Com a cabeça baixa, levantei a mão para concordar com Louis. Era uma realidade, tudo o que Louis tinha dito parecia plausível pra mim. Quando todos concordaram com Louis, me senti menos mal por ter feito aquilo.

     Catarina levantou, pedindo pra todas nos dirigirmos pra onde estavam em volta da fogueira, e chamarem a atenção do povo. Me senti responsável por tudo aquilo, por isso, cheguei em Catarina discretamente, para conversar.

     — Catarina, me perdoe por tudo isso... Eu não devia ter dito nada...— Comecei, mas Catarina me interrompeu.

     — Você fez a coisa certa Violet, na verdade, está de parabéns por ter trazido elas aqui.— Sorri, agradecendo pela compreensão dela.— Foi uma decisão bem  melhor do que contar tudo isso pra elas sozinha, e preciso dizer que as habilidades de Louis com a lábia são incríveis, podem nos ser muito úteis. Se ela consegue fazer tudo aquilo com palavras, não quero estar na mida da arma que ela empunhar.

     Achei que deveria rir da piada, então foi o que fiz. Na realidade, tudo que acabou acontecendo acalmou meu coração, que tremia de medo. Caminhamos para o lado de fora, onde podia-se ouvir centenas de vozes confusas murmurando entre si, enquanto Bruna e Wanessa tentavam inutilmente chamar a atenção de todos.

     — Meu povo!— Catarina disse, no mesmo momento calando as conversas, e fazendo com que todos os olhares se voltassem pra ela. Catarina tinha o dom de elevar a voz quase ao nível de um auto falante, e um segundo depois, deixa-la suave e baixa. Era feita para ser uma líder...— Prestem atenção aqui, por favor, precisamos dar um comunicado importante.— As pessoas pareceram se organizar para ouvir, a fogueira crepitando ao nosso lado.— Hoje, fizemos um importante conselho, que designou uma nova forma de todas, nós vermos o mundo. E por conta disso, decidimos que não haverá mais segredos entre as organizadores e o povo. E o que foi decidido,é que contaremos nosso maior propósito e nossas parcerias à vocês.— Um murmurio curioso se espalhou pelas pessoas, que se encararam, com ma expressão confusa.— Tudo o que peço, é que ouçam tudo com a mente aberta, e que, caso decidam alguma coisa, comuniquem a nós, para que seja possível darmos qualquer assistência.— E com isso, Catarina desatou a falar, de tudo o que tínhamos conversado e ela tinha confessado à nós.

     Ela aproveitou para contar que tinham duas novas pessoas no conselho, itinerantes, o que fez as pessoas concordarem devagar com a cabeça, entendendo. Aquilo estava sendo... Fácil demais. As pessoas não pareciam se importar com o que contamos, isso não parecia certo. Mas aparentemente, era exatamente isso que estava acontecendo.

     No fim do longo discurso, todos ficaram em total silêncio por um momento longo, digerindo a conversa, digerindo tudo o que foi falado. Não era a reação que esperávamos, eu pessoalmente estava esperando uma revolução com tochas e ancinhos, e acampamentos pegando fogo. Mas as pessoas saíram animadas, quase esperando por uma nova aventura, com largos sorrisos no rosto. Aquilo me deixou confusa, mas sinceramente, resolvi ignorar a sensação estranha, e me preparar pra nova fase, que com certeza ia começar no acampamento.

     O primeiro mês depois de remontarmos o acampamento normalmente é muito confuso, ajustando as coisas finais, e erros que possam ter acontecido na remontagem. Mas esse mês, as coisas estavam triplamente mais confusas, triplamente mais difíceis. Louis e Lara se acostumaram a aparecer nos conselhos, as vezes Lara era substituída por Barb, sempre sorridente, com ideia que nos levavam sempre à votações e empreitadas malucas. Mas Wanessa parecia infinitamente feliz com mais pessoas ajudando ela em suas vontades, como colocar arame farpado em arvores, para proteger dos Zeloides, ou reorganizando todo o estoque de armamento por ordem de idade.

     Tudo parecia estar se ajustando depois desse mês longo. Ou eu estive longo do olho do furacão por tempo demais.

     — Violet!!!— Andreza correu para pegar o meu braço, momentos antes do café da manhã, um sorriso de orelha à orelha.— Reunião do conselho de emergência. EMERGÊNCIA. Vamos!!!

     Quase caindo em cima das pedras carbonizadas no chão, ela me levou correndo em direção à tenda de Catarina. Outras de nós também chegaram, estupidamente afobadas. Louis estava entre elas, os olhos faiscando com um brilho determinado no olhar, e um sorrisinho satisfeito no rosto.

     Abrimos a tenda, de onde Catarina soltava pulinhos e mais pulinhos de alegria, os olhos brilhando como nunca vi brilharem.

     — Sentem-se!!! Sentem-se!!!— Pediu, balançando as mãos com um desequilíbrio que não era comum nela.— Tenho notícias simplesmente incríveis!

     — Pare de enrolar, diga logo! O que tem de tão incrível?— Louis perguntou, a felicidade de Caarina contagiando todas nós.

     — Isso aqui, é o que tem de tão incrível!— Catarina colocou em cima da mesa, um rádio comunicador, e apertou um botão onde acionava a gravação que tinha feito, e com um sorriso ainda maior, fez silêncio para que conseguíssemos ouvir.

     Ouçam, todos os acampamentos! Ouçam, todos os acampamentos! Após retorno da última expedição no oceano indico, um grupo de cientistas encontraram a ilha perfeita, uma ilha à oeste da Nova Zelândia, agora completamente sem vírus circulando. A terra de lá é extremamente fértil, o clima é adequado o suficiente para uma civilização enorme. Pedimos que iniciem o protocolo 09! Repito, iniciem o protocolo 09

     Completamente atônitas por um longo minuto, diferimos a informação, os sorrisos se formando instantaneamente nos nossos rostos. No momento em que o mundo entrou em foco novamente, todas as mulheres presentes ali gritaram da mais pura felicidade, e Louis se jogou nos braços de Bruna, pulando em comemoração, como se o país tivesse ganho a copa do mundo.

     — Meninas, conseguimos!! Conseguimos!!!— Catarina anunciou, aos berros, me dando um abraço imensamente apertado, que retribuí com prazer.— Precisamos anunciar a novidade, começar o protocolo 09...

     — Espera, o que é um protocolo 09?— Louis perguntou, as sobrancelhas arqueadas. Catarina abriu ainda mais o sorriso.

     — O protocolo 09, significa basicamente, encontrar um jeito de chegar na ilha!

     — Bom, vocês já tem alguma ideia de como fazer isso?— Perguntei, olhando para todas, ainda com um sorriso imenso estampado no rosto.

    — Na verdade... É aí que a Louis entra.

     Oiee milhos pra pipoca!!! Como vão as coisas??!

     Não vou negar, eu adoro essa parte final da história, é aqui que as coisas começam a esquentar de verdade, e pegam fogo igual palha seca. Sim, lamento informar, mas estamos entrando na fase final dessa história, apesar de ainda ter muita treta pra acontecer.

      Coloque suas opiniões e teorias nos comentários e não se esqueçam da estrelinha linda que me ajuda demais! Beijinhos com sabor de pipoca meus amores!