09. Mesa de vidro, a catastrófica
Oi, meus upinhos!!
Hoje temos uma att dupla porque lancei no meu twitter @callmeikus um desafio de número de Shazans de LGO em troca de uma att dupla!! Menção honrosa à mwmariana e à purelyjjk que fizeram Shazam até não aguentar mais!
Stream na rainha BE!!!
Boa leitura!
#JKNãoUsaGravata
»»💼««
Faziam exatamente quatro dias úteis e mais um final de semana desde que Jimin havia descoberto que Jungkook, afinal de contas, beijava homens. Mas sinceramente, o seu backlog — lista de entregas do projeto de acordo com o Scrum — não estava ajudando. Estava achando que fez um meio bosta, talvez se quebrasse as tarefas em menores ajudaria... Porque sinceramente a tarefa de descobrir um tipo ideal parecia quase impossível.
O estagiário suspirou frustrado ao abrir a agenda do Jungkook e perceber que ele não tinha nenhum horário disponível e dificilmente conseguiria concluir todas as atividades que tinha pra fazer — pelo menos no horário de trabalho. Como sabia que o CEO ficaria se esgoelando para entregar tudo, sem largar mão de nenhuma tarefa, teimoso que só ele, Jimin resolveu atribuir ele mesmo algumas delas para os líderes dos Órgãos, assim como o combinado. Nenhum deles reclamou quando o plano foi exposto, até porque sabiam muito bem que Jungkook trabalhava demais, até mesmo entre as lideranças. E, pior, Jungkook nunca trabalhava a mais logado no ponto, para nunca receber hora extra.
Sinceramente, Jimin não entendia muito bem por que Jungkook era vidrado daquele jeito porque dava muita preguiça só de pensar, mas aceitou o fato e achou que seria estratégico desafogar o CEO para que ele pudesse entregar com mais qualidade as tarefas que sobrassem. Tinha elencado esse ponto de atenção na última análise de indicadores e apresentado aos líderes dos Órgãos — sem o Jungkook saber, é claro — e houve uma concordância geral. Até Yoonji viu sentido naquilo e teve que admitir que o estagiário estava certo à contragosto.
Era a primeira vez que entrava no aplicativo de organização pessoal do CEO sem que ele soubesse, então sentia-se um pouco como um criminoso. Passou todas as atividades delegáveis para uma planilha em seu próprio notebook e apagou elas da lista do Jungkook. Ainda tinha sobrado muita coisa... Jimin tinha a esperança de que Jungkook não perceberia que estava com menos atividades para fazer por sempre ter tantas que era humanamente impossível lembrar de todas.
Operação concluída; fez questão de deixar a mesa do CEO exatamente como tinha encontrado e voltou para a sua. Criou um board secreto no Trello¹ chamado "Operação Desafogando o Jungkook". adicionou todos os líderes e as tarefas que tinha roubado da lista pessoal do CEO. Atribuiu as atividades para os líderes que achava que fazia mais sentido — pensando nas habilidades de cada um — e depois entrou no grupo do Slack com eles que tinha criado para notificar sobre a operação e avisou que já tinha distribuído as atividades para todos. Incrivelmente, tinha até pegado algumas para si.
A verdade era que Jimin, como estagiário do Coração, deveria ser a principal força operacional² para ajudar a desafogar Jungkook. Ele tinha um pouco de preguiça de trabalhar, claro, mas quando analisou os indicadores da empresa, percebeu que não tinha outra alternativa para melhorá-los além dele mesmo por a mão na massa. Mas Jungkook, paranoico sobre a experiência de Jimin e querendo dar apenas atividades "que ele gostasse", só envolvia o estagiário em suas atividades estratégicas, como os acompanhamentos e análises de métricas. Por fim, restava apenas pegar as atividades em segredo daquele jeito.
Já sentindo-se cansado, Jimin apoiou a mão na bochecha e observou as atividades que assumiu. Mapear 3 novas parcerias para o Market, enviar e-mail intitucional para eles, tentar procurar telefones para ligar diretamente, preparar os contratos caso queiram assinar... Apesar de Jungkook passar um sufoco para concluir tudo, ele sabia quebrar muito bem suas atividades em menores, dando uma certa dinâmica. Ele poderia muito bem ter colocado a tarefa como "fechar uma parceria para o Market", mas daquela forma ficava bem mais claro.
Jimin refletiu se não poderia fazer isso para sua tarefa de descobrir o tipo ideal de Jungkook... Talvez ele pudesse anotar os valores que já sabia que Jungkook apreciava, mesmo que profissionalmente — esforço, dedicação. Outra... Ele poderia perguntar para o próprio Jungkook o que ele mais gostava em uma pessoa — fingindo ser puramente profissional, claro.
Poderia também fazer a mesma pergunta pro Seokjin, alegando que queria ser um estagiário melhor para o Jungkook. Provavelmente conseguiria a resposta, estava trabalhando razoavelmente bem nos últimos meses, ninguém suspeitaria suas reais intenções. E poderia pedir isso pro Namjoon também... E talvez pras mulheres do Conselho Administrativo. Aparentemente eram todos amigos da época da universidade, mas não queria falar com mulheres... Bem, com sorte conseguiria informações o suficiente para virar a putinha ideal do Jungkook só falando com Seokjin e Namjoon.
Sorriu, feliz, mesmo que estivesse abrindo o funil de parcerias que o Jungkook usava para realizar as atividades que não queria fazer. Afinal, sabia como continuar as atividades que queria fazer.
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— Fico feliz que tenham vindo! — falou Taehyung formalmente, porque daquela vez estava em seu modo "Taehyung enfermeiro".
Entregou os crachás de visitante para Seokjin e Yoonji, que observavam meio impressionados o hospital grande. Seokjin e mais meia dúzia de amigos que conseguira levantar no grupo de sua turma já estavam atendendo alguns dos pacientes do hospital há umas duas semanas, mas o psicólogo quis visitar e conhecer o ambiente de onde eles vinham para entender melhor o contexto deles. Yoonji, como sempre, vinha de brinde com Seokjin.
Foi um pouco difícil de combinar aquele encontro, porque normalmente Taehyung trabalhava durante a manhã e estudava à tarde e à noite, seu dia era sempre bem corrido, afinal, medicina era um curso de período integral. Seokjin também trabalhava durante o dia, então imagine... Taehyung sentiu na pele o sofrimento de marcar um horário com as lideranças da UP2U, mesmo que não soubesse disso.
Por fim, deu a sorte das suas aulas terem sido canceladas porque a faculdade ficou sem luz depois que alguma coisa lá estourou — não sabia muito de elétrica para entrar em detalhes. Taehyung não reclamou de ter aquele tempo, mesmo sabendo que precisaria repor depois. Pelo menos conseguiu pegar um plantão na emergência durante a tarde e guiaria a visita ao seu grande novo amigo psicólogo de noite. Aquele dinheiro extra com certeza serviria de algo no final do mês.
— A maioria dos pacientes que eu encaminho são os que acabaram de receber alta das nossas UTIs — Taehyung explicou em um tom de voz baixo, caminhando devagar pelos corredores claros. — A gente está em horário de visita para familiares e consegui permissão da médica responsável para que vocês pudessem entrar também.
— Fácil assim? — Seokjin perguntou, surpreso.
— Sou um chuchuzinho. — Taehyung sorriu. — Normalmente eu consigo as coisas que peço.
Levou a dupla até uma pia, lavando as próprias mãos cuidadosamente e pedindo que prestassem atenção na maneira correta de fazê-lo. Logo depois, avaliou com atenção a qualidade da higienização dos outros dois, apenas aprovando quando seguiram todos os passos.
Entraram na UTI de adultos logo depois, Seokjin atento e Yoonji refletindo que não deveria estar ali. O psicólogo observou com pesar — mas sem deixar aparente em sua expressão, claro — a quantidade de aparelhos conectado à maioria dos pacientes, incomodado com o barulho alto e estridente que eles faziam. Deixavam-no nervoso.
Assim que conheceram o local, Seokjin e Yoonji saíram enquanto Taehyung conversava brevemente com os pacientes que mais atendia. Com um sorriso no rosto, ajeitava os travesseiros e lençóis dos leitos, conversando com cada um mesmo que alguns não pudessem responder por estar entubados. Como de praxe, ajeitou o cabelo de outros, mudou a posição e deu até uma coçadinha nas costas de um senhorzinho que simplesmente adorava.
Ao sair ele mesmo da UTI, vistoriou novamente a higienização das mãos de todos antes de apresentar o resto do hospital, mesmo que já tivessem observado o que era necessário. Afinal, os outros dois tinham vindo todo o caminho de qualquer jeito, não custava nada fazer ele valer.
Devem ter passado uns quinze minutos caminhando, desviando de algum enfermeiro apressado quase correndo e às vezes parando quando algum médico vinha cumprimentar Taehyung. Apesar de chegar morto em casa por causa do trabalho, o ruivo nunca reclamava do lugar, porque nunca fora tão bem tratado e acolhido na vida.
Apesar de ter, de fato, uma proximidade e carinho muito grande com os pacientes que atendia, isso também estendia-se para os outros médicos e enfermeiros, acima até da richa que em geral os dois grupos tinham. Na verdade, até pras pessoas na recepção e na limpeza, Taehyung, positivo e animado daquele jeito, era quase um mascote em meio à correria do hospital.
Como trabalhava de manhã e tinha que sair correndo para conseguir chegar à tempo das aulas da tarde, seus colegas de trabalho faziam uma espécie de revezamento e sempre lhe traziam uma marmita de casa, sabendo que o próprio garoto não tinha tempo para preparar aquilo. Era uma benção, de fato, porque chegava tão em cima da hora que raramente podia passar no Restaurante Universitário para almoçar, tendo esse privilégio apenas no começo do período ou no final, quando começavam as provas e as aulas iam findando-se aos poucos. Os médicos volta e meia ajudavam-lhe a estudar para as provas durante as pausas que tinham e faziam até uma festinha na copa do hospital, com direito a bolo e tudo, quando o menino concluía mais um período.
Quando voltaram pelo mesmo caminho que vieram, deram de cara com Taeyeon, a médica responsável pela UTI que aprovou a visita dos dois. Taehyung deu um sorriso ao vê-la; ela era uma das grandes referências que tinha dentro do hospital e uma das que mais ajudava nas provas e motivava ele a não largar a faculdade.
— Então esse é o famoso Dr. Seokjin? — Ela observou o homem junto a Taehyung curiosamente, segurando firmemente sua prancheta contra o peito.
— Só Seokjin, sou formado em Psicologia, não Medicina. — Sorriu de volta o psicólogo. — Prazer Dra. Taeyeon.
— Só Taeyeon, por favor, é uma formalidade boba — devolveu. — Fico muito grata à assistência que você tem dado aos nossos pacientes, entendemos que é uma falha do hospital não suportar esse acompanhamento que você vem nos dando... Posso trocar umas palavrinhas a mais com você?
Entendendo a deixa, Taehyung segurou o pulso de Yoonji e começou a puxá-la com delicadeza até o pátio do hospital. Yoonji sentiu o coração parar na boca, estava muito confortável em ser apenas espectadora na visita toda até então, portanto não esperava que Taehyung agisse daquela forma.
— A Dra. Taeyeon provavelmente queria falar sozinha com o Jin — o ruivo explicou quando afastaram-se o suficiente. Soltou o pulso da mulher que, inconscientemente, sentiu um pouco de falta do toque.
— Sobre o quê?
— Não sei, precisaria ter continuado ouvindo para saber, né. — Taehyung riu, simpático e Yoonji gargalhou fraquinho em resposta.
— Justo.
Perto do pátio tinha uma daquelas máquinas de venda e Taehyung parou na frente dela. Perguntou se Yoonji gostava de algo e inseriu as moedas necessárias para pegar um Snickers e um amendoim frito. Pouco disposta a aceitar que Taehyung pagasse tudo, Yoonji pegou na máquina ao lado dois copinhos de café antes dos dois irem sentar-se em uma das mesas do pátio.
— Obrigado. — Taehyung sorriu ao receber seu copo de café, dando um gole satisfeito mesmo sendo de noite. Para ele, não era nada fora do normal porque sempre dependia da cafeína para poder estudar depois de voltar para casa, mas estranhou Yoonji também ter esse hábito. Não era muito saudável, assim por dizer.
— Obrigada — Yoonji devolveu ao pegar o amendoim das mãos grandes do homem ao seu lado, abrindo o saquinho ansiosamente ao perceber que estava com fome.
Taehyung recostou as costas na mesa de concreto, sentado do lado errado no assento longo e semi circular do mesmo material. Suspirou um pouco cansado, deixando sua mente divagar para detalhes menores, como a forma que a tinta azul escura que revestia o banco estava descascando. Trabalhar o dia inteiro era definitivamente cansativo e respeitava demais os médicos que pegavam plantão atrás do outro.
Yoonji observou o homem ao seu lado, um tanto curiosa já que não tinha visto aquele lado mais abatido dele. A mulher admirou a forma que ele era diferente dentro do hospital, apesar da benevolência e naturalidade intrinsecas de sua personalidade se manterem. Os fios ruivos eram domados com as presilhas tão costumeiras, vestia o uniforme verde de enfermeiro e os pés calçavam sapatos impecavelmente brancos. Ele parecia ainda mais impressionante daquele jeito, mesmo parecendo exausto.
Afastou o olhar, fingindo estar muito interessada nos amendoins quando Taehyung ameaçou devolver o olhar e as posições se inverteram. O enfermeiro estranhamente gostava da presença quieta, mas incrivelmente marcante da mulher ao seu lado. Não a conhecia, mas tinha uma impressão tão forte de que havia diversas camadas debaixo da aparente timidez que sentia-se tentado a conhecer mais.
Os fios negros e lisos dela faziam um contraste lindo com a pele pálida, mas definitivamente o que mais chamava a atenção nela eram os olhos. Pequenos, angulosos e com um brilho paradoxalmente ferino e gentil. Eles facilmente destacavam-se, apesar de todo rosto delicado lhe agradar e gostar até mesmo dos moletons largos que usava. Pareciam quentinhos e acolhedores.
— Você sempre está com o Jin... — comentou, curioso — se conhecem há muito tempo?
— Não muito... Nos conhecemos no trabalho, então... Uns três, quatro anos talvez? — refletiu um pouco antes de responder, tomando um gole de café e apreciando a quentura que tomava seu interior enquanto o líquido escorria pela garganta.
— Ah, é bastante tempo então. — Taehyung sorriu.
— É, talvez seja mesmo...
E era. Para Yoonji, que nunca teve nenhum amigo próximo de verdade até conhecer Seokjin, quatro anos era muita coisa. Nunca pensou que teria nenhum também. Ao mesmo tempo, era engraçada a forma que aqueles anos de amizade pareciam ter passado tão rápido; sua vida parecia um tanto mais cheia com a presença do psicólogo e talvez esse fosse o motivo pelo qual gostasse tanto de fazer qualquer coisa junto a ele.
Quem visse de fora custaria a entender por que Yoonji e Seokjin eram tão amigos, afinal, não pareciam ter nada em comum. Jin era extrovertido, expansivo e engraçado, fizera psicologia e passava o tempo saindo com os colegas de faculdade. Yoonji era introvertida, um tanto quanto quieta e tinha um humor ácido, fizera computação e sua forma de distração e diversão era programar joguinhos em 8 bits trancada em casa.
Mesmo assim, no momento que conheceram-se na primeira reunião da diretoria executiva da UP2U, após serem escolhidos a dedo por Jungkook — decisão que ainda não entendiam —, souberam imediatamente que encontraram um pedaço de si no olhar do outro. Uma solidão escondida atrás de barreiras, mesmo que o material que tivessem usado para erguê-las fosse completamente diferente.
No fundo, eram iguais. E ficar juntos servia de consolo para esse interior que tanto machucava apesar de ignorarem. Eram o analgésico um do outro e não precisavam compartilhar histórias e conselhos para aquilo, apenas presença tímida e cúmplice.
— Acho vocês dois juntos incríveis. — Taehyung laçou Yoonji para fora de seus próprios pensamentos. — Na verdade acho vocês dois incríveis separadamente também, mas juntos... Não sei explicar, só sinto uma coisa boa.
— Todo sensorial você, hein... — Yoonji devolveu sarcástica, tentando abafar a inquietude dentro de si de ser lida tão facilmente pelo outro. — Jin é fantástico mesmo, mas você nem sabe o que eu faço para dizer se sou incrível ou não. Você só viu ele trabalhando.
— Não sei o que você faz, mas sei um pouco de quem você é — o enfermeiro devolveu, levantando uma das sobrancelhas. — É uma coisa incrível que a gente obtém através desse tal de diálogo.
— Também não tivemos tantos diálogos — Yoonji retrucou, envergonhada com o elogio e com a precisão das palavras.
— Não, mas queria mudar isso — concordou Taehyung antes de respirar fundo e encarar a mulher nos olhos. — Quer sair comigo sábado?
O coração de Taehyung só foi acelerar quando o pedido já fora feito, e ele imediatamente sentiu as bochechas e as orelhas queimarem. Mesmo assim, não arrependia-se das palavras, ficando até mesmo um pouco feliz ao perceber a necessidade que sentia de dizê-las.
Afinal, desde que terminou com... Ele. Desde que passara por tudo aquilo nunca tinha sentido vontade de conhecer daquele jeito mais alguém, e recuperar tal naturalidade e leveza, aquele encantamento e interesse que poderia nutrir por alguém, era de certa forma mágico. Talvez só tenha dado certo por causa da espontaneidade por trás de todas as ações.
— Quê? — Yoonji perguntou nervosa e suas mãos tremeram, sem saber muito bem o que fazer em uma situação daquelas. Seu rosto inteiro corou, e só o fez mais ao perceber que o homem também estava envergonhado, apesar do sorriso.
— Queria conhecer mais você, Yoonji... Só conhecer, não rola?
— Ah... Não costumo sair muito de casa.
— Podemos fazer o que você achar mais confortável... Pode escolher o que vamos fazer — Taehyung sugeriu, querendo muito mesmo passar um tempo com Yoonji. — Você pode recusar o convite também, eu não fico chateado.
Yoonji arregalou os olhos pequenos, desesperada e sem saber o que fazer, o que falar. Queria aceitar, afinal, também tinha uma curiosidade enorme por Taehyung e nossa... queria, queria muito conhecê-lo. Mas sair... um encontro, algo só com os dois... não fazia a mínima ideia de como era ir a algum lugar sem Seokjin ou até mesmo Jungkook ao seu lado. Não sabia se seria capaz de fazer algo ousado daqueles.
— Desculpa... — murmurou baixinho, envergonhada. — Acho... acho que vou recusar.
— Não tem por que se desculpar — respondeu Taehyung compreensivamente, tentando acalmá-la. Estava sim, um pouco triste, mas não era problema.
— Mas... mas posso pegar o número do seu celular? — Yoonji reuniu todas as forças dentro de si para pronunciar aquilo, sentindo-se até de certa forma orgulhosa pelo feito depois que a última palavra deixou sua boca.
A expressão de Taehyung iluminou-se e a mulher jurou que poderia desmaiar tamanha a beleza daquele sorriso quadrado e tão único. Pegou o celular com as mãos tremendo, completamente nervosa, e rezou para todos os deuses que nem acreditava para que o ruivo não reparasse naquilo. Bem, não que tivesse muito o que esconder, os rostos corados já diziam muita coisa.
Taehyung apoiou o braço na mesa atrás deles, na qual Yoonji estava se apoiando também. A mulher sentiu mais uma camada de pânico nublar sua mente ao sentir o calor dele tão perto de seus ombros enquanto aproximava-se para olhar o celular também, tentou focar na sua delicada tarefa de abrir o aplicativo para adicionar um contato.
O enfermeiro recitou baixinho seu número, observando divertido os dedos trêmulos de Yoonji digitarem com dificuldade. Afinal, estava tão eufórico quanto ela e gostava de saber que era correspondido. Animação com o outro em medidas iguais... Bem, aquilo era importante para um relacionamento. Não que eles tivessem algo por enquanto, Taehyung simplesmente estava deixando-se mergulhar demais em pensamentos.
Focando no presente, mergulhou no cheiro do cabelo liso da mulher. Parecia cheiro de bala, daquelas docinhas e mastigáveis. Taehyung queria poder afundar naqueles fios negros e ficar ali, sentindo com tranquilidade a doçura de Yoonji, mas afastou-se já que ela havia terminado de salvar seu número.
Yoonji piscou os olhos algumas vezes enquanto encarava o novo contato na tela de seu celular: "Taehyung". Não lembrava-se de ter pedido o número de alguém em toda sua vida e observava, com um misto de orgulho e expectativa inocente, sua mais nova conquista.
Sua conquista e as ainda desconhecidas possibilidades que teria a partir dela.
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Apesar de quebrar seu backlog ter sido uma boa ideia, Jimin não conseguiu colocar ela em prática direito por estar, incrivelmente, cheio de trabalho. Jungkook tinha uma reunião externa e passaria o dia inteiro fora, mas sentia muita urgência em fechar parcerias que ajudassem a Boca — as vendas caíram no útimo mês, sendo que estavam no meio do período letivo! — e, então, com muito pesar ele pediu para que Jimin adiantasse o mapeamento e contato inicial com elas.
Na verdade, estava cheio de trabalho porque queria e essa era a parte mais estranha de todas. Todas as tarefas que Jungkook tinha lhe passado eram simples e rápidas, mas... Jimin não achava que resolveria o problema, então resolveu ir atrás de entendê-lo.
Lembrava que tinham traçado alguns planos de ação com a Hani e o Conselho Administrativo para atuar dentro da própria Diretoria Comercial quando o mês começou a ficar estranho quanto ao número de vendas. Eles foram priorizados e colocados em prática, mas como nenhum deu um retorno positivo, Jungkook tinha entrado em modo desespero e resolvido fazer todo tipo de atividade possível para tentar ajudar, incluindo fechar parcerias.
Mas aquelas parcerias que ele mapeou com Jimin... Eram com empresas grandes que formentavam e divulgavam startups de tecnologia e Jimin não achava que o problema era divulgação ou o marketing, e era muito difícil traçar planos sem saber do comportamento dos alunos que deixaram de comprar.
Desceu um andar e foi até a Boca, suspirando pesaroso de não poder aproveitar a ausência de Jungkook para masturbar-se bem gostosinho no Coração vazio. Ao ver que a Hani estava ocupada, apoiou-se em uma parede do departamento e ficou observando quase hipnotizado os adesivos de boca verde água colado nas paredes roxas do ambiente.
A Boca normalmente era mais vazia do que outros departamentos já que os vendedores costumavam usar as cabines de produtividade — infinitamente mais silenciosas do que o resto da empresa — para fazer ligações aos clientes ou as salas de reuniões lá em cima. Mesmo assim, ainda tinha bastante gente, o Marketing inteiro e alguns vendedores que montavam a proposta aos clientes.
A líder da Boca foi até Jimin quando ficou desocupada, sabendo que se o estagiário estava ali era para falar com ela. Jimin desaprovou rapidamente os shorts curtos e o top preto dela interiormente antes dos dois se encaminharem para a sala de convivências e acharem um lugar para sentar.
Hani, tendo que lidar com a pressão de uma equipe de vendas perdida e resultados ruins, achou tentador demais um pufe roxo e macio e jogou-se nele. Deitada, virou-se na direção de Jimin para saber o que ele precisava dela, respirando fundo e ficando animada de novo para o que tinha por vir.
— Manda o que para nós, Jimin? — ela perguntou.
— Ah, queria entender melhor a situação da Boca. — Jimin sentou-se ao lado dela e ligou o notebook, que já estava com os indicadores e OKRs³ da comercial abertos no navegador.
— Não mudaram muito desde nossas últimas reuniões — respondeu, mas fez uma cara determinada. — Mas vai mudar!
— Eu vi que não, mas podemos tentar entrar um pouco mais a fundo nisso... — Jimin sugeriu. — Jungkook pediu para eu ir atrás de parcerias de divulgação, mas eu tenho impressão de que o problema não é no Marketing de um modo geral.
— Mais ou menos, né, a conversão dos nossos leads⁴ caiu muito, então talvez seja um problema do Marketing de conseguir leads bons.
— Mas por que os leads ficaram ruins do nada? Isso é meio estranho... Houve uma queda geral nas vendas de todos os produtos?
— Um dos nossos clientes do College não renovou, mas a maior parte da queda é na assinatura da UP2U normal, o que é estranho... Normalmente as vendas são menores na época de férias, isso tá dentro do esperado e nessa época a gente foca nas vendas do College e do Market, mas está no meio do período, a galera deveria estar desesperada. Pelo menos eu estava desesperada quando era estudante! — A mulher riu com a própria piada, tentando aliviar a tensão.
— Você sabe se a venda da UP2U caiu em uma faculdade específica? — Jimin perguntou. — Eu não achei indicadores das vendas por faculdade.
— Nós realmente não acompanhamos isso... — Hani falou, pensativa antes de pular para fora do pufe, repentinamente revigorada. — É isso, Jimin!
— Não necessariamente, não sabemos os dados ainda. — Jimin puxou Hani de volta para Terra. Querendo ou não, por mais que fosse importante para um líder na comercial ter muita animação e resiliência, a mulher deveria ser um pouco mais pé no chão.
— Larga de ser pessimista, credo! A gente não tem os dados dentro da Boca de qual é a faculdade de cada um dos nossos clientes, mas a galera das Mãos deve ter. O squad responsável pelo sistema da UP2U deve ter um banco de dados com essas informações, vamos pegar com eles. — Hani deu de ombros antes de começar a marchar para seu objetivo.
Enquanto desciam de novo até o primeiro andar, indo até as Mãos dessa vez, Jimin refletiu sobre a capacidade de Hani, achando-se superior por ter enxergado com facilidade aquele detalhe importante e ela não. E talvez fosse verdade que em questão de análise crítica e estratégica, Jimin fosse melhor que a mulher, mas ainda era um pouco imaturo, ou teria percebido o motivo da escolha dela como líder da Boca.
A Boca era dividida em duas partes: Marketing e Vendas. Na maioria das empresas, o time de vendas era o que possuía maior rotatividade entre todas as diretorias, porque se tinha uma coisa que eles recebiam era "não". Quem aguentava ficar ouvindo quarenta "nãos" para cada mísero "sim"? Bem, vendedores tinham que aguentar e definitivamente os da UP2U lidavam bem com aquilo. A métrica mais relevante de Vendas na UP2U era a permanência dos Upers na área, acompanhada junto aos Pulmões.
E não existia ninguém na UP2U mais resiliente e determinado do que a Hani. E, não só isso, ela transbordava e contagiava todo mundo da equipe, até porque nunca, nunca mesmo ela ficava abalada com nada. Por causa disso era raro encontrar alguém em Vendas desmotivado, no máximo perdido. E, bem, sobre se perder tinham outras pessoas na UP2U que poderiam ajudar a traçar novas estratégias, como o Coração e o Cérebro. E, se os vendedores não se demitissem, cada dia ficariam menos pedidos, acumulando experiência e ajudando a própria líder a formar novas estratégias.
Apesar de não ser muito boa com essas análises e criação de novos indicadores, Hani sabia acompanhar bem o suficiente indicadores comuns em Vendas e Marketing e traçar planos de ação básicos em cima deles. Ou seja, sabia fazer tudo que era necessário para seu cargo.
E para casos extraordinários como os que estavam passando, não tinha problema Hani não conseguir ter uma visão além do que estava acostumada, afinal, tinha o Coração e o Cérebro para ajudá-la nisso. Hani entendia bem seu papel. Focava em melhorar sua atuação no que era necessário e confiava em seus colegas de trabalho para suprir o que não sabia fazer tão bem.
Então por mais que Jimin não enxergasse muito bem aquilo — atribuindo muito mais valor a competências estratégicas do que operacionais, táticas e de relacionamento —, o resto da UP2U sabia. E estava tudo bem, porque não tinha como todo mundo ser perfeito em todos os aspectos; os Upers sabiam que complementavam-se — conquista dos Pulmões, que trabalharam muito na conscientização da empresa como equipe.
Conversando com o PO do squad do Sistema, conseguiram importar todos os clientes do banco de dados para uma planilha. Jimin filtrou os dados e transformou em um gráfico de linha, mostrando o número de clientes mensais por faculdade. E eles encontraram uma boa hipótese para a queda de clientes.
A universidade que não renovou o College era uma das que mais possuía alunos como assinantes da UP2U normal. E a única universidade que teve uma queda na assinatura da UP2U pelos alunos era ela — as outras linhas coloridas que representavam o resto das faculdades ainda estáveis ou ascendentes. Parecia tão óbvio agora que tinham o gráfico... O que linhas não faziam e mostravam, não é mesmo?
Bem, sabiam sobre a queda específica de vendas na faculdade, mas não o motivo dela, então correram para os Olhos com esperança de que a Byul soubesse de algo sobre aquilo. Assim que explicaram para a outra líder o que tinham percebido, ela arregalou os olhos ao lembrar-se de ter ouvido algo do tipo e chamou o squad de atendimento aos alunos para a conversa.
Logo descobriram que alguns alunos daquela faculdade tinham criado uma startup de aulas complementares em vídeo para as matérias específicas que tinham lá. O grupo que discutia levantou a hipótese de que como a universidade era grande, essa startup provavelmente tinha um bom público alvo mesmo que seu conteúdo fosse limitado apenas a uma instituição.
O final da história era: como o grupo de alunos que criou a startup tinha uma proximidade muito grande tanto dos outros alunos quanto com a própria instituição em si, venderam facilmente seu produto para ela. Afinal, uma universidade preferiria investir em algo que veio de dentro dela do que um produto por fora, deixando de renovar, por fim, o contrato da UP2U.
Era o que achavam, claro. Jimin anotou furiosamente todo tipo de tarefa para confirmar aquela hipótese para que a UP2U pudesse pivotar⁵ sua abordagem com a universidade — não podiam perder ela! Era uma parcela grande da receita da UP2U e uma das maiores IES⁶ da cidade. Pediu para Byul o contato dos ModeraUps responsáveis por dar consultoria à Universidade para ligar dia seguinte e marcou uma reunião com toda a Diretoria Executiva e o Cérebro para que pudessem discutir sobre o assunto.
Apesar de estar tudo mais ou menos encaminhado, Jimin despediu-se de Hani e da galera dos Olhos para subir pro Coração, a mente a mil. Chegando lá, foi buscar mais sobre aquela startup que "roubou" seus clientes. Ela dava videoaulas específicas das matérias da instituição... Não era um produto igual ao da UP2U e poderiam ser complementares... Talvez aquela fosse a parceria que ele precisava buscar para Jungkook.
Entrou em seu LinkedIn e mandou mensagem para todos os alunos responsáveis pela startup. Como não sabia ainda se a UP2U realmente teria interesse estratégico em fazer uma parceria com eles, alegou querer fazer um benchmarking⁷. Afinal, aquilo não seria estranho, era apenas um estagiário e, assim como a galera envolvida na startup, universitário. Se quisessem fazer a parceria, seria ótimo, porque ele já teria adiantado a abertura de contato com eles.
Passou tanto tempo olhando novamente os indicadores, pesquisando sobre a startup e elencando planos de ação que achava factíveis para apresentar na reunião no dia seguinte que mal viu a tarde passar. Só percebeu que tinha escurecido, imerso no trabalho, quando ouviu o barulho irritante de buzina que indicava o trânsito das 18:00 na avenida que margeava a UP2U.
Pensando que seria um saco ir embora aquele horário, Jimin resolveu ficar até mais tarde para não ficar gastando tempo no engarrafamento, aproveitando para adiantar as outras atividades que tinha roubado do Jungkook sem que o CEO soubesse e observando o progresso que os outros líderes dos Órgãos haviam feito também. Pena que muitas coisas precisavam ser feitas em horário comercial, que já tinha passado... Devia ter adiantado aquelas tarefas.
Ficou novamente tão imerso em suas atividades, concentrado em seu notebook, que não viu quando Jungkook apareceu na porta do Coração, completamente ansioso. O CEO detestava passar tempo longe da própria empresa, dava muito valor em passar tempo com seus Upinhos e... quem queria enganar? O problema era outro.
E, para piorar sua agitação durante o dia, recebeu a notificação da reunião urgente que Jimin tinha convocado para o dia seguinte no meio de uma palestra. Sentiu-se perdido e fora do controle, achou que quando voltasse para a UP2U ela estaria... sei lá, pegando fogo? Ele teria abandonado sua empresa quando ela mais precisava dele?
Jungkook era paranoico e culpava-se tanto pelas coisas que até ficava perdido nos seus próprios valores e crenças. A confiança, por exemplo. Se parasse para pensar sem o desespero da culpa, saberia que estava tudo certo na UP2U sem ele, afinal, todos os Upinhos eram muito competentes e não precisavam dele para fazer com que as coisas acontecessem. Mas quando focava no fato de que não estava em sua empresa querida, trabalhando, ele só pensava que era um bosta e que tudo daria errado por culpa dele.
Ele só foi se acalmar no coffee break do evento quando ouviu um áudio que a Hani mandou para ele sobre o acontecido — sim, ele tinha mandado mensagens desesperado para todo mundo tentando entender o que era aquela reunião urgente. E, como esperado, descobriu que a UP2U estava bem sem ele. Ele precisava parar de sentir-se tão culpado em estar fora da empresa ou fazendo coisas talvez não tão relevantes assim para a estratégia da empresa.
Observando Jimin trabalhando daquele jeito, ficou admirado. De acordo com os áudios da Hani, o estagiário aparentemente tinha descoberto o mistério da queda das vendas enquanto ele mesmo estava cego pelo desespero de querer aumentá-las.
Jimin não era tão ruim.
Jimin sabia trabalhar, era bonito, tinha interesse nele... Será que o estagiário não era uma das oportunidades que o CEO estava deixando passar, como sua psicóloga havia sugerido? Não que tivesse contado pra psicóloga sobre os problemas graves sobre ele.
Jungkook espantou as dúvidas, mesmo que elas estivessem ali para proteger-lhe, para que não normalizasse a situação errada. Mesmo assim, focou em outra coisa.
Jimin não era tão estranho... não era tão ruim... Poderia ser uma boa opção, se ignorasse umas coisinhas.
— Hm... Jungkook? — Jimin tomou um susto ao perceber o CEO parado no corredor em frente ao Coração. Ainda bem que não estava se masturbando, porque não tinha percebido mesmo a presença do homem. Com aquele pensamento, Jimin percebeu que não tinha tocado uma durante o dia inteiro de tão ocupado que esteve, um dia atípico de fato.
— O evento acabou agora, quis dar uma passadinha só para ver como estavam as coisas — mentiu, tinha passado para acalmar-se e aplacar seu sentimento de culpa vendo que estava tudo certo. — Tá de noitinha já, você não deveria ter ido?
— Pois é, eu perdi a noção do tempo e deu o horário de pico, não quis enfrentar trânsito e acabei ficando até agora — Jimin espantou-se ao ver que já era 20:30. Estava realmente muito distraído hoje.
— Não esqueça de compensar essas horas a mais algum outro dia, estagiários não podem fazer hora extra — Jungkook o lembrou, ainda parado em pé na entrada do Coração, tenso e ansioso sobre as coisas que passavam em sua cabeça.
— Pode deixar... — Jimin decidiu que realmente era hora dele ir embora e começou a guardar suas coisas.
— Hm, podemos tentar algo... — Jungkook falou baixinho, como se não acreditasse que estava falando aquilo de verdade. Já estava arrependido.
— Em qual Órgão? — Jimin parou de desligar o computador para anotar a tarefa em um post-it virtual que deixava na sua tela de descanso. Do jeito que Jungkook trabalhava, provavelmente ia pedir que preparasse tudo no dia seguinte para a execução no departamento e era bom ter em mãos todas as ideias que tivesse.
— Não da Up... — O jovem CEO nunca tinha se sentido tão envergonhado na vida dele. Deus do céu... Fazia um bom tempo que não ficava com ninguém, seus pensamentos eram sempre dominados pela empresa e isso acabava atrapalhando... bem, atrapalhando que ele conseguisse transar aqui e ali. — Tô falando da gente.
Jimin entrou em pane. Aquilo tudo estava muito esquisito de todas as maneiras possíveis. A primeira e maior bizarrice de todas era alguém aceitar alguma coisa com ele, Jimin estava mais do que acostumado com "não"s, ainda mais vindos do seu chefe, mesmo que de forma indireta. Em segundo lugar, tinha a porra do Jungkook todo tímido... Era a primeira vez que via aquele homem tímido na vida, pensava que Jungkook só sabia rir e ser bobão! E, por último, Jimin queria saber como ele tinha conseguido aquele "sim", de verdade. Porra, ele tinha se humilhado, esfregado a bunda no homem, se insinuado de todas as formas possíveis e nunca recebeu um sim. Será que a resposta era trabalhar? O pau do Jungkook ficava durão vendos os outros trabalhar?
E era claro que nada iria dar certo com aqueles dois. Jungkook estava tão envergonhado que não parecia conseguir sair do lugar, quem dirá ter iniciativa de algo, e Jimin não sabia o que fazer ao receber um "sim", era algo muito inédito pra ele.
E, bem naquela hora, Jimin finalmente percebeu que não só era um virgem, como BV pra caralho. E não, ele não tinha nenhuma cara de chegar pro Jungkook falando "vamo calminho aí, bro, vem sem afobação que eu sou BV" depois de quase mostrar o cu pra ele. Na verdade mostrou... só Jungkook que não viu. Enfim, o CEO não podia saber daquilo de jeito nenhum.
E, movido pelo desespero de Jungkook perceber que não era aquilo que parecia, Jimin avançou no maior, empurrando-o contra as janelas de vidro do escritório deles. Nos pornôs as janelas nunca quebravam e Jimin esperava muito que não quebrassem mesmo na vida real, imagina a manchete "CEO morre em queda após ser empurrado por estagiário BV"?
Jungkook não entendeu nada, menos ainda quando a boca de Jimin atacou-lhe tão esfomeadamente que parecia que jejuava há 3 dias. Jungkook teve um deja vù de quando ia visitar os pais do Namjoon e o cachorro do amigo babava a cara dele inteira e não gostou disso.
Sem saber mais o que fazer, Jungkook segurou o queixo de Jimin, mas não rápido o suficiente para evitar que os dentes batessem e um gosto metálico de sangue se fizesse presente na ponta da língua. Jimin percebeu que Jungkook ia tomar controle da situação e agradeceu a todos os deuses que já ouvira falar porque sentia que sua investida tinha dado muito errado.
Jungkook levou a outra mão na cintura do mais velho e trouxe seu corpo pra mais perto. Aquela movimentação fez Jimin perceber que deveria fazer algo com as suas, que jaziam ao lado do corpo até então, e apoiou elas no peito do mais novo.
Jimin sentiu-se aquecer com o toque firme e gostoso de Jungkook na sua cintura, arrepiando-se com o ato. Era impressionante como só aquilo tinha tornado tudo bom do nada. Ao mesmo tempo, apreciava muito sentir através do moletom o peitoral malhado do Jungkook, talvez seu chefe escondesse bastante coisa debaixo de suas roupas.
Jungkook voltou ao beijo, ditando o ritmo daquela vez e ambos soltaram um suspiro excitado ao sentir o encaixe da boca tão... certo. Finalmente. Jimin tinha quase pensado que enganaram-lhe a vida inteira e que beijar era uma merda, mas naquele momento conseguiu entender a magia da coisa.
O CEO começou vagarosamente, fazendo estalinhos molhados soarem pela empresa vazia, incentivando que as bocas provassem de seu encaixe melhor. Os lábios de Jimin eram fartos, uma delícia de chupar, e a habilidade dos de Jungkook, nem se fala... Jimin tinha ido ao céu dos softporns de boss x secretary.
O mais velho deixou um gemido abafado escapar quando Jungkook buscou sua língua com a própria. Puta merda, aquilo era realmente muito gostoso. Jungkook estava sentindo-se muito bem em desfrutar daquela dança maravilhosa entre línguas depois de tanto tempo de privação e Jimin tinha certeza que iria morrer.
Pelo menos não morreria BV.
Park Jimin estava quase entrando em combustão quando a mão de Jungkook que estava em sua cintura desceu para sua bunda e a outra, que ainda estava em seu rosto, segurou os fios de cabelo de sua nuca, deixando que os dois ditassem o ritmo do beijo daquela vez. Nesse momento, ele pegou fogo, de verdade.
Nunca tinha provado do prazer que era ter alguém tocando seu corpo, contentando-se apenas com as próprias mãos até então; com isso, a quantidade de estímulos que estava recebendo de Jungkook era um pouco demais pra sua pouca experiência. Seu pau latejava tanto dentro da calça que quase achou que ela rasgaria, que ele explodiria e teria que catar por aí os restos mortais do que um dia chamou de Jiminzinho.
Não aguentando mais, começou a tentar aliviar-se um pouco ao levar uma de suas mãos na própria ereção, esfregando ela por cima de sua calça e gemendo ainda mais entre os beijos molhados. A outra escorregou para o ombro de Jungkook automaticamente, porque aquela posição conseguiu lhe excitar mais ainda.
— Hm... — Jungkook interrompeu o beijo aos poucos, olhando um tanto surpreso para todo o tesão de Jimin. Aquilo tudo com poucos beijos? — Precisa de uma ajudinha aí?
Aquilo despertou Jimin e trouxe várias ideias em sua cabeça em um lampejo. Concordou vigorosamente, como se tivesse medo de que Jungkook desistisse da ideia e parasse por ali. Desvencilhou-se do corpo do outro, ficando chateado ao perder o toque gostoso dele na sua bunda e puxou-lhe pela mão até perto da mesa de vidro branca do mais novo.
Mais confiante que nunca, Jimin empurrou todas as tralhas de papelaria para fora da mesa, sentando-se no local que esvaziara logo depois. Tentou puxar Jungkook pela nuca para voltarem com os beijos, mas... Jungkook estava em choque.
"Caralho, meu porta lápis...." foi a primeira coisa que passou pela cabeça confusa e assustada do mais novo. Era de Pau-Brasil reflorestado, seu único souvenir do mochilão que fez na América do Sul. Piscou os olhos várias vezes seguidas, como se tentasse despertar de um sonho. Aquilo era muito bizarro.
Jimin precisou fazer bastante força para conseguir puxar Jungkook pelos ombros pra mais perto porque este estava estático. Completamente. Jimin não percebeu de fato a reação não muito boa dele, estava afogado demais no próprio prazer pra isso. Quando conseguiu trazer o CEO entre suas pernas, começou a esfregar sua ereção no quadril do outro.
— A-ain, me fode nessa mesa, daddy — Jimin pediu em um gemido alto, muito alto, e aquilo foi a última gota para Jungkook. Aquilo não parecia certo, não mesmo.
— Aqui, acabei de esquecer que tinha marcado uma reunião com o Namjoon. — deu a primeira desculpa que passou em sua cabeça, em pânico ao sentir-se um poste sendo encoxado por um cachorro de tanto que Jimin se esfregava e de tanto que simplesmente não queria ser encoxado.
— Às 21:00? — Jimin perguntou, genuinamente confuso. Pareceu finalmente sair de seu transe erótico e começou a pensar melhor. — Não tinha nada disso na sua agenda.
— É que a gente é amigo, então tratamos nossas reuniõezinhas de um jeito mais informal, sabe? — continuou enrolando. Naquele momento, Jungkook realmente agradeceu a todos os anos tendo que improvisar discursos, suas mentiras até que eram bem decentes.
— Ah, sim... — foi a única coisa que respondeu, até porque não tinha mais o que falar. Sinceramente, aquilo foi um grande banho de água fria em Jimin, ele nem estava excitado mais. Tudo parecia terrivelmente estranho e desconfortável.
— Bem, vou indo. — Jungkook aproveitou que Jimin tinha soltado seus ombros para se afastar-se do outro, pegar sua mochila e meter o pé. — Tchau.
Jimin ficou lá, sozinho, sentado na mesa de seu chefe tentando absorver tudo aquilo que tinha acontecido, pois passou rápido demais. Jungkook quase saiu correndo. Por um momento, pareceu até ilusão de sua mente pornográfica.
E, encarando a bagunça que tinha deixado no chão, refletiu pesarosamente que não só teria que arrumar como nem tinha levado uma pirocada em troca daquilo. Não precisava ser muito... Um dedo já seria o suficiente naquele momento.
E Jimin, que nunca sentia nada, sentiu-se diferente.
Ficou triste.
»»💼««
GLOSSÁRIO
Trello¹ é um aplicativo de gestão de projetos que utiliza o formato kanban. Um board nele representa "um projeto" de forma simplista. Existem mtos apps de organização e gerenciamento de projetos, então não precisam achar que o Trello é o todo-poderoso hihi
Operacional² nesse caso fala-se mais de tarefas "mão na massa". Em organizações é possível dividir os trabalhos/cargos em operacional, tático e estratégico. Estratégico pensa mais nos planejamentos a longo prazo e priorização, tático é uma comunicação e gerencia do operacional. Exemplificando: CEO em geral é estratégia, um gerente tático e um analista operacional. Pessoas de cargos estratégicos podem fazer atividades operacionais se for necessário, mas não deveria ser o foco, como é o caso do Jungkook
OKR³ só relembrando, é uma metodologia de gestão de métricas que foca em Objetivos (O) e Resultados Chaves (Key Results, KR). É melhor explicado no 2º capítulo
Leads⁴ é um termo do marketing para possíveis consumidores dos seus produtos os quais você já tem algumas informações mapeadas (nome, email etc)
Pivotar⁵ no caso é ter uma mudança de estratégia e atuação sobre algoIES⁶ é Instituição de Ensino Superior
Benchmarking⁷ é um processo de avaliação da sua empresa quanto à concorrência, mas também serve pra descrever a busca de melhores práticas através da troca de experiência. Nesse caso o Jimin "trocaria dicas", formas de funcionamento etc com essa empresa
Não esqueça de votar e comentar nesse capítulo apesar da att dupla, por favor 🥺 O trabalho pra escrever e revisar pra mim ainda é o mesmo apesar de pra vocês parecer pouco/rápido por causa dos capítulos junto e eu amo saber o que vocês acharam!!!
Qual foi a parte mais marcante pra vocês??? O final desse capítulo é de cair o cu da bunda, né kkkkkkkkkkkk aiai o que dizer desses jikook
Bem, até o próximo capítulo!
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