Prologo(Reescrito)
─ Me conte do que se recorda, Emma.
─Tudo? – Respondo, me ajeitando no sofá.
─ Tudo. Até o baile.
Deito lentamente no sofá, fecho os olhos e respiro fundo. Nunca doeu tanto falar disso. Mentalizo a casa, as cores do meu quarto, os móveis, e me procuro, caída em algum canto, suja e chorando.
─ Não consigo. - Abro os olhos. ─ Desculpa, Doutor.
─ Ainda temos muito tempo, Emma. É normal que se sinta insegura. – Meu terapeuta analisa as horas em seu relógio de pulso.
─ Dez anos, doutor. - Aperto o pulso. ─ Desde o ocorrido eu venho aqui.
─ Dez anos de superação. - Ele tira os óculos. ─ Vá para a casa e escreva sobre tudo o que já construiu ao longo desse tempo.
Como sempre a despedida cheia de indicações e superações futuras, e depois o trabalho.
Seguro o casaco com força assim que o vento forte me atinge. Hoje é o típico dia frio e chuvoso de Londres. Abro a porta do meu carrinho velho e enferrujado, sento no banco e me olho no espelho. Meus olhos castanhos estão vermelhos e inchados, devo ter chorado, não me lembro. Ajeito meu cabelo tentando cobrir minhas bochechas manchadas de lágrimas, respiro fundo e ligo o carro.
As ruas de Londres são de longe as mais bonitas. Antigas sim, mas são um pouco fedidas também. Mais à frente o sinal fecha, e como se meu celular esperasse, começa a tocar.
─ Alô!?
─ Emma.- Meu patrão estressado late o meu nome.
─ Sim. Acho que não estou atrasada. Ainda. – Tiro o celular do ouvido. Não, eu não estou atrasada.
─ Melhor assim. Quando chegar vem direto para o meu escritório.
─ Já estou chegando. - Buzino no portão.
Entro com o carro no prédio de luxo, como sempre a última vaga é a minha, escondida pelos carros caros de jovens músicos. Olho para cima e aceno para ele.
Ele me encara da janela longa, feito um fantasma horrível e se afasta em seguida.
─ Seja o que Deus quiser. – Solto o ar.
─ Emma!
─ Droga Eloise. Assim você me mata. - Bato nela.
─ E aí? - Ela continua parada a minha frente, alheia ao meu rosto inchado. ─ Como foi ontem?
─ Uma bosta. Ele queria me beijar logo na chegada, e depois, quando deixei ele pensar que tinha rolado um clima, o desgraçado me mordeu. - Mostro a boca.
─ Lamento. - Eloise segura a risada.
─ O chefe quer falar comigo. - Me afasto.
Tudo bem, baixinha.
Willisburgo
─ Não é você. Sou eu.
─ Não me vem com essa história, Anthony! - Melissa vocifera, jogando todo o ódio em mim.
─ Olha, me deixa ser legal, tá? - Paro de andar. ─ Não está dando certo Melissa. Eu gosto de você, mas casar... Sou muito novo.
─ Você tem outra? VOCÊ TEM OUTRA! Anthony Donowey...
─ Não continua. - Sento na cadeira. ─ Lamento Melissa. lamento de verdade.
─ Anthony. Anthony.....
Desligo o telefone e respiro fundo. Não é nada fácil. Não mesmo.
─ Ela estava furiosa. - Alex joga o celular na mesa.
─ Ainda bem que me livrei. - Limpo o suor do rosto.
─ Você sentia algo por ela, tipo, amor? - Os olhos negros dele me observam.
─ Não. - Olho para as minhas mãos. ─ E nunca vou. Deus me livre.
─ Ainda vai se apaixonar e ficar bobão.
─ Não. Não mesmo. Prefiro morrer velho e só.
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