Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Os Azulejos de Athos Bulcão

 (Esse conto foi escrito para o Desafio dos Escritores DF (2017), porém, infelizmente não passou da primeira fase. Um fracasso, mas não por completo, pois acho que mesmo não tendo sido selecionado é um bom conto. O desafio era escrever um conto que tivesse um turista alemão obsessivo, um relógio de sol do parque da cidade, um azulejo pirata de Athos Bulcão e no máximo 1000 palavras)  

Nevava e Joachim Funke corria. Gostava do frio, de atravessar as trilhas da Schwarzwald (Floresta Negra), de observar o sol tímido iluminar as faias, carvalhos, abetos e pinheiros. Morava em Karlsruhe, na Alemanha. Todo dia ele corria, pegava a correspondência, lia as notícias tomando café, tomava um banho rápido, apanhava o ônibus pontualmente e observava a beleza do planejamento da cidade. O desenho urbano era do tipo cidade jardim. Na universidade ministrava sua minuciosa aula: Organizando o caos urbano. Herdou do pai a paixão por arquitetura. Voltava para casa, lia e dormia.

Naquele dia foi diferente. A correspondência vinha de Cuzco, no Peru. Sentado na apreciada solidão de sua casa abriu o pacote, retirou um azulejo branco com um desenho azulado parecendo uma suástica despedaçada. Lembrou-se de sua mãe mostrando as cartas que seu pai havia lhe escrito, que ficaram escondidas por anos.

A última frase, da última carta dizia: "A vida é mais fantástica sem ordem. É como as paredes de Athos Bulcão. Somente com os azulejos assentados aleatoriamente que podemos ver a genialidade, a beleza no caos."

Joachim analisou o azulejo, era fã de Bulcão, como o pai, e percebeu que o desenho era um adesivo. Retirou-o e pôde ver uma mensagem pintada em alemão: Venha conhecer Machu Picchu. Agende e seja guiado nessa aventura. Falar com Antônio Laderas: www.alpacaturismo.com.br.

Na correspondência ainda estava uma passagem para o Brasil, com saída naquela noite. Depois da morte da mãe, de ler e reler as malditas cartas, ele ficou obcecado em encontrar o pai, mas nunca teve sucesso. As palavras nas cartas lhe provocavam. Queria poder dizer ao pai: "Seu idiota egoísta. Te odeio!" Não podia deixar passar aquela chance. Contactou a agência. Cancelou seus compromissos. Voou para o Brasil e seguiu as recomendações da agência.

***

Joachim desceu do ônibus e perambulou pela cidade. Nunca havia suado tanto. Desejou ter mais melanina no corpo, sentia além do calor um queimar na pele. Reparou na quantidade de lixo pelas ruas, na diversidade étnica dos transeuntes, mas em especial na falta de sombra. Esses brasileiros não plantam uma mísera árvore nas ruas? Pensou ele. O estrangeiro usava uma bermuda florida, chinelos havaianas, uma camiseta do Olodum e uma mochila de montanhista.

"Olá, pode informar onde eu encontrar hotel?" Perguntou mostrando um folder para uma moça que passava.

"Sim, siga por mais dois quarteirões."

Seguiu pela rua de paralelepípedos até achar o hotel. Teve uma decepção. O lugar era pequeno. O quarto tinha um colchão fino e um ventilador portátil. Bem diferente do que informava o folder. Joachim ligou o ventilador e deitou-se nu na cama sentindo o vento deslizar sobre seu corpo.

Acordou horas depois com batidas na porta. Levantou-se e abriu a porta. A moça assustou-se com a perceptível nudez do homem. Ela desviou o olhar, mas disfarçou o espanto.

"Olá." Disse Joachim.

"Olá, senhor Funke?"

"Sim, este ser eu."

"Olá, sou Juliana. Serei sua guia." Falou sorrindo a moça.

O alemão meneou a cabeça. Juliana sentiu que precisava explicar mais detalhes.

"Pedi para bater na sua porta. Precisamos sair, está na hora."

O rosto do alemão estava inchado de sono e enrubescido.

"Ok! Estou saindo."

"Te espero no saguão."

Joachim colocou a mesma roupa suada, fechou a mochila, sentia-se impactado pela beleza da moça cor de jambo. Gostou das covinhas dela ao sorrir, parecidas com as dele, do olhar ingênuo.

Saíram de Corumbá-MT e foram para Puerto Quijaro, na Bolívia. Enquanto esperavam o famoso Trem da Morte, Juliana explicou os pormenores do trajeto que fariam. Joachim continuava suando e achou a estação decrépita. Quando o trem surgiu ele riu, pois era quase uma piada. Acomodaram-se em um banco duro. Foram horas vendo paisagens monótonas e a pobreza destacar-se nas pessoas que entravam a cada parada. Vendiam limonada preparada em enormes panelas, mexidas com as mãos; e espetinhos de frangos inteiros, sempre com moscas a rodear.

"Nunca eu beber esse suco, comer essa comida. Isso é loucura!"

Horas depois, morrendo de fome e sede teve que aderir aquela única opção. Dividiu o frango com a guia. Lambuzados os dois riram.

Chegando em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) pegaram um ônibus. A poltrona não reclinava, o ar condicionado não funcionava e com quinze minutos de viagem o motorista parou e desceu em uma gruta.

"Por que paramos?"

"Não sei, Joachim."

Da janela Joachim pôde ver o motorista ajoelhar e rezar diante de Nossa Senhora. Seguiram cruzando a Bolívia. Foram mais de vinte horas de viagem até La Paz. Pontes caídas, buracos e acidentes. Desigualdade social estampada no desenho urbano. Joachim ficava cada vez mais transtornado. O que lhe acalmava era o olhar meigo, as desculpas e as conversas filosóficas de sua guia. A moça tocava nele, olhava nos olhos, sorria sem medo, opinava com sabedoria. Com isso, na sequencia, as paisagens melhoraram: montanhas magníficas, solos quase lunares, lagoas iluminadas, cidades charmosas, mesmo que sujas. Povo encantador. Em Cuzco as inacreditáveis construções, o encaixe milimétrico de pedras gigantescas. As músicas alegres dos músicos de rua. As cores. A felicidade nos turistas. As explicações históricas de Juliana ditas entre sorrisos, jogadas como confetes aos ouvintes, eram mais esclarecedoras que as aulas de Joachim. Que garota!

Joachim pensava que a qualquer momento descobriria o motivo da viagem. Ansiava pelo aparecimento do pai. Não mencionara nada disso para Juliana. Seguiram para Machu Picchu. Uma escadaria em meio à floresta, um mal estar pela altitude.

"Mastigue essas folhas de coca, vai melhorar."

Ele mastigava e Juliana incentivava-o a continuar.

"Vai valer a pena. Uma cidade tão escondida que os invasores não acharam. Feita num local improvável, rodeada de mistérios. Sem verdades absolutas. Vamos Joachim, falta pouco."

A moça sabia argumentar, ele seguiu. O lugar era inexplicável. No centro da cidade de pedra havia um relógio de sol. Foi ali que Juliana pediu que vários turistas alemães se aproximassem. Ela faria seu discurso padrão.

"Hallo,leute! Mein name ist Juliana Funke..."Tudo fez um lindo sentido. Joachim sorriu, como nunca, estava diante de suairmã. Diante de uma nova floresta. 


Nota: No vídeo um relato do artista Athos Bulcão.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro