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45. Epílogo | Começo, o novo

Oi, upinheeeeeeeeeeees! Como vocês estão? Saudades!!!

Tô arrasada em pensar que é a última vez que vou abrir um capítulo chamando vocês de upinhes, mas vou deixar pra choramingar nas notas finais.

Boa leitura! Ah, e por favorzinhooo, comenta bastante porque amo saber o que estão achando da história 🥺!

#JKNãoUsaGravata

»»💼««

 Jimin olhava ansiosamente os carros parados através da janela de seu uber como se sua expressão aflita pudesse, por mágica, desaparecer com o trânsito. Queria ter aquele poder especial, era fato, mas o máximo que conseguiu foi uma encarada de volta de um motorista rabugento. Consultou as horas na tela de bloqueio de seu celular pelo que poderia ser a centésima vez. Os minutos avançavam rápido, e os carros na rodovia, não.

Era o dia da colação de grau de Taehyung, talvez um dos mais importantes na vida de Jimin também, ao ter acompanhado todos os desafios do seu melhor amigo muito de perto. Não podia perdê-lo.

Como participava de um programa de aceleração no exterior com o objetivo de alavancar ainda mais sua empresa — Eu, prazer, eu! —, passara a semana inteira adiantando todas suas pendências a fim de chegar com dias de antecedência e de poder apoiar o quase-formando em qualquer coisa. Mas aí, tivera o vôo cancelado por causa de uma tempestade.

Agora, encontrava-se daquela forma: desesperado para chegar a tempo da cerimônia e certo de que não teria tempo nem de tomar um banho antes. E estava um trapo.

A certeza tornou-se realidade completa — e pior — quando se viu correndo com pouca elegância pelas calçadas das proximidades do local da cerimônia. Estava perto o suficiente para chegar mais rápido do que o carro no trânsito, mas longe o bastante para suar em bicas pelo trajeto. O ar quente da noite de verão assomado ao paletó também não era uma das suas combinações favoritas.

Quando entrou no auditório, bem decorado com balões verdes e ostensivos buquês e lotado de convidados, o representante da turma já terminava o juramento. Jimin suspirou, aliviado, ao saber que não perdera a parte de seu melhor amigo. Existia Deus, afinal.

Desceu as escadas forradas de carpete creme, em busca de algum conhecido. Encontrou Yoonji acenando para si no meio de várias fileiras lotadas de conhecidos de Taehyung: o pessoal dos eventos de caridade, do skate, do hospital e até mesmo o irmão e os amigos de Jimin que viraram, no automático, amigos dele. Sempre ficava chocado com a influência e extroversão de Kim Taehyung. Agora, estava feliz em ver tanta gente podendo presenciar de perto o sucesso dele.

Todos os convidados estavam extremamente arrumados, então Jimin tentou, com as bochechas queimando, ajeitar um pouco o cabelo enquanto se aproximava da fileira. Queria tanto estar asseado. O paletó parecia todo torto.

Havia um assento ainda vago na ponta da fileira de Yoonji, provavelmente reservada para si. Jimin prendeu a respiração quando a pessoa na poltrona vizinha virou-se para trás e o encarou: era Jungkook. Jimin não o reconhecera de costas: seus cabelos negros foram domados para um lado enquanto o outro exibia um undercut, além disso, vestia um terno preto completo. Jungkook vestia um terno.

Sem graça por ter chegado tão atrasado e tão bagunçado, Jimin sentou-se quieto ao lado dele, mas não foi capaz de manter a expressão firme quando Jungkook ofereceu discretamente uma garrafinha de água. Sorriu, agradecido; sua garganta estava seca como um deserto, e estava tão cansado da corrida que precisava se esforçar para manter a respiração sôfrega discreta. Tomou bons goles.

Quando devolveu a garrafa quase vazia, observou Jungkook puxar do bolso de seu terno um lenço azul bebê, que também foi oferecido. Jimin aceitou de novo e tentou não chamar atenção enquanto secava o suor das têmporas.

— Tô muito cagado? — Jimin sussurrou próximo ao ouvido dele quando terminou de se ajeitar, guardando o lenço no bolso da calça social para lavar antes de devolvê-lo.

— Tá lindo como sempre, Minnie — Jungkook murmurou de volta quando Jimin ofereceu a orelha. Aproveitou da proximidade para deixar um beijo na bochecha macia. Ambos coraram. — Acho que quando você se recuperar da corrida, nem vai dar pra notar que correu. Você viajou todas essas horas de roupa social?

— Sim... — Suspirou, exausto. — Tá meio amassado, mas tava imaginando já que essa correria fosse acontecer. Antes amassado do que sem roupa social. Só espero não estar muito fedido.

Segurou uma risada quando Jungkook se inclinou em sua direção para verificar o cheiro e empurrou o peito dele para afastá-lo. Era muito engraçado como, não importasse quanto tempo ele e Jungkook não se vissem, ou quanto nervosismo e expectativa nutrisse ao chegar perto dele, a conversa sempre fluía fácil. Sempre estranhamente leve.

Verdade seja dita, Jungkook não era o único com quem conversava pouco, era com todos. Finalizava os seis meses do programa de aceleração para o qual fora convidado, e a correria era tanta que, quando via, caía no sono enquanto tirava parte da noite para responder às mensagens de seus amigos. Inclusive, perdera o namorado no primeiro mês de programa, porque o horário livre deste para fazer uma videoconferência era no meio da madrugada no fuso horário de Jimin que, muitas vezes, não acordava com o despertador.

Arrepiou-se e fez uma careta ao lembrar da ocasião. Foram meses horríveis, com muita coisa acontecendo e poucos momentos para tentar colocar a cabeça no lugar e se cuidar. Quase desistira, não fosse uma visita surpresa da Hani que alegara "ter interesse em passar as férias no exterior há milênios" e o fizera "esquecer desse homem que te abandonou quando deveria te apoiar!" na marra.

Sendo sincero, Jimin queria ter aceitado de uma forma mais racional o término, pensado apenas não ser capaz de atender às necessidades e expectativas do ex-namorado. Que não fora culpa de um ou de outro, apenas o simples fato de serem pessoas diferentes com prioridades e objetivos diferentes e que, portanto, deveriam seguir caminhos diferentes. Contudo, com a falta de tempo, com a sobra de barrancos e com o coração esmiuçado até virar pó, passara longos meses na fase de se ressentir por ter sido largado em meio a tantos outros problemas.

Isso é, até a notícia da formatura e da colação de grau do Taehyung. Do nada, todos os outros problemas tornaram-se pequenos perto do objetivo de conseguir deixar tudo ajeitado para comemorar com o amigo.

Levou os olhos ao centro do auditório circular e acompanhou a rota feita pelos formandos até achar a porta por onde entravam. Ajeitou-se em sua cadeira e lambeu os lábios, nervoso, como se fosse ele mesmo quem estivesse concluindo a graduação. E quando Taehyung surgiu do largo umbral, foi como se não houvesse problemas no mundo. Um sorriso enorme tomou seu rosto, e uma vontade absurda de gritar sua garganta. Precisou aplacar o desejo apenas batendo palmas, mas o fez com tamanho entusiasmo que ouviu Jungkook rir ao lado antes de aumentar a força e velocidade de seus aplausos também.

As fileiras de Kim Taehyung foram contagiadas e, pela quantidade de convidados, a força dos aplausos quase ensurdecia. Observaram Taehyung arregalar os olhos, assustado com o barulho, e depois encará-los com um sorriso gigante. O agora-médico se emocionou tanto que tropeçou no carpete e quase deixou o capelo cair. Quando o firmou de volta na cabeça, riu consigo e mandou um tchauzinho para sua plateia particular antes de terminar o caminho até o lugar ensaiado. Sabia que se não fosse um evento insuportavelmente formal, também receberia gritos de todos os tipos.

E, desde o momento em que Taehyung aparecera pela primeira vez, até o fim da cerimônia, esperando-o do lado de fora do auditório, Jimin chorou. Chorava tanto que nem tinha palavras para se explicar. Talvez fosse orgulho derretendo todo o estresse acumulado. Como amava poder se sentir tão feliz pelo amigo a ponto das próprias dores darem um pouco de espaço. Era incrível. Queria sentir-se assim mais e mais vezes.

Recebeu outro lenço de Jungkook — aparentemente dono de um estoque infinito — para assoar o nariz. Jungkook também o guiara pela multidão até a saída do auditório. Depois, quem o acudiu foi a Hani, que amou, com todo seu ser, encher o saco de Jimin sobre ser um chorão enquanto o entupia de abraços.

Taehyung apareceu uns dez minutos depois, com genuína dificuldade para passar pela multidão. Abraçou e foi parabenizado primeiro pelo pessoal do hospital, que precisava ir embora logo. Depois, pelos caras do skate, que se sentiam peixe fora d'água no evento. Enfim aproximou-se do último grupinho, sendo sequestrado por Yoonji para receber um beijo.

Foi um beijo meio longo, daqueles que faz o tempo parar para o casal e entretém espectadores indiscretos. Taehyung não poderia estar mais satisfeito, então, findado o toque, abraçou a namorada com força enquanto assistia chamas tomarem suas bochechas. Yoonji estava tão orgulhosa do namorado, droga! Quando pulou em sua direção, nada além do beijo passava pela cabeça.

Jimin situava-se no ponto mais distante da rodinha, significando que Taehyung cumprimentaria todos os outros até chegar nele. Estava ciente do desejo de todos os convidados de parabenizá-lo tanto quanto ele mesmo, então forçou uma falsa paciência e ouviu tanto Jungkook quanto Hani rirem sem se convencerem pelo falso controle. Mas estava com tantas saudades. De tudo. Era horrível acordar e não encontrar Taehyung estudando com uma cara amassada enquanto tomava café. Era horrível não dar um esporro nele e depois comer um cereal.

Cedo ou tarde — era tudo questão de referencial — viu-se entre os braços do melhor amigo, apertando-o de volta com força enquanto balbuciava parabéns quase ininteligíveis. Taehyung, que ria até então, começou a chorar também, e essa foi a deixa para irem ao bar. Não que alguém julgasse o choro dos dois, claro, mas se achavam mais dignos chorando depois de tomar uma cerveja, mesmo sem pretender beber a ponto de perder controle das emoções. A desculpa não precisava ser perfeita.

No bar, comemoraram, tiraram uma centena de fotos e, por fim, presentearam Taehyung com um travesseiro chique como um recado para que ele não se esquecesse de dormir e não exagerasse nos plantões. O presenteado gargalhou, por nem ter roupa para dormir em um travesseiro daqueles, e chorou, porque passou a noite quase inteira chorando.

Enquanto a Lua passeava pelo céu, os convidados foram embora aos poucos. Jimin, que recebera antes da viagem uma mensagem de Yoonji pedindo o apartamento para fazer uma supresa para Taehyung — nem perguntou qual era —, não sabia se já debandava para algum hotel — Hani estava com o pai meio homofóbico de visita — ou esperava eles irem primeiro. Encarou Yoonji, como se fazê-lo fosse trazer uma resposta.

Não foi uma boa ideia; a mulher estava prestes a ter uma síncope de tanto nervosismo. Foi o estopim para que ela, com bochechas coradas, tentasse sugerir a Taehyung irem ao apartamento dele. Na verdade, conseguiu, mas todas as palavras saíam gaguejadas de sua boca, o que fez o namorado estranhá-la bastante antes de concordar.

Jimin aproveitou a despedida para apertar Taehyung com ainda mais força entre os braços. Queria encontrá-lo logo no dia seguinte e se atualizar das notícias. Seokjin, o único restante na mesa além de Jimin e Jungkook, aproveitou a deixa para se encaminhar para casa também, dando alguma desculpa sobre sua namorada e alguma piada sobre cuecas acompanhada de uma risada escandalosa.

E, de uma longa mesa, sobraram Jimin e Jungkook.

— Quer fechar a conta? — Jungkook perguntou.

— Ah, vou ficar aqui mais um tempinho — Jimin respondeu, dando de ombros. Ainda precisava pesquisar um bom hotel para ficar por perto. Na correria, tinha esquecido completamente.

— Tudo bem, eu espero você. — Jungkook puxou o cardápio para ler.

— E a Hyoyeon? Não vai ligar se você chegar tão tarde?

Jungkook deu um suspiro chateado, fazendo até seus ombros caírem um pouco.

— Ah, a gente terminou...

— Nossa... — Jimin engasgou, meio sem jeito com a informação nova. — Você tá bem?

— Bem, como o motivo do nosso término foi meio ridículo... Na minha concepção, pelo menos... acho que superei bem até. Ou superei mal, fico irritado quando lembro.

— O que rolou? — Estranhou Jimin. Por mais que Jungkook houvesse, de fato, melhorado muito sobre sua culpa nos últimos anos, o término de namoro parecia um prato cheio para o seu gremlin interior corroer sua autoestima. — Isso é, se eu puder perguntar...

— Claro que pode! — Jungkook retrucou, ofendido. — A gente é amigo. Quem mais vai me perguntar?

— Sei lá... Fazia um tempão que a gente não se falava, né?

— Ah, mas você tá na correria do programa de aceleração. Inclusive, depois quero que você me conte como anda a sua bebê! Mas enfim, a gente pode tirar o atraso da conversa e pronto: amigos!

— Hm... — Jimin corou, bem feliz. Gostava de sempre estar em bons termos com Jungkook. — Pode ser.

— Enfim, voltando pra Yeon. — Jungkook soltou uma risadinha de escárnio e verificou os arredores antes de se inclinar na direção de Jimin e sussurrar: — Eu fui pedir, na inocência, pra ela me comer. O de sempre, você conhece. E aí, ela fez um escândalo! Sério mesmo. Um escândalo! Era só falar "não" e seguir a vida.

— E aí você pediu pra terminar com ela por causa do escândalo?

— Ah, não. Achei compreensível, sabe? Não é uma situação tão comum assim, então ela pode ter sido pega de surpresa e reagido mal por causa disso. Ninguém é obrigado a entender ou ao menos gostar dessa ideia... — Jungkook voltou a se recostar na cadeira. Foi mexer no cabelo, mas lembrou estar cheio de produto para manter o penteado e desistiu do ato. — O problema é que no dia seguinte ela pediu pra terminar. O.k, isso não foi o problema. O problema foi que ela me olhou com cara de nojo e justificou que agora não conseguia mais me ver como homem e mais um monte de bobagem. Tipo que uma marica não deveria fingir comer uma mulher de verdade que nem ela... Pra eu sair do armário direito... Enfim, sei nem interpretar o que ela disse e nem quero saber! Acho que foi o término que eu mais caguei, juro! Daqueles que são mais livramento.

— Caralho... Lamento.

— Ah, acho que foi pelo bem. Imagina se eu passasse mais tempo da minha vida com ela? Credo. Devo ter mesmo o cu mais ofensivo do mundo!

— Lamento não pelo término... E sim por você ter ouvido todas essas coisas — explicou. Respirou fundo antes de acrescentar: — Não é todo mundo que tem bom gosto, né?

Jungkook gargalhou alto, Jimin esboçou um sorrisinho porque gostava da risada alheia, mas se limitou a isso; não fizera uma piada, então não tinha por que rir. Entraram em um consenso silencioso ao encarar o cardápio e pediram mais alguns aperitivos, já com fome de novo.

— E você, Minnie? Mais sorte no amor?

— Ué? — Jimin piscou os olhos devagar. — Pensei que a Hani e o Taehyung fofocaram pra todo mundo...

— O quê?

— Que eu e o Minhyuk terminamos... — Observou Jungkook arregalar os olhos. — Bem, pelo jeito, a fofoca deu uma falhada. Faz uns quatro ou cinco meses já... No primeiro mês do programa de aceleração, ele pediu pra terminar porque eu não tava dando atenção o suficiente pra ele.

— Ah, que triste... — ele murmurou com sinceridade, mas foi interrompido quando a porção de batata frita chegou.

Fizeram uma pausa para encherem a boca e rirem com certa cumplicidade. Era simplória, mas a batata frita trazia à tona várias memórias boas entre ambos. Jimin teve de pigarrear e voltar a parecer minimamente chateado para continuar a conversa:

— Não deixa de ser justa a reclamação dele. Toda vez que a gente tentava ligar um pro outro, eu caía no sono no meio ou até mesmo antes. Ele ficava bem puto quando eu não atendia.

— Nossa... Mas se tava tão puxado assim, não dava pra conversar sobre isso?

— Ah, eu até falei que eu não tava me aguentando em pé e talvez isso acontecesse... Sugeri de ser na minha hora de almoço em vez da dele em alguns dias, porque não ficava tão tarde assim pra ele, mas aí ele disse que dorme cedo e atrapalharia o sono dele, e que o sono dele era sagrado...

— Porra, então ele nem queria tentar! Ele sugeriu alguma outra coisa?

— Hm... Não. Só que eu tomasse energético e talz pra me manter acordado.

Jungkook arregalou os olhos teatralmente, com a boca estufada de batata frita e incredulidade. Jimin não conseguiu conter uma risada.

— Minnie, com todo respeito, mas você se livrou também. Implorar por atenção, mas só do jeito que ele quer, sem negociar, é fácil!

— Ah... Mas ninguém é obrigado fazer concessões por um relacionamento. Cada um tem seus objetivos e limites. O objetivo dele era atenção e o limite, sono. Acontece.

— Concordo demais. Só que ditar limites pro outro sem ouvir o que o outro quer é de foder. Acho que todo relacionamento tem algo a negociar porque ninguém é igual. Se só um lado tem poder de barganha, perde todo o objetivo.

O tom de Jungkook era sério e, acima de tudo, doce. Jimin assentiu e pegou mais uma porção de batatas. Sabia que a comida o deixaria pesado, mas sentia-se leve.

— Acho que você tá certo...

— Eu tô! — Jungkook empinou o nariz. — Se valorize!

— Sempre fico em choque com o tanto que você ficou assertivo.

— Ninguém mandou você me botar pra fazer terapia direito — brincou, mas seu tom não era brincadeira, mas sim de gratidão. Jimin remexeu-se na cadeira de plástico do bar. Ser objeto de atenção de Jungkook daquela forma mexia com ele. — Saudades do eu antigo?

— Nem fodendo — resmungou, mas o coração disparou de preocupação quando recebeu um olhar ofendido de Jungkook, então tratou logo de explicar: — Ele era fofo e eu gostava dele, mas você é melhor pra você mesmo assim.

— Fofo? Você quer dizer os diminutivos? — Assumiu um tom manhoso. — Se quiser, eu posso dar uma usadinha...

— Credo, não! Eram fofos, mas na maior parte das vezes me irritava! Ainda mais quando você diminuía coisas sérias. Nossa, agora fiquei puto só de lembrar aquele inferno!

— Mas agora nossa conversa é levinha... — Amansou ainda mais a voz. Jimin rolou os olhos, mas riu um pouco. — Ou você pode me dar um esporrinho também... Só pra não perder o jeito.

— Credo, então na nossa relação, eu sirvo pra dar esporro, só?

Jungkook riu. Jimin acompanhou, um tom mais baixo.

— Hm... Na verdade, pra me acordar pra realidade. Algumas vezes foi com esporro, mas muitas foi só falando normal mesmo. Muito obrigado, aliás. Por tudo.

O ar ao redor deles estagnou, dando espaço a um clima sério, tenso, mas sincero. Não os incomodou. Aquele clima também era normal entre eles. Na verdade, nem sabiam qual clima seria estranho; não juntos. Passaram e experimentaram tantas coisas: já estiveram surfando em euforia e presos no mais profundo buraco. Apesar de não quererem, nem pretenderem, ao menos se aproximarem desse local, ao menos conheciam a rota de saída.

— Tá, mas não precisa agradecer por uma coisa dessas... Eu que tive muita sorte de te conhecer. Eu seria uma pessoa completamente diferente se não fosse isso.

Jungkook meneou a cabeça e desviou o olhar para o trânsito quase inexistente da madrugada. Passou alguns minutos com a cabeça perdida em pensamentos e a visão nas luzes frouxas da rua. Voltou, devagar, a observar Jimin bebericar um copo de Coca. Apesar de evitar refrigerantes, pediu um também.

Tomar um gole o rebobinou até aquele almoço depois de participar da sessão de terapia de Jimin; o segundo começo deles. Era curioso como ele e Jimin tiveram vários começos. Apesar de estar ciente de não poder esquecer ou negligenciar os ocorridos de nenhum dos começos, não conseguiria chamar de continuação. Ele e Jimin sempre pareciam pessoas diferentes.

Esticou as pernas sob a mesa e, sem querer, tocou as de Jimin, que não as afastou, principalmente por não ter muito onde colocá-las. Jungkook pediu desculpas, mas não quis tirá-las dali. Jimin, por sua vez, não reclamou. Então, apenas deixaram. Mais e mais.

Jimin o encarou com uma expressão de dúvida por alguns segundos, mas logo deu de ombros e relaxou. Então, foi observado por Jungkook por um longo tempo tempo. Pela correria do dia a dia, Jimin desistira de manter o cabelo azul. Agora, usava-o preto reluzente, curtinho, deixando-o com uma aparência ainda mais jovial. Jungkook gostava de vê-lo daquela forma. Agora, era Minnie pela sua própria história e ações, não precisava do cabelo para representar a pessoa que desejava ser.

Jungkook sempre achou os olhos pequenos e bem desenhados bonitos, mas agora pareciam ainda mais, mesmo com as olheiras do dia corrido. Talvez fosse um viço diferente. Talvez fosse consequência da nova forma de Jimin enxergar as coisas. Talvez tudo no rosto de Jimin parecesse muito certo junto. Olhos e narizes pequenos; bochechas e lábios fartos, macios. Jungkook engoliu em seco quando percebeu sua vontade de beijá-los.

Notou, nervoso, ser objeto de atenção de Jimin de novo; dessa vez ele vestia uma expressão de dúvida. Lambeu os lábios nervosamente. Recuou suas pernas, e Jimin se ajeitou na cadeira, cruzando os braços, em uma pose meio ansiosa.

Apesar de tudo no corpo de cada um gritar cansaço, o coração martelava no peito.

— Você tá com cara de morto de sono. — Jungkook aproveitou a deixa para rir um pouco, pois estava nervoso, demais. E pensando em coisas que, talvez, não devesse. — Quer rachar um Uber? De onde a gente tá, a sua casa é caminho pra minha.

— Ah, não, preciso procurar um hotel. — Jimin piscou os olhos lentamente, como se só então se lembrasse do detalhe. Puxou o celular para pesquisar as opções. — Parece que a Yoon tem planos com o Tae. E eu não perguntei sobre a casa dela...

— Nossa, um hotel? — Jungkook torceu o nariz, estranhando alguém com tantos amigos precisar apelar para tal alternativa. — Não quer dormir lá em casa, não? Aproveito e te mostro a decoração nova que tava te falando.

— Eu... hm... não sei.

Era mentira, claro que queria. Poderia culpar seu antigo piloto automático de fugir de toda proposta de Jungkook por não confiar nas palavras dele, mas ele se aposentara. Os últimos anos sendo amigo de Jungkook provaram a melhora dele com rigorosidade metodológica digna de física experimental. Confiava nele. E sabia que o convite era sincero.

Talvez o problema fosse agir como mera amizade. Passara a noite inteira com dificuldade de encará-lo, atraente em excesso.

— Assim, Minnie, eu não vou insistir até você aceitar — ele acrescentou com um tom brincalhão e deu de ombros. — Mas acho que você deveria considerar a opção com carinho. Meu xampu é melhor do que os de hotéis, viu?

— Ainda é o de melancia? — perguntou de supetão. Depois, lambeu os lábios, arrependido. O sono decerto não ajudava a filtrar suas frases. Não que o nervosismo o deixasse ficar sonolento. Droga, deveria ter bebido ao menos um pouco para ter algo para colocar a culpa de sua língua solta.

— Ele mesmo — respondeu Jungkook, espantado de Jimin ainda lembrar daquele detalhe.

— Ah, então é bom mesmo. Adoro o cheiro — completou, achando que seria menos estranho. Não funcionou como imaginado.

Um silêncio tenso, talvez até mesmo constrangido, pairou entre ambos. Pediram a conta para se livrar do silêncio, mas funcionou por um total exato de quinze segundos. O silêncio insistia em ocupar o espaço. Pigarrearam.

— Então... Você vai lá pra casa? — Jungkook balbuciou, nervoso, após pagar e perceber-se sem opções de fala. — Que aí eu chamo o Uber aqui.

— Tem certeza que não vai ser problema?

— Você já passou tanta noite lá, não sei por que tá fazendo toda essa cerimônia!

— É porque naquela época, a gente... — Jimin interrompeu sua argumentação fervorosa, temendo concluir o pensamento. Jungkook também não insistiu na pergunta. No fundo, ambos sabiam o que seria dito. E ambos compreendiam muito bem o motivo do nervosismo para falar em alto e bom som.

Assim sendo, mantiveram-se quietos e chamaram o Uber para a casa de Jungkook. O caminho foi dúbio, daquele clima que é tudo e nada ao mesmo tempo. Ao menos não havia trânsito, e a viagem foi rápida.

Todo o caminho da portaria, pelo elevador, até a porta da unidade de Jungkook foi estranho a Jimin. Por reconhecer tanto, mas não ter mais familiaridade; fazia muito tempo desde que trilhara aqueles passos pela última vez. Ao entrar e virar-se para para fitar Jungkook fechar a porta atrás deles, muitas memórias eram desencavadas do fundo de sua cabeça e de seu coração. Não as odiava.

Jungkook correspondeu o olhar, confuso. E ambos se encararam, em silêncio. Haveria constrangimento, se não estivessem tão distraídos e tão alheios ao próprio motivo da distração.

O som do elevador do andar ao longe os trouxe de volta à realidade. Afastaram-se com pressa, escondendo as bochechas coradas por notarem o quanto miravam a boca um do outro.

— Nossa, sua cozinha tá mesmo diferente! — Jimin apontou. Os canos cinzas industriais das fiações agora tinham uma alegre cor amarela. Em vez de paredes escuras, lajotinhas brancas ocupavam a visão e eram enfeitadas pelas inúmeras plantas de Jungkook, penduradas. Cada porta e gaveta do balcão possuía uma cor diferente.

— Gostou? — Jungkook sorriu e foi em direção ao cômodo. — Já mudei o quarto também. A próxima é a sala, tô procrastinando um pouco agora que já gosto da cozinha e da sala. Vou fazer um chá, aceita?

— Uhum. — Jimin trocou o peso de um pé para o outro e enlaçou as mãos atrás das costas. — Como vai sua plantação de hortelã?

— Quase subindo as paredes. — Jungkook riu e apontou o vaso. De fato, era uma bela plantação de hortelã. — Vou fazer chá dela então! Fresquinho é diferente, você vai gostar.

— Devo gostar, sim... — Jimin murmurou, desconcertado. Ainda encontrava-se parado em pé perto da porta, sem saber para onde ir, ou se deveria sentar em algum lugar. Suspirou. A casa inteira cheirava a Jungkook e respirar virou uma tortura pessoal a Jimin.

— Hm... — Jungkook observou Jimin enquanto colhia as folhas de sua hortelã, confuso. A expressão de Jimin ficou ainda mais confusa em conjunto — Já quer tomar um banho para ir dormir enquanto eu faço isso? É só pegar a toalha no meu armário, você sabe onde fica. Quando sair, você toma o chá.

— E você?

— Eu vou depois.

— Não quer ir primeiro?

— Não, pode ir.

— Mas...

— Quer que eu vá pegar a toalha pra você?

Cessaram a mini batalha de convencimento. E o principal motivo foi: ambos pensaram na solução perfeita para o embate. Ou na pior. Agora, a cabeça deles insistia em chafurdar em devaneios sobre como seria tomar banhos juntos.

Tentaram afastar a ideia, não só porque eram recém saídos de relacionamentos, mas também porque se viam pela primeira vez em meses. Talvez, se aguentassem um pouco, aquela vontade estranha passasse. Seria melhor.

Jimin quase correu para pegar a toalha no quarto de Jungkook — mesmo com paredes coloridas como novidade, foi horrível encarar a cama, o espelho do armário e as memórias que tinha — e enfiou-se no banheiro. Estava nervoso, muito nervoso.

Felizmente, a água quente e o cheiro confortável de melancia depois de um longo dia de viagem e compromisso o relaxou mais do que o esperado. Estava precisando mesmo daquele banho. Era um pecado ficar fedendo na casa cheirosa de Jungkook.

Logo ao sair do boxe e enrolar a toalha na cintura, ouviu uma batida na porta. Era Jungkook, vindo entregar roupas limpas e coletar as sociais para botar para lavar. Jimin vestiu-se nas roupas cheirosas e confortáveis que, assim como antes, davam-lhe uma sensação gostosa de abraço.

Observou-se no espelho por alguns segundos — tinha o semblante cansado, mas corado e inusitadamente alegre — e saiu do banheiro, dando de cara com Jungkook servindo chá em duas canecas. Jungkook ofereceu-lhe um sorriso e arrancou-lhe um suspiro, ao mesmo tempo. Deveria ser proibido Jungkook ser tão bonito.

— E aí? Melhor? — Jungkook perguntou.

— Demais... Tava insuportável já usar aquela roupa. — Jimin aproximou-se dele, na bancada da cozinha. Passou, com cuidado, os dedos pela lapela do paletó de Jungkook. O peito dele era tão largo. — Tô impressionado de você não ter arrancado a sua ainda. Nunca te vi usando algo assim.

— Ah... Não é tão ruim assim usar terno... — Ele riu, nervosamente. Tentou descontrair mais um pouco: — E eu fico lindão, né?

— Sim, muito... — Jimin assentiu sem nem pensar, dando um passo para trás e parecendo meio distante enquanto admirava Jungkook dos pés à cabeça mais uma vez. — De moletom também fica, então... mais mérito seu do que das roupas.

— Nossa, quantos elogios você tá me fazendo hoje! — Jungkook tentou rir de novo, mas ficava cada vez mais difícil; temia que a próxima risada sairia até mesmo engasgada. — Tá querendo alguma coisa de mim, é?

Jimin arregalou os olhos e, desperto, recuou alguns passos.

— Não! Eu... — Tentou raciocinar uma boa forma de sair da enrascada. Jungkook, em sua frente, tinha as bochechas vermelhas e olhos brilhosos de expectativa. — Eu quero que você vá tomar banho logo! E rápido! Antes que o chá esfrie, vou te esperar para tomar.

Jungkook, se estivesse em condições normais de temperatura e pressão, retrucaria para que bebessem de uma vez. Mas, precisando de uma deixa para domar todas aquelas coisas borbulhantes no peito, assentiu e correu, todo desajeitado, para o banheiro.

A noite voltou a ficar tranquila quando saiu do banho e encontrou Jimin dormindo, ainda sentado, no sofá. Jungkook acomodou-se ao seu lado e tomou seu chá sem pressa enquanto o observava ressonar.

Jimin deveria estar exausto mesmo ao não acordar com o barulho. A prova incontestável foi não acordar nem mesmo ao ser pego nos braços de Jungkook e acomodado no colchão da cama.

Jungkook o cobriu com cuidado e deitou-se no outro lado da cama, achando estranha a sensação de familiaridade na ação. Virou-se de costas para Jimin; era melhor garantir para não fazer nada que não deveria no automático, só pelo costume antigo de abraçá-lo. De fato, aquelas últimas horas junto dele mostraram o quanto sentira sua falta. Sugeriria de fazerem algo divertido antes dele voltar ao programa de aceleração.

Ah, e bem, faria um novo chá de hortelã na manhã seguinte.

-📑-

— Copião! — Jungkook acusou em um tom dramático ao entrar em seu quarto, onde Jimin, deitado de bruços na cama, fazia uma busca em seu celular. Este virou a cabeça, confuso.

— Quê? — Largou o dispositivo e sentou-se no colchão a fim de encarar Jungkook de frente. Sorriu quando o namorado acomodou-se na cama e o puxou para seu colo. Ambos suspiraram, satisfeitos com o toque, as mãos correram pelos corpos alheios como de costume.

— Prendeu o cabelo em rabo de cavalo! — ele respondeu, passando os dedos no agrupamento de fios fofos. Depois, desceu-os com cuidado até a nuca, acariciando-a. Jimin arrepiou-se e deixou as mãos repousarem nos ombros fortes de Jungkook.

— Ah... É que meu cabelo ficou meio comprido, né...? E a franja atrapalha na hora de ler — murmurou, distraído com a boca de Jungkook tão perto da sua.

— Copião!

— Pode ser, foda-se — resmungou, ajeitando a postura no colo dele, já aflito em receber o beijo. Logo. Jungkook riu e abriu a boca para fazer mais uma graça, então, irritado, Jimin avançou primeiro e deixou um beijo no canto da boca que o namorado, infelizmente, não queria fechar naquele momento. — Chato!

— Eu sou o quê? — Jungkook assumiu um tom ofendido e inclinou as costas para trás para fugir de um novo selinho. Jimin resmungou algo para si, irritado, e tentou puxar os ombros fortes de volta.

— Chato! — Jimin insistiu, bufando. Jungkook gargalhou. — Me beija, porra.

— Acho que sou chato demais pra fazer isso... — Jungkook assumiu uma expressão sonsa, mas continha muito mal a vontade de rir. Jimin o esganaria se não o amasse tanto. — Mas se eu fosse o seu amor, talvez eu faria...

Meu amor... — Jimin chamou, a voz mal saía de tanta indignação. — Me beija, porra!

— Gosto tanto de ser seu amor! — Jungkook comentou, alegre e muito, muito travesso. — Pena que gosto de que me peçam as coisas com carinho.

Meu... amor... — Jimin fazia careta e fingia falar cada palavra com extrema dificuldade. — Beija... minha... boca... Por favorzinho.

— Hm... E o drama? Pra ser tipo de novela?

— Porra, Jeon Jungkook! — Jimin chiou, desvencilhando-se com pouca convicção, mas muito teatro, das mãos do namorado. — Foda-se essa merda também, vai beijar suas plantas então! Faz novela com elas, caralho.

— Bem dramático! Parabéns, meu amor — Jungkook deu seu veredito. E riu, acomodando uma mão com firmeza na cintura de Jimin e trazendo o rosto dele para sua direção com a outra ao acariciar seu queixo.

Jimin deu-lhe uma olhadela cortante, averiguando se dessa vez era sério ou mais palhaçada. Em um gesto de fé que talvez não devesse nutrir, fechou os olhos. Temendo perder o namorado se fizesse mais gracinha e já muito entretido, Jungkook inclinou-se para buscar os lábios de Jimin.

Foi correspondido de prontidão e suspirou ao sentir os lábios encaixarem nos seus com maestria assombrosa. A boca de Jimin era tão macia que deveria ser considerada um superpoder. Ele mantinha um ritmo lento; sugava com habilidade cada um dos lábios de Jungkook e interrompia cada intenção de aprofundá-lo com beijos no canto da boca e dedos puxando os fios da nuca.

Não foi difícil para Jungkook entender que experimentava o mais cruel tipo de vingança. Ao falhar mais uma vez em entrelaçar as línguas, recebendo como prêmio de consolação apenas uma mordida sensual nos lábios, gemeu, manhoso, na expectativa de ser atendido.

E Jimin riu.

Riu.

— Para de rir... — Jungkook implorou contra os lábios úmidos de Jimin, que faziam questão de sempre estarem próximos, mas não se entregarem por completo. O pedido só fez Jimin rir de novo, seu hálito arrepiava Jungkook.

— Pede direito.

— Para de rir... por favorzinho.

— Não é assim que eu quero... — Jimin inclinou-se para sussurrar em seu ouvido; roçava os corpos de uma maneira enlouquecedora. Para piorar a situação de Jungkook, deixou um beijo atrás de sua orelha, derretendo-o.

— Hm...? — Ele perdeu o fio da meada com os toques. — Como você quer então?

— Pensa um pouco... — Jimin riu de novo, fazendo seu hálito arrepiar Jungkook. Mordiscou o pescoço do namorado enquanto ele tentava pensar na resposta certa.

Assim que Jungkook a encontrou, começou a rir. Depois, teve de se compor para ser capaz de atender aos requisitos do namorado.

— Me beija logo, porra! — rosnou. — Vingativo do caralho...

Jimin sorriu e voltou a buscar os lábios de Jungkook, levando a mão ao queixo dele para inclinar sua cabeça e entreabrir sua boca, já tão sedenta de si. Entrelaçou as línguas quentes sem cerimônias, arrancando gemidos satisfeitos dos dois.

Enfim um beijo decente. Contudo, poderiam jurar que o joguinho besta sempre o deixava mais gostoso. As mãos corriam, sem impedimentos, por todos os cantos do corpo alheio, tão desejado e tão conhecido. Os beijos e mordidas começaram lentos, depois aceleraram com necessidade, antes de perderem a velocidade novamente. Afastaram os lábios apenas ao ficarem sem fôlego, deixando selinhos suspirantes um no outro; as mãos ainda passeando pelo parceiro.

Jungkook abriu os olhos para observar as bochechas coradas e os lábios cheios e inchados de beijo do namorado. Ele permanecia de olhos fechados, tão entregue... Era capaz de enlouquecer Jungkook, que engoliu em seco e beijou a mandíbula desenhada dele, levando a mão de volta ao cabelo agora longo.

— Tá lindo... — Jungkook lembrou-se da conversa de antes... daquilo tudo. — Seu cabelo comprido, no caso.

— Sério? — O tom todo desafiador de Jimin agora era incrédulo. Ele também abriu os olhos apenas para arregalá-los. Jungkook quis explodir com a dualidade; amava a reação de Jimin com elogios bobos e sinceros. Beijou-lhe as bochechas fartas com calma.

— Sério — confirmou, junto a mais um beijo na bochecha. — Mas quando você não é lindo?

— Bobo... — resmungou Jimin, mas suas bochechas coraram ainda mais e, para disfarçar, puxou Jungkook de volta para um beijo. Gemeu ao sentir os dedos alheios mergulharem em seus fios e puxarem-os com delicadeza. Quando se ajeitou no colo de Jungkook, percebeu-o endurecer e descer os beijos para seu pescoço. — Hm... Não faz isso... Eu ainda tenho que terminar de fazer uma coisa hoje e sempre fico morto de sono depois que a gente transa.

— Não sabia que eu te dava tanta canseira assim... — Jungkook soltou uma risadinha brincalhona enquanto subia os beijos de novo para os lábios de Jimin, deixando ali alguns selinhos para então beijar sua testa com calma. Tirou-o de seu colo e deitou na cama abraçado ao Jorge Agendinha; olhos ainda fixos no namorado. — O que você precisa fazer? É domingo... Posso te ajudar?

— Preciso achar um apê barato pra morar... — Jimin afastou o olhar, pois Jungkook estranharia ter passado tanto tempo sem saber daquela história. Na verdade, não sabia por que não tinha contado a ele ainda. Talvez por não estar acostumado a não ser rico, enquanto Jungkook ainda era. — O Taehyungie e a Yoon querem morar juntos e acharam uma proposta bem boa que estão com medo de perder. Mas o Tae só diz que sai quando eu tiver um lugar pra ir também.

— Justo... — Ouviu Jungkook falar mais devagar, do jeito que fazia quando tentava escolher as palavras certas. Ficou aflito. — Algum motivo especial pra só ter me contado agora?

— Desculpa...

— Não precisa pedir! — Jungkook sentou-se na cama de supetão. — Eu tô perguntando na moralzinha mesmo! É porque, dependendo da sua resposta, eu vejo qual é a melhor forma de te ajudar.

— Eu... não sei. Talvez eu esteja achando estranho ter que viver com algumas limitações financeiras agora que meus pais descobriram da Eu, prazer, eu. O que não faz sentido, porque a maior parte das pessoas têm limitações e minha nem é tão grande... Dei sorte deles serem meio burros e só perceberem quando ela já tinha dado três meses de lucro.

— Entendi... Acho que deve ser meio estranho mesmo ter que se preocupar com grana depois de uma vida inteira sem pensar nisso...

— Sei lá. Acho que é, mas ainda acho meio revoltante estar estranhando ter que viver na realidade, sabe? Talvez seja isso que me fez não te contar sobre o apê... Vergonha, algo do tipo. — Sua voz foi abaixando até virar um suspiro.

— E agora, você ainda sente vergonha? — Jungkook engatinhou para perto de Jimin na cama e o abraçou por trás, apoiando o queixo em seu ombro. Jimin deu outro suspiro, mas dessa vez de conforto. Acomodou-se mais contra o corpo dele e buscou as mãos apoiadas na sua barriga para entrelaçar seus dedos.

— Acho que um pouco, ainda. Consegui falar, pelo menos. Mas continuo meio... Sei lá.

— Hm... — Jungkook franziu o cenho, sem saber muito bem o que fazer pelo namorado. Então, beijou sua bochecha. — Mas vamos ao apê! Quais são as nossas opções?

— Tô procurando algum estúdio ou kitnet... talvez um coliving. Também abri vaga pra alguém entrar no lugar do Taehyungie, mas como tá fora de semestre letivo, a procura fica meio baixa. Quer entrar no lugar dele? — brincou.

— Pior que esse apartamento aqui... meus pais me deram, não é alugado — Jungkook respondeu, estranhamente sério e constrangido. Sempre se espantava com o quanto tinha a vida ganha. — Aí é meio ruim eu me mudar pra outro lugar. Mas se essa é a conversa... por que você não mora aqui?

— Quê?! — Jimin arregalou os olhos.

— Você sugeriu eu morar com você... Não entendi o susto.

— Ah... Mas lá meu apê com o Taehyungie é tipo uma república... Quartos separados e tudo mais... — Jimin desvencilhou-se do abraço com cuidado e coçou a nuca antes de virar-se de frente para Jungkook, que tomou a iniciativa para entrelaçar os dedos de novo. Como Jimin mantinha o olhar baixo, Jungkook puxou a mão pequena para deixar um beijo demorado nela. — O seu... tem tipo um quarto só. Seria tipo morar junto como casal.

— Mas a gente é um casal... — Jungkook argumentou, cheio de vontade de gargalhar. Deu mais um beijo na mão alheia, tentando segurar o riso devido à expressão pensativa do namorado. Querendo ou não, era uma conversa difícil, precisava respeitá-lo. — Ou a gente terminou e não tô lembrado?

— Palhaço! Não era isso que eu quis dizer... — reclamou, mas acabou sorrindo, sem querer. Ver Jungkook lidar bem com o assunto tranquilizava-o. — Sem contar que seu apartamento é caro... Eu sou uma pessoa normal agora, lembra? E não quero ser sustentado por você! Isso de jeito nenhum!

— Então... — Jungkook fez uma pausa dramática para pensar na matemática da coisa. Ao ver uma boa alternativa, continuou, satisfeito: — Como não pagaríamos aluguel graças aos meus pais, posso fingir que tô "pagando" ele e você pode pagar as contas fixas. É bom pra nós dois! E aí a gente divide as variáveis. Acho que as contas do meu apê saem mais barato do que o aluguel e as contas de outros lugares que você achar, que tal? — sugeriu. Sendo sincero, não se importaria de dividir todas as contas ou mesmo continuar pagando-as, mas Jimin tinha sido bem categórico sobre não querer ser sustentado. — Isso é... se o problema for financeiro mesmo! — acrescentou, subitamente nervoso. Soltou as mãos de Jimin, talvez não fosse o momento. — Vamos começar de novo: se fizer sentido, financeiramente falando, você gostaria de morar comigo?

— Eu...

— Ah! Você não precisa responder agora, se não quiser... Não quero te pressionar e... — Começou a se perder nas palavras, afobado, e recebeu um tapa leve no peito. Seu namorado ria, ao menos isso, então acompanhou com uma risada tímida, mas feliz. Gostava do fato do Jimin não se incomodar mesmo quando ficava empolgado demais.

— Calma, Jungkook! Você não tá me pressionando a nada, relaxa. Mas... e você? Realmente quer morar comigo?

— Já sinto como se a gente morasse... Você vive aqui em casa.

— Desculpa.

— É muito bom, eu adoro! — garantiu com um sorriso luminoso e o puxou para um beijo, como se fosse a melhor das argumentações. Apesar de pouco convencido, Jimin cedeu; era fraco pelos toques do namorado, ainda mais quando a língua habilidosa dele pedia passagem. E mais um beijo, e depois outro, enquanto as mãos mapeavam cada detalhe um do outro.

Jimin enfim conseguiu forças para se soltar dos toques tão irresistíveis. Piscou os olhos devagar, tentando lembrar de onde estavam na discussão. Era difícil, ainda mais com Jungkook sorrindo tão perto de si, prestes a dar um selinho. Desviou com pesar do beijo e continuou:

— Tá... Mas aí, morando juntos de verdade, você teria que dividir as suas coisas e...

— Tá ótimo! Tem espaço vazio demais no meu armário mesmo! — Jungkook saltou da cama teatralmente para ir até a porta da esquerda do armário embutido. Abriu-a para provar que, de fato, não havia nada naquele canto e fez uma mesura engraçada, digna de um show de mágica. Jimin precisou morder os lábios para se conter, o namorado era tão adorável. — O banheiro já tem sua toalha e sua escova de dentes...

— Eu te visitar é muito diferente de morar juntos... E se a gente não gostar?

— Aí a gente procura o tal studio e kitnet lá que você queria. — Jungkook deu de ombros, ainda apontando sugestivamente para o vazio do armário como se este fosse argumento de sobra para Jimin trazer as roupas naquele exato instante. — Mas eu quero tentar! Você quer?

— Sim... — Jimin assentiu, com bochechas coradas e uma vontade imensa de ter os dias cheios do namorado. — Mas temos que planejar melhor.

— Você acha mesmo? — Jungkook perguntou antes de sair do quarto para buscar o celular esquecido na cozinha. Abriu no aplicativo do banco as contas pagas no começo do mês e voltou à cama para entregar o dispositivo para Jimin. — Essas são minhas contas. Se tá dentro do que você pretendia gastar com aluguel e conta, acho que tá resolvido! Liga pro Tae pra ele fechar o apê com a Yoon, e a gente pode aproveitar esse final de domingo pra eu te deixar prontinho pra ir dormir...

— Jeon Jungkook, não me diga que você está me aceitando na sua casa por tesão! — Jimin resmungou, mais ainda ao assistir o namorado engatinhar pela cama até grudar em si. De novo, ele o abraçou pelas costas, acomodando seu corpo entre as pernas fortes. Dessa vez foi pior, pois Jimin não conteve um arfar ao sentir as mãos alheias invadirem sua camisa e acariciarem sua barriga. Prendeu um suspiro logo depois; era tão gostoso... Mas manteve-se firme e pegou o próprio celular para somar as contas.

— Park Jimin, tô aceitando por amor! E vai virar a nossa casa! — ele retrucou, assumindo um tom ofendido, mas não se impediu de cair no riso. Voltou a apoiar o queixo no ombro de Jimin, os braços bem acomodados contra a pele quente de sua barriga. Só porque o pescoço dele cheirava muito bem mesmo, deixou alguns beijos. — Lembra da nossa máxima?

— Errar rápido e com frequência? — Jimin, após somar todas as contas, bloqueou a tela do seu próprio celular, apreensivo, e o soltou na cama. — Não é um lema muito romântico, né?

— Hm... Acho que não, mas funciona direitinho pra gente, não funciona? — Jungkook sorriu e afundou o nariz agora no cabelo longo de Jimin. — Pra dois medrosos planejadores, é perfeito. E tá funcionando bem até, né? Mês que vem a gente faz dois anos...

— Já?!

— Uhum... — Jungkook era a pessoa que se lembrava das datas com antecedência, apesar de Jimin sempre marcá-las no calendário para preparar algo. Eram diferentes, mas respeitavam o que era importante um para o outro, e funcionava. Mais beijos no pescoço. Jimin correspondeu com uma carícia nos braços enlaçando-o. — Agora... Você ter jogado nossos celulares na cama quer dizer que cabe no seu orçamento ou não?

— Aff, assertivo do caralho.

— Tô um arraso na terapia mesmo. — Deu uma risadinha. Queria voltar a passear suas mãos por Jimin, mas ele ainda não tinha dado o veredito e, infelizmente, não podia se distrair mais ainda. — E você? É decidido e assertivo com tudo, menos comigo.

— É porque eu te amo, né...? — Jimin suspirou, com o coração ainda acelerado no peito pelo resultado da soma simples. — Não existe regra pra fazer dar certo e tenho medo de te perder.

— Você sempre me deixa sem saber como reagir quando faz essas declarações do caralho como se estivesse falando sobre comprar pão. — Jungkook riu, mas suas bochechas queimavam. Soltou Jimin para virá-lo de frente e puxá-lo para seu colo de novo. Acomodou as bochechas quentes dele nas mãos e encarou os olhos pequenos e intensos devagar. Jimin ainda era alguém de expressões mais neutras, apesar de agora sorrir muito. Mas os olhos... os olhos sempre contavam mais do que era capaz de absorver. — Eu te amo, Minnie. E também tenho medo de te perder... Então vamos tentar contar as nossas próprias regras um pro outro. Vai que ganhamos o jogo desse jeito.

— Uhum... — Jimin assentiu, muito nervoso, e sentiu os olhos lacrimejarem de amor e temor. Sentiu Jungkook beijar seu rosto com tanto cuidado e carinho que se sentia derreter. Talvez já estivesse derretido. Há mais de dois anos. — Seu condomínio é mais caro do que os lugares que eu tava olhando... Mas o resto é todo igual, e não tem o aluguel no meio e... Enfim... — Mais um suspiro nervoso. — ... cabe no meu orçamento.

— Vamos morar juntos?! — Um sorriso tão enorme e alegre abriu-se no rosto de Jungkook que Jimin quase conseguia sentir o calor emanar dele, como se fosse o Sol. Sorriu junto, mas tímido. Algo como um sorriso de Lua.

— Vamos morar juntos — confirmou, sem conseguir conter a animação da própria voz.

Foi arrebatado por um beijo de Jungkook, sempre com aquele gosto paradoxal de conforto e entusiasmo. De muitos anos de companhia e de promessa de vários mais, diferentes do próprio jeito. Jogou o corpo para trás, até deitar na cama, trazendo Jungkook junto entre suas pernas. Com pressa, puxou a camisa dele para fora do corpo e resmungou:

— Não sei por que você fica andando de camisa dentro de casa!

Jungkook riu e apoiou-se nos calcanhares para ajudar Jimin a retirar a camisa dele também, jogando-a longe.

— Você também tava de camisa dentro da sua casa — respondeu em um tom desafiador.

— Bem, problema resolvido... — Jimin suspirou ao puxar Jungkook para mais um beijo. Ele se encaixava tão bem entre suas pernas, entre seus braços e entre seus lábios... Como se fosse feito para si. As peles quentes buscaram-se ao acomodarem melhor as bocas e as mãos naquele toque cheio de euforia com seus novos passos.

E apenas separaram-se por um suspiro, apenas para observarem, com um sorriso, a paixão estampada no semblante deles, sentindo contra o próprio peito o bater acelerado do coração do outro, na mesma sintonia. Sentindo aquele mesmo sentimento bom preencher o corpo e anunciar... aquela sensação.

Talvez o que mais gostassem um no outro fosse aquela sensação de sempre parecerem novas pessoas, de gostarem mais de quem eram, de sempre sentirem mais no peito, como se acumulassem mais amor e expectativa.

Aquela sensação de sempre ter novos começos.

 »»💼««

Bem, esse foi o epílogo de Empresário! Com dois timeskips e tudo, socorro. Mas e aí, gostaram?

Qual foi a parte favorita do capítulo para vocês? Para mim, é ele chegando na formatura do Tae, tão importante, e recebendo a ajuda fofa do Jungkook.

Bem, não sei direito o que falar, de verdade. Empresário é um projeto beeeeeeem antigo meu (2019, acho) e é estranho finalizar. E, mais ainda do que ser antigo, me deu uma dor de cabeça ENORME e, como vocês já sabem, eu não só tinha medo de postar, quanto imaginava que ninguém iria ler. Bem, tive coragem. E bem, você leu. Muito, muito, muito obrigada mesmo, por tudo. Pela leitura, pelo apoio e por ter se aberto a mim. Como já disse, acho que Empresário me presenteou com uma relação muito íntima e pessoa com vocês, e sou muito grata mesmo por isso. Queria falar mais, até porque a correria do dia-a-dia me faz me sentir ausente daqui e desse final. Queria ter dado mais a ele, mas saibam que tentei dar tudo que consegui. E obrigada por darem um pedacinho de vocês durante a leitura.

Bem, acaba aqui! Se você quiser continuar acompanhando meu trabalho, me siga aqui no wattpad, insta, twitter (apesar de meio abandonado), sou callmeikus em todos. Ah, caso um dia eu comece a postar mais no tiktok, ou vocês queiram me mandar algo por lá, sou a ikuverse lá!

Próxima sexta-feira, dia 03/06 às 19:00 voltam as postagens de Uma Suposta Facção de Balé, minha colegial jikook bem fluffy, de aquecer o coração, vibes heartstopper se já quiserem ler algo meu! Além de ter muitas fics, claro!

Bem, e é isso. Muito obrigada por tudo, amo você, e espero te ver por aí ainda!

Com amor,

Mel Ikus

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