Capítulo 2
As lembranças apenas deixaram a mente de Elisa Carmim quando o carro estacionou em frente à casa de dois andares daquele condomínio residencial. Não gostava nada daquilo. Não era a primeira vez que entraria na casa de um cliente, porém, era a primeira vez depois de dois anos se encontrando com o Sr. White que conheceria o seu refúgio e a sua mais completa intimidade.
O toque da campainha ecoou grave e alto dentro daquele palacete adornado por algumas trepadeiras. Pelo menos era o que parecia naquela hora da noite. A luz amarelada sobre a porta não ajudava a distinguir qual vegetal cobria parcialmente aquela fachada. E apenas alguns segundos depois, a grande e pesada porta de madeira entalhada foi aberta.
Atrás dela estava uma senhora por volta de uns cinquenta anos. Usava coque. O gel permitia que nenhum fio saísse do lugar. O uniforme formal era impecavelmente passado e engomado — lembrou-se nesse momento de como eram tão bem engomados os ternos do Sr. White —, nos pés usava sapatos de saltos médios e grossos. Os seus olhos castanhos se iluminaram depois do sorriso que a senhora emitiu ao recepcioná-la. Nunca era recebida de forma tão acolhedora nas outras residências em que comparecera nesses doze anos de profissão obscura.
— Seja bem-vinda, Srta. Carmim. Por favor, me acompanhe.
Elisa retribuiu a saudação e acompanhou a senhora até o centro do hall. De fato era um palacete, muito bem decorado, organizado e limpo. O tapete persa embaixo de seus pés deveria ter custado uma fortuna, devido ao seu tamanho, ele praticamente tomava conta de todo aquele ambiente. O lustre acima de sua cabeça também não ficava atrás. Incrivelmente, toda essa ostentação não combinava em nada com aquele homem que vinha tendo em seus braços por quase dois anos. Talvez aquele da primeira vista, do primeiro contato, o das abotoaduras douradas com as suas iniciais. Mas não aquele do segundo encontro, o qual ficou surpresa em ter acontecido, afinal, ele era conhecido dentro da agência que trabalha de nunca repetir uma garota, e mesmo assim, depois que a conheceu, ele a tornara sua fixa.
Antes de seguir para o segundo andar, Elisa viu sombras através da porta entreaberta anexa ao hall. Escutou o timbre de sua voz. Gostava daquela voz. Aveludada e baixa. Mesmo estando no mesmo cômodo que ele era quase impossível distinguir o que falava ao telefone. Era o que estava acontecendo nesse momento. Sabia que era ele quem falava atrás daquela porta, mas não poderia reproduzir uma única palavra.
Sua mão envolveu o corrimão da escada em curva de madeira escura que a levaria ao segundo andar. Seus olhos não conseguiam disfarçar o encantamento. No topo da escada, um corredor se abriu adornado por obras de artes. Não pôde apreciar, pois a senhora a sua frente andava rápido. Elisa apertou o passo parando na segunda porta à sua esquerda.
— Fique à vontade. Assim que estiver pronta desça até o hall. O Sr. White estará lhe esperando.
A porta fechou em sua frente. Elisa, sem entender, permaneceu alguns instantes com os olhos fixo na madeira escura e lisa. Girou os calcanhares e viu sobre a cama um vestido de gala estendido com cuidado. Assim que deu alguns passos nessa direção sentiu um perfume conhecido. Quando o segurou o vestido em suas mãos o cheiro veio mais forte. Fora ele quem o deixara ali, pensou.
Colocou em frente ao seu corpo, ainda vestida com as suas roupas e olhou para o espelho. O vestido roxo realçou seu tom de pele. O Sr. White sabia escolher. Sabia também as suas medidas, Elisa não tinha a menor dúvida sobre isso. Desde o primeiro contato notou que o homem era extremamente observador.
Tornou a colocar o vestido sobre a cama. Chamar aquilo de cama era até insulto. Era daquelas com dossel entalhado. A colcha tinha um tom verde-claro e algumas almofadas espalhadas. Sentiu um desejo súbito de jogar-se ali e deixar-se afundar naquele conforto escancarado em sua frente. Talvez mais tarde fosse arremetida a ele, agora tinha que se trocar. O que o cliente deseja tem de ser executado. E assim fez.
Retirou o scarpim, abriu o zíper do vestido azul-marinho acinturado e deixou escorregar pelo seu corpo com curvas. Elisa não era daquelas mulheres varetas. Tinha curvas bem distribuídas ou até mesmo umas dobrinhas que tentava domar. Uma semana comendo salada e correndo no parque perto do seu apartamento resolvia para amenizar o que a idade vinha acrescentando.
Como se tivesse sido moldado em seu corpo, o vestido roxo de alta-costura e aberto nas costas serviu perfeitamente. Elisa sorria vitoriosa se admirando no espelho. Na poltrona perto da grande janela balcão estava uma caixa de sapatos branco. Ali dentro continha uma linda sandália do seu número, prata e adornada com pedrarias. Calçou. Olhou-se novamente no espelho e resolveu que seu cabelo loiro, — não foi com essa cor que o Sr. White a conhecera no bar do hotel — na altura dos ombros, ficariam melhores presos. Abriu sua carteira e de lá tirou alguns grampos, e dessa forma, improvisou um coque, não tão perfeito ou profissional como o da senhora que lhe abrira a porta, mas proposital ao que lhe era proposto. Deu uma última olhada em seu reflexo e abandonou aquele quarto, deixando lá dentro com o que veio e saindo com o que desejam. Esse era o seu trabalho; exalar desejo e isso a Srta. Carmim sabia fazer.
No meio daquele corredor, ela olhou para os dois lados. De fora afora quadros e obras de artes espalhados e muitas portas, todas fechadas. Tudo muito impessoal. Quem era aquele homem? Elisa o imaginava em uma casa espetacular, e essa era. Porém, aquilo não o refletia em nada. Desceu as escadas, e dos últimos degraus pode vê-lo no centro do hall aguardando pacientemente. Dificilmente o Sr. White sorria. Naquele momento sorriu.
— Como estou? — Elisa perguntou ainda no último degrau.
— Perfeita... — o Sr. White caminhou até a sua direção lhe estendendo a mão — Como sempre!
***
As conversas fluíam naquele evento importante. Com um rompante, o Sr. White pediu licença a todos naquela roda de conveniências e conduziu Carmim em direção aos corredores que davam acesso as salas comerciais daquele andar. Ela entendeu as suas intenções. As mãos dele vinham suaves sobre o decote em suas costas nuas. Gostava daquele toque. Tinha mãos macias. Mesmo andando lado a lado, ele conseguia demonstrar o caminho a ser seguido. Viraram à direita. O corredor — como esperado por ele — estava deserto e mal iluminado. Os sons das conversas ficavam ainda mais distantes e indecifráveis. Esperava que ele a levasse até alguma daquelas salas e a tomasse. Para a sua surpresa, pararam a poucos metros do salão em que estavam. Carmim conseguia ver as sombras das pessoas sendo projetadas na parede branca a sua frente no mesmo momento em que o Sr. White a pressionou do lado oposto.
Beijou-lhe suavemente nos lábios, que combinavam com a cor do vestido que cobria seu lindo corpo. Enquanto o beijo evoluía, as mãos macias que outrora estavam em suas costas desciam de encontro à fenda generosa do vestido, avançando por entre suas pernas.
Carmim, nesse momento, se questionou da escolha que ele teria feito ao comprar esse vestido. Talvez já estivesse com essa intenção. Certamente estava com essa intenção. O Sr. White nunca fazia nada sem premeditar antes.
Os dedos da mão esquerda — como já sabemos, ela gosta de canhotos — constatou a ausência da lingerie. O beijo recebeu um acréscimo de um sorriso sacana nos lábios do homem. Carmim não resistiu e retribuiu com um malicioso. Os dedos escorregavam para dentro e para fora em uma sincronia milimétrica. À medida que lhe acariciava ficavam mais fácil de deslizar. O corpo dela correspondia de forma positiva — totalmente esperado — aquele toque. Ela entrelaçou os dedos de uma de suas mãos naqueles cabelos grisalhos trazendo para mais perto. Sentiu uma vontade de lhe morder os lábios. Se conteve. Porém, a outra mão não. Com esta procurou caminho para a sua virilha mirando seu centro.
O Sr. White estava excitado. Tentou lhe tocar. Foi impedida. A mão dele que antes a segurava na cintura enquanto a outra trabalhava incansavelmente, elevou aquela que a garota tentou lhe invadir. Manteria ali sobre os cabelos loiros dela até o final.
Olhou-a profundamente nos olhos. Fez um sinal negativo com a cabeça. A tocou com mais profundidade e rapidez. Seus dedos estavam encharcados com a essência da mulher. Carmim tentava manter seu prazer baixo. O Sr. White ofegava quase que imperceptivelmente. Aquilo a excitava por demais. Aquele autocontrole.
Ela se mantinha em pé com dificuldade. Os saltos dificultavam esse processo. Os dedos dele não paravam, e vinham cada vez mais rápidos. Seu clitóri.s estava inchado e sensível. A mão na nuca do homem puxava sutilmente os cabelos. O Sr. White lambeu os seus lábios e tornou a encará-la. Carmim gozou. Terminado, o Sr. White, ainda a olhando direto naqueles olhos cor de mel, levou os seus dedos úmidos pelo gozo até a boca e os lambeu.
Carmim apenas observava os seus movimentos e o via se afastando de volta para o salão. Ela seguira o mesmo curso minutos depois. A visão que teve no momento seguinte a desconcertou. A mão que antes a fizera gozar, e que ainda estava impregnada com o seu cheiro, estava agora apertando outra. Seu cheiro estava sendo transferido de um para o outro. Dentro de segundos boa parte daquele lugar teria um pouco do que era seu espalhado e nesse momento sentiu que mil mãos a invadia.
— Está tudo bem? — a voz macia, baixa e constante de Sr. White a trouxe de novo para a realidade.
— Maravilhosamente bem! — respondeu sem hesitar.
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