001 - Quais músicas vocês acham que combinam com esse casal?

002 - Não esqueçam de comentar muito.

“Passado"

Annabeth McLean

EU ME RECUSAVA A FICAR ESCONDIDA DENTRO de casa, as outras garotas também, então na manhã do dia seguinte, estávamos no campus da faculdade, fazendo arrecadação para animais abandonados, em homenagem a Melinda e Lizzie.

Não demorou para os agentes aparecerem.

— Srta. MeLean? 

Me virei, preparada para ver os dois agentes do dia anterior, mas acabei congelando ao ver que Derek Morgan havia trocado de parceiro.

O Dr. Spencer Reid parecia surpreso.

— Agente Derek, posso te chamar de Derek, certo? — falei, soltando uma risadinha — Veio fazer sua doação ou adotar uma dessas fofuras? Olha, eu recomendo que você adote o Sr. Bigodes e…

— Martina?

Não deixei meu sorriso cair, mesmo que eu quisesse desaparecer.

— Annabeth — corrigi — E você é…?

Spencer Reid franziu a testa, me observando através dos seus óculos escuros. Seu parceiro o encarou confuso, eu me esforcei para continuar com o sorriso e a expressão de quem não tinha reconhecido o nome.

A última vez que eu havia visto Spencer, ele era um garotinho magricela, mas trabalhar no FBI certamente havia o mudado.

— Dr. Spencer Reid — ele murmurou, devagar — Você é a Tina, que droga está fazendo aqui bancando a líder de torcida? Você nunca gostou dessas bobagens.

— Espera, vocês se conhecem?

Spencer finalmente tirou os óculos escuros.

— Ela é a minha ex namorada.

O termo doeu, mas não deixei que eles percebessem isso.

— Eu me lembraria se tivesse namorado você, gatinho — retruquei, soltando uma risadinha — mas como eu já disse, meu nome é Annabeth.

Eu conhecia ele o suficiente para saber que esse teatrinho estava começando a fazer com que a paciência dele diminuísse. Spencer Reid agarrou meu pulso e me puxou para perto do carro do FBI, que estava no estacionamento do parque.

O seu colega rapidamente nos seguiu.

— Ei, você não pode me tratar assim!

— Reid, que merda está acontecendo aqui?

Spencer bufou e parou quando chegamos no carro deles. Então, ele voltou a se virar para mim, a expressão séria em seu rosto.

— Não encontramos o arquivo inteiro dela, porque Tina é filha de dois agentes do FBI e um maldito gênio que sabe hackear nosso sistema de olhos fechados — ele retrucou — As mãos dela tem marcas de queimaduras e ela tem uma marca de nascença que lembra o planeta Júpiter nas suas costas.

Suspirei, me sentindo exausta. 

— Olha, eu não sei do que você…

Ele revirou os olhos.

— Isso não é a porra de um serial killer aleatório que gosta de líderes de torcida, isso é um caso de vingança — resmungou — E será que você pode parar de mentir por cinco míseros minutos?

Derek Morgan se colocou entre nós.

— Espera um pouco, será que podem me explicar o que está acontecendo aqui?

— Caso Valdez, isso te diz alguma coisa? — Spencer perguntou, passando a mão pelo cabelo, visivelmente nervoso — Precisamos levar ela para a delegacia, Tina é o foco principal do nosso suspeito, as outras vítimas foram apenas para a gente saber que ele está vindo.

— Puta merda.

 Spencer abriu a porta de trás do carro e me encarou.

— Entra.

Olhei irritada para Spencer.

— Você não pode mandar em mim, Reid.

— Ou você entra por livre e espontânea vontade ou eu faço um teatrinho dizendo que você é uma das suspeitas e te levo algemada. Qual você prefere?

Entrei no carro e ele fechou a porta com força, logo ele e o seu companheiro entraram no carro. Spencer Reid me encarou pelo espelho e eu fiz questão de exibir o quão furiosa eu estava.

— Odeio você.

Novamente, ele revirou os olhos.

— Estou trabalhando para salvar a sua vida, você poderia ter um pouco mais de consideração — resmungou.

Derek bateu os dedos na direção de forma rítmica.

— Então… Vocês dois namoravam?

— Essa é a parte que você prestou atenção? — retruquei, incrédula.

Spencer suspirou.

— Nós nos conhecemos desde que éramos crianças — murmurou — Tina viveu com o casal de agentes aposentados que moravam no mesmo bairro do que eu. Éramos as duas crianças mais inteligentes que o normal e que não se encaixavam com o resto, então acabamos virando amigos.

Desviei o olhar, focando na janela.

— Acho desnecessário falar do passado. Vamos focar no agora, como por exemplo, o que vocês planejavam fazer comigo? Me deixar trancada para sempre em casa?

— Então ela é tão inteligente quanto você?

Sorri, me divertindo com a forma como ele estava incrédulo.

— Oh, você acreditou na fachada de nerd virgem do Dr. Reid ali? — perguntei, sem conseguir me conter.

Derek Morgan arregalou os olhos.

— Eu… Nossa, menino bonito, você me surpreendeu.

Sorri maliciosamente, me inclinando no espaço entre os bancos. Eu sabia exatamente como atormentar Spencer Reid.

— Você não faz ideia! Spence aqui faz um negócio com a língua que…

— Ok, concordo que é desnecessário falar sobre o passado — Spencer disse, me cortando — E você pode, por favor, não ficar dando detalhes da minha vida sexual?

Voltei a me acomodar no banco.

— Claro, gatinho.

Morgan assobiou.

— Senti a tensão sexual aqui — murmurou — como terminaram?

— Spencer decidiu quebrar o meu coração.

Um silêncio mortal dominou o carro, voltei a me acomodar no banco, querendo ignorar o fato de que estava no mesmo ambiente que Spencer depois de tanto tempo.

Chegamos na delegacia e eu saí do carro, Spencer colocou a mão nas minhas costas e me empurrou para dentro, como se estivesse tentando garantir que eu não iria tentar fugir. 

Mesmo com as camadas de roupa entre sua mão e a pele das minhas costas, eu ainda sentia minha pele queimar.

— Sabe, eu não vou sair correndo.

Spencer estreitou os olhos.

— Você realmente espera que eu acredite nisso? É capaz de você acionar o alarme de incêndio e sair correndo.

E lá se vai uma ótima ideia…

— Eu nunca faria algo assim, Dr. Reid.

— Sou um criador de perfis, eu sei quando as pessoas estão tentando me enganar.

Dei uma breve olhada para ele.

— Tenho certeza que esse mal humor é falta de…

— Não ouse terminar essa frase — ele resmungou, me lançando um olhar mortal.

Coloquei as mãos para cima em forma de rendição.

O resto da equipe lançou olhares confusos quando entramos na pequena sala que deveria pertencer ao xerife. Dei meu melhor sorriso para todos eles, decidindo que seria uma ótima ideia irritar Spencer, que já parecia todo tenso.

— Oh, mais agentes do FBI! Eu olho uma série criminal e tenho várias perguntas, tipo, vocês realmente conseguem saber quem é o suspeito só adivinhando?

Spencer bufou.

— Para de se fazer de burra.

Revirei os olhos e deixei meu corpo cair dramaticamente no pequeno e desconfortável sofá que havia.

— Você é um menino mau, Dr. Reid.

Derek entrou, percebendo as expressões confusas.

— Os dois são ex namorados — explicou rapidamente — e aparentemente o nome dela não é Annabeth McLean, na verdade, é Martina Valdez.

Uma expressão de compreensão surgiu no rosto de Spencer e ele me encarou.

— Você escolheu esse nome por causa dos livros de Percy Jackson?

Senti meu rosto esquentar.

— Uhm… Talvez — murmurei, desviando o olhar — será que tem café aqui? Eu acordei cedo para o evento de arrecadação de fundos. Ei, loirinha, pega um café expresso sem açúcar para mim, ok?

A agente de ontem me encarou incrédula.

— Eu não sou a sua empregada.

Aaron Hotchner entrou e eu imediatamente decidi que era uma ótima ideia ficar quieta, o que não adiantou muito, porque ele rapidamente notou minha presença e me encarou com uma expressão séria.

Ele era amigo dos meus pais.

— Martina?

— Uh… Oi, espera, isso é um cabelo branco?

Ele revirou os olhos.

— Alguém pode me explicar o que Martina Valdez está fazendo sentada em um sofá, com o cabelo descolorido e usando roupas de líder de torcida?

Me deixei afundar no sofá e encarei minhas unhas.

— É o que estamos tentando descobrir — Spencer resmungou — mas, já sabemos quem é o suspeito.

O agente Hotchner ficou tenso ao perceber o que aquilo significava.

— Valdez, você fica sentada aí e nem pense em fugir, vou conversar com a minha equipe.