seu quarto.
─── Isso tá ficando bizarro demais... ─── murmurou, segurando o colar.
Sem opções, ela o colocou ao redor do pescoço. Assim que o dispositivo travou, uma sensação gelada percorreu sua pele. Era impossível removê-lo. A tela piscou antes de apagar.
Com as mãos trêmulas, Natsuki pegou o envelope. Suas palmas estavam suadas enquanto o abria, como se o papel dentro fosse uma sentença de morte. Ao puxar o conteúdo, seus olhos arregalaram.
Na carta estava escrito, em letras grandes e claras: Detetive.
─── Merda. — murmurou, sentindo um misto de alívio e ansiedade. Não era uma cidadã comum, mas também não tinha certeza se ser o Detetive era uma vantagem.
Ela se sentou na beirada da cama, tentando processar as regras mais uma vez. Se errasse, poderia acusar alguém inocente e colocar um alvo nas costas. Se falhasse em identificar o Assassino, estaria condenando todos os outros.
─── Ótimo. Agora tenho que salvar a porra do mundo... — ironizou, enquanto apertava a carta entre os dedos.
Um sinal sonoro ecoou no quarto. A voz feminina voltou:
─── A rodada inicial começará em breve. Jogadores com papéis especiais, tomem suas decisões agora. Vocês têm cinco minutos.
Subitamente, a televisão do quarto ligou, exibindo fotos de cada um dos dez jogadores. Todas estavam em preto e branco, com exceção de duas, um estava avermelhada e outra azulada.
Natsuki logo entendeu que se tratava de quem o anjo escolheu e de quem o assassino escolheu. O número sete, sua foto, estava azul, já o número um, a Yui, estava vermelha.
Seus pensamentos logo foram direcionados ao homem de farda, o número dois. Ele deixou claro que desejava que Natsuki, Yui e Yuta fossem os primeiros a morrer.
Ela fez sua escolha.
— Número dois. — Natsuki murmura, olhando fixamente para a foto do homem.
─── Cidade acorda.
A garota engoliu seco antes de deixar seu quarto. Todas as pessoas pareciam desconfiadas uns dos outros, Natsuki também estava assim e só piorou quando passou em frente ao quarto de Yui e viu um líquido vermelho escorrendo por de baixo da porta.
Quando foi descer a escadaria em direção ao lobby, o número dois a deu um forte empurrão, quase a derrubando dos degraus. Ela sentiu seu sangue ferver.
─── Que idiota. ─── Diz uma voz masculina baixa, vindo de trás da garota ─── Ele acabou de assinar a própria sentença de morte.
A dono da voz passou por Natsuki, mas nem sequer olhou para ela. Ele era um homem de estatura baixa, poucos centímetros mais alto que ela, usava um moletom branco, tinha o cabelo na altura do pescoço e era platinado, porem com a raiz na cor natural. Ela havia visto a foto dele na televisão, ele era o número cinco.
Todos se reuniram no lobby, esperando o comando para dar início ao debate, não demorou muito para a voz vinda das caixas de som nas extremidades do teto se pronunciar.
─── O julgamento se inicia. O suspeito é: Número dois.
─── Eu? ─── O homem pergunta ───Vou dar uma surra em quem votar a favor!
───Eu voto a favor. ─── Yuta anunciou, cruzando os braços sobre o peito e escorando no balcão.
─── Seu moleque! ─── O homem rosnou, indo até o número três e o puxando pela gola da camisa ─── Retire seu voto, agora!
─── Eu voto a favor. ─── Foi a vez de Natsuki votar.
─── Eu também voto a favor. ─── A número dez, uma garota vestindo roupas pretas afirma ─── Afinal, todo mundo ouviu que ele tinha a número dois, a número sete e o número três como alvo, né.
Todos concordam, automaticamente votando a favor. O homem, com uma mistura de raiva e medo, xingava e ameaçava a todos, mas faltava coragem para ele cumprir suas ameaças.
─── A votação está encerrada. Cidadão numero dois está eliminado.
Ao fim da frase, a coleira em volta do pescoço do homem começou a apitar e subitamente explodiu. O homem então cai sem vida, jorrando sangue pelo chão.
Natsuki sentiu seu estômago embrulhar e sua mão se ergueu até a maçã de seu rosto, sentindo o sangue que havia respingado nela.
─── caralho, caralho, caralho...─── Ela repete, dando passos para trás, parando apenas quando alcançou a parede.
─── O suspeito é declarado inocente. ─── A voz concluí ─── Cidade dorme.
Mais uma vez, todos se dirigem para seus quartos. Agora haviam apenas cinco cidadãos oficiais, no entanto, não havia mais suspeitos.
Não era um jogo justo e sim um jogo de sorte. Era impossível descobrir quem era o assassino, tudo ali foi planejado aleatoriamente para resultar na morte de pessoas, sendo inocente ou não.
Novamente as fotos voltaram para a televisão. A foto de Yuta estava azul, já a da senhora número nove, estava vermelha. Natsuki precisava escolher alguém e a única pessoa que veio em sua mente foi o número cinco, já que o mesmo havia citado a morte do número dois antes de acontecer. Ele foi quem acusou primeiro, sem saber quem o detetive tinha escolhido.
─── Número cinco.
─── Cidade acorda. O julgamento se inicia. O suspeito é: Número cinco.
─── Argumentos? ─── O cinco murmura, se sentando no balcão.
─── Aparentemente o jogo é aleatório. ─── Comenta o número quatro ─── Não importa se você fez algo ou não. O detetive e o assassino estão matando pessoas aleatoriamente, são tudo farinha do mesmo saco. Eu voto contra.
─── Contra. ─── Yuta diz.
Os olhos do número cinco caem sobre Natsuki e ela evita o contato. Droga, ele já deveria ter sacado que ela era o detetive. A próxima rodada iria definir se ele era o assassino ou não, então talvez votar contra seja uma boa idéia. Se bem que, se ele realmente achasse que ela fosse o detetive, ele já saberia que ela votaria contra, assim como a maioria.
─── A favor.
Todos votaram contra, com exceção de Natsuki e da número dez. Então o rapaz permaneceria vivo.
─── Número cinco está livre. ─── A narradora afirma ─── Cidade dorme.
Se o acusado anterior fosse o assassino, por talvez saber que Natsuki era a detetive, seu alvo seria ela.
Mas se ela o acusasse novamente, iria confirmar seu papel, isso se ele tivesse alguma dúvida.
O que o número quatro tinha dito, sobre o detetive e o assassino serem iguais, não era verdade, ela sabia disso. Ela apenas dava um número e o povo escolhia se iria ser misericordioso ou não. Provavelmente aquilo foi uma tentativa de desestabilizar o detetive, um truque que um assassino faria.
Seus olhos se voltaram para a televisão, a número oito estava vermelha e, novamente, Yuta tava azul. Ele deveria ser o anjo e tava tirando o dele da reta.
Bem, sua foto não estava vermelha. Isso diminuía as chances do número cinco ser o assassino, mas também podia significar que ele seja, no entanto assim como Natsuki, não queria se expor.
─── Número quatro.
─── Cidade acorda. O julgamento se inicia. O suspeito é: Número quatro.
─── O que...?
─── Eu voto a favor. ─── A número dez pronúncia, caminhando em direção ao quatro ─── Você tava se doendo por causa das decisões do detive, sendo que ele tá tentando nos manter vivos.
─── Eu voto contra. ─── Natsuki diz.
A número dez, o número seis e o Yuta votaram a favor, resultando no colar do homem explodindo.
Mais um inocente morto.
Agora a televisão exibia a foto do número seis vermelho e a foto do número cinco azul. Yuta não era o assassino, então só podia ser o anjo, isso era entre o número cinco e a dez.
Ela não podia mais arriscar a vida de ninguém só por intuição, tava na hora de pensar.
Uma estratégia arriscada surge em sua mente. Seus olhos encaram a sua foto na televisão.
─── Número sete.
─── Cidade acorda. O julgamento se inicia. O suspeito é: Número sete.
Os olhos do número cinco viraram-se para Natsuki. Ele parecia curioso e perplexo, mas logo sua expressão questionadora se transformou em uma neutra.
De alguma forma isso deu um alívio a Natsuki, se ele realmente tiver entendido, ele ficará ao seu lado. Isso se ele não for vingativo e querer devolver a acusação que tinha recebido na rodada anterior.
─── Eu voto a favor. ─── Número dez afirma, sorrindo satisfeita ─── Ela permaneceu em silêncio desde a primeira rodada, nunca expondo o motivo de seus votos. Ela estava tentando sobreviver as custas dos suspeitos, dando os mesmos votos que a maioria. Só votou no número cinco na segunda partida pra não desconfiarem dela.
─── Contra. ─── O cinco discorda indiferente, fazendo o sorriso da dez sumir ─── Você votou a favor em todos, sem exceções. Querendo eliminar o máximo de jogadores o possível. Se acha tão inteligente, mas não parou pra pensar que acusar todos de forma tão tosca e óbvia faria de você uma suspeita.
─── Não, não é verdade!
─── Eu voto contra. ─── Yuta diz.
─── Número sete está livre. Cidade dorme.
Seus olhos arregalaram-se ao ver que sua foto estava azul e a foto da dez estava vermelha.
─── O que... ─── Natsuki questiona para si mesma, sentindo um leve aperto no coração ─── O que aconteceu?
A imagem da televisão muda para uma tela rosa, com uma mensagem dizendo que a cidade derrotou o assassino e que os sobreviventes receberam nove dias de visto. A coleira se solta de seu pescoço em seguida.
Uma mistura de sentimentos tomaram conta de seu corpo. Ela não sabia o que pensar, o que sentir. Ainda tava tentando entender o que acabou de acontecer.
─── Ela se matou. ─── Comenta o cinco, sentado nos degraus do hotel ─── Você venceu, mas não merece ser parabenizada.
─── O quê?
─── Sua jogada foi estúpida e sem sentido. Arriscou não só a sua vida, mas também a minha e do seu amigo. Revelou um pouco de você mesma.
─── Você tá me chamando de burra? ─── Natsuki pergunta, claramente brava ─── Eu salvei sua vida, babaca!
─── Depois de tentar me matar. Não tenho nada o que agradecer.
─── Aí por que você não vai tomar bem no meio do seu...
─── Porém, admito que sua audácia me deixou surpreso. ─── Ele a interrompe, se levantando ─── Te vejo por aí, detetive.
Dito isso, ele desceu as escadas e foi embora do hotel. Deixando Natsuki brava e confusa, murmurando xingamentos mesmo depois da partida dele.
Não muito tempo depois, Yuta apareceu, com um olhar triste e vazio no rosto. Ao perceber ela observando-o, o mesmo sorriu levemente, tentando esconder o que estava sentindo.
─── O que você vai fazer agora Natsuki? ─── Ele questiona, saindo do hotel junto da garota.
─── Boa pergunta. Vou tentar ficar viva, eu acho.
─── Podemos tentar ficar vivos juntos se você quiser.
─── É... ─── Ela suspira, pegando o maço de cigarros do bolso de sua jaqueta e acendendo um, sugando a fumaça e assoprando em seguida ─── Podemos.
nota da autora: Vocês não fazem ideia como estou animada em voltar para o wattpad depois de tanto tempo! É uma nostalgia incrível reler e reescrever essa fanfic.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro