Lisa suspirou cansada. Aquele caso estava sugando-a mais que o habitual.

Trabalhava nele já fazia 3 semanas e sequer um padrão encontrou.

Pessoas estavam desaparecendo, e isso não era algo estranho para uma cidade grande, apesar de preocupante. Mas, dessa vez, as coisas estavam um pouco suspeitas demais.

Num período de 3 meses, 25 homens, entre 30 e 78 anos haviam desaparecido do nada para lugar nenhum. Não havia sinal de nada sobre eles, seus familiares não tinham contato, filmagem alguma mostrava eles. Simplesmente, sumiram no ar.

Lisa estava cansada demais e sua folga estava tão longe. Ainda mais que, como uma das melhores investigadoras da delegacia, ela não confiava passar o caso para algum incompetente e perder alguma pista.

Para piorar, ela recebeu a missão de tutorear o novo membro da equipe que chegou há alguns meses transferido da capital e, absolutamente, não sabia ser pontual.

A melhor parte? Seu nome era Adam Wiles. Coincidentemente, o mesmo cara com quem Lisa teve um encontro há 4 meses.

Resumindo, 'tava tudo uma porra.

Como se seu dia não pudesse ficar pior, sua cabeça latejava de dor pela noite mal dormida e a máquina de café da delegacia estava com problema. Mas, uma alma muito caridosa, conhecida como sua colega de cabine e parceira de caso, Beatriz, havia se disposto a sair pra comprar café. Lisa amava aquela mulher.

—Com bastante cafeína, como você pediu —A detetive entregou o copo com um sorriso e pôs na mesa os papéis que carregava —Também te trouxe algumas informações que consegui no sistema, talvez ajude no caso.

Lisa tomou uns goles de sua bebida antes de avaliar as fichas.

—Quantos estão aqui? —perguntou tentando montar a linha em sua cabeça.

—22, mas suspeito que os outros também tenham relação. O único crime em comum para todos é violência sexual, a maioria, com menores. Imagino que os que estão na lista de desaparecidos, mas não tem ficha criminal, tenham conseguido se esquivar das denúncias.

—Um justiceiro, então —propôs Lisa —Afinal, todos eles foram libertos sem punição.

—Eu considerei isso, também. Seja quem estiver fazendo isso, é bom, porque não há sinal algum dos desaparecidos —Beatriz pontuou com um suspiro —Eu falei com um amigo ontem. Ele, bem, é bom com computação e fez um favor pra mim. Analisando as câmeras do entorno de onde os caras foram vistos por último, todas as gravações haviam sido editadas por 1 minutos exato, sempre às dezenove e quinze —Colocou mais algumas fichas sobre a mesa, dessa vez, com análises de filmagem.

—O sequestrador teve um único minuto para raptar alguém em um local público e ninguém reparou —Lisa sentia sua dor de cabeça aumentar.

—Estamos lidando com gente forte, e isso vai ser problemático —A conclusão só fez as duas suspirarem cansadas.

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Lisa estava exausta do trabalho e precisava relaxar urgente. Ou, pelo menos, foi o que disse para si mesma ao responder seu impulso e convidar Adam Wiles para sair, sem, sequer, considerar todas as implicações do convite. Mas Lisa não era exatamente conhecida por se controlar antes de agir.

Havia usado o pretexto de apresentar a cidade ao rapaz para chamá-lo em um encontro.

Clichê? Sim. Batido? Também. Mas Lisa estava sem paciência para ficar de joguinhos naquele momento. Ela queria sair com ele e ela sairia com ele -se ele aceitasse, obviamente.

Considerou voltar para casa e se arrumar lá, mas seria um trabalho muito grande e gastaria tempo demais -males de morar meio longe de tudo-, então pegou a roupa que sempre deixava separada em seu armário e alugou um quarto em um motel próximo para se arrumar. Passou na farmácia antes para comprar alguns itens, claro.

Se avaliou no espelho uma última vez, conferindo toques e retoques, para ter certeza que nada estava fora do lugar e, ao se satisfazer com a imagem refletida, partiu para encontrar seu companheiro da noite.

Pagou na recepção pela uma hora usada no quarto e caminhou até a esquina, onde havia um barzinho. O ponto de encontro marcado.

Avistou Adam antes mesmo de chegar e conferiu no relógio se estava atrasada -afinal, seu colega nunca chegava no horário-, surpreendendo-se ao constatar que Adam, pela primeira vez desde que se conheceram, chegou adiantado.

—Te saúdo, bela companheira, jamais imaginei que pudesses ficar mais estonteante do que seu eu habitual, mas, mais uma vez, me provou que eu estava errado— galanteou Adam, assim que viu a colega se aproximar

—Você sendo cortez e chegando cedo? Estou surpresa, de verdade— comentou Lisa.

—Eu me esforço por uma bela dama. Então, quais os planos para esta noite?— perguntou com um sorriso fácil.

—Ah, isso é uma surpresa, mas, te garanto, você não perde por esperar —O sorriso que Lisa lhe deu, provava sua intuição. A noite seria divertida.