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Cinco

MARIA

— Papai? — chamo assim que atravesso a porta do quarto.

Meu pai está deitado, olhando para o teto e coberto com os braços sobre o edredom. Vê-lo assim faz meu coração saltar e quase sair pela boca, de modo ruim. Eu também quase deixo a bandeja com seu café da manhã cair no chão porque minhas mãos começam a tremer.

— Maria? — Ele me chama bem surpreso. — Minha Maria, é você?

Deixo a bandeja sobre a cômoda perto da cama e corro para ele, que se levanta um pouco e aproveito para abraçá-lo. Eu o aperto tão forte que temo estar sendo muito bruta.

— Ah, papai. Que saudade senti do senhor. Não sabe o quanto senti saudade desse abraço.

— Minha menina... — Meu pai começa a chorar.

Não sei bem como tive forças para controlar o choro compulsivo que ameaçava sair, mas fico repetindo para mim mesma que não posso chorar, pelo menos não agora. Não na frente do meu pai, que está tão frágil.

Frágil demais, uma vez que nunca o vi chorando antes.

— Papai, por favor, não chore.

— Minha menina, sou um tolo inútil. — Ele chora ainda mais.

— Não. Nunca mais repita uma coisa dessas, papai. O senhor é um homem formidável, e o pai mais maravilhoso que eu poderia ter.

— Não, Maria, não sou. Eu não fui capaz de cuidar da minha família. Não fui capaz de prover minha própria casa! — Ele dá uma risada amarga. — Que nem mesmo minha é, afinal de contas.

— Para, pai. Não haja desse jeito. Mamãe me contou o que aconteceu e o senhor não tem culpa de nada. Fique calmo, Deus está no controle na situação.

— Deus? — Meu pai me solta de um jeito meio abrupto. — Não me venha falar sobre Deus. Ele nem ao menos pensou em controlar qualquer coisa quando me deixou sem trabalho e tirou a casa que nós conhecemos!

— Pai, não murmure só porque a tempestade chegou. Não devemos ser fiéis apenas nos dias de bonança.

— Tempestade? Isso está mais para um furacão! Um tsunami! — Ele ironiza.

— Papai, tudo isso vai se resolver. O senhor não tem que ficar deitado nessa cama esperando tudo cair do céu ou culpando a Deus por isso. O senhor precisa se reerguer e lutar, como sempre fez.

— Não, Maria. Estou cansado de lutar. Lutei durante anos e fui trocado por ser velho demais. Você não entende agora porque tem sua vida em outro lugar e não precisa se preocupar com nossos problemas. — Meu pai cospe cada palavra em cima de mim.

— Isso não é justo! — levanto-me da cama, procurando controlar meu tom de voz. — O senhor sabe muito bem que eu viria se tivessem me contado antes. Não tenho culpa se vocês escolheram me manter de fora.

— Você escolheu ficar fora de tudo isso quando se mudou.

— Não, pai. Escolhi estudar o que sempre quis. Escolhi dar uma chance a mim mesma de viver algo que Deus me proporcionou.

— Deus — ele ri mais uma vez. — Talvez o seu Deus te ache melhor que seus pais.

Meu Deus? Meu Deus? Ele costumava ser o seu também, o que aconteceu?

— Eu acordei! — Ele grita. — Foi isso que aconteceu. Acordei desse sonho em que você insiste em acreditar só porque não quer viver a realidade.

— É mesmo? — Acabo rindo da situação. — O senhor não percebe que esse sonho era seu também enquanto lhe convinha? O senhor não vê que acreditava em Deus enquanto tinha tudo que queria? O senhor sempre acompanhava a mim e a mamãe aos cultos e se dizia um verdadeiro cristão, mas talvez tenha crido apenas nas bênçãos que Deus proporciona. O senhor sempre quis o que Ele pode fazer e não o que Ele é, então?

— Como se atreve a falar comigo desse jeito? — Meu pai está bufando e percebo que minha respiração está muito irregular também.

— O que está acontecendo aqui? — Minha mãe aparece na porta e pergunta aos prantos. Acho que meu pai e eu acabamos gritando demais enquanto discutíamos.

— Desculpem-me! — coloco a mão sobre meu rosto e começo a chorar também. — Desculpe-me, pai. Eu nunca devia ter falado com o senhor dessa maneira. Nunca deveria ter faltado com o respeito assim.

Mais uma vez corro para os seus braços e o abraço forte. Ele me abraça sem jeito, mas pelo menos não me rejeita.

— Filha, desculpe por tudo isso. Desculpe por você me ver nesse estado. Realmente não queria ter chegado a esse ponto, eu só... Só não sei mais o que fazer.

Meu pai começa a chorar de novo e sei que minha mãe está chorando demais enquanto nos olha da porta. Não sei o que aconteceu com minha família. Não sei o que está acontecendo. Eu sei que há poucos anos tinha orgulho em dizer que minha casa e eu servíamos ao Senhor e hoje já nem sei mais o que dizer. Não sei mais o que pensar.

Deus, eu sinceramente não estou entendendo nada sobre tudo isso, mas confio em Ti e deixo tudo em Suas mãos. Só não me deixe só nesse momento, pois sem o Senhor posso cair a qualquer instante.

🌻🌻🌻

Deixo meus pais ainda chorando no quarto depois de chorarmos muito, juntos.

Verdadeiramente não sei o que aconteceu com minha família. Não sei o que aconteceu com a fé dos meus pais. Do meu pai, mais especificamente. Minha mãe só parece cansada demais e sei que ela tem motivos para isso.

Não tenho estômago para tomar café da manhã, acho que sufocaria se ficasse mais um minuto sequer dentro de casa.

Saio e me sento na grande árvore que costumava ser o cantinho especial da Sofia. Sinto tanta falta dela que meu coração até fica apertado, estou muito agradecida por ela estar vindo passar uns dias com a gente. Ainda bem que voltei para a cidade a tempo, Deus realmente sempre faz tudo se encaixar e só espero que Ele faça com que essa situação se encaixe logo, temo muito por meus pais. Temo muito pelo meu pai.

Tudo que queria agora era poder correr para a casa da Sofia e poder compartilhar tudo isso com ela, sei que ela diria as palavras certas e poderíamos orar juntas como costumávamos fazer nas situações difíceis. Infelizmente isso não é possível agora, mas ainda posso orar e sei o lugar perfeito para isso: nossa igreja.

Como hoje é domingo, sei que ela fica aberta quase que o dia inteiro. A Escola Bíblica já deve ter começado há um tempo, mas ainda vai ter o ensaio do coral com a tia Angélica.

Deus, como sinto saudade do coral!

Sem pensar muito, levanto e sigo para a igreja que costumava ser meu segundo lar enquanto ainda morava aqui. Não é muito distante e também fica em frente à praça mais bonita de todo o bairro, posso aproveitar para comer por lá mesmo. É bom dar um tempo para as coisas se acalmarem antes que eu volte para casa, bom para que eu me acalme e não discuta mais com o meu pai por nada. Sei que Deus vai abrir meus olhos quanto a isso e me dar sabedoria para agir melhor mediante essa situação.

Meu pai não precisa de alguém que fique brigando com ele, só o que ele precisa agora é de apoio e orações. Sei que ele não vai se entregar a isso, conheço meu pai e sei que ele vai se reerguer, ele não é assim. Sei disso porque foi ele quem me ensinou que não devemos entregar a batalha no primeiro obstáculo, mas sim persistir para vencer a guerra. E ele vai vencer em nome de Jesus!

Depois de caminhar por mais ou menos 20 minutos, chego à igreja que sempre foi tão bonita e parece não ter mudado nada em 2 anos. Entro com um sorriso no rosto, nostalgia na cabeça e saudade no coração. Se pudesse levar essa igreja até a capital para terminar meu curso e ainda continuar a frequentando, com certeza faria isso. Sem pensar duas vezes.

— Maria? — ouço uma voz melodiosa e tão conhecida me chamando. — Meu Deus, Maria é você mesmo?

— Sou eu, tia Angélica — sorrio para a mãe da minha melhor amiga. Ela corre para me abraçar, está vindo da saleta onde se guardam as partituras e alguns instrumentos, se bem me lembro.

— Ah, Maria, como você está linda! — Ela diz me segurando pelos ombros e analisando cada parte de mim. — Seu cabelo está enorme e essa cor ficou maravilhosa!

— Obrigada. — Com certeza minhas bochechas estão rosadas.

Depois que Isa me incentivou a deixar meu cabelo mais loiro para o seu casamento, acabei gostando do resultado e o mantive, só que com a raiz na minha cor natural, que já é cor de mel de qualquer forma. No entanto, as pontas estão mais claras como antes e meu cabelo realmente cresceu bastante. No colégio não os deixava passar da altura do busto e agora ele está quase batendo em meu quadril.

— Maria, você se tornou uma linda mulher, assim como era uma linda menina. — Angélica continua me olhando com um sorriso maternal em seu rosto. Ela sempre foi uma segunda mãe para mim e senti muita saudade dela também. Ofereço-a meu melhor sorriso. — Você tirou o aparelho também. Seu sorriso já era maravilhoso, agora está espetacular.

Tia Angélica ri, pois sabe o quanto sou tímida e seus elogios estão me deixando muito sem graça. Usei aparelho durante toda a minha adolescência praticamente, quando os tirei no ano passado demorei um tempo para me acostumar com isso, mas confesso que gosto do que vejo no espelho quando sorrio. Porém, isso não quer dizer que eu seja a melhor pessoa para receber elogios.

— Tia Angélica, pare. Continuo sendo eu mesma.

— E é exatamente por isso que está tão linda como sempre esteve. — Ela me abraça de novo. — Você soube que Sofia está vindo para cá? — Ela pergunta com um entusiasmo de uma adolescente.

— Sim, ela me mandou mensagem. Estou morrendo de saudade dela.

— Imagino, meu amor. Eu a vi no Natal quando fomos para a Alemanha e já estou morrendo de saudade. Estou louca para que chegue logo a semana que vem!

— Fico muito feliz que eu esteja aqui passando as férias. No entanto, mesmo se não estivesse, com certeza daria um jeito de vir — rimos juntas.

— E como vai a faculdade? Está na metade, certo?

— Sim. Está tudo bem, eu acho. Na verdade, vou saber quando voltar.

— Aconteceu alguma coisa? — Tia Angélica pergunta no momento em que o pastor Pedro aparece.

— Maria! — Ele me abraça forte também. — Minha filha, que alegria em vê-la.

— Estou muito feliz em estar aqui também, pastor. Muito mesmo.

— Sempre é bem-vinda aqui, para nós é como se nunca tivesse saído. — Ele ri e me abraça mais uma vez, mas Angélica ainda me olha e parece preocupada.

— Maria? — Ela chama minha atenção, sei que está esperando minha resposta.

— Está tudo bem, tia. É só uma discussão que tive com um professor no final do semestre. Ele quer baixar meus pontos em um trabalho que era de tema livre porque me acusa de ter professado minha fé e não ter feito um trabalho de nível acadêmico.

— Que absurdo! — O pastor se indigna.

— Vamos orar, meu amor. Você sabe que Deus é nosso advogado e os justos não precisam se justificar.

— Sim, eu sei. Já estou em oração e agradeço que orem também, orações sempre são bem-vindas. Vim aqui justamente para orar um pouco, se não for incomodar.

— Claro que não, minha filha. Fique à vontade na casa do nosso Pai.

— Muito obrigada, pastor.

— Foi muito bom te rever, minha filha. Espero por você nos cultos enquanto estiver na cidade, tudo bem?

— Com certeza! Estou morrendo de saudades.

— Ótimo, glória a Deus. Agora preciso ir, ainda vou montar a pregação de hoje à noite. Até lá, minha filha. Deus te abençoe.

— Amém, pastor.

— Também preciso ir, Maria, mas fique à vontade, tudo bem? Qualquer coisa estarei por aí arrumando as coisas para o ensaio. Adoraria que cantasse conosco em algum culto.

— Ah, seria maravilhoso, tia Angélica. Eu adoraria.

— Espero você no ensaio, então. Continua no mesmo horário — ela sorri, animada. — Agora vá orar, soube da situação do seu pai e fique sabendo que estamos em oração por ele. Deus vai entrar com providência.

— Eu creio, tia, e obrigada por tudo.

— Imagina, meu amor. Somos todos uma família.

Ela sorriu e me deixou pelo salão da igreja. Agora só preciso ir até um banco e começar minhas orações.

Deus, espero que entenda que tenho muitas coisas para conversar.

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