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love taylor
ap/03, 11am
Aquela conversa com Lana e minha mãe não saiu da minha cabeça pelos últimos dois dias. Lana tem razão, chamar Vinnie não é tão estranho quanto pareceu no momento, mas ainda assim... Não acho que já estamos nesse nível.
Quero dizer, tem umas três semanas que nos conhecemos. Já saímos, assistimos um filme juntos, ele me ajudou no meu trabalho com a música e passamos tempo juntos na biblioteca sempre que nos esbarramos por lá, mas isso não significa que seja a hora dele conhecer a minha família, né?
─ Love? ─ me desperto dos pensamentos com a voz de Emma, e percebo que estava parada com o copo de chocolate na mão, completamente quieta. ─ Tudo bem?
─ Sim, por quê? ─ sorrio, finalmente tomando um gole do achocolatado gelado.
─ Você tá parada encarando a porta já tem cinco minutos. ─ Lola diz, tirando o copo da minha mão. ─ O que aconteceu?
─ Como assim? Não aconteceu nada, gente. ─ solto uma risada rápida. ─ Eu só estava pensando em algumas coisas do meu trabalho de história da música.
Nem sei o motivo da mentira. Não é como se elas fossem me julgar pelos reais pensamentos que passavam pela minha cabeça. Eu sei que elas não me julgariam por nada.
─ Love... ─ Steph insiste, direcionando aquele olhar de advogada na minha direção. ─ Você não precisa mentir pra gente.
Às vezes, odeio o quanto eu me entrego pelas minhas expressões. Eu jamais poderia cometer um crime se as pessoas veem a verdade tão facilmente na minha cara sem que eu perceba.
─ É que... No domingo vai rolar um almoço lá em casa. Minha mãe chamou o namorado novo dela, e a Lana vai tentar levar o cara que ela tá gostando...
─ Ok...? ─ Lola me incentiva a continuar.
─ No jantar, anteontem, elas me pegaram rindo sozinha com uma mensagem do Vinnie. As duas acham que ele é O cara, e me falaram pra convidar ele também.
─ Mas ele não é? ─ Emma pergunta.
─ É o que?
─ O cara?! ─ Lola ri e eu reviro os olhos. ─ Fala sério, Love. Você anda pra lá e pra cá com aquele nerd gostoso, ele te ajudou a gravar sua música, e pelo que você nos contou, ele até tem ela no celular pra ouvir sua voz quando quiser.
─ Não é bem assim...
─ É assim, sim. ─ insiste. ─ Se ele não é O cara, eu não sei o que ele é.
─ Fazem só algumas semanas, gente... ─ contra-argumento.
─ Preciso te relembrar quem é que diz que amor não é tempo, e sim conexão? ─ reviro os olhos para Emma. ─ Você mesma diz, Love: é uma romântica incurável. Se estivéssemos em um desenho animado, seus olhos virariam corações pulsantes todas as vezes que olha pra ele.
Bufo uma risada, percebendo que Lola e Steph concordam com Emma.
─ Não é assim, ok? Confesso, eu posso estar bastante encantada por ele, mas é só isso. E, sim, eu sou uma romântica incurável, mas também sou realista. Eu sei como as coisas funcionam na vida real. ─ rebato, começando a me incomodar com o assunto.
─ Tudo bem, tudo bem. ─ Lola acalma. ─ É simples, então. Não chama ele.
─ É verdade. ─ Steph segue. ─ Você tem razão, só fazem algumas semanas. Normalmente, homens se assustam com tanta proximidade em pouco tempo. É capaz que ele ache que você tá perdidamente apaixonada e arquitetando um pedido de casamento enorme no quintal da sua casa.
─ Que exagero, Steph. ─ Emma diz. ─ Mas ela meio que tá certa, Love. Espera daqui um tempo, vocês dois vão se conhecer melhor e você já vai ter uma ideia do que vocês dois querem.
Suspiro, concordando com a cabeça. Faz muito sentido. Não vou convidar ele.
⇹
ap/04, 01pm
Eu vou convidar ele.
Nesse momento, estou na biblioteca, tentando muito me concentrar nos estudos sobre história da música - não menti sobre ter aquele trabalho. O mundo parece estar caindo em água lá fora, como tem sido no último mês que se passou.
Tenho música nos fones e um livro sobre música sob os meus olhos, e tudo o que consigo pensar é, usando o apelido que minhas amigas adotaram, o loirinho biólogo.
Acho que penso tanto, mas tanto, mas tanto, que acabo invocando a presença dele. Quando ele entra na biblioteca, meu coração acelera um pouquinho.
Para com isso, Love. Ele é seu amigo.
─ Oi, amore. ─ chegando perto de mim, sinto o cheiro do seu perfume masculino e percebo o quanto ele está molhado.
E amore... Vou ligar para Emma e pedir um daqueles sermões de novo, quem sabe ajuda em alguma coisa.
Antes de se sentar ao meu lado, ele balança a cabeça, respingando água do cabelo encharcado.
─ Ei, totó, você vai molhar o livro inteiro! ─ cubro o livro com o meu corpo enquanto ele ainda balança a cabeça, agora me molhando. ─ Para de graça.
Sorrindo, ele se encosta na cadeira, a água escorrendo do cabelo pelo rosto até o pescoço e parando na gola da camisa.
─ O que você veio fazer aqui? ─ pergunto.
─ Nada.
─ Como assim, nada?
─ Nada, ué. Minha última aula foi vaga, e eu sabia que você estaria aqui, então vim ver o que você tá fazendo.
─ E não pensou em pegar um guarda-chuva antes?
Vinnie bufa, parecendo ter escutado a coisa mais idiota do mundo.
─ Eu, com guarda-chuva? Acabaria com toda a minha imagem de bad-boy. E bad-boys não se protegem da chuva. ─ aperto a mão na boca para não rir tão alto.
─ É, e dois capítulos depois eles estão sendo tratados feito bebês porque pegaram um resfriado forte. ─ retruco.
─ Contanto que seja você me tratando feito bebê, não vejo problema nenhum. ─ diz, mexendo os ombros.
Sabe aquele coração idiota? Ele acelera de novo. Droga! Por que ele continua dizendo essas coisas?
─ Não tem nenhum bebê na minha frente, então nada disso. ─ brinco de volta, empurrando o ombro dele com o meu.
Vinnie ri, balançando a cabeça.
─ O que você tá estudando ai? ─ pergunta, cruzando os braços.
─ História da música. ─ respondo. ─ E, te corrigindo, eu estava estudando. Até você chegar.
Ele coloca a mão espalmada no peito, fazendo uma expressão ofendida enquanto eu dou risada.
─ Tudo bem. Se é assim, eu vou embora. ─ ele se levanta, ao mesmo tempo em que eu dou risada e seguro seu braço para ele não ir longe.
─ Agora sério, Vin, o que você veio fazer aqui? ─ pergunto, um pouquinho mais séria, e percebo que ele sorri mais largo. ─ O quê?
─ Vin?
Encolho os ombros.
─ Vinnie já é o seu apelido, e eu não quero te chamar da forma que todo mundo te chama. Mas se você preferir eu posso...
─ Não! ─ ele me atropela. ─ Não. Eu adorei. Ninguém me chama assim além dos meus pais. Eu gosto.
Envergonhada, eu abaixo o olhar para o livro na mesa. É agora.
─ Ei, Vin?
─ Sim, Love? ─ quase derreto com a voz dele.
Ainda olhando para o livro e evitando os olhos dele na minha direção, eu engulo o nervosismo e respiro fundo.
─ Vai ter um almoço na minha casa nesse domingo, minha mãe e minha irmã vão trazer alguém e eu estava pensando se... se você gostaria de ir, também. Como meu amigo, é claro. Pra eu não acabar ficando sozinha e tal... Não quero te assustar nem nada... ─ paro, esperando por uma resposta que não vem.
Quando olho para o lado, Vinnie está sorrindo.
─ Um almoço com a sua família?
─ É... Eu entendo que pode parecer meio estranho e precipitado...
─ Que?! Não! Eu vou, sim. ─ junto minhas sobrancelhas em confusão. ─ Aliás, é uma ótima desculpa pra te convidar pra festa de aniversário do meu pai no mês que vem. Eu morreria de tédio sozinho lá.
Eu sorrio, balançando a cabeça.
─ Tudo bem, então. Eu te mando o horário certinho por mensagem depois, ok?
─ Combinado. ─ concorda. ─ Agora a senhorita aceita uma carona pra casa?
─ Aceito.
Guardo o livro e saio, quase saltitante, ao lado dele, enquanto me preparo para um sermão totalmente diferente mais tarde.
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