19. Melancia, a nova face
Ei, genteeee!! Surtando muito com as teorias do Concept Clip de Butter?? fhadskjfhsadkfhaksl
Quanto tempo, né! Estavam com saudades??? Eu estava de vocêsss T^T Mas esse mês passou voando também gdfhjlhasl
Enfim, muito obrigada pela espera e por lerem!
Boa leitura!
#JKNãoUsaGravata
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Era sexta à noite e Jimin encontrava-se sentado no sofá da sala de seu CEO, suando frio. Porque eles iam tentar.
Estranhava estar sentado lá. Estranhava ter aceitado tudo aquilo. Estranhava, principalmente, o fluxo de acontecimentos até o momento em que encontrava-se. Era de fato inédito de todas as formas possíveis. Nunca tinha sido convidado a lugar algum, muito menos à casa de alguém. Deixou os pés pequenos afundarem no tapete macio que cobria o chão da sala com uma nostalgia um pouco grata, porque foi ali que tinha recebido sua segunda chance. Ou, melhor dizendo, o egoísmo de Jungkook.
O que estava acontecendo ali, naquele momento, era uma chance ou egoísmo? Não sabia. E, se soubesse, deveria mudar de opinião? Eram muitas perguntas e Jimin percebeu, frustrado, que não tinha respostas para elas. Como percebeu que não tinha nada a fazer no momento, resolveu deixar para lá. Já tinha outras preocupações, tipo um tanto de sentimento estranho que não estava acostumado em seu peito.
— Quer beber ou comer alguma coisinha? — Jungkook perguntou com a cara enfiada na geladeira de duas portas, desnecessariamente grande para uso de um cara que morava sozinho e mal parava em casa. — Confesso que eu não tenho muita variedade... Tem água, um pouco de cerveja e... Droga, acho que esse suco tá vencido.
Jimin engoliu em seco, nervoso, incapaz de confiar na sua capacidade de beber ou comer alguma coisa com tudo aquilo borbulhando em seu peito. Sua inexperiência era transformada em inquietude e ele estava detestando aquilo, pois sempre sentiu-se relativamente no controle de suas emoções. Era estranho estar agindo assim.
Jungkook fechou a geladeira com o suco vencido na mão para jogar fora e olhou para o estagiário, refletindo sobre o silêncio dele. Por fim, colocou água para aquecer a fim de fazer um chá, refletindo se acalmaria o semblante tenso de Jimin. Naquele tipo de situação, o raciocínio intrincado e estratégico do CEO era subjugado por um mais pessoal, e acreditava quase que plenamente que chá resolvia tudo, assim como sua avó.
Enquanto a água esquentava, resolveu cortar algumas frutas que tinha na geladeira, achando que não havia como alguém ficar indisposto a comer frutas. Estava realmente preocupado com Jimin, sentado em seu sofá e olhando fixamente para a TV desligada. Por mais que ele fosse naturalmente quieto, aquilo parecia um pouco demais.
Levou o prato até a mesinha na frente do sofá, apoiando ele ali e finalmente recebendo o olhar de Jimin, que pareceu despertar de seu pequeno transe. Ambos deram um sorriso sem graça e Jungkook foi pegar as canecas de chá. Jimin aceitou a bebida escolhida pelo Jungkook, já que não foi capaz de escolher.
— É de quê? — Jimin perguntou enquanto cheirava o líquido dentro da porcelana que aquecia suas mãos.
— Esse aí é de hortelã — respondeu, sentando-se ao lado de Jimin e abriu um sorrisinho orgulhoso. — Eu fiz com folhas frescas, eu tenho uma mini hortinha e a hortelã é uma das poucas filhinhas que sobrevivem.
— Hm... — Jimin bebericou, apreciando de fato o gosto. Se lhe perguntassem antes se gostaria de chá, teria negado com todas as forças, acostumado a se entupir de refrigerante e cerveja, bebidas muito mais apelativas do que "água com mato". Mas não foi capaz de negá-lo na primeira ida àquele apartamento, e até que gostou. Assim como estava gostando agora.
— Quer assistir alguma coisinha? — Jungkook sugeriu, apontando a TV. — A gente pode assistir Keep Up With Kardashians ou o que você preferir.
— Jungkook, eu vim aqui pra transar com você, de onde você tirou assistir TV? — Jimin resmungou mal humorado e com o tom quase indiferente. O de sempre. Mas ao contrário do que normalmente aconteceria, seu interior revirou-se todinho com sua fala de tanto nervosismo.
— Você tá nervoso — Jungkook explicou depois de gargalhar com a colocação tão direta do Jimin —, em geral transas dão errado com nervosismo. Aí pensei que a gente poderia assistir uma série ou um filmezinho pra relaxar... Você pode tomar um banho também se gostar da ideia... Na verdade, a gente pode nem transar.
— Como assim nem transar? — Jimin parecia em choque com a ideia. — Qual seria o sentido de eu estar aqui então?
— Passar um tempinho de qualidade comigo? — Jungkook retrucou, dando um sorriso e pegando um pedaço de maçã que tinha cortado para comer. — Relaxar e se divertir depois de uma semana inteirinha de trabalho? Sei lá... Acho que visitas não precisam ter objetivo claro, volta e meia eu vou na casa do Hoseok só porque sim.
— Mas vocês são amigos...
— Quer dizer que você é meu inimigo? — Jungkook gargalhou, invertendo a lógica de Jimin. O estagiário revirou os olhos e bufou com o CEO fazendo-se de sonso. Definitivamente não gostava daquele lado dele.
— Sou seu estagiário.
— E daí?
— E daí que nossa relação é estritamente profissional...
— Sim, tão estritamente profissional que a gente combinou de transar. — Jungkook riu de novo, alto. Jimin tinha se esquecido que aquele palhaço ria de tudo, e estava um tanto irritado. — Jimin, não sei pra você, mas eu não enxergo ninguém lá da Up só como uma relação profissional. Todo mundo é meu amigo e não gosto dessas formalidades chatas.
— Mas não tem como você ser meu amigo, eu não sou amigo de ninguém. — Jimin torceu o nariz e cruzou os braços. Devia ter imaginado que combinar uma transa com o Jungkook mais resultaria em perguntas desconfortáveis de que respostas sobre sexo.
— De novo isso? — Jungkook suspirou, chateado. Claro que acreditava que Jimin conhecia muito melhor seus sentimentos e intenções do que ele, mas achava que era um tanto exagerado. E um tanto cruel. Tinha medo de que Jimin estivesse se afastando propositalmente dos outros sob a fachada de "não sou amigo de ninguém". — Pra mim você é meu amigo... A gente almoçou junto aquele dia depois da consulta porque você é meu amigo, fui junto com você pro hospital porque você é meu amigo e te convidei aqui em casa hoje porque você é meu amigo. E é claro que a gente pode transar, se você quiser, mas como você é meu amigo a gente pode passar tempo fazendo outras coisas...
— Jungkook, você faria isso tudo por qualquer pessoa. — O estagiário mandou a real, cansado da discussão já, ainda mais estando tão inquieto e nervoso como estava. E, além disso, tinha certeza que Jungkook era incapaz de recusar ajuda pra qualquer pessoa.
— Tá dizendo que eu transaria com qualquer um? — Jungkook assumiu um tom ofendido, sendo dramático.
— Não. Só que você teria ajudado qualquer um. A questão do hospital, do almoço...
— Ok... Talvez eu ajudasse desse jeito pessoas que não considero amigas também... mas como eu faço as coisas é diferente. Acho que eu não me sentiria confortável e ficaria bem com alguém que não é meu amigo.
— Se você se sente confortável comigo, se sentiria confortável com qualquer pessoa, Jungkook. — Jimin foi categórico.
— Mentira, você está sendo muito duro com você mesmo... — Jungkook ficou um pouco mais sério, chateado com a colocação apesar de saber que havia sentido nela. Muito sentido.
— Estou sendo duro na minha conveniência — Jimin retrucou. — Se eu fosse duro de verdade e me responsabilizasse completamente pelas minhas ações, eu nunca teria aceitado sua proposta e vindo aqui.
— O antigo Jimin talvez... O novo Jimin não tem que carregar essas coisas...
— Jungkook. — Jimin riu secamente. — É tudo o mesmo Jimin. Continuo sendo nojento e continuo sendo responsável pelas minhas ações.
— Ok, foi jeito de falar. — Jungkook cruzou os braços e suspirou, tentando pensar em como colocar em palavras o que achava daquilo de forma razoável. Se não fosse minimamente razoável, sabia que não tinha nem chances de convencer o Jimin. — Você pode se responsabilizar pelas coisas e guardar elas pra você como aprendizado, mas você também merece poder ser algo além disso, lembra? Você mesmo disse que buscava algo além dos yaois. Acho que todo mundo tem o direito de mudar.
— Vou pensar nisso — Jimin respondeu só para terminar a discussão por aquele momento. Mesmo que pudesse ser algo além daquilo, o fazer com a sua vítima realmente parecia muito estranho. Não sabia se deveria ouvir Jungkook, aquele homem era inocente demais e perdoava demais. Apoiou a caneca vazia de chá na mesinha.
— E o que você quer fazer? — Jungkook aproximou-se um pouco de Jimin pelo sofá, abrindo um sorrisão. — Assistir um filminho, jogar alguma coisinha...
— Eu... — Jimin suspirou, a mente ainda confusa e os braços cruzados. — Posso tomar um banho?
— Claro. — O sorriso de Jungkook ficou ainda maior ao receber uma resposta. — Só vou pegar uma toalhinha pra você.
Levantou-se rapidamente e foi até seu quarto, entregando a Jimin logo depois uma toalha branca e felpuda, ordenadamente dobrada e enrolada. Cheirava tão bem que Jimin sentiu o floral só de segurar o tecido, sentindo-se um pouco mais tranquilo.
Jungkook observou Jimin por um tempo, as calças jeans apertadas que usava e a camisa colada no corpo. Estava usando aquilo o dia inteiro, será que não sentia-se sufocado?
— Quer roupas limpinhas também? — perguntou. — Minhas coisas são um pouco largas, mas devem caber...
Sem esperar a resposta de Jimin, Jungkook desapareceu novamente pela porta de seu quarto e logo peças de roupa repousavam em cima da toalha nas mãos de Jimin. O estagiário observou tudo atordoado, talvez um pouco imerso no cheirinho gostoso de amaciante que desprendia-se das peças.
Jungkook o puxou até o banheiro e explicou como o chuveiro — metálico e com aparência de caro, como todo o apartamento — funcionava. Mostrou também a fileira enorme de produtos que usava para que Jimin ficasse à vontade, mas o estagiário mais ficou abismado com o fato de que o CEO cuidava-se muito apesar da aparência desleixada.
— Ei, o que você normalmente come em uma sexta feira à noitinha? — Jungkook perguntou antes de deixar o aposento.
— Sei lá... alguma besteira tipo hambúrguer gourmet — respondeu e observou um sorriso animado despontar no rosto de Jungkook com a resposta que recebeu. — Você vai comprar?
— Vou! — O sorriso dele só aumentava. Gostava de ver as coisas entre ele e Jimin tomarem algum tipo de ritmo e naturalidade, mesmo que fosse pouco.
Jimin suspirou, sabendo que agora que tinha revelado o que comia, Jungkook nunca ia esquecer daquilo. Sem ter mais o que fazer, tirou a carteira do bolso e retirou o cartão de crédito preto, o entregando na mão de Jungkook.
— Você é meu convidado, relaxa. — Jungkook tentou devolver o cartão, sentindo ele pesar desconfortavelmente em sua mão mesmo sendo um objeto leve. Tentou empurrar ele de volta.
— É do meu pai isso aí. — Jimin deu de ombros, recusando-se a segurar o cartão. — Pode pedir qualquer coisa, ele é rico e não vai fazer diferença.
— Mas...
— Você já tá oferecendo o apartamento, deixe a comida por "minha conta". Agora me deixa tomar banho. — Expulsou Jungkook do próprio banheiro, o deixando daquele jeito, pasmo e encarando aquele cartão de rico sem saber o que fazer. Não que não tivesse um cartão de rico também... era um filhinho de papai assim como Jimin. Mas as relações de pai e filho dos dois eram claramente diferentes apesar daquela similaridade. Jungkook sentia isso e sentia um aperto no peito só de pensar no que Jimin passava com a família dele. Ou o que não passava.
Jimin suspirou aliviado assim que encontrou-se sozinho no banheiro, livre para ter seus pensamentos sem o CEO tentando amaciar qualquer erro seu. Observou o local, tão contrastante com o próprio dono quanto o resto do apartamento.
O chão e as paredes eram cobertas por lajotas grandes, frias e cinzas. O chuveiro metálico estava instalado em uma parede de pedrinhas escuras, separado do resto do aposento apenas por uma cortina de vidro.
O estagiário cheirou mais uma vez os tecidos em seus braços antes de ajeitá-los em um porta toalhas vazio. Apenas quando o fez percebeu o quão estranho aquilo foi. Não deveria gostar tanto do cheiro de amaciante das coisas do Jungkook. Mas por algum motivo, aquilo lhe trazia um certo conforto e familiaridade que o instigava a experimentar mais e buscar formas para que ele pudesse suprir seu desejo de continuar sentindo. Ninguém estava vendo, de qualquer forma.
Despiu-se rapidamente e entrou debaixo da ducha quente, apesar do banheiro todo parecer frio. Muito diferente de Jungkook. Relaxou quando olhou o entalhe na parede em que os produtos dele repousavam e achou um xampu de melancia, vibrante, no meio. A embalagem colorida parecia até mesmo infantil.
Desde que percebeu tudo que fez de errado, Jimin não tinha se aproximado muito do CEO e sabia que este maneirava nos toques também para não causar desconforto (mesmo que Jimin achasse que ele deveria estar desconfortável), então não se lembrava de ter sentido seu cheiro. Não sabia o cheiro de Jungkook, mas assim que despejou um pouco do xampu em sua mão, teve certeza que o aroma de melancia combinava com ele.
Um leve sorriso tomou seus lábios quando começou a lavar o próprio cabelo, mas logo xingou-se internamente ao perceber aquela besteira. Cheirinho de melancia não era nada sexy. Partindo do princípio de que provavelmente ia transar com Jungkook, deveria esperar e querer um cheiro... almiscarado? De perfume masculino caro? Não sabia muito bem, mas não fazia sentido atrair-se por um aroma tão doce e delicado.
Tomou o banho tentando achar algum sentido na conversa que teve com Jungkook. E ele estava sendo tão... tão não ele. Não costumava problematizar demais as coisas ou pensar mais do que o necessário nelas, ou mesmo pensar. Talvez aquela culpa que carregava fosse o primeiro e único arrependimento real de sua vida, e aparentemente não sabia lidar com ele por causa disso. Era um tanto quanto patético.
Relaxou um pouco enquanto ensaboava-se, tentando apenas pensar nos pontos positivos, esquivando-se da própria consciência como fez a vida inteira. Ele podia esquivar-se naquele momento, certo? Sem ficar culpado. Sem pensar que Woohyun sugeriria para ele pensar melhor sobre o assunto. Jungkook tinha dado abertura para aquilo, certo? Jungkook teoricamente reconheceu a culpa que Jimin carregava e, por algum motivo, deu espaço para que pudesse ser e mostrar-se mais do que tinha ocorrido.
Saiu do chuveiro e enrolou-se na toalha, tão felpuda e cheirosa que arrancou-lhe um suspiro. Encarou o próprio reflexo molhado e seminu, sem saber o que pensar da própria imagem e pessoa. Ele ia realizar aquele seu longínquo e estranho sonho de transar com um CEO, e aparentemente da forma certa. Sua motivação em estar lá era a promessa de uma transa sem julgamentos ou nascia daquela vontade fetichista que regeu sua vida e agora tentava enterrar? Se fosse, poderia estar ali?
Mas o próprio Jungkook disse que ele não precisava abandonar tudo... E se abandonasse tudo, ficaria sem saber o que fazer naquela situação. Jimin, então, escolheu sua verdade pela lógica que teceu, e decidiu segurar-se na vontade que sempre teve de ter aquele tipo de relação. Se ele fizesse algo errado, Jungkook corrigiria e... tinha que focar na proposta apenas, os motivos de ter aceitado ela deveriam ser tratados apenas como detalhes não cruciais da narrativa naquele momento.
Após secar-se, pendurou a toalha ordenadamente em seu suporte, sentindo-se meio tímido em bagunçar um local que não parecia possuir nada fora do lugar. Ou melhor, que não parecia muito habitado. Vestiu então sua calcinha e as roupas que Jungkook separou; um short preto que coube razoavelmente bem e uma blusa branca que já era grande para o CEO e, portanto, mais parecia um vestido em Jimin.
Jimin olhou-se novamente no espelho, estranhando o próprio reflexo. As roupas pareciam deslocadas nele, mas sentia-se inesperadamente confortável vestindo. Eram cheirosas e macias, aumentando sua sensação de limpeza após o banho.
Novamente determinado a não pensar demais em todos aqueles detalhes destoantes que faziam coisas pouco usuais borbulharem em seu interior, Jimin saiu do banheiro, resoluto em sua convicção de apenas seguir o ritmo que Jungkook parecia ser capaz de ditar. O encontrou deitado no sofá, parecendo concentrado em algo no celular, coçando a sobrancelha daquele jeito que Jimin já sabia o que era: trabalho. E trabalho preocupante.
Aproximou-se devagar para que não fosse notado e pudesse ver o que tinha na tela do celular. Confirmou suas suspeitas antes de se fazer ouvir.
— Pensei que fosse sexta à noite, hora de descansar de uma longa semana de trabalho... — Jimin repetiu as palavras de Jungkook, dando um susto no CEO que deixou o aparelho cair em seu rosto e murmurou de dor, levando a mão ao nariz enquanto sentava-se.
— Não é nada demais... — murmurou baixinho, ainda com a mão no nariz dolorido enquanto Jimin acomodava-se ao seu lado no sofá. — Só estava com um tempinho sobrando e...
— Sem trabalho, Jungkook! — Jimin decretou antes de puxar o celular da mão dele e deixar com que o aparelho se perdesse nas profundezas entre as almofadas do sofá.
Não estava espantado com a cena. Literalmente assistia Jungkook se dividir em mil para trabalhar em tudo que era possível durante a semana, mas era incrível como o CEO era um hipócrita. Pregava descanso e diversão para todos, menos ele mesmo. Jimin, objetivo do jeito que era, decidiu cortar aquilo pela raiz. Um líder que falava uma coisa e fazia a oposta não convencia ninguém, e sentia que algo daria errado em breve se continuasse dessa forma.
— Vai tomar banho!
— Eu? — Jungkook perguntou, surpreso e arregalando os olhos. — Eu sugeri só pra que você ficasse calminho...
— Não quero transar com homem fedido, não. — Jimin continuou seguindo o fluxo da revolta que sentia. Jungkook merecia algum tipo de descanso e relaxamento também.
— Eu tô cheirosinho ainda! — Jungkook retrucou com um biquinho infantil, tomando sua postura mais boba automaticamente, provavelmente por ver Jimin ser mais espontâneo e sentir-se à vontade em fazer aquilo também. Deixou o corpo tombar e cair em cima do colo do estagiário.
— Tô sentindo o fedor daqui! Sai de cima de mim, tá me sujando! — Tentou empurrar levemente os ombros fortes de Jungkook, sem sucesso.
O CEO gargalhou alto, confortável com a brincadeira, antes de levantar-se do colo de Jimin com um sorrisão no rosto. Seus fios longos estavam bagunçados e Jimin refletiu se ainda teriam cheiro de melancia mesmo depois do dia inteiro ter passado. Mas concluiu que mesmo se não estivessem, logo estariam graças às suas ordens.
— A comida deve chegar daqui a pouquinho. Pra atender é só apertar aquele botãozinho ali... — Apontou o interfone, levantando-se para ir ao banheiro por causa da insistência do outro. Bem, era a primeira transa do Jimin, e se ele queria perder a virgindade com um homem de banho recém tomado, Jungkook não se incomodava de acatar aquilo.
Jimin suspirou quando Jungkook deixou a sala. Não sentia-se mais tenso nem desconfortável, de uma forma quase mágica. No final, deixar Jungkook ditar o ritmo realmente parecia a melhor opção, não deveria pensar demais.
Como o grande expert em não fazer nada que era, Jimin simplesmente deitou no sofá e olhou para o teto até que o entregador chegasse com a comida. Curiosamente, aqueles momentos de distração que normalmente eram preenchidos por imagens de alguém fodendo sua bunda com força, com tanto realismo que até ficava duro, não tinham nenhum teor sexual no momento. E daquela vez ele ia mesmo transar com um CEO!
Talvez a possibilidade de concluir aquele pseudo sonho parecesse tão irreal que seu cérebro era incapaz de acreditar. Mas talvez fosse só porque nos últimos meses aprendeu a distanciar-se um pouco daquela necessidade desesperadora de pensar apenas em sexo. Talvez, mas só talvez mesmo, sua mente estivesse perdida no cheiro de melancia que provavelmente desprendia do cabelo longo de Jungkook, no conforto do amaciante de suas roupas. Mas aquilo era estupidez.
Foi buscar a entrega na porta e a colocou no microondas antes de deitar-se no sofá novamente. Não demorou muito para que Jungkook saísse do banheiro também. Seus banhos sempre eram rápidos — e na maioria das vezes gelados —, tanto para energizar-se quanto pelo meio ambiente.
— Chegou? — perguntou, ao não ver indícios da comida.
— Chegou. — Jimin levantou-se para pegar a entrega no microondas.
Jungkook o acompanhou até a cozinha para pegar pratos e copos no armário acima do microondas. Sem pensar muito, apenas esticou-se por trás de Jimin, que deu de cara com o peitoral largo dele quando virou-se. Engoliu em seco ao ver a pele do pescoço do CEO reluzir por causa das gotas que escorriam do cabelo longo e úmido.
Sem notar tudo que causou, Jungkook simplesmente foi para a sala quando pegou tudo que precisava, sendo acompanhado por um Jimin que admirava a pele e os cabelos de aparência tão fresca. O CEO ligou a SmarTV, que já estava na Netflix.
— O que você quer assistir? — perguntou para Jimin, abrindo um sorriso ao ver o estagiário rasgar a embalagem de papel da entrega e separar os pedidos ordenadamente em cada prato. Algo dentro dele dizia que estava assistindo uma cena quase inédita. De fato, Jimin raramente comia com alguém.
— Tanto faz... — Jimin respondeu, sincero. Como as únicas coisas que assistia eram Keep Up With Kardashians e similares, não sabia o que sugerir. Tentou buscar algo diferente na memória. — Zumbilândia?
— Sério? — Jungkook estava incrédulo, mas muito feliz. Nunca mesmo esperou que Jimin fosse se interessar pelo seu amado Zumbilândia.
— Foi só uma sugestão... É só se você quiser.
— Eu quero! — O CEO assumiu um tom manhoso. — Eu amo tanto, tanto, esse filminho!
— Então coloca. — Jimin deu de ombros, dando uma breve risada com o teatro do CEO.
E assistiram Zumbilândia enquanto comiam o tal hambúrguer gourmet — que Jungkook esperava que Jimin não verificasse a compra no extrato do cartão de seu pai, porque pagou por conta própria mesmo —, como se fossem duas pessoas normais. Amigos, ou algo mais próximo daquilo do que da inimizade, como Jimin pensaria. Na verdade, Jimin assistia Zumbilândia e Jungkook passava mais tempo assistindo o mais velho, ansioso em saber se ele gostaria ou não do filme.
Jimin ficou surpreso ao se pegar rindo de algumas cenas e ansioso pelo desenrolar do filme. Normalmente não assistia filmes e séries com histórias propriamente ditas porque elas poderiam doer, então acompanhar uma foi mais interessante do que pensou que seria. Jungkook, por outro lado, sentia-se ser engolido de animação quando via Jimin achar graça ou ficar tenso em momentos do filme, adorava saber que compartilhava interesses e momentos bons com alguém.
O CEO até mesmo arriscou deitar sua cabeça no colo de Jimin. A ação que poderia ser estranha e desconfortável desenrolou-se com uma naturalidade inesperada. Jimin simplesmente levou as mãos até os cabelos quase secos de Jungkook, acariciando estes para trás das orelhas dele, que começou a se concentrar mais no filme, os olhos brilhando de entusiasmo.
Ao perceber a fixação que estava tendo pelo cabelo de Jungkook, Jimin ficou revoltado e parou de acariciá-lo. Teve um pequeno momento de pânico ao não saber onde repousar aquela mão, já que todos os lugares onde poderia fazer aquilo estavam ocupados pelo corpo de Jungkook. Sem mais opções, resignou-se a apoiá-la no ombro dele, sentindo a pele quente mesmo através do tecido de sua blusa.
Ficaram daquele jeito até o filme acabar. Jimin mais habituado com aquela proximidade, e Jungkook feliz porque adorava contato físico, principalmente aquele tipo de toque bobo e despretensioso. O CEO também ficou mais aliviado quanto à proposta de transar com Jimin, afinal, se o estagiário antes não sentia-se bem nem com sua presença boba e sem intenções, não conseguia nem imaginar como fariam para tocar-se com elas.
— Gostou? Pode falar que esse filme é perfeitinho! — Jungkook exclamou animado, virando-se de barriga para cima para encarar o rosto de Jimin acima dele, em um ângulo engraçado.
— Gostei... — Jimin concordou, um tanto contemplativo e sentindo algo vibrar dentro de seu peito. Talvez animação misturada a uma pequena paz esperançosa em ver que algo além do yaoi o tinha agradado. — Eu... eu realmente me diverti assistindo...
— Por que essa cara de surpresa? — Jungkook riu do jeito que Jimin parecia em choque com a própria descoberta.
— Eu... eu tinha esquecido como era acompanhar histórias — murmurou, os olhos pequenos fixos nos créditos passando pela tela. — Eu não lembrava que eu gostava disso.
Jungkook, percebendo que tinha algo mais sério do que estava entendendo naquilo tudo, levantou do colo de Jimin e sentou-se direito ao lado dele, passando um braço por seus ombros. O mais velho encarou o homem ao seu lado, sentado de um jeito desleixado, mas com a expressão em um misto de respeito e curiosidade. Jungkook queria conversar.
— É que eu acho que estou... Sei lá, feliz? — Jimin tentou explicar com dificuldade. — Esses últimos meses que eu me afastei de yaoi, não achei nada para substituir. Mas não procurei também, apesar de não saber explicar o porquê.
— Às vezes a gente não procura as coisinhas que a gente sabe que vão fazer bem pra gente... — Jungkook ponderou. — Pelo menos eu sou assim. Muitas vezes fujo do que me faz bem porque acho que não mereço.
Jimin franziu o nariz de leve. Ficava confuso com Jungkook. A expressão dele não dava indícios do pesar em sua fala. Também não entendia por que Jungkook, que parecia sempre tão bem resolvido, teria aquele tipo de pensamento sobre ele mesmo. Jungkook era honesto, animado e bem quisto por todos, não parecia o tipo de pessoa que precisaria se preocupar com aquele tipo de problema. Suspirou, confuso. Já não bastava não se entender mais, não entendia Jungkook também.
— É... Talvez...
— Então você realmente se divertiu assistindo um filminho, né? Te encheu um pouquinho? — o CEO perguntou ansioso, cheio de expectativa em saber que Jimin sentia-se um pouco melhor. Ele realmente queria que o estagiário pudesse sentir-se bem em algum momento.
— Sim, muito. Eu fiquei interessado, queria saber o final... Fiquei triste nas partes tensas, achei as piadas engraçadas... — Jimin repousou a mão no próprio peito. Não lembrava a última vez que tinha dado abertura àquele tanto de emoção dentro de seu peito, amortecido pela sua indiferença. Fugiu tanto de coisas que poderiam fazer com que sentisse algo, tanto na vida real quanto no que consumia, que aquilo parecia encantador.
Jungkook achou que seu rosto ia se rasgar tamanho o sorriso que o tomou. Tentou conter para parecer menos estranho, mas estava tão feliz que não conseguia, simplesmente não conseguia. Conseguia sentir o peso de cada uma das palavras permeadas pelo tom sincero de Jimin e sabia que aquilo o que falava era mais significativo do que parecia. Nunca achou que o filme que faria Jimin ter uma epifania fosse uma comédia boba que nem Zumbilândia. Era até engraçado se pensasse direito naquilo.
— Vamos assistir mais filminhos juntos então — Jungkook sugeriu —, se você fizer esse compromisso comigo, eu vou te impedir de fugir dessa coisa que te fez bem.
— Você faz promessas e compromissos demais comigo — Jimin retrucou, mas por dentro era tomado por uma alegria boba que não sentia há tempos. Era quase irreal perceber que realmente se conectou emocionalmente a algo que fez.
— E daí?
— E daí é que você não precisa ficar se sacrificando tanto por mim, Jungkook — Jimin falou, sério e for,e.
— Meu Deus! Esse enorme sacrifício que é me dispor a assistir um filminho e transar aos finais de semana! De fato, é o pesadelo de todo jovem adulto, não sei como eu estou aguentando carregar esse fardo.
— Sonso do caralho — Jimin resmungou, enterrando o rosto nas mãos —, você sabe que é um sacrifício não pelo que está fazendo, mas sim por ser comigo.
— Não sei de nadinha, não — Jungkook negou. — Essa visão que você tem de si... eu não compartilho ela. Tô felizão aqui assistindo um filminho e transando com alguém com quem eu me dou bem.
— Não que a gente tenha transado, claro — Jimin debochou, fugindo um pouco do que aquele "alguém com quem eu me dou bem" de Jungkook lhe fez sentir. Era estranho e já teve emoções demais por aquele dia.
Jungkook gargalhou com o comentário. Ajeitou o braço que estava nos ombros de Jimin para puxar o estagiário mais perto, segurando delicadamente o queixo dele com a outra. Aproximou os rostos, com um sorriso travesso nos lábios finos.
— Podemos resolver isso agorinha, que tal?
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E bora de mais um capítulo em que fica no ar se dá pra achar bom ou ruim os jikook fdhasjkfhasdklhfjdask o que acharam? E o próximo cap? Vai ter surra de piroca ou não?
Qual é a cena favorita de vocês? A minha, claramente, é a do Jimin surtando com o cheiro de melancia do JK dhsakldhsakjl quando eu escrevi saiu do nada, achei até estranho, pensei em tirar, mas o Jimin ficou "tira se quiser, mas que eu tô cheirando o xampu, eu tô" aí tá aí, né
Como sempre, muito, muito obrigada por acompanharem, comentarem e serem anjos comigo! Não esqueçam de votar e amo ver vocês surtando lá na #JKNãoUsaGravata no twitter.
Beijinhos de luz e até 15/05 às 19:00!
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