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Capítulo 4

Jane caminha até o homem e começam conversar baixinho.

Enquanto estão entretidos na conversa, aproveito para estudar melhor o homem.

Ele é alto, corpo atlético, cabelos um pouco longos e castanhos claros. Está com a barba por fazer, o que o deixa ainda mais atraente. Não sei ao certo a cor dos seus olhos por ele estar distante.

Engulo em seco quando ele volta sua atenção para mim. Seu olhar é tão frio sobre mim, que calafrios corre por minha espinha. 

Jane caminha até mim com um sorriso nos lábios.

- Deseja mais alguma coisa querida? - Pergunta.

- Não. - Sorrio abertamente. - Você já está fazendo demais por mim, obrigada.

Jane me dá um beijo na testa, pega a bandeija que está sobre meu colo, e logo em seguida caminha até a saída do quarto.

O desconhecido fica me encarando por um longo tempo, o que está me deixando muito desconfortável.

Me mexo um pouco sobre a cama, só me lembro das minhas costelas quando doem.

Levo a mão ao local machucado e faço uma careta. Cada pequeno movimento faz minhas costelas doerem, e perco um pouco de fôlego com a dor.

- Tudo bem moça? - Ele pergunta.

- Vou ficar. - Suspiro baixinho.

Pelo jeito que ele me olha, não está se importando nem um pouco com minha dor, apenas perguntou por educação fingida.

- Me chamo Liam. - Ele se aproxima mais da cama. - Liam Russell.

Então esse é o homem que pagou pelo hospital? Deve ser o mesmo que me atropelou.

- Darla. - Estendo a mão para ele com dificuldade. 

Ele encara minha mão por um longo tempo, quando penso que ele não vai retribuir, ele enfim pega em minha mão.

Seu toque é quente e firme, o que me faz ter sensações nunca antes sentidas.

Logo após soltar minha mão, Liam passa a sua na calça, o que me deixa indignada.

- Cuidado para não se infectar comigo senhor Russell. - Sorrio com desdém. - Se fosse o senhor não ficaria no mesmo ambiente que eu.

Vejo um pequeno lampejo de vergonha em seu olhar, mas logo é substituído pelo ar frio novamente.

Liam pega uma cadeira, a coloca perto da cama e se senta.

- Era sua intenção entrar no meu caminho Darla? - Pergunta.

- Como? - Pergunto incrédula.

- Se jogou em frente ao meu carro para poder chamar minha atenção? - Sorri sarcástico.

Se não fosse por minhas costelas quebradas eu iria gargalhar nesse exato momento, mas infelizmente não posso.

- Por que acha que eu faria isso? - Pergunto.

- Porque sou um homem rico, e as mulheres fazem de tudo para chamar minha atenção. - Diz malicioso.

- Não tenho a mínima idéia de quem seja você, e mesmo que eu soubesse, não seria tão burra de pular na frente do seu carro. - Falo com ríspidez. - Não sei porque se gaba tanto em relação as mulheres, você nem é isso tudo.

Com certeza ele é lindo, mas perdeu todo o charme no momento em que abriu a boca.

- Sério? - Pergunta com a voz ameaçadoramante baixa. - Tem certeza?

Liam se levanta, para em minha frente, sorri de canto e me beija logo em seguida.

Sou pega de surpresa que acabo ficando sem reação. Mas logo me lembro que ele é um idiota e o empurro e lhe dou uma bofetada no rosto.

- Nunca mais faça isso! - Grito brava e limpo a boca.

Com a adrenalina do momento nem sinto dor, mas sei que isso não irá durar por muito tempo.

- Acho que você gostou de ser beijada. - Diz malicioso e passa a mão no rosto que está começando a ficar vermelho.

- Está muito enganado. - Retruco.

O homem que se limpou agora pouco porque tocou minha mão, agora vem me beijar. Louco bipolar!

- Vou descobrir qual o seu joguinho comigo Darla. - Se senta novamente.

- Você é burro? - Pergunto irritada. - Não estou fazendo joguinho nenhum, e nunca teria visto você se não estivesse me atropelado.

Percebo que Liam fica surpreso por eu não estar me jogando aos seus pés, pelo jeito é o tipo de homem que consegue o quer ao estalar os dedos.

- Por que continua mentindo? - Ele cruza os braços.

- Não estou mentindo. - Suspiro frustrada. - Não tenho a mínima idéia de quem seja você.

- Então por que correu em direção ao meu carro naquela noite? - Sorri sarcástico.

- Eu não sei. - Passo a mão por meu rosto. - Só me lembro de chegar em Nova York e chamar por um Táxi.

Fecho os olhos e tento buscar em minha mente o que aconteceu, mas é em vão, não me lembro de nada.

- Chegar em Nova York? - Pergunta.

- Não moro aqui. - Seguro as lágrimas.

- De onde você é Darla?

- Texas. - Digo.

Liam fica em silêncio por um tempo. Tenho quase certeza que ele está me estudando, para tentar achar alguma mentira em minhas palavras.

- Por que veio para Nova York? - Continua o interrogatório.

- Emprego. - Digo. - Vim em busca de emprego.

De repente começa a vir em minha mente o que aconteceu no dia que cheguei em Nova York.

- O que foi? - Ele pergunta.

- Estou me lembrando. - Sorrio animada.

Mas meu sorriso morre nos lábios quando me lembro que não encontrei Janete.

- Que droga. - Murmuro baixinho. - Que droga.

- Darla? - Liam me olha com preocupação.

- Estou ferrada. - Digo. - Completamente ferrada.

Meus olhos se enchem de lágrimas, e não consigo segura-las.

- O que aconteceu com você? - Liam pergunta.

- A garota que iria me ajudar com o emprego não estava no endereço que havia me passado. - Enxugo as lágrimas.

- O que aconteceu depois disso?

- A mulher que me atendeu me indicou um hotel para passar a noite. - Todo meu corpo treme com as lembranças que jorram em minha mente. - Quando eu estava indo para o hotel dois homem me pararam.

Liam pega minha mão e aperta de leve, o que me deixa desconfiada. Estava sendo um idiota, e agora está me trasmitindo conforto?

- Eles... Eles... - Gaguejo. - Eu chutei um deles e fugi. 

- Então te atropelei enquanto você fugia. - Liam diz.

Tiro o lençol que cobre minhas pernas, e tento me levantar com muita dificuldade.

- O que está fazendo? - Liam pergunta.

- Tenho que voltar lá. - Faço uma careta de dor.

- Está louca?

- Talvez eu ache minhas coisas. - Digo.

- Você não vai a lugar nenhum. - Liam me ajuda a deitar novamente.

- Mas...

- Nada de mas Darla. - Me corta. - Precisa repousar.

Começo a chorar de desespero e raiva. Não consigo acreditar que fui tão idiota em achar que poderia dar certo minha vinda para Nova York.

- Não sei o que vou fazer. - Digo entre soluços. - Estou na merda.

Não estou exagerando nem um pouco, estou na merda literalmente, e não sei como sair dela.

- Eu vou procurar para você. - Liam enxuga as lágrimas do meu rosto.

- Por que faria isso? - Pergunto confusa. - Estava sendo um idiota até poucos minutos atrás.

- Porque quero. - Diz apenas.

Depois de contar a ele tudo o que aconteceu naquela noite, Liam vai embora e me deixa sozinha no quarto esperando por boas notícias.

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