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Doze

MARIA

Depois de me deliciar com a torta, que estava realmente maravilhosa. Edu e eu nos encarregamos de limpar a mesa, lavar e secar a louça, até porque vamos usar a mesa. Dona Madalena disse para Felipe que ele podia descansar já que reclamava tanto de ter que fazer tudo. E é claro que foi mais uma estratégia para me deixar sozinha com Eduardo.

— Uma hora ela para, vai ver. — Edu diz depois que já acabamos nosso "serviço" e estamos novamente à mesa, só que dessa vez com o computador ligado e um sentado ao lado do outro.

— É, acho que sim.

— Se estiver te incomodando muito, podemos ir para outro lugar ou até mesmo posso te deixar em casa e...

— Não, está tudo bem. Sério — sorrio para ele para deixar claro que realmente está tudo bem, pelo menos sobre estar aqui.

A grande verdade é que ver o jeito como dona Madalena se empenha para nos juntar só me faz pensar no quanto papai estaria entrando na brincadeira em outro momento. Ele nunca foi um homem ciumento ao meu respeito, mas sempre disse que não seria tão fácil para o tal cara conseguir agradar o "sogrão", e isso me faz pensar em como seria um almoço com todos nós, dona Madalena com seus planos e meu pai sabotando todos eles, com seu bom humor que tanto amava. Quer dizer, amo, pois carrego a esperança de que essa situação logo vai mudar.

— Maria, está tudo bem? — Eduardo pergunta de repente, provavelmente meu semblante mudou com meu devaneio.

— Está. Quer dizer, não exatamente, mas sei que vai ficar.

— Quer conversar sobre isso? — Nesse momento olho em seus olhos e automaticamente penso no quanto realmente quero conversar sobre isso.

— É sobre meu pai... — suspiro e me pego dizendo. — Você deve saber o que anda acontecendo, todo mundo sabe...

— Na verdade, não sei. Desculpe. — Ele coça a cabeça. — Andei tão focada em umas coisas aí que não prestei atenção em quase nada ao meu redor. Seu pai está bem?

É curioso e ao mesmo tempo muito bom que ele não saiba sobre nada disso.

— Meu pai foi demitido, Edu. A escola foi vendida e o novo dono quer alguém mais jovem para o cargo. O problema é que meu pai não está sabendo lidar nem um pouco com isso e não aceita o fato de que pode estar com depressão por isso... — falo tudo num fôlego só.

— Nossa, Maria. — Ele fecha o notebook automaticamente. — Você com esses problemas e eu aqui me preocupando com um jogo idiota. Devia ter me falado.

— Não, isso foi muito bom. Muito bom mesmo. — Tranquilizo-o dizendo a verdade. — Eu não vinha pra casa desde que ingressei na faculdade e meus pais também não tinham gostado do fato de eu ter ido pra capital, então eu não sabia de nada disso, eles disseram que não queriam me preocupar com seus problemas, já que eu tinha escolhido "viver minha vida" — gesticulo até demais e faço as aspas no final ao mesmo tempo em que reviro os olhos. — Isso tudo chega a ser ridículo, sabe? Não é como se eu fosse deixar de ser filha deles só porque estou seguindo meu futuro. Isso não é justo, só queria que eles me apoiassem! — Enquanto falo, vejo que o semblante do Eduardo muda e me atento para o que falei. — Eu disse algo de errado?

— Não, claro que não. Só me fez pensar em algo pelo qual estou vivendo.

— Quer compartilhar?

— Não, esse é seu momento.

— Ah, Edu, para! Estou aqui despejando meus problemas sobre você, o mínimo que deve acontecer é que você se sinta à vontade para fazer o mesmo.

— O problema é que não sei se isso é realmente um problema.

— Como assim?

Eduardo me olha intensamente, até suspirar e desviar os olhos, apoia a cabeça nas mãos com os cotovelos sobre a mesa.

— É que recebi uma proposta para continuar meus estudos na capital e dar aula enquanto me formo...

— Edu, isso é maravilhoso! — Me animo de imediato, mas me contenho ao ver que sua expressão não demonstra isso. — Não é?

— É. Quer dizer, quem não amaria receber essa proposta, né? Só que... — Seus olhos se voltam para mim e, ao invés do céu límpido, agora seus olhos parece o mar bravo. — Não quero deixar minha mãe e Felipe sozinhos, sabe? Felipe já perdeu o pai, não quero que ele me perca também...

Ainda na época da escola, soube que seus pais tinham se separado, mas Eduardo nunca quis entrar no assunto, então nunca perguntei. Só que, até onde sei, seu pai não morreu e ele acabou de falar como se isso tivesse acontecido.

— Você se importa se não falarmos sobre isso? Não quero falar sobre ele.

— Claro — concordo e entendo que seu Henrique, seu pai, está vivo, mas tem muito mais nessa história. — Mas quando quiser falar, estou aqui, está bem?

— Eu sei, obrigado.

Depois disso, nem eu nem ele falamos sobre nossos problemas mais. Engatamos em uma conversa sobre seu jogo e fiquei surpresa com o conteúdo que ele já criou. Fiquei feliz em saber que ele realmente se achou, e ver o quanto ele fala com empolgação de seu trabalho e sobre esse universo, só me faz pensar no quanto Deus foi magnânimo ao lhe conceder essa oportunidade na capital. E a partir desse momento, propus ao meu coração de orar pelo Edu e por seu futuro, se for realmente esse caminho que Deus escreveu para sua história, então creio que tudo dará certo.

EDUARDO

Depois do almoço que minha vó orquestrou para me juntar com Maria e que o objetivo mesmo nem foi mais o foco, Maria e eu nos encontramos na quarta após aquele dia e caminhamos um pouco na escrita do roteiro. Ela é realmente ótima e parece entrar na minha mente porque consegue escrever exatamente o que penso.

Não conversamos mais sobre nossos pais ou qualquer problema, e pra evitar as armações da minha vó, combinamos na pracinha em frente à igreja, e claro que comemos crepes no seu Freitas. O tempo foi tão proveitoso que marcamos de nos encontrarmos outra vez hoje. Geralmente tiro as sextas para me desligar do trabalho, mas como ontem não consegui fazer nada, decidi substituir o dia. E até que tem sido bom, ontem não saiu nada, mas quarta já avancei bastante com a ajuda da Maria e tenho certeza de que hoje não será diferente.

Antes de sair de casa, Felipe me encheu o saco para o trouxesse também, disse que mamãe está histérica com a história da minha possível mudança e agora quer fazer de tudo para que eu saiba que ela pode se virar com Lipe, coitado. Vive com ele pra cima e pra baixo e tem jogado ainda mais tarefas em cima do menino. Confesso que é hilário ver as reações do meu irmão, mas não deixo de sentir pena, sei que minha mãe pode ser terrível quando quer. Às vezes parece que ela que é a filha da dona Madá, não aquele lá.

Imediatamente forço minha mente a não pensar nele, não quero estragar meu dia, Maria deve chegar a qualquer momento.

Suspiro pesadamente e olho ao redor, Maria está um pouco atrasada, o que é estranho, mas vou esperar, com certeza aconteceu algo que a fez perder a hora. Ainda olhando ao redor, demoro um pouco admirando a igreja que já fui tantas vezes com meus amigos e minha vó, agora são 15h20 da tarde e o sol está em toda sua glória no céu azul claro, não há uma nuvem e o calor está quase beirando ao insuportável, quase.

Ponho a mão de modo horizontal sobre a testa, usando a palma como proteção para a luz solar e olho um pouco mais para a fachada bonita da igreja, pensando em como seria o reflexo desses raios solares nas ornamentações amarelas e douradas dentro do templo, pego-me sorrindo ao pensar no quanto esse pensamento é estranho. Mas então, como uma piada cósmica pelo meu momento, tiro meus olhos da bela construção e avista uma linda mulher vindo em minha direção. Com um vestido fresco de verão, alças finas e branco de uma estampa de girassóis e outras flores amarelas. O cabelo com uma mistura de amarelo e dourado que parece receber uma atenção especial da grande estrela quente no céu, e talvez seja loucura da minha cabeça, mas nesse momento é como se Maria brilhasse, principalmente quando sorriu ao me ver e me ofereceu um pequeno aceno. Engoli em seco e só então percebi que estava de boca aberta.

Que isso, Eduardo? E sua regra de nunca admirar demais uma amiga?

Desde que me envolvi com Rebeca, impus essa regra para mim mesmo. Não que não as ache bonitas, claro que acho, não sou cego. Só fico policiando a mim mesmo sobre até onde e por quanto tempo posso admirar. Afinal, antes de Sofia ter qualquer coisa com o Ben já éramos grandes amigos, e, apesar de sua beleza indiscutível, sempre dizia a mim mesmo que ela era amiga demais pra me fazer pensar qualquer coisa, e isso foi a melhor decisão que tomei.

— Oi, Edu. Desculpa o atraso, tive um... hum... imprevisto.

— Está tudo bem. — Pelo seu semblante era visível que não estava nada bem. — Você quer conversar?

Maria me olha por um instante e depois balança a cabeça negativamente.

— Olha, está muito calor hoje e parece que vai continuar até o sol se pôr, talvez além. Você não gostaria de ir ao shopping comigo e aproveitarmos a praça de alimentação? A gente podia tomar um milk-shake, sorvete, açaí, tanto faz pra mim, sendo comestível e gelado, tá ótimo — sugiro, mais pra que ela fique mais à vontade.

— Seria ótimo. Tem certeza? Ainda temos que avançar um pouco mais na primeira parte do seu jogo.

— Tenho sim — respondo já me levantando e guardando o notebook na mochila, ela nem chegou a se sentar.

Na quarta acabei contando para Maria que estou desenvolvendo esse jogo para uma espécie de concurso para uma grande empresa de entretenimento e por isso precisava de um roteiro bem devolvido e condizente com a proposta de todo o jogo em si, ela ficou eufórica e até um pouco ansiosa, segundo ela, meio receosa de não conseguir escrever bem, porém, o "pouco" que já foi escrito está simplesmente perfeito.

Caminhamos em silêncio para o shopping e fico bem preocupado com minha acompanhante. Ela chorou, sei disso. E algo parece tê-la chateado bastante e provavelmente tem a ver com seu pai. Eu sei que ela precisa desabafar, mas não quero pressioná-la nem parecer um entrão em sua vida, mas somos amigos, poxa! E eu me preocupo demais com essa loirinha. Na escola, Lorrayne sempre agia como a mãe de todo mundo, mas quem sempre estava realmente preocupada e interessada em todos os pontos de nossas vidas era Maria, ela sempre dava um jeito de nos ajudar ou apenas nos ouvir, aliviar.

Começo a pensar no que posso fazer para ajuda-la, então tenho uma ideia. Talvez não funcione, mas de, qualquer forma, acho que pode ser uma boa e ainda posso conseguir uma opinião sobre um assunto que tomado meus pensamentos.

— Sabe — começo de repente e ela parece despertar de onde quaisquer que fossem os pensamentos que a dominavam —, minha mãe tem tentado me manipular para que eu ache que está tudo bem ir para a capital e deixa-la aqui com o Lipe...

— Você não acha que está tudo bem? — Ela pergunta, como achei que fosse fazer.

— Não sei. Quer dizer, minha mãe é incrível com tudo, nesses dois anos nunca deixou faltar nada e também não é como se eu não fosse mandar dinheiro ou algo assim, mas também penso muito no meu irmão. Ele só tem 13 anos, sabe?

— Edu, acho que a questão é: Ele tem 13 anos. Não é como se ele não precisasse mais de você, claro que precisa, sempre precisará, afinal, você é o irmão mais velho. Só que ele está crescendo, já é rapazinho e sei que te vê como exemplo.

— Eu sei, mas não temos mais um pai, Maria. Talvez nunca tenhamos tido. Minha mãe sempre foi pai e mãe, sabia? O Henrique nunca teve muito tempo pra gente, mesmo que o moleque sempre tenha sido fissurado no cara — falo com mais raiva do que imaginei e ela faz uma careta.

— Sinto muito por isso, de verdade, mas posso falar algo com sinceridade?

— É claro.

— Você não é o substituto do seu pai. — Sua frase é curta, mas de longo alcance. — Desculpa se estarei me metendo, não conheço a história nem preciso. Também não conheço muito a sua mãe, conheço mais a sua vó, no entanto, isso não me faz duvidar de que ela é uma mulher incrível, assim como creio que sua vó tenha educado seu pai de maneira excelente, se ele desviou do caminho que ela o instruiu ao longo da vida, não significa que ele não saiba o caminho de volta, muito menos que ele não possa voltar.

— Acho que não entendi o que você falou — solto uma risada nervosa. — Está querendo dizer que meu pai pode voltar pra casa só porque ele sabe o endereço mesmo depois de ter sido um grande... canalha com minha mãe e nós dois?

— Não foi isso que eu falei, mas talvez seja isso que você queira que aconteça, já que interpretou assim. — Isso é demais pra mim.

Já estamos na entrada do shopping, mas não consigo prosseguir.

— Maria, é melhor não continuarmos com essa conversa, prezo demais nossa amizade pra começar a... sei lá... odiar você.

— Odiar? Chegaria a esse ponto? — Sua surpresa não parece tão surpresa assim.

— É melhor entrarmos e nos concentrarmos no jogo — digo de imediato. Acabou que tentei dar um jeito de fazer bem a ela, mas quem acabou mal fui eu.

— Desculpa, Edu. Desculpa se fui inconveniente ou qualquer coisa, talvez eu não esteja em um dia bom pra te ajudar com o jogo. E se remarcarmos? — Parte de mim acha uma boa ideia só pelo que ela falou do Henrique, mas ela fala de forma tão triste que não consigo não me preocupar.

— E se não trabalharmos hoje? E se apenas jogarmos conversa fora? Se não for sobre o Henrique, pra mim tá ótimo — tento sorrir, mas nem ela nem eu conseguimos de fato. — Má, posso ver que não está bem e não quero te deixar sozinha. Se quiser, conversa comigo, se não, só me deixe te fazer companhia, te distrair...

— Ah, Edu... — Seus olhos ficam marejados e num impulso a abraço, sem me importar de estarmos na entrada do shopping ou que pessoas estejam passando por nós. — É que está tão difícil. Tão difícil. Às vezes parece que não vou suportar.

Sem pensar muito, olho para os olhos dourados, que estão brilhando pelas lágrimas não derramadas e sinto que preciso protegê-la.

— Vamos lá pra casa? Minha mãe saiu com Felipe não sei pra onde, não devem demorar a voltar, mas devemos ter um tempinho, ai você pode se acalmar e talvez eu possa te ajudar em algo — ofereço de supetão.

— Tem certeza? Não quero atrapalhar e...

— Maria, relaxa. Você sabe que meu irmão te adora, na verdade, até dizia que se casaria com você — brinco um pouco e funciona, pois ela sorri.

— Ah, não! Por favor, não conte isso pra dona Madalena. — Seu comentário arranca uma gargalhada minha e ela passa o dorso da mão sob o olho, para tirar qualquer resquício de lágrima.

— Então vamos? Só preciso comprar um sorvete pra gente.

— Posso fazer brigadeiro? — Ela me olha com um olhar sapeca que desconhecia até então. E aqui temos uma Maria fazendo piada.

— Hum, sabia que eu amo brigadeiro? — levanto a sobrancelha pra ela, que gargalha de um jeito maravilhoso de se ouvir.

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