Capítulo 13
Ricardo Greco
— Merda! — Quebrei mais um copo na parede do meu quarto. Andei de um lado para o outro pela bagunça de cacos de vidros, bitucas de cigarros e roupas espalhadas pelo cômodo. Como deixei isso acontecer?
Levantei com a intenção de voltar a procurar por ela mais uma vez, tenho a certeza de que se eu esbarrar no otário do Geovanne ou até mesmo em meu Pai, eles me pagarão! Pietra se tornou a minha luz assim que a vi pela primeira vez, Dona Marisa cuidou dela desde pequena e minha paixão por ela sempre foi aumentando conforme crescíamos.
— Ian! — Pensei na pessoa certa para me ajudar, tenho a lealdade dele para tomar os negócios assim que tudo for ficar em minhas posses, afinal sendo o que sou e pelo apoio das leis, terei mais direitos do que Geovanne.
Vou em direção a pequena casa dele no fundo da propriedade. Mas ele também não se encontrava, voltei para a mansão e acabei me esbarrando em Dona Marisa no corredor. Seu olhar triste me deixou ainda mais destruído do que me sentia nesse momento, o que me faz perguntar o porquê de tudo isso.
— Oh meu filho! Nada? — Seus olhos cansados procuram por alguma faísca de esperança nos meus.
— Nada. — Soltei um longo suspiro, encolhendo os ombros. Ela coloca um pano de prato sobre o ombro e me guia para a cozinha.
— Precisa descansar querido, seja lá onde ela estiver estará segura. — Não. Ela só vai estar segura em meus braços.
— Eu falhei. — Deixei que a escuridão me tomasse à alma. Dante vai pagar!!
— Aqui. Tome, vai ficar melhor. — Ela deixa uma xícara fervente em minha frente. O aroma do café invade as minhas narinas como um alívio momentâneo.
— Já faz dois malditos dias mama. — Dois malditos dias… Ela me olha com amor e senta do meu lado.
— Eu sei meu bem, mas se não deixarmos nas mãos de Deus, quem irá cuidar dela?
— Não sei mama… — Apoiei a cabeça na mesa. Senti a sua mão passear em minhas costas proporcionando um alívio momentâneo, mas bom.
Pietra.
— Apenas tente, meu anjo. — Se ela soubesse que esse anjo tá mais para um demônio inconsolável, não estaria tão tranquila assim, mas quem sou eu para desejar algo ruim assim para ela? Mama usted nõ merece esse desgosto.
— Deixei nas mãos dele e tudo se resolverá. — Levantei a cabeça para olhá-la.
— Okay. — Ouço passos pesados fora da cozinha e sei que é Geovanne, pois ele nunca fica sóbrio. Até uns anos atrás éramos irmãos, agora só sinto repulsa pelo homem que ele se tornou.
— Vou indo mama. — Levantei e lhe dei um beijo em sua testa.
— Vá em paz, meu filho. — Ela sorri fraco, também sofre a ausência de Pietra. Vi seus olhos se inundarem antes de cruzar a porta. Sai da casa na intuição de pensar em algo para salvar a minha pequena encrenqueira.
As ruas estavam pouco movimentadas agora perto da tarde, o ar fresco me recebia de forma solitária e dolorosa. Vejo um bar aberto e entro pensando em me acalmar. Tomei conta do último espaço do balcão já pedindo uma garrafa de 51.
— Um, binde… A a… — Senti tudo girar e a língua adormecer depois da terceira garrafa. — Ô Vida miserável!
Os homens e algumas mulheres gritavam saudando e levantando as taças enquanto eu praticamente vomitava em minhas botas. A situação deplorável de um homem conhecido por tocar o terror nas ruas e vielas de Roma, o cara tapado que deveria ter tomado mais cuidado com a sua mulher.
— Ô… Jão! Trais mais uma aê. — Um rapaz cujo nome acreditava fielmente cego que não era este, chegou em minha mesa com outra garrafa, cada uma diferente da outra. Já tomei Tequila, Vodka; pinga; Velho Barreiro. Até os que eu nem sabia que existia, tomei.
— Minha bunda tá coçando… — Gemi qualquer coisa, nem eu mesmo entendia o quê.
— Vixi a coisa tá feia amigo. — Senti tapas em meu ombro, então virei para encarar o maluco e vejo Gregório sorrindo.
— Bem vindo ao clube das cuecas furadas. — Rimos como condenados enquanto a cada segundo morria por dentro pela única mulher que me importei nesta vida.
— Ouvi Loren dizer que nós… Os homens somos cretinos acredita nisto? — Ele bate com o dedo sujo no meu peito e depois no dele e bufou soltando Bafo na minha cara.
Tem cuspe na minha barba? Porco!
— Quem é Lorran... Loirinha... Lo... — Acho que devo parar, não consigo nem pronunciar a droga do nome, olho para o copo vendo os meus pés e mãos, dois deles refletidos no fundo. Merda! Acabou o…
— Nossa, decepcionado! — Um homem cuja fisionomia conhecida entra no estabelecimento, mais perto de mim ele sorri e bate palmas chamando a atenção de todos do bar. Trajando um dos melhores ternos preto de alfaiataria, esbanjando postura de líder que irei desmanchar num soco logo, logo.
— Meu primogênito. — Ele virou sobre os pés olhando a todos do salão. — Bebendo feito uma porca por causa de uma vadiazinha qualqu…
Antes que terminasse, lhe tombei no chão desferindo socos em sua cara nojenta. Não tenho remorsos! Faria de novo se fosse possível e farei de novo agora mesmo, ele deu dois passos para trás caindo de costas, avancei desferindo diversos socos, a raiva invadia meus sentimentos, os músculos doíam e a adrenalina cada vez mais fervente em minhas veias, desejava o seu sangue e iria conseguir se não fosse por Gregório me puxar.
— Foi você seu Filho da puta! — Eu sabia que ele não se daria por satisfeito em ter feito aquela atrocidade com Pietra, mas quero muito ouvir da boca desse infeliz.
— Já tirou tudo de mim Papai, o que quer agora? — Levantei de cima dele que se encontrava todo ensanguentado me olhando assustado, mas na maldita boca saiu uma risada diabólica que pôs medo em todos.
— Ainda não. — Ele levanta e limpa o sangue da boca com a mão para depois provar colocando em seus lábios. — Ela está servindo para mim, melhor do que aquela boceta; só a dela. Ah, Geovanne se divertiu muito também.
— Preste atenção seu imundície, certifique-se de que a sua bunda nunca cruze o meu caminho, caso contrário eu mesmo derrubarei a sua pose de Rei! — Levantei o pelo colarinho com uma mão de tanta fúria, ele olhava em meus olhos e ainda ousava manter o sorriso, o soltei com tudo no chão e o deixei feito merda que ele é.
— Fiquei anos me peguntando, o que um homem seria capaz de fazer quando não lhe resta nada para se ter esperanças. — Seu sorriso some. — Agora eu sei.
Nesta hora nem lembrei de mais ninguém, além de minha pequena Pietra. Entrei no meu carro, pouco me fodendo pela quantidade de álcool nas minhas veias. Tomei rumo para a minha casa que comprei faz uns dois anos no meio da França, era para cá que traria a minha mulher e eu a levarei, nem que para isto custe a minha vida!
— Pode esperar meu amor, que quando te encontrar irei casar com você nem que seja amarrada!
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