Capítulo 26
O Expresso de Hogwarts anunciava a sua partida com o habitual som do apito. Sentadas no seu compartimento habitual, Ashley, Meredith e Laurel tagarelavam com as suas convidadas de honra: Ginny Weasley, Luna Lovegood e a mais do que única Astoria Greengrass.
Naquele ambiente familiar, Meredith permitiu-se descontrair, a mão entrelaçada na de Ashley e a boca constantemente aberta numa discussão interessante com Astoria sobre... Moda. A sua paixão.
Laurel ouvia atentamente Luna falar sobre os seus preciosos Nargals, a mente inteligente tentando encontrar uma forma de provar ao mundo que a Lovegood se calhar até tinha algum fundamento na sua teoria de que realmente existiam. A Ravenclaw era o tipo de génio que nunca descartava uma hipótese, algo que nem a feiticeira mais inteligente do sexto ano fazia, sendo esse título concedido a Hermione Granger por se expor mais do que Laurel nas aulas.
Ashley e Ginny conversavam tranquilamente sobre Quidditch. A Seeker dos Hufflepuff tentava a todo o custo relaxar mas as olheiras negras por baixo dos lindos olhos de Meredith afligiam-na. A Lovelace não queria admitir mas os pesadelos constantes que tinha e que a acordavam a meio da noite estavam a afeta-la.
- Olhem, nem vos perguntei. Como foram nos NFs? - perguntou Meredith, fitando Laurel e Ashley.
- Foram ótimos! - exclamou Ashley, orgulhosa de si mesma - Consegui um E a Poções e um B a Herbologia! De resto acho que foi tudo entre A e E mas já nem me lembro bem. E tu, Lau?
Laurel corou, envergonhada.
- Foram bons... - respondeu, vagamente - E tu, Mer?
- Desembucha. - ordenou Meredith, com os olhos semicerrados.
- Já disse, foram bons...
- Bons? Ou Brilhantes? - perguntou Ashley, meio a rir.
- O quê, acham que ela teve tudo B? - perguntou Astoria, curiosa - Isso é impossível, não?
Laurel corou mais ainda. Detestava vanglorizar-se.
- Laurel? - chamou Meredith, com um sorriso matreiro no rosto - Criatura, deixa de ser modesta. Tiveste ou não tiveste tudo Brilhante?
A ruiva balbuciou qualquer coisa, fitando a janela. Quando se virou, quatro pares de olhos encaravam-na, na expectativa.
- Sim, tive tudo B! Satisfeitas?!
- Mas B não é a classificação máxima? - perguntou Luna, ingenuamente.
- Sim e a Laurel teve tudo B, daí estarmos todos impressionadas, Luna. - respondeu Astoria, não tendo muita paciência para a Lovegood - Qual é o truque, Lau?
Ashley abriu a boca e Laurel preparou-se para a resposta mais óbvia: ser uma Ravenclaw de sangue. Contudo, não foi essa a resposta que a amiga deu e Laurel nunca se sentiu tão compreendida como naquele momento:
- Laurel é incrivelmente estudiosa e praticou imenso os feitiços. Inclusive conseguiu forçar a varinha dela para fazer os feitiços dos exames...
- Até ela quebrar. - interrompeu Laurel, constrangida - Para os exames do sétimo ano vou ter de comprar outra.
- Nas aulas os professores deixam-te usar as mãos em vez de varinha? - perguntou Ginny, curiosa.
- Não têm outra opção. As minhas varinhas ou não funcionam ou quebram.
- Desculpem... Posso?
Um rapaz loiro adentrou no compartimento sem sequer esperar uma resposta, os olhos fixos em Ginny Weasley, que semicerrou imediatamente os olhos. Ashley revirou os olhos, reconhecendo imediatamente o irritante Chaser da sua Casa, Zachary Smith.
- Zachary. - cumprimentou ela, com um sorriso forçado.
- Olá, Ashley. Ginny, gostava de falar contigo...
- O que queres? - perguntou a ruiva, com uma cara de poucos amigos.
Ninguém era propriamente fã daquele Hufflepuff, algo inédito para a Casa dos Texugos.
- Queria saber o que aconteceu no Ministério.
- Vais ficar a querer. - respondeu Ginny - Não tenho nada para te contar.
- Mas viste mesmo o Quem-Nós-Sabemos? - insistiu Smith, chegando-se mais para a frente, demasiado perto para os nervos de Ginny.
- Não tens nada a ver com isso.
- Podes afastar-te dela, por favor? - intrometeu-se Astoria, com irritação na voz falsamente doce - Estás praticamente em cima dela e isso é uma invasão do espaço pessoal...
- Mete-te na tua vida, Cobra. - retorquiu Zachary, fitando-a com desprezo.
- E tu mete-te na tua. - ripostou Laurel, pondo-se de pé - Deixa a Ginny em paz.
- Tu também estavas lá, não foi Ravenclaw? - questionou Smith, também ele levantando-se - Eu só estou curioso...
- A curiosidade matou o gato. - disse Ginny, perdendo a paciência - Sais a bem ou a mal?
- Eu...
- A mal será.
O Feitiço do Morcego que Ginny lhe lançou foi tão potente que Zachary saiu a voar pela porta aberta do compartimento, embatendo num velho que ia a passar. O homem soltou uma exclamação surpresa, encarando o jovem aflito sem fazer menção de o ajudar.
- Estupendo! Minha querida, que talento para feitiços! Como se chama?
- Ginny Weasley. - respondeu a ruiva mais nova, desconfiada - E o senhor é...
- Horace Slughborn. - disse o senhor, estendendo a mão - Serei o vosso novo professor de...
A voz esmoreceu-lhe à medida que os olhos encaravam Laurel. A expressão do professor alterou-se, fitando-a como se tivesse a ver outra pessoa.
- Cora...? - questionou Slughborn, num sussurro.
Laurel abanou a cabeça, com um semblante triste.
- Chamo-me Laurel, professor. Laurel Ravenclaw, filha de Cora e de...
- A filha de Cora! Por Merlim, és tão parecida com a tua mãe! Cora era maravilhosa, um diamante em bruto... A sua morte... Uma tragédia, uma verdadeira tragédia... Miss Ravenclaw, Miss Weasley, gostariam de se juntar a mim no compartimento C? Outros colegas vossos lá estarão, claro...
- Na verdade... - começou Laurel, sendo imediatamente interrompida pelo professor.
- Queiram acompanhar-me, por favor!
- Seria indelicado recusares... - murmurou Ashley ao seu ouvido.
Laurel revirou os olhos. Ley e a sua cortesia.
- Claro, professor. - respondeu a ruiva, de braço dado com a mais nova - Seria um prazer.
E lançou um olhar irritado à melhor amiga, que ria escondida junto de Meredith.
**
- Eu não me sento ao pé dele.
- Não te vou fazer mal.
- É suposto eu acreditar em ti?
- Tens a minha palavra.
- Como se isso significasse alguma coisa para mim.
- Laurel...
- É Ravenclaw para ti, Zabini.
- Laurel, podes te sentar ao pé de mim. - sugeriu Harry, apontando para a cadeira vazia entre ele e Neville Longbottom, que acenou à ruiva num cumprimento.
Laurel suspirou de alívio, lançando um olhar de desprezo ao seu ex-namorado. Blaise Zabini rangeu os dentes, amaldiçoando Laurel internamente por estar ainda mais bonita do que no ano passado, se é que isso era possível.
- Como estás? - perguntou Laurel a Harry, num sussurro.
- Sinto a falta dele. - respondeu o Potter, honesto.
A mão esquerda de Laurel pousou na mão de Harry, apertando-a num gesto de conforto. Slughborn, que observava a Ravenclaw com alguma admiração, soltou uma exclamação suave, atraindo a atenção dos dois adolescentes.
- Então é verdade! Vocês são um casal!
- Não! - exclamou Laurel, retirando a sua mão imediatamente - Somos apenas amigos!
- Sim, eu e Laurel não temos nada... - disse Harry, olhando discretamente para Ginny, algo que não passou despercebido a Laurel.
"Ginny?" questionou na cabeça do Menino-Que-Sobreviveu.
"O quê?"
Harry encarou Laurel, aproveitando que Slughborn se distraíra com os restantes colegas. Os dois tinham uma ligação única mas Harry sabia que nunca seria mais do que uma bela amizade e isso deixava-o feliz. Ainda assim, era inevitável não lhe lançar um olhar de dúvida, como se a ruiva devesse aprovar os seus mais recentes sentimentos por Ginny Weasley.
"Conquista-a, Harry." foi tudo o que Laurel disse, com um sorriso gentil no seu rosto de boneca.
Harry sorriu de volta.
**
- Que tédio. - resmungou Laurel quando o almoço terminou.
Harry, Ginny e Neville concordaram, os três embrenhando-se numa conversa. Blaise passou por Laurel, lançando-lhe um olhar de arrependimento que ela ignorou propositadamente. Ainda assim, seguiu-o discretamente, em busca do Slytherin que realmente lhe interessava.
- Olá Draco. - saudou, entrando no compartimento dele atrás de Blaise.
Draco olhou para ela, sem expressão. O sorriso gentil de Laurel esmoreceu lentamente ao ver o ar de desdém com que o Malfoy a encarava, seguido do olhar de vitória que Pansy, sentada ao lado dele.
- O que é que queres? - questionou o loiro, dando-lhe as costas.
Laurel ergueu uma sobrancelha, intrigada.
- Cumprimentar-te, não fui explícita?
- Já cumprimentaste. Podes ir à tua vida.
- Desculpa?
- Não o ouviste? - questionou Pansy, venenosa - Podes ir.
- Não sou uma cadela como tu para fazer o que me dizem, Pansy. - ripostou Laurel, enervada.
As bochechas de Pansy adotaram uma tonalidade vermelha, expressando a sua raiva. Laurel bufou, sabendo que não estava irritada com a Parkinson mas sim com Draco, que encarava o vazio como se ela não estivesse ali.
- O que é que pensas que estás a fazer? - perguntou, aproximando-se dele.
- Tentar desfrutar da viagem. - respondeu Draco, cerrando os punhos - Estás a incomodar-me, podes sair, por favor?
Os olhos cinzentos de Draco encontraram os safira de Laurel, arregalando-se surpresos ao ver lágrimas acumuladas naquele olhar intenso. O arrependimento pressionou-lhe o peito mas assim que Laurel abriu a boca, nada mais restou do que a vergonha de ser um idiota.
Um idiota que estava a afastar a rapariga que gostava propositadamente.
- Lá porque tens uma coisa nova na pele... - sussurrou ela, com a voz embargada - Não quer dizer que tens o direito de espezinhar os outros, Draco Malfoy.
Uma coisa.
A Marca Negra.
- Laurel... - chamou, tarde demais.
- Não me dirijas a palavra. - rosnou a Ravenclaw, dando-lhe as costas.
Laurel saiu dali a passos largos, afastando-se o mais que pode. Ao chegar ao compartimento, deu de caras com o olhar curioso de Ashley e de Meredith, as duas esperando por ela para saber como tinha corrido o almoço com Slughborn.
Quando viram a ruiva a desabar em lágrimas, as duas levantaram-se imediatamente para a abraçar, deixando-a chorar intensamente nos braços das suas melhores amigas.
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