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29. Beijo, o agridoce

Oi, meus upinhos!!! Como vocês estão? Espero que bem pq vcs são meu tudo aaaaaa! Que saudades aaaaaaaaaaa!

Sempre fico mto mto grata a vocês, mas queria deixar um agradecimento especial pelo carinho que vocês tiveram comigo no capítulo passado. De verdade, eu não esperava, e foi um abraço!

E desculpa estar sumidinha! Final de semestre da facul + trabalho sugando a vida, mas já já volto!

Boa leitura e não se esqueça de votar!

#JKNãoUsaGravata

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Terminaram de tomar o chá e apoiaram as xícaras de volta na mesinha de centro. O silêncio, porém, ainda imperava. Temendo deixar Jimin desconfortável por estar apenas de cueca, Jungkook foi vestir uma roupa. Nenhum dos dois sabia o que falar, então quando Jungkook voltou vestido, o silêncio permaneceu em seu trono.

Antes, Jimin tinha certeza de que estava magoado, mas aquele sentimento cedera. Emoções eram tão estranhas, queria gritar. E o espaço que a mágoa deixou foi tomado por preocupação. Preocupações: se Jungkook sentia-se melhor, mesmo com seus problemas familiares, se poderia fazer algo para aliviar aquela dor, se poderia continuar ao seu lado depois daquele conflito estranho. Queria muito continuar enchendo seus dias de Jungkook, e esse era o maior problema. Ou só achava que era. Talvez o problema fosse ter aceitado a companhia de Jungkook para começo de conversa, e isso o deixava ainda mais preocupado. Talvez tudo fosse um problema.

Suspirou e o encarou: tenso, com aquela típica expressão de culpa contida — lábios pressionados um no outro, sobrancelhas levemente franzidas, olhar perdido. E Jimin notou que apenas queria vê-lo bem. E sabia que, ao contrário de Jungkook, ele aguentava o tranco de carregar a consciência de que era uma pessoa ruim, ou qualquer outra emoção tortuosa. Não só aguentava, como merecia ter que viver com elas.

Tinha se decidido.

Portanto, aproximou-se lentamente de Jungkook, dando chances de que ele se desvencilhasse de qualquer toque. Estendeu a mão e, após receber um olhar permissivo, afundou-a nos fios ainda úmidos dele, deixando um afago em sua cabeça.

— Não tô magoado com você, Jungkook... — murmurou, acomodando-o em seu ombro antes de voltar a afagar seus fios. Ele suspirou. Por mais que sua cabeça quisesse retrucar a afirmação, o corpo já mergulhara completamente naquele toque que soava como perdão, acusando o quão desesperado estava em aceitar cada uma daquelas palavras. Jimin acertara em sua análise: Jungkook não estava pronto para lidar com uma rejeição. Ainda mais causada por si. Uma rejeição em que era dono de toda a culpa.

— Jura? — foi o que falou, fraquinho, e detestou-se. Nunca alguém iria responder um pedido tão frágil e manhoso com uma negativa. Deveria ter sido mais firme, minimamente imparcial. Sabia que forçava Jimin a responder o que queria ouvir.

— Juro — Jimin confirmou, afagando mais o cabelo de Jungkook.

Quanto mais pensava, mais conseguia encontrar justificativas válidas para realmente não se magoar com Jungkook. Afinal, quem procura, acha. Se pensasse bem, desde o princípio o combinado deles era simplesmente sexo. Começou a desejar ser algo a mais por conta própria. Foi tolo em achar que era uma companhia que poderia oferecer outro tipo de presença. Achou sozinho. Ou seja, não tinha pelo que Jungkook se culpar. Também havia a hipótese de Jungkook ter oferecido como "recompensa" um sexo mais focado no seu próprio prazer... Apesar de desde a primeira transa, ele ter ensinado que era muito mais gostoso quando ambos o sentiam juntos.

Sem contar que... sabia que Jungkook não queria magoá-lo, mesmo que tivesse certeza que o maior motivo para tal fosse o medo de ser julgado e detestado, e não preocupação com seus sentimentos. Bem, Jimin nunca foi lá o cara dos sentimentos, certo? Por que fingir preocupação com eles? Então, se Jungkook não queria magoá-lo, não deveria ficar tão magoado.

E, achando uma narrativa conveniente para o momento, Jimin terminou de aceitar que não estava magoado com Jungkook. Dessa forma, poderia prosseguir com aquela noite. Ao menos aquela noite.

Jungkook acomodou-se melhor em Jimin, enterrando a cabeça em seus ombros e abraçando sua cintura. Respirou fundo, mais tranquilo, porém ainda zonzo. Achava estranha a forma como Jimin sempre via seu pior lado. Sabia esconder tão bem... era frustrante. Agora, se a frustração era por não querer que Jimin visse ou por, no fundo, estar desesperado por se abrir daquela forma a outras pessoas também, não sabia.

— O que você quer na vida, Minnie? — perguntou depois de alguns minutos.

— Eu? Não sei se quero algo... e você? — Jimin suspirou. Era tão vazio.

— Eu? Hm...

— Algo como a paz mundial, né. — Deu uma risada rouca.

— Paz mundial seria legal mesmo — teve que concordar, apesar de saber que não pensara naquilo. Os objetivos e desejos altruístas eram da sua parte boa. E queria que a parte ruim fosse acolhida também. Queria mostrá-la.

— Verdade.

— Mas eu... eu sou egoísta. Só queria me sentir bem mesmo — confessou, expondo-se ao julgamento de Jimin. Mas este só continuou encarando a tela desligada da TV, pela qual encaravam-se.

— E o que te faria sentir bem?

— Acho que esse é o probleminha. Não achei a resposta até hoje. Aprovação?

— De quem?

— Acho que de qualquer pessoa? Só quero que gostem de mim.

— As pessoas gostam de você — Jimin pontuou, com sinceridade. E, naquele momento, Jungkook se recusou a negar. Sabia que a negação era um esforço consciente que fazia, como que para se punir e se distanciar dos objetivos que não achava merecer alcançar. Queria parar de fazer aquilo.

Os pais gostavam dele. Provavelmente Namjoon, Hoseok, Wheein, Hyejin, Jin, Yoonji e os outros líderes dos órgãos também... apesar de não conhecerem o lado destrutivo. Será que continuariam gostando? Antes, acreditara nas palavras de Jimin sobre gostar dele, mas agora, depois de tudo que fez, não sabia se o estagiário tinha mudado de opinião.

— Talvez eu queira que todas as pessoas no mundo gostem de mim.

— Mas Jungkook, isso é impossível... Cada pessoa gosta de uma coisa diferente.

— Talvez eu queira que seja impossível... — confessou, amargamente. Jimin ficou em silêncio, sem saber o que falar.

— Por quê?

— Eu não mereço ser amado.

— Por quê?

— Sei lá... Opinião própria.

— Entendo. — É, Jimin também não achava que merecia ser amado; não depois de tudo que fez. Se fosse Jungkook... Queria ser Jungkook. Para ele, Jungkook era uma pessoa que merecia amor. Queria ser uma pessoa assim.

Permaneceram em silêncio, sabendo que não tinham palavras de consolo a dar um ao outro, presos no mesmo dilema, sem ter uma chave à vista para que pudessem fugir de tal cárcere. Jimin queria falar com Woohyun. Jungkook tinha certeza que evitaria aquela conversa com Eunha. Jimin queria entender como melhorar, e Jungkook queria trancafiar-se ainda mais dentro de seus erros.

— Sei que minha opinião não vale porra nenhuma, mas... — Jimin suspirou, bons minutos depois.

— Não fala assim... É valiosa, sim — Jungkook respondeu, no automático. Jimin o encarou pela tela preta. Mentiroso.

— Tenho certeza que você é um bom filho pros seus pais, Jungkook.

— Hm... — Não era capaz de concordar com Jimin. Não mesmo.

— Viu? Não vale porra nenhuma.

— Não é assim...

— É, sim. Acho que nenhuma opinião além da sua vale pra você, Jungkook.

— Não foi você quem disse que eu me importo demais com a opinião dos outros?

— Eu tava enganado. Você se importa, mas vai manipular com a sua própria opinião. Se alguém gosta de você, você vai invalidar. Se alguém não gosta, vai concordar e transformar sua vida num inferno.

— Você me odeia — falou, sem rancor real. Sentia-se completamente nu. Jimin suspirou, pois o que sentia por Jungkook era exatamente o contrário.

— Pra você, sim, né. Se eu falar que gosto, vai dar um jeito de continuar se odiando.

— Pois é.

— Você devia falar com sua psicóloga.

— Pois é.

— Detesto o jeito que eu sei que você não vai — Jimin confessou. Aprender mais sobre Jungkook doía para caralho. Saber que pouco tinha a fazer, mais ainda.

— Eu também.

— Vamos dormir então?

— Por favor.

-📑-

Jimin acordou entre os braços de Jungkook e suspirou, desolado. Na noite anterior, ele o convencera a, ao menos, deitar na cama, pois seria desconfortável dormir na cadeira ou no sofá. Jurara que não encostaria sequer um dedo nele.

Não mentira; manteve-se na pontinha do enorme colchão king size, de costas. E Jimin observou em silêncio o contorno dos ombros largos e trêmulos na penumbra do quarto, assistindo da primeira fileira Jungkook chorar. E assistiu não da primeira fileira, mas como ator em palco, seu coração partir. A dor era terrivelmente palpável. Era tanta que queria verter um monólogo entre os lábios.

Sem suportar mais, rompeu o limite que estabelecera e enlaçou o corpo maior, aninhando-o contra o seu peito. Jungkook apenas chorou mais, sentindo-se terrivelmente miserável por tudo, mesmo que soubesse que nada grave acontecera. Era como se chorasse toda a tristeza que se negara a sentir durante todo aquele tempo, por não achar ter o direito.

Deixara-se ser ninado por Jimin durante longos minutos e, depois, pediu para virar-se de frente. Jimin não conseguiu negar. Sua cintura logo foi enlaçada por braços fortes e necessitados; as pernas embolaram-se. Rendido, Jimin levou as mãos até as bochechas úmidas de quem tanto queria ver bem, em uma tentativa vã de enxugar as lágrimas dos olhos pesados, cheios de sono e melancolia.

Jungkook encaixou os lábios nos de Jimin, em um beijo doce, terno e angustiado. E se rendeu ao sono, deixando-o às sós com aquele beijo que não lhe pertencia. E então foi Jimin que chorou; morto de vontade de receber mais beijos daqueles, mesmo aflito com o amargor no fundo da boca. Pouco confiava nas intenções de Jungkook; bêbado e quebrado. Seu pranto parecia interminável, alimentado pela consciência de que não poderia negar por mais muito tempo o peso em seu peito, nem fugir da decisão que teria de tomar.

E, ao encarar o rosto adormecido de Jungkook na manhã seguinte, com tanta vontade de beijá-lo, de ser beijado, de ser acolhido, de acolhê-lo, de tê-lo ao seu lado, de... tudo, desvencilhou-se do abraço cálido antes que se arrependesse e foi escovar os dentes. Queria partir, rápido, mas sabia que precisava esperar Jungkook acordar e se despedir dele, ou despedaçaria seu coração. Tão frágil; parecia cristal.

Exausto mesmo após a noite de sono, Jimin resolveu passar o tempo na varanda, observando, quieto, o céu fechar-se de nuvens. Não parecia prestes a chover, mas o cinza que soterrava os traços alegres de azul representava perfeitamente o que sentia, em uma espécie de consolo. Não sabia quanto tempo passara lá, mas quando saiu, Jungkook já estava na cozinha preparando algo.

No fundo, Jimin esperava que as coisas mudassem depois do dia anterior. E tal expectativa o inundou de uma decepção melancólica ao ser recebido por um sorriso largo que escondia toda aquela avalanche de dor que residia no peito de Jungkook. Suspirou. E sentou-se em frente à bancada da cozinha, admitindo sua derrota apesar de não saber que derrota era aquela.

Um grande prato foi posto em sua frente, com uma omelete generosa dividida ao meio, e acompanhado de dois pares de talheres. Jungkook acomodou-se ao seu lado.

— Bom dia! — disse ele, e inclinou-se para beijá-lo. Os olhos de Jimin fecharam contra sua vontade para aproveitar o toque, e sua boca correspondeu por impulso. Seu corpo, teimoso, calava sua mente, entretido demais em provar dos lábios macios de Jungkook. Gostava tanto dos toques. De cada um deles.

Quando findaram o beijo, sentiu-se péssimo.

— Bom dia — respondeu em um tom calmo, escondendo a aflição com muita habilidade. Não negava que a sentia, claro; estava atento à dor que corroía seu peito. Porém, deixou que seu rosto permanecesse indiferente; era quase um talento seu, afinal. Precisava entender que dor era aquela antes de demonstrar a Jungkook. Jungkook era frágil demais. Ou melhor, Jungkook se machucaria demais com a informação. E Jimin não queria ser utilizado de gume mais uma vez.

Dividiu a omelete, mas ao menos conseguiu recusar uma carona e enfim foi para casa. Assim que pusera os pés para fora do apartamento alheio, sentiu um alívio tão profundo que soube, de imediato, que só significava uma coisa — problema. Do qual não poderia fugir.

Passou no supermercado no caminho, a fim de ter algo para se ocupar quando chegasse em casa. Lavou e guardou as compras, fez uma pequena faxina e, depois de um tempo, Taehyung apareceu — fora andar de skate, porque reclamaram de seu sumiço das pistas. Com uma mera troca de olhares, começaram a cozinhar o jantar juntos.

A companhia de Taehyung naquela noite foi incrivelmente preciosa, porque Jimin precisava se distrair. Passara a tarde inteira com o raciocínio insistindo em desvendar algo, sem conseguir. E encontrava-se exausto. Talvez pensar em outras coisas lhe desse clareza quando voltasse à questão. Um filme com o amigo foi ideal.

Naquele domingo, foi dormir sem respostas.

Na segunda-feira, não fez muito avanço durante as aulas. Entreteve-se com Hani no começo do expediente e, ao receber um novo beijo de Jungkook quando chegou ao Coração, lembrou-se de que havia algo errado.

Na terça-feira, passou o dia inteiro nos Pés, ajudando com as demandas e a terceirização destas para a contabilidade externa contratada. O dia passou tranquilo até o final do expediente, em que recebeu uma carona e outro beijo doce de Jungkook. Passou a noite em claro.

Na quarta-feira, soube que não aguentaria esperar até o final de semana e ligou para Woohyun, na esperança de colocar as coisas em ordem. Ficou ainda mais aflito, e, apesar das coisas já estarem mais controladas nos Pés, Jimin resolveu passar o estágio inteiro ao lado de Yeonjun.

Foi na quinta-feira que Jimin, com tanta coisa no peito, não conseguiu mais fugir do CEO, que se aproximou para convidá-lo de novo ao cinema a fim de aproveitarem a sexta-feira.

Apesar do tom da pergunta ser completamente casual e Jimin saber que Jungkook era do tipo que convidaria qualquer um, seu coração, irracional, acelerou. Respirou fundo, percebendo com uma clareza espantosa que gostava de Jungkook muito além do que deveria.

A descoberta levantava muitos pontos a serem refletidos, porque não imaginou que alguém como ele, uma casca vazia de sentimentos, fosse se apaixonar. Porém, sua cabeça focou no problema principal: não tinha direito de se apaixonar por Jungkook.

Transar com ele era uma coisa: um acordo nascido de uma conversa aparentemente racional. De fato, Jungkook fora a melhor — e talvez a única — opção para perder sua virgindade. Agora, quanto mais refletia sobre aquelas vezes, mais percebia a paciência incrível do parceiro. Se qualquer outra pessoa tivesse visto e ouvido o mesmo, ou fugiria, ou ridicularizaria Jimin para todos os outros, como uma grande e vergonhosa piada ambulante.

Mas ser apaixonado... Jimin não queria se apaixonar por ele. Não queria esperar algo a mais. Não seria certo. Jungkook era gentil, generoso e uma boa pessoa. Jimin... Jimin era um criminoso sem nenhuma pena atribuída, pela qual passaria o resto de sua vida tentando pagá-la.

Se Jungkook continuasse tratando-o daquele jeito tão carinhoso, Jimin tinha grandes chances de ceder às vontades de seu coração; de querer algo a mais que não lhe era permitido. Jimin terminaria de ser enfeitiçado por aqueles beijos doces, pelos quais ficava cada vez mais sedento. E agora, enquanto ainda tinha controle, não gostava nem de encarar aquelas possibilidades. Portanto, o óbvio a se fazer era garantir que Jungkook não lhe tratasse tão bem. Precisava.

— Jungkook, eu sou machista. Acho que misógino também — soltou assim que tomou a decisão, rápido e resoluto. Sabia que se demorasse demais para tomar aquela medida, poderia ceder à vontade de passar mais tempo com ele. Confessar o quanto era nojento parecia uma boa ideia: era verdade, e Jungkook não poderia perdoá-lo.

— Quê? — O CEO arregalou os olhos com a confissão completamente súbita e sem motivos claros. O que aquilo tinha a ver com o cinema?

— Eu sou assediador e machista. E preconceituoso com o resto da comunidade LGBTI+ — repetiu a confissão sem nem titubear, acrescentando tudo de nojento sobre os próprios pensamentos que lhe vinha à tona.

Jungkook continuou encarando-o, confuso. Jimin confessara sem contexto, no meio de uma conversa que até então parecia tranquila e informal. Não era que nem quando estavam na cama... Sozinhos e silenciosos, deixando a mente vagar até as profundezas mais sombrias de seus corações.

Mas a necessidade que Jimin sentia de fazer com que Jungkook fosse incapaz de perdoá-lo era tão avassaladora que não temia a luz do dia. Não temia se queimar. Queria aquela punição. E agora que já começara, foi engolido pelo propósito de ir até o final, de afogar de vez aquele sentimento que nem deveria ter aparecido.

Ia dar certo. Jungkook não sabia o tamanho de sua podridão e era mais do que seu direito saber. Deveria ter confessado antes, na verdade, antes de Jungkook decidir macular o corpo e gastar suas horas com uma criatura repulsiva que nunca mereceu alguém tão bom.

— Minnie... Eu não tô entendendo... — Jungkook encarou, atordoado, seu relógio de pulso. Sua cabeça, que residia pacificamente em expectativas sobre o cinema, foi bombardeada com aquelas confissões. — Temos o acompanhamento com a Yoonzinha agora, mas depois eu tenho um tempo livre... A gente pode conversar depois?

— Claro — Jimin concordou prontamente e pegou seu notebook para ir ao acompanhamento também. Achou que a melhor estratégia seria acabar com aquilo de uma vez, mas desconsiderou a agenda atarefada de Jungkook. Suspirou com a própria inocência. Sim, Jungkook sempre fazia parecer que ele tinha tempo para tudo e para todos, mas Jimin deveria saber, mais do que qualquer um, que não era assim que a banda tocava. — Desculpa... Eu deveria ter falado em um horário melhor.

— Você não tem que conversar comigo de acordo com minha agenda, isso não existe — Jungkook retrucou, mas sua voz vacilava. Tentava não pensar demais no que Jimin tinha falado. Não sabia o que fazer com as informações.

Jimin assentiu em silêncio, e ambos subiram até as salas de reunião, encontrando Yoonji na de sempre. Jimin notou que a mulher programava e, apesar de saber que sua formação era em Engenharia de Computação, sabia também que a maior parte de suas atribuições como líder das Mãos era gerencial e administrativa. Ficou curioso.

— O que você tá programando? — Sua curiosidade falou mais alto. Yoonji sorriu e abriu um espaço no banco onde sentava para que Jimin pudesse acomodar-se ali também.

— Um joguinho de 8 bits. É da sua época, pirralho? — Yoonji virou a tela para Jimin. Jungkook, sentindo-se estranhamente excluído, sentou do outro lado da mesa, fitando-os com estranhamento.

— Não é nem da sua direito, vovó — devolveu. Yoonji compilou um arquivo antes de executá-lo, fazendo que uma tela colorida de menu do jogo aparecesse no computador.

— Tô fazendo tipo um jogo de detetive... — ela explicou, com um sorrisinho contente entre os lábios. — Mas dá muito trabalho, eu devia ter feito um PacMan que era mais fácil.

— Você não parece muito revoltada com esse trabalho — Jimin pontuou e os dois riram. — Parece divertido.

— Quando eu terminar e debugar um pouquinho, te mando uma cópia. Pra que você jogue em casa, claro, eu também não programo jogo nenhum no ambiente de trabalho... Só faço coisas sérias, o tempo todo... Sou uma mulher séria.

— Kim Seokjin! — Jimin fingiu chamar, rindo. — Temos uma líder utilizando as horas de trabalho inapropriadamente aqui!

— Por que você acha que eu sou melhor amiga justo do Jin, pirralho? Tudo friamente calculado — ela falou, toda metida, caíram no riso mais uma vez.

— Pobre Jin...

— Ei, Goo, vai ficar olhando a gente com essa cara de cachorro caído da mudança ou começar o acompanhamento? — Yoonji alfinetou Jungkook, que ainda observava ambos em uma tentativa mal sucedida de conectar os pontos soltos em sua cabeça. Jimin tinha confessado que era machista, mas logo depois demonstrava um relacionamento melhor do que nunca com Yoonji, que era uma mulher... Jimin queria que enlouquecesse!

— Boa tarde pra você também, Yoonzinha linda do meu coraçãozinho — devolveu. — Não fala desse jeitinho comigo, você sabe que eu sou sensível!

— Vou ter que compensar com um abraço? — Ela fingiu desgostar da ideia. Jungkook sorriu.

— Um só é pouquinho demais. Vão ter que ser dois abracinhos pra eu te perdoar. — Brincou e, enquanto isso, Jimin abriu o próprio notebook para anotar as saídas do acompanhamento.

Correu tudo bem, como sempre. Ou até melhor do que sempre, porque Jimin e Yoonji não se inimizavam pelo olhar, transformando aquela Guerra Fria em algo como uma... Paz Morna? Ainda havia muito a ser resolvido; davam os primeiros passos, mas pressa não era necessária.

O único estranho ali era Jungkook, que sabia ter de conversar com Jimin em breve e nutria um medo estranho das consequências. Não sabia quando que tinha virado um covarde.

— Quer conversar na sala de convivências? — Jungkook sugeriu após despedirem-se de Yoonji.

— Pode ser — Jimin respondeu simplesmente, com o nervosismo embrulhando seu estômago.

Racional como era, sabia muito bem a causa do mal estar: a consciência de que perderia Jungkook. Doía terrivelmente porque já fora cativado por inteiro pelo cuidado presente em todas as ações do CEO, pelo cabelo que cheirava a melancia. Estava tão, tão apaixonado que parecia estranho não ter percebido antes.

Bem, como perceberia? Nunca esteve apaixonado antes para reconhecer as pistas. E, no fundo, queria ter continuado como alguém incapaz de sentir paixão; talvez nunca merecesse ter alguém ao seu lado.

Jungkook passou na cozinha antes, a fim de servir um café a ambos. Logo se juntou ao estagiário, acomodado em um dos pufes coloridos. Jimin aceitou a xícara acolhendo-a em suas mãos para sentir o calor através da porcelana. Era tão corriqueiro... Jungkook lhe entregar uma bebida quente. Será que esse era o motivo para Jimin achar a presença de Jungkook cálida e confortável?

— Bem... Agora tô escutando direitinho... — Jungkook reiniciou a conversa, tenso.

— Tá... É aquilo que eu disse, Jungkook: sou machista, misógino e tenho preconceito com o resto da comunidade LGBTI+ — respondeu. Rápido. Como se não aguentasse mais controlar as palavras que escapavam da garganta. — Isso além de eu ser um assediador. Mas isso você já sabe, eu assediei você...

— Como assim? — Jungkook nem sabia o que perguntar.

— Como assim...? — Jimin repetiu, tentando pensar em alguma resposta. — Bem, machista... Sempre pensei em mulheres e feminismo como inúteis. O único papel que eu atribuía a elas era de competidoras. Sabe... Quando eu queria seduzir você, achava que as líderes da Up tentavam te roubar de mim... O quão estúpido isso não soa?

Jungkook ficou em silêncio, porém olhava Jimin com insistência, querendo escutar mais. Buscava algo.

— Procurando alguma brecha pra me perdoar por isso? — Jimin riu, sem humor, ao perceber as intenções dele. Jungkook era um livro aberto. — E se eu te disser que sempre que você falava que era bi, eu achava uma besteira? Que você era um gay que não conseguia se assumir, então dizia por aí que era bi. E que eu achava que meu cu de ouro seria sua "cura hétero"?

— Por que você está contando tudo isso? — Jungkook choramingou, sem chão; sem saber o que fazer com as revelações tão chocantes. Não sabia o que fazer, de verdade. Não conseguia nem esboçar reações.

— Para te convencer melhor. Jungkook, você precisa parar de sair comigo fora do trabalho.

»»💼««

Bem, meio que vocês já esperavam que a lua de mel fosse acabar, né... Mas espero que tenham chorado que nem eu escrevendo.

Qual foi a parte mais marcante pra vocês? Apesar de ser triste essa parte, eu gosto mto dela e fico mto envolvida escrevendo, porque acho que a personalidade dos dois têm ficado muito palpável, tanto pra gente quanto pra eles. Então eu diria que é o Jimin percebendo que o Jungkook na vdd só escolhe a opinião dos outros que permite que ele continue vivendo a fantasia de insuficiência dele.

Como sempre, mto mto obrigada mesmo pelo carinho de quem lê, vota, comenta e surta comigo lá no #JKNãoUsaGravata. Nunca achei que alguém ia querer ler algo tão desconfortável e dolorido junto comigo, então muito obrigada!!

Beijinhos de luz e até 18/09 às 19:00!!

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