Capítulo 4
Ricardo Moretti Greco
D
ei os primeiros passos pelo quarto até chegar na cama, me sentando ao lado de Pietra, quando fui em sua busca no parque, ela já não estava mais por lá e não sabia o porquê de seu sumiço.
Seus soluços pela chamada só aumentavam o sentimento de culpa. Deveria ser um homem protetor, que sempre estaria ao seu lado, mas só conseguia pensar em meus interesses.
Egoísta!
Pietra agarrou meu colarinho puxando para si, neste momento, senti o quanto ela precisava de mim. Faço carinho em suas costas num intuito de acalmá-la.
— Está tudo bem agora, pequena. Aquele bastardo irá pagar gota por gota de suas lágrimas! Eu prometo. — Suas mãos agarraram minha camisa com mais força, havia prometido a ela algo que sempre me jurei fazer, mas nunca o fiz e agora estou aqui vendo ela pagar pelos meus erros. Dante foi minha perdição, o pai do meu lado sombrio, a pessoa cuja existência não poderia ser tão desprezível quanto agora e devo a ele tudo de ruim que há em meu ser.
Pietra deu mais alguns soluços até que conseguiu dormir. Coloquei ela de volta na cama, dei um selinho em seus lábios e resolvi conversar com Dona Marisa na cozinha talvez entender o que ocorreu em minha ausência.
Sentei na mesa para esperar a pessoa nanica do meu coração preparar o cafezinho que tanto amo tomar. Observei ela transitar na cozinha de um lado para o outro no seu jeito desastrado que me divertia muito.
Levanto e a ajudo encontrar o pote de açúcar que estava bem na frente de seus olhos, també pegar o pó de café que se encontrava bem no alto da prateleira.
Nem sei como essa velha consegue se virar sozinha!
Acabou que levei vários tapas por ter lhe tomado a frente e preparado o café.
Essa minha véia não toma jeito mesmo!
Sentamos e nos servimos. Peguei uma quantidade de manteiga e derreti ele no meu café recém passado elevando aquele cheiro mais suave.
— Hum, muito bom! — Ela estende a toalha de prato sobre os ombros, coloca as mãos na cintura e fica balbuciando sozinha. Talvez tentando lembrar de algo que estaria fazendo. Ri internamente.
— A senhora sabe de algo em relação ao estado de Pietra? — Tomo um gole generoso do líquido quente que desce queimando em minha garganta. Uma sensação prazerosa toma meu corpo me relembrando da primeira vez que havia experimentado o seu café.
Dona Marisa se acomoda na cadeira também tomando um pouco de seu café, para depois olhar para mim. Era um olhar que eu costumava ver quando Dante passava dos limites. Ela estava pensativa, talvez tentando de alguma forma, reformular uma resposta certa para não me deixar mais preocupado ou talvêz furioso.
— A menina me contou de uma colega... Hum... Chamada de... Acho que, Lúcia. — Ela se serve mais um pouco de café. Na verdade ela encheu a xícara de café até a borda. Queria muito ter só apenas o vício de não poder ficar sem café... Dona Marisa é a mãe perfeita que nunca tive.
— Sim, conheço ela... Uma ruiva baixinha que... Huhum! — Limpo a garganta.
Não queria dizer palavrões perto dela, na verdade eu iria ganhar mais tapas por fazer isto perto de Marisa, além de sermões que duraria por duas horas.
Mas realmente ela sabia do que eu iria falar, pois todos sabemos que garotas como ela trabalham na boate de meu suposto pai. Pietra com certeza a conheceu em uma de suas surras rotineiras e o pior é que eu nunca esava por perto para lhe proteger.
Lucia tinha o potencial de fazer faculdade de Medicina. Mas desta merda de vida ninguém consegue sair. Sinto mãos segurarem as minhas com mais firmeza.
— Olha meu menino, foi muito mais do que uma surra. O dono da casa a obrigou a matar sua própria amiga. — Ergui meus olhos em surpresa, meu pai desta vez foi longe de mais.
Meus dedos fervilharam quando apertei-os na toalha da mesa com força, desejando muito que fosse o pescoço do infeliz. Merda!
Estou mais do que cansado de não fazer nada! Farto de ver aqueles olhos azuis inocentes derramarem mais lágrimas, sofrer por que ele simplesmente quer que isso aconteça.
Levantei da mesa com tudo, preciso acabar logo com essa palhaçada, mas Marisa segura firme em meu braço.
— Não faça nada meu filho! — Olhei novamente em seus olhos e notei ali o seu desespero.
— Por favor. — Mas ele tem que pagar, não aguento mais estar nessa situação.
O seu olhar de súplica e medo me atingiu em cheio, fazendo me lembrar do dia em que implorei para que passasse um tempo dos serviços para que ela pudesse brincar comigo nos jardins. Dante havia a arrastado pelos cabelos a xingando de nomes horríveis. Uma surra por não ter feito o jantar no horário certo, e a culpa era toda minha.
Acabei presenciando tudo. Até seus olhos implorando para que me escondesse, o mesmo olhar que ela me fez neste momento, com os olhos marejados sentei-me novamente a mesa.
— Tudo irá se resolver menino, eu tenho certeza, é só dar... Tempo ao tempo. — Ela diz tentando me acalmar, mesmo ela não sabendo que eu prometi o matar desde aquele dia em que fui culpado pelos seus hematomas.
Mas eu sabia que ela escondia um segredo muito perigoso! Meu pai é um homem podre e com poucos que ousam afrontá-lo, sabe se lá o que faz além de ser um homem sem coração e ambicioso, também pode ter algo que lhe derrube com mais facilidade, uma fraqueza.
Ouvimos um grito que veio do quarto, corri como se tivesse um foguete plantado nos meus países baixos e preciosos. Passando pela porta do quarto, vejo Pietra agarrando os joelhos atordoada e aos prantos.
Me deitei com ela esperando que Pietra dormisse novamente, o que acontece em alguns minutos, já que sinto seu corpo relaxar em cima de meu baço e ouço sua respiração um pouco mais calma.
Minha pequena já sofreu de mais. Resolverei logo essa merda o quanto antes. Te prometerei pela Minha vida, ou eu não me chamo mais Ricardo Greco.
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