Capítulo 14 - Cuidando dela (Violet)
Tirar aquele capuz foi uma das coisas mais malucas que já fiz. É um ato simples, mas naquele momento, com a pessoas que era, poderia mudar muito minha vida. Foi difícil mante-los na cabeça antes de Catarina dizer.
Eu tinha razão, mudou.
Assim que olhei para o rosto vermelho de Emilu, soube que aquela menina era especial, e mesmo com as pálpebras fechadas conseguia ver o brilho dos olhos dela. Um brilho que se apagaria se não fosse tratada.
Assim que Catarina nos dispensou, foi o mais rápido que consegui para a tenda hospitalar, com a menina no colo e Barbara ogo atrás de mim. Não era mãe, não poderia saber o que ela estava sentindo, mas imaginava...
Abri a tenda, colocando Emily rapidamente em uma cama. As prateleiras de madeira improvisada estavam cheias de frascos com ervas, venenos e óleos. Peguei um pilão, e comecei a esmagar algumas plantas, colocando um óleo na mistura.
— Você por acaso sabe o que está fazendo?— Barbara chegou ao meu lado, observando por cima do ombro. Ela era vários centímetros mais alta, então não era muito difícil.
— Sei. Isto aqui é pra diminuir a febre dela entes que frite por dentro.—Disse.— Depois vamos cuidar da pneumonia.
— "Nós"?— Ela levantou a sobrancelha.
— Vai ficar aqui a noite toda, pode me ajudar com algumas coisas.
Barbara concordou com a cabeça, os olhos piscando rapidamente. Ela observou eu esmagar mais mais naquelas ervas, até que não passarem de pó.
— Tem água na vasilha de barro, trás pra cá com um copo, por favor.— Pedi, e Barbara concordou, quase tropeçando de afobação. Menos de 10 segundos depois ela me trouxe o copo cheiro de água.— Obrigada Barbara!
— Pode me chamar só de Barb.— Disse, e eu concordei com a cabeça.
Joguei todo o pó que consegui junto com um pouco mais de óleo dentro do copo e misturei deixando a água esverdeada. Me dirigi até Emily sentando ao seu lado na cama, o copo na mão.
— Barb, me ajude a sentar ela, ou é capaz dela se afogar com o remédio.— Ela me ajudou, apoiando Emily nos travesseiros. Segurei a boca da menina pra que conseguisse beber, e não deixei que parasse sem ter engolido todo o conteúdo.— Isso vai fazer a febre ceder, precisamos de alguns panos de água fria pra ajudar.
E não dissemos mais uma só palavra antes que Emily tivesse panos na testa, nos braços e nas pernas. A menina já tinha pego no sono, quando finalmente nos sentamos, duas cadeiras, uma de cada lado da cama, observando.
— Dez e meia. Teremos uma longa noite.— Comentei, olhando no relógio de pulso.
— Desacostumei a dormir tarde, normalmente não esperamos muito depois do Sol se por, o tempo passa mais rápido assim.— Barb sorriu fraco, colocando a mão sobre a da filha.
— A quanto tempo vocês estão na floresta.
— Dois anos e alguns meses já.
— Faz muito tempo já!— Me espantei.— Como sobreviveram com uma criança tanto tempo?
— Somos nômades, mas isso é uma longa história.— Resmungou.— Prefiro deixar as histórias para amanhã, com todos juntos...
— Tudo bem, não posso te julgar. Mal posso esperar pra amanhã então.— Sorri sincera.
Ficamos em silêncio, apenas observando Emily dormir durante um tempo. De canto de olho, olhei para Barb, parando para reparar realmente nela. Era estranhamente parecida com as fotos de Hanna, mão dos meninos, que tinha na sala dos meus pais, e isso me intrigou bastante. Tanto quanto me intrigou o olhar que ela dava pra Emily. Mas julguei que aquilo era o olhar que uma mãe dava para seu filho, ainda mais quando ela estava em uma situação como a que Emily estava, em uma cama com febre.
— Você está me olhando a muito tempo, tem alguma coisa na minha cara?— Barb me encarou, me fazendo piscar muitas vezes.
— Desculpa.— Olhei para minhas mão, o rosto queimando de vergonha.
— Não precisa ficar vermelha, sei que você deve estar com muitas perguntas. Mas eu também estou perdida, talvez mais do que você.— Ela sorriu, os olhos brilhando. Simpatizei com ela, não sei porque, mas simpatizei muito com Barbara. Dava pra perceber que Daniel e Nando não percebiam a aura maternal que rodeava Barb.
— Até amanhã a noite tudo vai ser explicativo, se tudo der certo.— Disse.— Você quer tomar um banho e trocar de roupa, temos uma cachoeira aqui perto.
— Não quero sair de perto da minha filha.
— Entendo. Eu também aconselharia tomar de dia, a água é bem fria.— Olhei para minhas mãos de novo, constrangida. Claro que a menina é prioridade, é filha dela.
Levantei da cadeira, deixando as duas uma ao lado da outra. Voltei a pegar o pilão e esmagar algumas ervas nele, para a próxima dose de Emily. A noite ainda demoraria bastante pra acabar...
— Posso perguntar onde aprendeu a fazer remédios naturais? Você parece tão nova...— Barb perguntou, olhando pra mim de canto de olho.
— 16 só, mas to quase com 17. E a história dos remédios. Eu prefiro contar junto a de vocês.— Respondi, enquanto voltava a moer as ervas.
— Esse lugar... Esse acampamento... O que vocês são? Parece que caíram do céu!
Engoli em seco. Era uma história muito, muito longa mesmo, e que não cabia contar pra ela agora. Sorri de canto de boca, antes de olhar pra ela.
— Acho que de todas, essa é realmente uma longa história...
Barb dormiu na cadeira, a cabeça em cima a cama onde Emily estava, assim que bateu uma da manhã. Durante toda noite, troquei os panos na testa e no corpo da menina, dando o remédio de 4 em 4 horas pra ela. Quando amanheceu, Emily estava com a temperatura normal, e morrendo de fome. Acho que nunca conheci uma menina mais fofa e inocente do que Emily.
— Tia cuidou de você, mas agora você e mamãe precisam ir meu amor! Outra tia quer ver vocês!— Respondi, depois de Emily perguntar pela quinta vez por que tinha de beber o remédio.— Mas você precisa tomar o remédio antes, se não vai melhorar! Vamos, eu te dou um doce depois pra tirar o gosto ruim.
Emily olhou para o copo de liquido esverdeado, e torceu o nariz quando engoliu tudo o que tinha dentro dele de uma vez. A cara que ela fez foi tão engraçada que me fez rir. Ela recebeu uma torta de morango como recompensa.
— Vamos filha, já estamos atrasadas.— Barb tirou Emily de cima da cama, segurando a mão dela.— Você também vem Violet?
Concordei com a cabeça, sorrindo um pouco de canto de boca. Pisquei os olhos pra guardar o copo, antes de finalmente acompanhar Barb e Emily.
Tinha muita história pra ser contada ainda.
Oiee milhos pra pipoca!!! Tudo bom com vocês?! Espero que sim!!
NARRAÇÃO DA VIOLEEETTT. Eu senti uma saudade da minha menina, tinha muita vontade de fazer ela voltar. Bom, teremos capítulos narrados pela Violet agora, o que vai mostrar um outro lado da moeda. Coloquem suas opiniões e teorias nos comentários e não se esqueçam da estrelinha linda que me ajuda demais!
Beijinhos e até amanhã!!
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