| 07
love taylor
ap/01, 07pm
Se a minha mãe desse mais uma volta na mesa de centro, eu ía surtar.
Eu escapei da sala há uns cinco minutos, corri para o meu quarto e fiquei lá pelo tempo que foi possível, mas então Lana me chamou e eu precisei descer.
─ Mamá, Dio mio! ─ Lana segura nossa mãe pelos ombros. ─ Que nervosismo todo é esse, hein? Você conhece ele há um ano!
Mamãe suspira e vai até o sofá.
─ Minha preocupação é vocês não gostarem dele. ─ ela murmura.
O novo namorado dela - agora oficial -, Marcus, está vindo jantar aqui hoje a noite. Informação nova: ele tem uma filha de 18 anos chamada Nailea. Mamãe já a conheceu antes e garantiu que ela é um amor - sinta o trocadilho - de pessoa.
─ Se você gosta dele, então gostamos dele. A menos que o amor tenha te cegado e ele seja um babaca declarado, mas vamos te avisar se for o caso. ─ Lana diz e sorri, mamãe dá risada.
A campainha toca.
Mamãe se levanta em um pulo, passando as mãos pelo vestido e balbuciando frases desconexas em italiano - enquanto eu e Lana aprendíamos inglês na escola, ela nos ensinava italiano em casa.
Como duas filhas exemplares, Lana e eu seguimos mamãe até a porta, parando atrás dela. Marcus não é um cara muito intimidador, ele até parece bem fofinho, só um pouco maior que minha mãe e com um óculos adorável. Nailea realmente parece uma garota legal, e espero que seja, desde que seu pai e minha mãe parecem tão apaixonados.
Mamãe nos apresenta, e não posso descrever como fiquei aliviada quando percebi o modo apaixonado que eles se olharam. Lana até fingiu um som de vômito, que arrancou risadas de todos nós.
─ Entrem, entrem! ─ mamãe fecha a porta por completo e segue o caminho até a sala de jantar.
Em menos de cinco minutos, estamos todos sentados na mesa de jantar, servidos da comida maravilhosa que minha mãe fez.
─ Então... Marcus. ─ falo, chamando a atenção de todos. ─ Quais são as suas intenções com a minha mãe?
Isso arranca uma risada de todo mundo, inclusive minha. Minha mãe, que está sentada ao meu lado esquerdo, empurra minha coxa por debaixo da mesa.
─ As melhores possíveis, eu juro. ─ ele responde, sorrindo. ─ Fico feliz que vocês três sejam próximas dessa forma. É lindo.
─ O mesmo para vocês dois. ─ mamãe diz, e Nailea sorri fraquinho.
─ Você vai pra faculdade, Nailea? ─ Lana pergunta, enrolando o macarrão com o garfo.
─ Não, eu preferi tirar um... ano sabático. Só pra ter certeza do que eu quero fazer a vida inteira, sabe?
Lana responde algo, mas me distraio com a vibração do meu celular no meu colo. É uma mensagem de Vinnie.
vinnie: oi, Love :)
vc sabia que cueca em espanhol
castelhano é gayumbos?
acho que eu ri disso por uns 20 minutos
Sem querer, solto uma risada, mas cubro a boca imediatamente.
Tarde demais.
─ Love? ─ ouço o tom provocativo de Lana. ─ Quem é que tá te fazendo rir sozinha, hein?
─ Hã? Não... Ninguém. Eu só lembrei de uma coisa engraçada, foi isso.
─ Ah, foi? ─ mamãe entra na provocação, beliscando meu braço de leve. ─ Vamos conversar depois, mocinha.
─ Mocinha? Mãe, eu tenho 20 anos! Já tenho idade pra... ─ me interrompo, sabendo que caí na armadilha.
─ Então tem um carinha mesmo! ─ Lana acusa.
─ Não tem nada! ─ me defendo. ─ E por que estamos falando disso no jantar de apresentação do namorado da nossa mãe? Que falta de educação.
─ Imagina! Esse cara é mais curioso do que a vizinha velha que todo mundo tem. ─ Nailea diz, deixando o pai de queixo caído.
─ Como você fala uma coisa dessas, Nai?!
─ Ué, é mentira? ─ ela retruca, rindo, e Marcus balança a cabeça.
A comoção se acalma, e em pouco tempo estamos de volta a tópicos normais como o emprego dos dois.
Aproveito a brecha e pego meu celular mais uma vez, respondendo à mensagem dele.
e friki significa nerd
vinnie: acho que somos dois
frikis, então
Mordo os dois cantos da boca para me impedir de sorrir e desligo o celular.
O jantar foi um sucesso. Marcus e Nailea são pessoas maravilhosas, e já marcamos de almoçar todos aqui no próximo domingo.
Depois que eles vão embora, Lana e eu lavamos toda a louça enquanto mamãe sobe para tomar banho. Quando ela volta, nós duas estamos caídas no sofá, cansadas.
─ Love... ─ ela chama, e eu abro apenas um olho. ─ Por acaso você conheceu alguém ultimamente?
Não vejo, mas sinto Lana se mexendo no sofá ao meu lado. Tenho certeza que ela pulou para conseguir me olhar melhor e me pegar na mentira.
─ Eu não...
─ Nem tenta mentir, dona Love. Eu te conheço melhor que você mesma. ─ Lana diz, cutucando o lado do meu corpo e me causando uma risada.
─ Ok, ok! Talvez... eu tenha conhecido uma pessoa.
Lana solta um gritinho estridente muito feminino enquanto mamãe sorri e logo leva as duas mãos até a boca.
─ Não é grande coisa.
Quando se é uma jovem de 20 anos com um histórico inexistente de namoros passados, até mesmo interesses remotos, e se anuncia que conheceu alguém... É grande coisa.
─ Quem é? Como ele é? Onde vocês se conheceram? Ele é gato? ─ Lana me bombardeia.
─ Calma! ─ rio. ─ Já falei, não é grande coisa. Somos amigos, ainda estamos nos conhecendo direito. Ele é lá da faculdade, nos conhecemos na biblioteca um dia. Eu juro que se acontecer algo a mais com ele, eu conto no mesmo dia.
Lana coloca as duas mãos em mim e começa a nos balançar enquanto grita, muito animada para alguém que não tem nada a ver na história. Mas eu entendo o entusiasmo.
─ Mas e você, dona Lana? ─ a seguro parada. ─ Já vai nos apresentar aquele pseudo-namorado?
Lana sorri largo, levando a unha do dedão até a boca.
─ Não tem nada sério entre a gente ainda. Ele é amigo dos meus amigos, e a gente sempre fica nos finais de semana. Mas... eu acho que gosto dele. ─ ela diz, com aquele sorriso de boba apaixonada. ─ Acho que vou chamar ele para almoçar aqui em casa no domingo, com todo mundo.
─ Uau. Lana, calma aí. Vocês não têm nada sério, mas você quer apresentar ele para a família assim, do nada? ─ mamãe questiona.
─ Não do nada. Não vou emboscar ele de surpresa. Vou conversar com ele, e ele vem se quiser, é isso. ─ ela balança os ombros. ─ Você pode chamar o seu amigo, Love! ─ ela diz, os olhos brilhando como se fosse uma ótima ideia.
─ Claro que não, ficou maluca?! ─ retruco.
─ Qual o problema? Amigos conhecem a família um do outro, sabia? É completamente normal. Vai ser um almoço ao ar livre, com piscina e churrasco... Vai ser divertido.
─ Vou pensar. ─ respondo, apenas para dar fim ao assunto. ─ Agora eu vou tomar um belo banho e ir dormir. Eu posso, ou vocês ainda têm mais alguma pergunta?
─ Tenho. ─ Lana diz. ─ Você não respondeu se ele é gato.
Solto uma risada, balançando a cabeça.
─ Ele é. Muito.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro