Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Dançando ao Luar

— Estou pronta para a minha aula de dança! 

Link, que até então estivera ocupado com um pequeno cochilo, levantou os olhos sonolentos para a mulher que o acordara. Toda ela era excitação e entusiasmo, contrastando com a sua lassidão. 

— Como desejar, senhorita — disse ao levantar, com um arrastar de voz típico de quem se boceja.

Afastando o sono e recuperando a sua postura galante, Link estendeu a mão teatralmente.

— Dar-me-ia a honra desta dança?

Allya colocou a sua mão sobre a dele, incerta quanto à razão pela qual a sua cara se tornou incandescente. O moreno apanhou a lanterna de sempre do seu canto e conduziu-a colina acima, para uma zona entre elevações e árvores onde o terreno aplanava. Depois de colocar a gaiola da chama que lhes tinha mostrado o caminho no chão, estacou o seu movimento. Com um ligeiro puxão, Link levou o corpo de Allya a parar à frente do seu, a escassos centímetros de distância.

— Mão direita na minha, mão esquerda no meu ombro — disse, sussurrando no seu ouvido.

Os pelos do corpo de Allya eriçaram-se quando aquele tom de voz grave e sedoso atingiu os seus ouvidos, arrepiando-a até à alma. As suas mãos seguiram, a custo, as instruções que lhe foram dadas, hesitando antes de entrar em contacto com o corpo rijo e trabalhado de Link. O moreno, divertido com a sua timidez, fez questão de segurar com firmeza a palma que entrara em contacto com a sua. Quando pousou a mão direita na curvatura das costas de Allya, sobre o tecido negro do vestido, a ruiva estremeceu com a surpresa, tentado fugir. Link olhou de cima para os olhos brilhantes de nervosismo que encontraram os seus, não resistindo ao impulso de os aproximar mais do que o necessário para aquela dança.

— Mantém as costas assim direitas e segue a minha deixa.

Allya refreou a vontade de exclamar que as suas costas só se tinham endireitado pelo susto do toque de Link. Em vez disso, concentrou-se e tentou seguir os seus passos. Porém, mesmo com as explicações e indicações do homem à sua frente, havia uma coisa que ainda a incomodava: por muito que olhasse atentamente para os seus pés, não conseguia evitar pisar o parceiro vez ou outra.

— Desculpa. 

— Não tem problema, não me magoa. — Link libertou a mão que utilizava para segurar a de Allya, levantando o queixo dela suavemente. Quando conseguiu a sua atenção indisputada, o moreno baixou ligeiramente a cabeça e ofereceu-lhe um sorriso. — Mas dançarias melhor se não estivesses sempre a olhar para baixo. Foca-te noutra coisa que não o sítio onde colocas os pés. Tenta entrar no ritmo sem pensares muito no assunto.

Estar assim, com os seus rostos mais perto do que nunca, deixava a ruiva a sentir-se exposta. Parecia estar nua perante aqueles olhos cinza, atentos aos mínimos detalhes, ladrões de seu fôlego e da regularidade do seu coração.

Assim que os dedos de Link voltaram a envolver os seus, Allya olhou de novo para os seus pés, ainda que por meros instantes. De outro modo, não teria conseguido quebrar aquele feitiço que lhe fora lançado e reencontrar a sua voz.

— Não consigo, ainda não apanhei o jeito. Se deixar de olhar, vou pisar-te a toda a hora!

O sorriso que tinha subido pelos lábios morenos dele manteve-se o mesmo, mas o brilho dos seus olhos diminui de intensidade, tornando-se mais afável e divertido.

— Nesse caso... Peço desculpa. — Parando de dançar, Link agarrou Allya pela cintura, levantando-a do chão apenas o suficiente para a colocar sobre os seus próprios pés. — Talvez seja melhor ficarmos assim até sentires que apanhaste o jeito.

A ruiva assentiu quando percebeu a situação e Link tomou o gesto como um sinal para, em passos curtos mas decididos, retomar a dança.

— Com música seria diferente — justificou.

Allya, que deixou de sentir necessidade de olhar para os seus pés, levantou o rosto para encontrar o dele. Mesmo com ajuda, a sua altura diminuta continuava a não ser par para a de Link.

Enquanto as suas pernas se focaram na tarefa de memorizar muscularmente os movimentos necessários àquela dança, os olhos dela tomaram a liberdade de apreciar os traços que compunham as feições de Link. A tão curta distância, a gravura negra que lhe tinha suscitado curiosidade em situações anteriores tornava-se particularmente nítida. Ainda que a luz natural fornecesse pouco contraste entre a pele e a tinta, a jovem podia compreender que os traços na maçã esquerda do rosto de Link formavam símbolos que lhe eram desconhecidos.

— Diz.

Os olhos dela, que estudavam a marca negra com atenção, desviaram-se para encontrar os dele.

— Está escrito na tua cara que queres dizer alguma coisa — esclareceu Link, esforçando-se para conter o divertimento.

— Posso... — Allya respirou fundo e humedeceu os lábios. — Posso perguntar sobre a marca que tens na maçã do rosto?

Ele parou o balanço dos seus corpos brevemente, espantado. A brusquidão da mudança de atitude trouxe à memória da ruiva a estranha reação que tinha recebido quando tocara a gravura de forma inconsciente, dias antes, submergindo-a numa onda de súbita compreensão. Devia ter estado calada.

— Desculpa! — O arrependimento ter eclipsado a felicidade do momento consumiu-a por inteiro, levando-a a encolher-se, envergonhada. — Esquece que perguntei.

Link, parecendo algo sério, negou com um ligeiro abanar de cabeça. Depois, retomou o movimento ao responder.

— É uma simplificação do brasão de Histalia. Todos com uma posição elevada dentro do reino o têm, para se distinguirem dos demais cidadãos. — O moreno fechou os seus olhos por uns segundos, olhando o horizonte sobre o ombro da parceira quando tornou a recolher as pálpebras. — Funciona, acima de tudo, para nos relembrar dos nossos deveres para com a nação.

Allya sentiu, desta vez na pele graças à da inquietação das palmas das mãos de Link, que aquele assunto o deixava desconfortável por algum motivo. Por isso, guardou para si as perguntas que ainda tinha.

— Já estive tempo suficiente em cima dos teus pés — declarou, atraindo a atenção dele de novo para si. — Acho que agora já vou conseguir dançar sem ajuda.

Link pestanejou algumas vezes. Quando as palavras dela lhe fizeram sentido, ele afrouxou o seu aperto, permitindo que Allya voltasse a colocar os pés no chão. Com a diferença de alturas devidamente restituída, ele desmanchou as posições em que estiveram congelados quais marionetas de madeira num pequeno teatro infantil, recuperando a naturalidade.

— Podemos parar, se quiseres — sugeriu, dando espaço à mais baixa. —  Isto sem música fica um pouco chato.

— Se cantares talvez fique menos chato — provocou a ruiva, colocando alguns fios de cabelo rebeldes para trás da orelha.

— Não mereces ser castigada com o meu péssimo talento para música.

— Eu até tentava cantar, mas não conheço a música. E mesmo que conhecesse, não valeria a pena — acrescentou. — Não existe nada que cure o rompimento de um tímpano, pelo que me disse a minha irmã.

Ele cruzou os braços, adotando uma postura intimidante. Contudo, a sua expressão deitava por terra qualquer tentativa de parecer ameaçador.

— Temos de competir para ver qual dos dois é o pior cantor?

— Não, por favor! Nenhum de nós merece o desastre! — exclamou ela, elevando as mãos em rendição.

O ar ficou mais leve. Aliviada por ver o divertimento voltar aos olhos acinzentados, Allya mimetizou a posição na qual estivera a dançar.

— Só mais uma vez. Por favor.

Link assentiu e avançou, encaixando o corpo no de Allya. Ela, ignorante de que a distância que agora os separava era a formalmente adequada, chegou-se para mais perto, recuperando a distância que o seu parceiro tinha imposto inicialmente. Ele, compreendendo esse facto, segurou-a mais perto de si, sorrindo.

— Aqui vamos nós — anunciou, levando Allya a rodopiar antes de iniciar a sequência de passos que lhe tinha ensinado.

Ela, depois de afastar a surpresa do movimento inesperado, muniu-se de confiança, seguindo a deixa de Link sem nunca olhar para baixo.

— Estou bastante melhor, não estou?

Já se tinham passado alguns minutos e Allya, qual aluna dedicada, tinha mostrado uma tremenda evolução. Não tinha adquirido a forma perfeita nem era um símbolo de graciosidade, mas estava muito mais relaxada a dançar.

— Sim. Bastante.

Assim que o elogio saiu dos lábios de Link, o pequeno pé de Allya aterrou sobre o seu. Devido à falta de força e de peso, o gesto não o incomodou. Contudo, a ruiva estremeceu instintivamente, presenteando-o com uma careta hilariante.

— Bem, eu disse que ia conseguir dançar sem ajuda, não disse que o ia fazer na perfeição.

A gargalhada que acometeu a jovem, a somar à sua expressão, teve força suficiente para o contagiar.

— Podemos praticar de vez em quando, se quiseres — disse, forçando as suas mãos a abandonarem o corpo dela. Recuando um passo, Link curvou-se numa vénia costumeira, pondo fim à lição de dança. — Com treino, serás uma excelente bailarina.

Um gesto de cabeça foi a única resposta que ele recebeu. A ruiva, sentindo as consequências de dançar em tensão durante tanto tempo, deitou-se na relva a poucos centímetros de distância da lanterna. Sem precisar de se mexer, ela sentiu os músculos acordarem lentamente à medida que as costas se moldavam ao solo, trazendo-lhe algum alívio para o desconforto.

Allya suspirou em contentamento. 

— Para quê o suspiro?

Ela deixou de admirar a beleza que a noite pintara sobre a sua cabeça para o olhar. Link estava sentado mesmo ao lado da sua cabeça, com os braços atrás das costas, a apoiar o peso do seu tronco.

— Por nada — disse, incapaz de explicar que aquele momento a deixara feliz e que, por uns instantes, se embriagara naquela felicidade sem motivo aparente. — Obrigada pela lição.

 Ele ficou a fitá-la em silêncio e Allya susteve o seu olhar. 

O ângulo de visão de baixo para cima, combinado com a incidência da luz lunar, levaram Allya a conseguir analisar a face de Link de uma forma que nunca conseguira antes. Sob um novo jogo de luz e sombras, ela compreendeu, mesmo àquela distância, que a falha na sobrancelha direita de Link não era natural. Havia uma diferença de pele, um vestígio de um lenho que há muito tinha sarado.

Link coçou a sobrancelha sob o seu escrutínio, acabando por bufar uma gargalhada.

— Não consegues conter essa tua curiosidade, pois não?

Ela franziu o cenho na direção dele, inclinando ligeiramente a cabeça de forma inconsciente. 

— Queres que te conte sobre a cicatriz? — O indicador moreno dele apontou para a área acima do seu olho direito. — Estiveste a olhar para aqui este tempo todo e tens outra vez aquela expressão que fazes quando alguma coisa te intriga.

A surpresa de Allya foi substituída pela vergonha de ter sido apanhada. Apesar dos seus esforços de evitar tocar noutro assunto que pudesse deixar Link desconfortável, a sua expressão tinha traído as suas intenções.

Ela agonizou sobre a resposta que deveria dar. Por um lado, queria ver a sua curiosidade satisfeita. Tudo nele a interessava e a história por detrás daquele gilvaz não era exceção. Por outro, não se sentiria bem se Link voltasse a ser subjugado pela agitação e pela a ansiedade.

Mas ele, alegre por não ser o único a sentir curiosidade pela pessoa com quem passava as noites, tomou a palavra antes que ela pudesse responder.

— Fi-la num dia de chuva. Lembraste do que é a chuva?

Tinham tido uma conversa sobre o assunto há algumas noites, pelo que Allya não teve dificuldade em recordar. 

— É a água que cai do céu. — Ela olhou para o firmamento, coberto apenas de pontos brilhantes num manto negro, aproveitando o exercício para tentar imaginar o fenómeno. — Porque o sol, no seu calor, puxa a água para o céu, formando nuvens. E quando as nuvens ficam demasiado pesadas, elas desmancham-se e chove.

Ele assentiu. Era necessário recordar-se de que Erysa tinha um teto de pedra para o facto de ela não saber o que era a chuva deixar de o espantar tanto.

— Estava a chover muito naquele dia e eu estava lá fora com o meu instrutor há demasiado tempo. Eu ainda era um miúdo e já não aguentava o peso das roupas ensopadas sobre o corpo. Desesperado para acabar com aquele treino de espadas, atirei-me num ataque precipitado e escorreguei. Ia cair diretamente na espada do Otto, o meu instrutor. Se ele não tivesse bons reflexos, tinha ficado com muito mais do que apenas uma cicatriz. A esta hora, provavelmente estava cego do meu olho direito.

— O que são espadas?

Ele olhou para cima, pensativo.

— Sabes o que são facas?

Ela fez uma careta de desagrado que Link por pouco não perdeu.

— Claro que sei o que são. São ferramentas. São lâminas que servem para cortar.

Um aceno de cabeça confirmou que a definição de facas era a mesma para Erysa e Histalia. Link não saberia como responder àquela pergunta se Allya não fizesse a mínima ideia do que eram facas.

— Espadas são semelhantes a facas... — As suas mãos deixaram de apoiar o seu peso para representar a dimensão normal de uma espada. — Mas têm lâminas mais compridas.

A ruiva colocou os braços atrás da cabeça, apoiando o pescoço com as mãos para ficar confortável.

— Para que é que alguém haveria de querer uma ferramenta com lâminas tão grandes? 

— A definição mais correta de uma espada não é ferramenta, mas arma. — A confusão de Allya fê-lo entender que teria de explicar muitos dos próximos termos que utilizaria a seguir. — "Arma" é o nome que se dá a qualquer ferramenta que serve para ataque ou defesa. As grandes nações por vezes têm desentendimentos e acabam por se agredir uns aos outros através dos seus exércitos.

— Já ouvi falar disso! — exclamou Allya, interrompendo a explicação. — As lendas que são contadas em Erysa que envolvem reis também têm exércitos! Não sabia que eles tinham espadas.

— Os exércitos podem ter outras armas para além de espadas, dependendo da sua especialidade. Mas a espada costuma ser a mais comum.

— Erysa não tem nada disso. Somos uma cidade bastante pequena e pacífica. Os nossos desentendimentos não costumam ser resolvidos pela violência, tendo em conta o clima de familiaridade em que vivemos.

— Brandir uma espada não se resume a violência — afirmou Link, sério.

Allya tomou redobrada atenção, sentando-se para poder seguir os movimentos do moreno, que entretanto se levantara.

— Mais do que atacar ou proteger alguém, a espada pode ser usada de forma que não está ligada à guerra. — Link partiu um ramo de uma árvore próxima, quebrando as suas ramificações até adquirir a estrutura semelhante a uma espada. — Por exemplo, quando tomamos em consideração a dança das espadas, tradicional de uma das nações vizinhas de Histalia, vemos que pode ser utilizada como ferramenta de uma representação artística.

Sentindo o peso do ramo, Link começou uma sequência de movimentos, brandindo o fragmento vegetal como se fosse a sua lâmina. Para os olhos inexperientes da ruiva, aquilo parecia uma dança. Porém, Link nunca a aprendera.

 Ainda se lembrava do grupo de homens e mulheres que tinha dançado à sua frente, quando enviados na nação de Axios visitaram Histalia para negociar acordos comerciais. Os seus movimentos coordenados tinham transmitido uma graciosidade e uma destreza que raramente se podia testemunhar, impressionando o moreno. Mas as suas memórias da ocasião, que ficavam cada vez mais vagas com o tempo, não eram suficientes para replicar a coreografia usada para retratar a história daquele reino. Por isso, limitou-se a repetir os exercícios que fazia durante os treinos de combate a solo para transmitir a sua ideia.

Allya, ignorante da verdade, ficou maravilhada com a demonstração.

— Ou pode ser apenas um passatempo, para exercitar o corpo e a mente — disse o moreno, parando no local onde começara.

— Tu fazes das espadas o teu passatempo? 

Link, que tinha atirado o ramo para o chão e passava ambas as mãos pelos fios azul-índigo para retirar o cabelo suado da face, sorriu-lhe.

— De vez em quando. Especialmente se estiver de chuva. — Ele sentou-se de novo no chão, desta vez deixando a lanterna entre eles. — É das minhas atividades favoritas para passar o tempo ao ar livre.

Ouvir a expressão "ar livre" tomou a curiosidade de Allya de assalto, compelindo-a a fazer mais perguntas. E Link, satisfeito, dispôs-se a responder a todas até ao nascer do sol.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro