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Dezessete

MARIA

O choro é algo que carrega diversos significados. E da mesma forma em que ele nos sufoca, também pode nos proporcionar alívio. E sinto que neste momento, o choro do Eduardo é justamente para abrandar o peso de sua alma.

— Eu não aguento mais, Maria. Simplesmente cheguei ao meu limite — Ele desabafa e chora com liberdade, chora ao ponto de deixar seu corpo escorregar até o chão, sua cabeça que permanece apoiada no sofá. Acaricio seu cabelo e o deixo extravasar.

— Me deixe te ajudar, Edu. Pode se abrir comigo — peço. Lágrimas banham meu rosto também.

— Sinto vergonha do que me aflige. Vergonha do que sinto.

— Não sinta, meu amigo. Somos seres humanos — aumento o carinho e o deixo à vontade para falar o que bem entender.

— Mas você tem tanta fé! — Ele levanta a cabeça para me olhar, seus olhos estão quase que completamente pretos, apenas com um circulo mais fino do azul escuro que ele é, mas o brilho está intenso demais. — Você vê a situação dos seus pais por olhos que eu nunca seria capaz de ver, sempre procura o melhor de uma situação... Eu só tenho enxergado o pior, Maria. E estou cansado. Muito cansado.

Ele abaixa a cabeça novamente, mas sinto um vibrato quando ele ri amargamente.

— O pior de tudo é que as pessoas nunca enxergam. Elas não veem o quanto estou sofrendo, veem apenas o cara que cresceu fazendo piadas, veem apenas aquele adolescente brincalhão que eu costumava ser. E estou exausto de esconder toda a podridão que carrego dentro de mim. E é tudo por culpa dele! Ele acabou com a minha vida!

A raiva em sua fala é gritante, e sei que ele se refere ao seu pai ao falar dele. Sem muito mais a fazer, apenas me deixo escorregar até o chão também, fico de frente para ele e o abraço. Ele fica dividido entre me deixar abraçá-lo ou se afastar de mim. Por fim, ele retribui o abraço com força.

— Estou aqui por você, Edu. Estou aqui. Não precisa fingir ou fazer piada pra mim, apenas seja você mesmo — afasto-me o suficiente para olhar em seus olhos. — Suas marcas internas nunca me afastarão de você, pelo contrário, são essas marcas que farão com que a cura seja ainda mais bonita e completa. Jesus ficou marcado nas mãos e nos pés, mas foram essas cicatrizes que mudaram toda a história da humanidade. Existem marcas que apenas selam nosso destino, elas não vêm para nos envergonhar.

— Essas marcas selaram meu destino? — Ele se afasta completamente agora e ri. — Estou mais ferrado do que imaginei então, porque estou destinado a ser um cara amargo que odeia o homem que teve participação no meu nascimento! — Eduardo encosta suas costas no sofá e joga a cabeça pra trás. — Eu odeio o Henrique, Maria. Simplesmente odeio.

— Não acho que você o odeie — digo e isso o faz me olhar com incredulidade. — Acho que você está sim muito magoado e com muita raiva, mas não acho que o odeie.

— Ah, não? Como você explica o fato de eu não conseguir chamá-lo de pai? Ou sobre eu nem conseguir falar sobre ou com ele?

— Não explico nada, mas acho que isso tem mais a ver com a decepção do que com o ódio, afinal, quem mais amamos é quem mais tem o poder de nos decepcionar.

Edu se levanta do chão e vai até a cozinha. Ele não diz nada, apenas abre a geladeira e procura algo lá dentro. Eu apenas o observo de onde estou, sentada no tapete da sala com o braço apoiado no sofá.

— Quer um pouco? — Ele oferece ao mostrar a jarra de suco que tem nas mãos? — Esse episódio todo me deixou com fome — comenta com um sorriso travesso, e ai vejo que seu momento de desabafo acabou e ele está trazendo à tona o Edu "de sempre".

— Quero sim, obrigada — levanto-me do chão e me sento no sofá. — E acredito que qualquer coisa te deixe com fome, Eduardo.

— Não tenho argumento contra isso.

— Claro que não — reviro os olhos e ele me oferece um sorriso sincero.

Edu volta para a sala com dois copos generosos nas mãos. Provavelmente vou beber apenas metade disso, mas sei que ele já trouxe assim para beber o que eu não aguentar, tem sido assim toda vez que nos encontramos para trabalhar em seu jogo ou em qualquer ocasião. Ele me entrega o copo e se senta ao meu lado.

— Obrigado por isso, loirinha. De verdade. — Ele de repente. — Não vou fingir que nada aconteceu, fique tranquila. Acho que... só cheguei ao limite por hoje.

— Está tudo bem. Você não precisa falar tudo de uma vez, mas é bom desabafar de vez em quando e estarei aqui, ok? — Ele assente. — Posso só te fazer um pedido?

— É claro.

— Posso orar por você?

— Bom, isso deveria ser um pedido que eu deveria fazer, não acha? — Ele sorri pra mim. — E eu adoraria que você orasse por mim, na verdade, essa é a melhor coisa que pode fazer por mim, além de aturar esses meus momentos.

— Isso não é aturar, Edu. É compartilhar e tentar ajudar, é isso que amigos fazem.

— Você é a melhor amiga que alguém poderia ter, Maria. De verdade. Todo mundo deveria ter uma Maria na vida.

— Não seja exagerado. — Imediatamente fico corada.

— Não estou, estou apenas sendo sincero. Somos amigos há muito tempo e acompanhei sua amizade com Sofia, tenho certeza de que você foi um grande pilar para ela, para aguentar tudo que ela passou. Assim como tem sido um pilar pra mim. Só nunca se esqueça de uma coisa: — seu olhar se intensifica. — Você não está sozinha, existem pilares para você também. Se eu precisar te segurar para que não caia, assim o farei. Nunca se esqueça disso. E não só eu, mas como todos que amam você. Deus principalmente, é claro.

— Muito obrigada, Edu. De verdade. Isso foi mais que especial. — Ele apenas assente e fecha seus olhos para receber a oração que eu havia falado.

Há poucos minutos me ofereci para orar por ele, mas nesse momento, ele orou por mim sem ao menos perceber. A emoção toma conta de mim e aproveito para fechar os olhos e começar a falar com Deus.

— Jesus, neste momento apenas te peço para tocar nossos corações. Senhor, manifeste Sua presença e dê forças para que possamos suportar toda e qualquer dor que nos gere fraqueza. A Palavra é claro ao dizer que Seu poder se manifesta em nossas fraquezas e cá estamos nós, prontos para Ti. Deus, toque nos sentimentos do Eduardo, que ele nunca se esqueça de que somos feitos de promessas e de que Sua Palavra nunca é falha, pois o Senhor não é homem para que minta nem filho do homem para que se arrependa. O Senhor é fiel e nunca se esquece de nenhum filho Seu. Sei o quanto pode ser difícil manter a fé, não questionar, mas Seu tempo é perfeito e nisso que precisamos crer. Ajude-o, Senhor. Ajude-o a entender que ele nunca foi nem será esquecido, que muitas vezes a dor interna é tanto que cria uma espécie de bloqueio para que ele não escute Sua voz, para que ele desista. Contudo, guarde seu coração, faço-o sempre crer que Tu és fiel e nos ama com o amor incondicional. Faço-o se sentir amado por Ti, o Pai de amor que nos concedeu a honra de sermos adotados por Ti. Independente das dores e tristezas desse mundo, o Senhor é nossa força e alegria. Que nada seja sobre nós, mas sobre Você, sempre sobre Você. É o que Te peço em nome do Filho Amado Jesus, amém.

Ao abrir os olhos, vejo que Eduardo limpa uma pequena lágrima sob seus olhos, mas decido não comentar nada, como ele disse antes, ele chegou ao seu limite.

Depois do momento de oração, Edu e eu decidimos ficar conversando sobre amenidades. Engatamos em uma conversa sobre seu jogo e algumas ideias, em algum momento ele está no chão novamente e permaneço no sofá. Estamos tão entretidos com tudo que nem nos preocupamos com a hora, mesmo que seja de madrugada provavelmente. Só sei que estamos vivendo o que a Bíblia diz sobre o choro durar uma noite, mas a alegria vir ao amanhecer. Choramos, desabafamos, oramos e agora estamos rindo e nos divertindo. É como um sopro divino que nos gera alívio. Até mesmo a tempestade lá fora cessou.

***

— Mas o que é isso?! — A voz de dona Madalena me desperta no mesmo instante. — EDUARDO PALHARES CARVALHAL! — A senhora grita e, ainda sonolenta, vejo Eduardo quase saltar do chão.

Só então me dou conta do que está acontecendo: estou deitada no sofá, dormi aqui, enquanto Eduardo dormiu no tapete em frente ao sofá que estou. Parece que ficamos tão envolvidos na conversa de ontem que devemos ter dormido sem perceber.

Procuro me levantar depressa e ver se estou decente. Quer dizer, além do cabelo meio bagunçado pela almofada do sofá, está tudo certo, minha calça de moletom e a blusa de manga longa, mas pano fino está bem alinhada ao meu corpo, nada de indecente. Solto um suspiro aliviada. Olho para Eduardo, que está coçando os olhos ainda sentado sobre o tapete e ele também está com uma calça de moletom e uma camisa normal com a estampa de um joystick — que não tinha reparado até então e sorrio ao pensar nas camisas dos caras nerds, quem diria...

— Bom dia, vó. Onde é o incêndio para que a senhora nos acorde assim? E eu já pedi pra senhora não relacionar mais esse sobrenome a mim. — Ele faz uma careta, provavelmente por ela ter incluído o sobrenome do pai dele.

— Como assim "incêndio", Eduardo? Que pouca vergonha é essa? — Sua fala tira todo vestígio de sorriso do meu rosto e procuro me sentar rapidamente. Dona Madalena está muito mais agitada que o normal, andando de um lado para o outro.

— Que pouca vergonha, vó? A gente estava conversando e acabamos dormindo por aqui. — Eduardo fala de modo natural, mas para a senhorinha isso foi apenas mais um litro de gasolina para o incêndio que ela mesma criou. Ai, meu Deus!

— Eduardo, como você pode fazer isso comigo? — Ela fala com se sentisse dor no peito. — Você traz uma moça de família como Maria para dormir na minha casa e se aproveita da ocasião para se aproveitar da moça! — Ela se aproxima de mim. — Não se preocupe, querida, vamos resolver essa situação. — Ela faz um carinho em meu rosto.

— Dona Madalena, com todo o respeito, mas a senhora enlouqueceu? — Eduardo já está de pé agora.

— Quem enlouqueceu foi você! Com os pais da moça no hospital você se aproveita para se aproveitar da honra da moça? Que decepção... — A senhora coloca o dorso de sua mão sobre a testa e a cena seria hilária se eu não estivesse beirando ao desespero.

— Mas dona Madalena...

— Não, querida. Não precisa se justificar por ele. — Ela me interrompe e olha feio para o neto. — Só há uma solução para isso. Vamos nos arrumar e iremos ao hospital.

— E pra quê? — Eduardo pergunta com os braços cruzados.

— Para que você peça a mão da moça em casamento, é claro. Gérson precisa ser o primeiro a saber, como deve ser.

Eduardo se engasga com sei lá o quê e eu dou um pulo do sofá.

— Casamento? — questionamos ao mesmo tempo, depois trocamos olhares. E, acho que pelo desespero, gargalhamos.

— Pelo amor de Deus, dona Madalena, agora a senhora foi longe demais.

— Como podem rir desse jeito? — Senhora está realmente séria. — Claro, estão apaixonados e felizes, isso é ótimo. Mas seria melhor se você tivesse respeitado a moça, Eduardo!

Era estranho ouvir dona Madalena o chamando de Eduardo e não de Dudu, como sempre. Na verdade, não sei dizer ao certo se tudo isso não passa de um de seus truques ou se ela está realmente falando sério.

— Vó, presta atenção em mim. — Edu diz e sua vó o olha, ainda consternada. — Não aconteceu nada entre nós, Maria e eu somos apenas amigos. E eu nunca desrespeitaria sua casa ou mesmo ela, será que a senhora pode entender isso? — Ele intensifica seu olhar para a avó. — Eu não sou ele, vovó.

Sua última fala parece o suficiente para que ela suavize sua expressão.

— Não aconteceu nada?

— Não aconteceu nada, dona Madalena. — Sou eu quem diz dessa vez. — Nós só estávamos desabafando um pouco e acabamos dormindo sem perceber. Eu dormi no sofá e ele, no chão. Não aconteceu nada.

— Então não haverá casamento? — Dessa vez ela está triste. Edu e eu rimos.

— Vó, a senhora não existe! — Ele abraça a senhora. — Somos desaparecerá. — A senhora suspira e não tocamos mais no assunto.

Dona Madalena se ocupa em preparar o café da manhã e me arrumo para ir para o hospital, Edu se ofereceu para me levar, então foi se arrumar também.

Enquanto tomo banho e reflito sobre tudo que aconteceu essa noite, as palavras de dona Madalena permeiam minha cabeça, não sobre o relacionamento imaginário que ela acha que tenho com seu neto, mas sobre como Deus realmente elimina o imperfeito com a perfeição que só vem dEle.

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