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30. Silêncio, o necessário

Oiii, meus upinhos! Como vocês estão?? 

Fiquei com saudades de vocês! Vocês são meus amores, já sabem, né?

Boa leitura e não se esqueça de votar!

#JKNãoUsaGravata

»»💼««

Jungkook abriu a boca algumas vezes para falar algo, mas nem uma palavra sequer arriscou-se a sair. Jimin sorriu ao observá-lo. Estava satisfeito em atestar que seus motivos para afastá-lo eram tão convincentes quanto esperava. Afinal, Jungkook iria justificar ou perdoar erros cometidos com ele, mas não poderia fazê-lo quando outros eram prejudicados.

Sorria, mas sentia-se despedaçado por ter atingido seu objetivo. Sentimento estúpido. Era uma vitória. Finalmente tudo iria se consertar. Não deveria ficar triste, e sim agradecer por ter recebido muito mais do que merecia nos últimos meses.

— Pra sua sorte, nunca fui abertamente preconceituoso com ninguém dentro da Up, então não precisa me demitir se você ainda tiver essa necessidade idiota que eu continue trabalhando com você... — continuou. As palavras saíam fáceis, como se ensaiadas. Jimin nunca teve coragem de colocar aquela barreira antes, mas talvez já tivesse ensaiado o sentimento... de não se achar ao lado de Jungkook. — Mas se não for me demitir, sugiro que você e o Jin mantenham um olho em mim por via das dúvidas e fiquem mais atentos a denúncias de condutas machistas ou inadequadas. Você sabe... O procedimento padrão dos Pulmões.

Observou Jungkook por longos minutos, esperando algum traço de resposta; um olhar que fosse. Mas ele só encarava as próprias mãos, perdido. Jimin confessara com sinceridade e banhado daquela sua objetividade medonha; por que Jungkook não conseguia aceitar nenhuma das palavras?

Talvez soubesse parte da resposta: não queria aceitar.

E pior: sua dificuldade em aceitar a veracidade das palavras de Jimin provava que formara um viés inadmissível. Jungkook, como CEO daquela empresa, deveria ter sido capaz de perceber tudo que o estagiário falou e de tomar medidas a fim de proteger os outros Upinhos. Não poderia ficar defendendo Jimin do tratamento padrão da empresa para casos como os dele só porque gostava da presença do estagiário.

— Vou trabalhar. A Yongsun me chamou pra ajudar ela a montar uma apresentação estratégica pro Cérebro... — Jimin suspirou, por fim, e levantou-se. A falta de resposta, de um mísero olhar, o decepcionava. Não sabia se Jungkook estava magoado ou resignado. Não sabia se Jungkook já começara a odiá-lo por ser a pessoa horrível que era. Igualmente, não sabia se queria ser odiado ou não. Seu racional clamava julgamento, mas o emocional entrava em puro desespero só com o vislumbre de perder tudo que descobriu gostar. — Quando você tomar alguma decisão sobre isso no âmbito profissional, me avisa. No pessoal... É aquilo: não ande mais comigo, Jungkook.

Jimin afastou-se. Jungkook continuou sentado em silêncio, incapaz de resolver o conflito que sentia pesar o coração. Depois de respirar fundo algumas vezes, levantou-se para ir aos Pulmões conversar com Jin — como Jimin sugerira. Seu estagiário era especialmente metódico e conhecia muito bem os processos da empresa. Portanto, se tal conversa foi sua recomendação, provavelmente era a melhor alternativa mesmo.

Pelo menos alguma característica no âmbito profissional ele conseguia enxergar.

-📑-

A tarde de Jimin com Yongsun foi tranquila; construíram rápido todo o material necessário. Talvez como consequência de já ter exposto de vez sua podridão, perguntou sobre a experiência como mulher da líder dos Pés com uma ânsia apressada por respostas. Temia ser demitido antes de terminar de aprender o que lhe faltava com as pessoas da Up.

Assim como Yoonji e Hani, parte do relato assemelhava-se com o que já ouvira, mas outra carregava as individualidades de Yongsun como pessoa e de sua trajetória até ali. Trabalhar em uma corretora de ações não fora o melhor momento da vida de Yongsun — tão constantemente humilhada e inferiorizada pelas pessoas com as quais trabalhava que começou a acreditar que não sabia nada sobre sua paixão: financeiro e economia.

— Sabe, Minnie, eu não posso dizer que tô 100% realizada de tá trabalhando na Up — ela confessou enquanto terminava de conferir pela última vez os números do balanço das contas na apresentação que construíram para o Cérebro. — Eu sou economista e gostaria de trabalhar diretamente com isso, sou doida por economia. Aqui na Up eu cuido mais de processos contábeis... É tudo dinheiro, mas de um jeito muito diferente. Contabilidade, com todo respeito, é um saco. Mas a paz de espírito de trabalhar em um lugar que me reconhece como pessoa e profissional é impagável...

— Então você vai deixar a economia de lado? — Jimin tentava refletir como seria o sentimento de abandonar o que mais gostava porque outras pessoas fizeram da atividade um inferno. Mas logo percebeu que era impossível; sequer tinha uma paixão pessoal para tentar abstrair como seria perdê-la. Empatia nunca esteve tão distante.

— Tento usar ela sempre que dá. Sou trader por hobby, digamos assim. Não dá pra acompanhar o pregão inteiro porque esse não é o meu trabalho, né... Mas faço umas operações semanalmente só por diversão mesmo. A verdade é que os melhores retornos são em aplicações constantes e ponderadas, que é a maior parte da minha carteira.

— Entendi...

— Hm... — Yongsun permaneceu em silêncio por alguns segundos, terminando de revisar tudo. — Uma coisa que sempre me corrói é pensar que eu deveria fazer algo para o mercado financeiro ser mais acessível a mulheres. Pra outras, um dia, terem o espaço que não tive. Mas, sinceramente... só quero ficar quieta.

— Não dá para lutar o tempo todo. — Jimin deu de ombros. — Tem grandes chances de que, se você tentasse fazer algo com vontade de ficar quieta, ser tão desgastante quanto trabalhar na corretora.

— Verdade... — Ela suspirou, parecendo desanimada. Jimin pestanejou, achando o estado de espírito da mulher estranho. Ela costumava ser animada.

— Mas isso é o seu estado de espírito agora. Seu antigo emprego até que é recente e acho que ainda deve ter rastros do desgaste emocional... Talvez daqui uns anos você não queira mais ficar quieta... Ou talvez você ache alguém com a mesma vontade, mas com mais energia do que você. Aí, você pode trabalhar como um apoio em vez de carregar a ideia no seu colo. Talvez você queira continuar quieta também. O ponto é... não acho que você deveria se atormentar com isso agora porque a gente não sabe como vai ser o futuro.

— Pensei que você fizesse Administração, não Psicologia. — Yongsun riu enquanto levantava-se junto a Jimin para ir ao Cérebro pedir aprovação do orçamento.

— Nem brinca. — Jimin fez uma careta. Imagine, logo ele. — Avaliei apenas como administrador. Se a gente pensar na sua energia como recurso... Faz sentido, não?

— Faz sim, faz sim. — A mulher riu mais uma vez e bagunçou os cabelos azuis antes de entrar no Cérebro. — Ei, meninas! Nossa, que departamento mais abençoado! Tanta mulher bonita...

— Só fala logo onde você quer enfiar dinheiro, sua puxa saco — Wheein respondeu, fingindo estar impaciente, porém logo caiu no riso junto às outras.

— Que grosseria! Isso se chama educação — Yongsun reclamou enquanto conectava seu notebook à TV da sala. O Cérebro era o único departamento a possuir TV própria, conquistada após muitos upers cansarem de subir para as salas de reunião toda vez que precisavam apresentar algo ao Conselho.

Hyejin resolveu ir à copa a fim de pegar um café para eles; Wheein preparara tantos biscoitos amanteigados na noite anterior que trouxe as sobras para a empresa. Era impossível notar que Yongsun não gostava tanto de seu trabalho na Up enquanto discutia animadamente com as amigas e comia biscoitos. De fato, o ambiente e o clima organizacional eram importantes para a satisfação dos colaboradores; Jimin deveria ter prestado mais atenção naquela matéria da faculdade.

A cada momento que passava consciente do local, Jimin percebia ter muito a aprender. De todos as formas. Esperava conseguir se manter na Up. Ou quase esperava: parte dele queria fugir do ambiente, queria ser penalizada por sua conduta. Porém, no fundo, temia não ter outro lugar que o ensinasse tanto.

Mal sabia que seu futuro estava, de fato, sendo discutido nos Pulmões, a poucos metros de distância. Ou deveria estar sendo discutido, porque faziam cinco minutos que Seokjin esperava Jungkook falar alguma coisa. Qualquer coisa. O CEO, sentado à sua frente, encarava os próprios pés amuado, como se fosse uma criança de castigo.

— Ai, amado... Que tortura. — Jin suspirou por fim, começando a impacientar-se por não descobrir nem um traço do que estava acontecendo. — Quer conversar outra hora ou em outro lugar?

— Podemos... ir pra sala de convivências? Quero fazer um cházinho — Jungkook sugeriu, terrivelmente indeciso. Ao menos esperava que o ambiente informal o encorajasse a pensar em todo o problema apenas como uma "conversa". Na verdade, era apenas uma conversa mesmo... Por que estava pensando demais?

Jin deu de ombros, levantando-se para acatar a ideia. Espreguiçou-se e bradou que sua postura era um cu, como o habitual. Estranhou ver que Jungkook, sempre bobo, não riu. Fazia tempo que não ficava tão tenso. Na verdade, desde que ele e Jimin aproximaram-se e começaram a trabalhar melhor juntos, Jungkook parecia tranquilo e assertivo, o que era uma raridade quando se falava daquele garoto.

Sem pistas de como solucionar aquele mistério, acompanhou Jungkook até o andar de cima e sentou em um pufe mais isolado enquanto o esperava fazer tal chá. Porém, quando sentou em sua frente com o chá entre as mãos subitamente trêmulas, Jungkook continuou silencioso. Suspirou. Seria difícil.

— Vamos lá... Você não quer falar, mas mesmo assim não cancelou a conversa. Então é uma conversa que não deve ser protelada? — Jin perguntou e Jungkook acenou com a cabeça, concordando. — É sobre a pesquisa de clima?

Jungkook negou com a cabeça, Jin suspirou mais uma vez. Já exausto de antemão pela conversa; não acreditava que teria que fazer perguntas de "sim" ou "não" para Jungkook. Era para ser uma conversa, não um jogo de adivinhação! De qualquer forma, como obtivera mais informação por aquele método estranho do que apenas esperando que desembuchasse, continuou:

— É sobre as Mãos? Os Pés? A Boca? Olhos? Pulmões? Cérebro? Céus, amado! Acabaram as diretorias, que tipo de problema é esse... Ah, talvez o Coração? — Finalmente recebeu uma resposta afirmativa. Não que fossem palavras; apenas um assentir de cabeça e um olhar desolado. — Bem, se é o Coração, o problema é com você ou com o Jimin... ou talvez algo externo. Porra, amado, sério mesmo que se eu não fizer perguntas de sim ou não, você não vai responder? Você já foi melhor que isso...

— Desculpinha... — Jungkook murmurou, cheio de remorso. — É... é o Jimin. Acho que eu junto também.

— Tá, é um ponto de partida. E pelo seu comportamento, imagino que seja algo ruim... Me diz, amado, o que aconteceu?

— Ele... ele disse pra eu vir falar com você.

— Falar o que comigo?

— Para que os Pulmões acompanhassem e observassem ele de perto.

— Por que a gente deveria fazer isso?

— Porque ele disse que é machista e LGBTI+fobico... — Era quase impossível ouvir sua voz, de tão baixa. — E que a gente tem que ficar atento a denúncias desse tipo de comportamento dele aqui...

— Tudo bem. — Jin suspirou, coçando a nuca. — Vou avisar o pessoal aqui, especialmente o Sungyeol, que acompanha o PDI do Jimin.

— E só?

— O que mais tem pra fazer por enquanto? — devolveu. — Se foi o Jimin que falou isso pra você, ele deve tá certo. Ninguém até agora reclamou dele por ter feito algo do tipo, então seria errado demitir sem mais nem menos. Mas se ele tem potencial de agir de um jeito inadequado, temos que estar atentos para não deixar passar.

— Então você acredita?

— No quê?

— Que o Minnie é preconceituoso... — Jungkook, por inteiro, era um retrato de pura aflição. Seokjin respirou fundo, porque aquela conversa estava sendo mais difícil do que o necessário. Assumiu um tom mais sério.

— Não cabe a mim acreditar ou não. Cabe a mim ficar atento e remediar esse comportamento, pelo bem dos outros Upers. Você deveria fazer o mesmo, Jungkook. Você parece muito propenso a não acreditar e, no momento que a gente tem um viés, é mais difícil enxergar as coisas como são, para qualquer um dos lados. Se você não quiser acreditar, pode acabar deixando várias atitudes passarem; e se você acreditar demais, pode acusar a pessoa por pouca coisa também.

— É verdade... — Jungkook abaixou a guarda um pouco. — Isso é muito problemático.

— O quê?

— Eu querer justificar o Minnie... De novo. Prometi pra ele que não faria isso e aqui tô eu... — Jungkook prendeu a respiração, em um lampejo de entendimento. Entendia o afastamento de Jimin. Ou, ao menos, achava que entendia. Mostrou-se incapaz de julgar Jimin como deveria e, em consequência, não era uma pessoa confiável de se estar.

Jimin precisava de alguém que apontasse seus erros.

Jimin dissera várias vezes que precisava ser tratado com imparcialidade; até mesmo desconfiança. Jimin confessara não se perdoar, especialmente por não ter sofrido consequências das próprias ações. Jimin não poderia ter sido mais claro sobre suas próprias vontades e sentimentos.. E lá estava Jungkook, tentando mais uma vez amenizar as problemáticas de Jimin apenas para aliviar seu coração de sabe-se lá o quê, em uma eterna tentativa de apagar um incêndio que, por trás dos panos, era responsável por avivar as chamas.

— Como assim? — Jin perguntou, interessado. Sempre teve muitas dúvidas sobre o relacionamento de ambos. Presenciou momentos avulsos da história, sem nenhuma explicação para conectá-los. Até então, não sabia o que acontecera depois de ter passado o endereço de Jungkook naquela madrugada tão distante nas memórias. Mas parecia ter dado tudo certo.

— O Minnie teve atitudes bem ruins uns mesezinhos atrás... — Jungkook confessou, temeroso. Incrédulo. Nunca pensou que tiraria aquilo de seu peito depois de tanto tempo. — E eu normalizei. Muito. Tanto que o próprio Minnie, nesse tempinho, percebeu que tava errado veio me explicar o que aconteceu.

— O que aconteceu?

— Ele... — Jungkook respirou fundo, esperando que o oxigênio trouxesse a melhor forma de expor. Trancafiou o ocorrido em seu peito por tanto tempo, que o cimentara lá. Não queria se mover, nem se libertar. — Ele... Ai. O Minnie... Me assediava sexualmente. Mas calma, deixa eu explicar direitinho e... Eu não deveria estar explicando.

Com muito esforço, calou-se. Estava sendo injusto com ele mesmo e com Jimin. De novo.

Seokjin ficou em silêncio, tentando absorver a informação, quase enterrada pelo tagarelar nervoso de Jungkook. Era muito grave e Jimin... Jimin fora vítima de assédio também. Como poderia replicar aquele comportamento? Seria a hiperssexualidade posterior ou talvez...

— Quando ele foi te falar que te assediava?

— Foi uma madrugadinha aí, logo depois da UP4U.

Jin arrepiou-se com a comprovação de que passara o endereço de Jungkook para que Jimin confessasse seus assédios, provavelmente depois de ser vítima e entender a problemática. Arrependeu-se mortalmente de sua decisão, de ter arriscado o amigo ao colocá-lo em contato com o próprio assediador.

— Isso é muito grave, Jungkook...

— Eu sei, eu sei... Eu falhei muito, Jin, muito mesmo. Desculpa. Eu só...

— Por quê?

— Eu normalizei, não sei por quê. Eu só não consegui contar pra ninguém que fui vítima. Nem antes, nem depois. E, até agora, continuo procurando desculpinhas pra acreditar no Minnie... Tipo, eu acredito muito que ele não é uma pessoa ruim, mas... Droga, é por isso que ele me chutou.

— Ele te chutou? — Jin arregalou os olhos, cada vez mais confuso com a história. Tanto se Jimin tivesse chutado Jungkook de verdade, quanto emocionalmente, era completamente estranho.

— Calma... Eu vou te explicar tudinho então. Acho que assim tá difícil de entender. Vamos lá... O Minnie lê yaoi desde criancinha, aí parece que ele ficou muito empolgado quando soube que ia trabalhar comigo porque sou um CEO, ou algo assim. Aí ele tentava me "seduzir", mas como eu não queria nadinha... foi assédio. Quando ele percebeu, veio pedir desculpas pra mim. Eu entrei em negação e o Minnie teve que me convencer que foi assédio. Aí ele queria se demitir e eu... eu pedi pra ele continuar.

— Quê? Por quê? — Seokjin ouvia com profunda atenção; tudo era tão ambíguo e incompreensível que temia se perder na narrativa a qualquer mísera distração.

— Ah... Eu me sentia culpado pelo que aconteceu. Mesmo o Minnie insistindo que eu não tinha culpa de nadinha, porque eu era a vítima, eu quis que ele continuasse para eu tentar "consertar" o que aconteceu. Pra eu me sentir menos pior...

— E você escondeu isso de todos nós porque sabia que a gente ia ser contra? — Jin adivinhou e Jungkook concordou, envergonhado. Não tinha notado, mas posto daquela forma, era claro. — Credo... Você não tá trabalhando isso na terapia?

— Eu escondi da Eunha também... — confessou e Jin suspirou pesadamente, apoiando a testa na mão. Quantos suspiros. Quantos diminutivos. Que confusão horrível.

— Caralho, Jungkook.

— Desculpa...

— A merda já tá feita. Em qual ponto vocês começaram a transar juntos?

— É tão óbvio assim? — Jungkook sentiu as bochechas arderem.

— Yoonji me contou que você dormiu no quarto dele... Imagino que não tenham passado todas as horas fazendo orações a Deus.

— Yoonji dormiu no quartinho do Tae! E com certeza eles não transaram!

— Sim. Mas aqueles dois estão em um relacionamento romântico quase assumido. Você e o Jimin, só Deus sabe... Só sexo casual pode explicar.

— Imagino que sim... — Jungkook suspirou, admitindo derrota. — Bem, o Minnie começou a fazer terapia, né, e passamos uns meses morninhos. Ele não gostava de ficar pertinho de mim porque se sentia culpado e teve uma hora que o Woohyun me chamou pra uma consulta também. Foi aí que eu descobri sobre a questão da pornografia precoce... O Minnie detestou, porque acha que agora eu tenho mais desculpas pra justificar as ações dele e perdoar.

— E ele mentiu? Você tava doido para fazer isso mesmo. — Jin cruzou os braços, reflexivo. Jungkook corou mais.

— Mas não é meio tristinho, Jin? Imagina o que deve ter levado uma criança a consumir pornografia a ponto de moldar tudo... Desde que ele cortou a pornografia, o Minnie fica muito perdidinho na vida.

— É triste, Jungkook. Não nego isso. Mas ele é um adulto que precisa lidar com as consequências das próprias ações, independente da história triste por trás delas. E você é o único que não percebeu isso. Mas continue... Não chegamos na parte de transar ainda.

— Ah... Uns meses depois a gente teve uma conversinha sobre a vida mesmo, aí eu acabei perguntando de relacionamento e ele disse que se sentiria inseguro em tentar algum, principalmente por ter ideias erradas do que é sexo por causa da pornografia. Aí me ofereci pra uma transa casual pra ele entender direitinho como funciona.

— Simples assim... — Jin ironizou.

— Eu juro que fez sentido no dia! Eu sei de todos os probleminhas sobre a pornografia e tenho certa experiência sexual. Vai dizer que eu não parecia um bom candidato? Eu conseguiria entender qualquer estranheza.

— E conseguiu?

— Eu ri uma vez na nossa primeira vez... Mas foi só uma vezinha!

— Sim, sim... E agora, como chegamos ao chute que ele te deu?

— Ah... Então, além do sexo, a gente tava passando bastante tempinho juntos porque você sabe... Eu sou meio grudento. E aí a gente teve tanta conversa legal... Na verdade, nem sei dizer se foram conversas legais. Mas foram conversas que eu precisava ter, e acho que nunca consegui ter com ninguém. Ele só... tem alguma coisa nele que me dá abertura pra falar. Eu me sinto um lixo, mas é como se eu pudesse ser um lixo e... Merda.

"Acho que eu realmente não consigo acreditar que ele é uma pessoa ruim, de verdade, principalmente depois de tudinho... Enfim. Aí hoje mais cedo ele disse que era preconceituoso, que eu deveria falar com você. Cortou nossas relações pessoais e pediu pra que eu avisasse sobre o que aconteceria profissionalmente. Aposto que ele quer ser demitido de novo."

— É claro, você deveria ter demitido ele mesmo.

— Você vai demitir o Minnie?

— Você me colocou em uma situação complicada, Jungkook... — Seokjin mordeu os lábios, pensativo. — Desde quando ele te pediu desculpas, ele nunca mais te assediou?

— Nunquinha — Jungkook confirmou, assentindo a cabeça fervorosamente, com uma certeza que não lhe era comum.

— Mas vocês começaram a transar... Tem certeza que você só não normalizou o assédio por estar com ele? — Seokjin enterrou a cara nas mãos de novo, sem acreditar naquela situação. Que bagunça.

— Eu sei que tô falhando muito na imparcialidade, mas eu realmente acho que não. Ele nunca se aproxima muito de mim na Up e... até quando nós saímos juntinhos, lembra? Com a Yoonzinha e o Tae. Nem em uma situação mais discontraidinha ele me toca. Nem me abraça direito, só na cama. E ele pede permissão pra me tocar quando transamos. Me diz, isso não é um avanço?

— Sim... Mas Jungkook... ele te assediou. Como que você pode aceitar ele no mesmo ambiente? Você tá bem mesmo?

— Eu me fiz essa perguntinha algumas vezes... Primeiro eu achei que era porque eu não tinha notado que ele me assediava... Mas isso continuaria errado, né? Negar o assédio não apaga que ele aconteceu e continua sendo uma forma de agressão. E, pra ser sincero... eu tinha notado. Não tão racionalmente assim porque eu fugi de pensar nisso... mas era claro que eu me sentia muito desconfortável e agoniado do lado dele.

"E... bem, eu pedi pra ele continuar na Up por motivos egoístas, pra suprir minha insuficiência porque eu achava que toda a situação era minha culpa e que eu conseguiria me sentir melhorzinho 'resolvendo' ela. E, por um momento, achei que ofereci a transa pra suprir essa necessidade de me sentir bem... Na verdade, eu ainda não sei bem se foi esse motivo ou não. É muito minha cara fazer uma merda dessas. Talvez tenha sido. Acho que eu não saber é um problema também. Mas acho que deu certo? Alguns dos motivos realmente eram bons."

— Então... Qual é a sua epifania? Não tô te entendendo.

— É o que eu já te falei... Eu parecia o candidato ideal pra ser a primeira vez dele. Foi uma conversa tranquila. E, independentemente do motivo para eu ter aceitado, que eu confesso que não consigo dar certeza, eu consigo dar certeza de que, atualmente, eu curto muito mesmo o Jimin. Sério.

"Acho que ele é a única pessoa que não me deixa fugir das verdades que eu precisava ouvir. Eu sinto que ele pode me ajudar a melhorar, e vice-versa. Chega a ser estranho, sabe? Porque quando eu me sinto bem do lado dele, me sinto muito bem mesmo. E quando me sinto mal, parece que eu finalmente tô me sentindo mal pelas coisas certas. É difícil explicar, mas aí eu fico pensando... Mesmo todo nosso caminho até aqui tendo sido problemático e errado pra caralho, isso invalida o que conquistamos agora? Só porque foi uma merda, não dá pra aceitar que agora é bom?

— Jungkook... — Jin suspirou. Mais um suspiro. Não soava certo. Soava apenas confuso e bagunçado. E Jungkook, com seu histórico impecável de malabarismo com seus sentimentos e com suas justificativas, dificultava ainda mais formar uma opinião. — Eu acho que você podia aproveitar o afastamento do Jimin pra garantir que é isso mesmo... Acho que com esse tempo e essa distância, você vai conseguir enxergar melhor os riscos e o que realmente aconteceu fora desse "relacionamento". Você tá muito mergulhado no Jimin pra notar essas coisas. Relacionamentos são assim, às vezes só temos clareza fora deles. E imagino também que executar bem seu cargo dentro da Up seja mais importante para você do que quer que você tenha com o Jimin.

— Sim. Eu acho que o Minnie se afastou justamente por isso... Porque percebeu que eu não tava sendo capaz de separar e reconhecer os problemas dele e agir adequadamente como líder do Coração. É... Acho que vou tentar ficar quieto por um tempo, é o melhor que dá pra fazer agora.

— Muito bem.

— E você vai mesmo demitir ele?

— Então, como eu disse, você complicou a situação... Ele já deveria ter sido demitido, mas faz meses que ele não apresenta nenhum comportamento passível de demissão. Deveríamos fazer isso como uma espécie de punição atrasada e que pode soar até mesmo injusta porque ele é um bom colaborador, ou deixamos ele ficar impune? As coisas requerem timing, Jungkook, principalmente quando estamos falando de pessoas... Você realmente complicou a situação.

— Desculpa...

— Bem, já aconteceu e não tem o que fazer sobre isso agora. Fica afastado do Jimin pra tentar enxergar as coisas com mais imparcialidade. Aqui nos Pulmões vamos acompanhar essa questão que ele falou de ser machista e LGBTIfóbico. Vou falar com a Yoonji também; ela não ia muito com a cara dele, talvez seja por causa disso...

— Eles pareceram bem próximos domingo de manhã. E hoje no alinhamento da Yoonzinha... — Jungkook comentou, fazendo um bico enquanto bebericava seu chá esquecido, já meio morno. — É muito difícil entender o Minnie... Não acho que ele mentiria sobre ser preconceituoso, mas aí ele não parece ser e...

— Não pensa demais nisso, Jungkook. — Jin suspirou. — Vamos dar um tempo e acompanhar os próximos dias. E, pelo amor de Deus, leva essa questão do assédio pra terapia ou ai do seu cu!

— Finalmente você parece normalzinho. — Jungkook riu, ainda desanimado. Confuso. Não sabia se poderia confiar nele mesmo mais, e era muito esquisito. — É estranho te ver sério demais.

Eu sou um homem sério, moleque, não abusa! — Jin resmungou, levantando-se. — Tô indo trabalhar, tenho várias coisas sérias para fazer.

— Jin... — Jungkook o segurou pela barra da blusa. — Muito obrigado mesmo por me ouvir...

— Às vezes a gente faz esse esforço. — Jin brincou e acariciou os cabelos dele. Estava preocupado com o amigo, e esperava que ele conseguisse se distrair. — Não enrola demais para voltar a trabalhar também, tá? Qualquer coisa, pode chamar de novo.

-📑-

O dia foi morno. Jimin conversou com Jungkook só para verificar se podia desafogar o CEO com alguma atividade. Passaram a maior parte do dia em outros Órgãos e, nos momentos que estiveram juntos no Coração, o silêncio era constante.

Nenhum dos dois queria o silêncio. Jungkook queria conversar, brincar, chamar para o cinema, mas sabia que só poderia fazer aquilo no momento que tivesse maturidade o suficiente para impedir que atrapalhasse a Up. Ou, ao menos, ter maturidade para reconhecer seus reais sentimentos sobre tudo que acontecera entre eles e trabalhá-los na terapia.

E Jimin... Jimin queria muito o conforto de um relacionamento genuíno, pautado na preocupação e no carinho, porém estava longe de ser a pessoa que o merecia. Queria sentir os fios de Jungkook entre seus dedos, o calor e o peso de seu corpo sobre seu colo enquanto assistiam algum filme ou série. Queria ouvir Jungkook tagarelar coisas que sempre considerou bobas enquanto fazia um chá que logo aqueceria suas mãos e seu interior. Queria ter suas percepções lapidadas com anos de indiferença, chacoalhadas por questionamentos compassivos, propostas tentadoras. Queria de volta cada um dos beijos doces que recebera, queria poder experienciar um replay deles, porque não se permitiria receber novos.

Nenhum dos dois queria o silêncio. Mas engoliram cada uma das palavras que surgiam das gargantas sabendo que ele era necessário. Não eram bons o suficiente para atingir a plenitude de uma conversa e uma companhia entre si. Esperavam, em seu âmago, serem capazes de um dia chegar lá.

Jimin voltou frustrado para casa, pois por mais que quisesse muito melhorar, não sabia se mesmo quando a melhora ocorresse poderia orgulhar-se dela. Tudo parecia uma mera forma de reparação; de tapar buracos. Como se não importasse o quanto tentasse se informar, melhorar e se preocupar genuinamente, no fundo, estivesse fadado a continuar vivendo como aquele homem nojento que era; escondido atrás de algumas tolerâncias.

Queria tanto ser uma pessoa boa que chorou, olhando para o teto, enquanto deveria dormir. Queria participar daquele mundo que Jungkook, Taehyung, Yoonji, Hani, Yongsun e aparentemente todo mundo na UP2U vivia, menos ele. Mas todos eles eram ótimos, inteiros. Jimin era apenas um pote quebrado. E independentemente da quantidade de cola que espalhasse em sua superfície, nunca seria bom de verdade.

Chorou até dormir. Acordou com uma mensagem no celular.

Mulher age com emoção, e não com razão. Foi o que leu com os olhos pesados. Espero que tenha gostado do versículo machista de hoje. Até amanhã, Minnie!

Jimin sorriu um pouquinho e copiou aquela frase para seu bloco de notas, a fim de refletir mais sobre ela mais tarde. Talvez até levasse a Woohyun. É, seria bom trabalhar aquele aspecto do seu comportamento com o psicólogo.

Levantou-se e lavou a cara inchada de choro, porque aquela melhora que ele queria não era sobre ele, e sim sobre as pessoas que viviam na mesma sociedade que ele. Pessoas, inclusive, que se dispuseram a ajudar.

Se uma pessoa boa queria ajudá-lo a colar aqueles pedaços, deveria apreciar e aceitar a dedicação. Um pote remendado ainda era melhor que um completamente partido. Jimin sabia que seu foco deveria ser apenas em melhorar, e não se questionar sobre seu desejo de ser algo melhor do que era capaz. Sobre uma linha de chegada que se sentia incapaz de ultrapassar. O importante para ele, naquele momento, era ao menos dar passos.

Mesmo que nunca fosse uma pessoa boa. Ele seria uma pessoa melhor. Ponto. Simples daquele jeito. 

»»💼««

Bem, capítulo difícil! Mas o Jungkook contou pela primeira vez o que aconteceu FINALMENTEEEE! E o Jimin, mesmo nas recaídas, consegue reconhecer a importância do caminho da melhora, aff, meu orgulho 😭 (desculpa estar tão faladora e empolgada, mas eu fiquei TÃO ORGULHOSA quando eles conseguiram fazer isso kkkkkkkkk sei que escrevo, mas é meio imprevisível, aff)

Bem, qual é a cena mais marcante para vocês? Para mim é o finalzinho mesmo, os dois super quietos dá uma estranhezaaa

Gostaria de agradecer, como sempre, ao retorno com Empresário. Eu não minto quando falo que nunca imaginaria. Muito obrigada a quem vota, lê, comenta e surta comigo lá no #JKNãoUsaGravata!

Tenho um último aviso! Decidi que vou tirar férias de postagem em outubro, pra me dar mais tempo pra escrever e refletir as coisas. Eu estava passando tempo demais revisando pras postagens e isso começou a atrapalhar um pouco meu processo de escrita, junto aos outros cansaços da vida como a graduação e o trabalho. Garanto a vocês que, apesar de ser uma pausa, vocês vão ser beneficiados por receberem histórias melhores vindas de mim, tá? E muito obrigada a quem apoiou minha decisão no twitter e quem compreende agora!

Beijinhos de luz e até 13/11 às 19:00!

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