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Chapter 5

Brunna tentava segurar o riso enquanto via Mateus ficar mais vermelho do que um tomate. O homem estava visivelmente irritado, contudo, tentava se manter imparcial.

-- Este é um caso de extremo cuidado, senhor. -- Insistiu ele. -- Eu entendo que a mãe da paciente queira isso, mas pelo menos deixe-me acompanhá-la. Aquela garota é um milagre vivo, bem diante de nossos olhos. -- O chefe do hospital repuxou o canto de sua boca e olhou para Brunna.

-- Você acha que é capaz de fazer isso, senhorita? -- Ele perguntou solenemente.

-- Não acho que ela ainda seja capaz. Ela é muito boa, inclusive, é a minha melhor aluna, no entanto, isso é algo que vai além do capricho de uma mãe. -- Mateus disse. O homem bateu fortemente os punhos na mesa e olhos furiosamente para Mateus.

-- Primeiramente que não é um "capricho", senhor Cowell. Aquela garota ali... -- Disse e apontou diretamente para Brunna. -- De alguma forma desconhecida por todos nós, foi capaz de fazer a garota acordar após quatorze anos. É justo querê-la por perto. -- Disse seriamente. -- E em segundo lugar, minha pergunta foi para a senhorita Gonçalves, então quando sua fala não for solicitada, por favor, cale a boca. -- Os músculos do maxilar de Mateus se tensionaram antes de ele assentir.

-- Sim, senhor. -- Replicou seriamente. Mesmo ele sendo o chefe de seu departamento, ainda tinha que acatar o chefe do hospital, sendo assim, foi obrigado a se calar.

-- E então, senhorita Gonçalves, acha que é capaz? -- Brunna, que tinha suas mãos entrelaçadas nas costas, deu um passo a frente.

-- Eu poderia muito bem dizer que sim, senhor, afinal é um tratamento o qual eu já fiz, mas nesse caso em especial eu prefiro que o senhor Cowell me acompanhe. -- O sorriso prepotente do homem se abriu, como se dissesse que estava certo o tempo inteiro.

-- Não se sente segura ainda sozinha? -- O chefe do hospital perguntou curioso, cruzando os braços.

-- Me sinto completamente segura, mas quero o melhor para a paciente e o senhor Cowell tem mais experiência.

-- Mas a senhora Oliveira insiste que seja você a fisioterapeuta de Ludmilla. Eu a expliquei que a senhorita ainda não se formou, mas a mulher é osso duro de roer. -- Ele disse rindo. -- O que me sugere, Gonçalves?

-- Bem... O senhor Mateus poderia me acompanhar e se certificar de que estou fazendo tudo corretamente. -- Ela sugeriu completamente receosa.

-- O quê? -- Mateus perguntou perplexo. -- Está sugerindo que eu seja seu ajudante?

-- Eu adorei a ideia. -- O chefe do hospital disse sorrindo. -- Explêndido. Pode avisar à senhora Oliveira para passar em minha sala, senhorita? Quero avisá-la que começarão amanhã. -- Brunna assentiu.

-- Se o senhor me permitir tentar fazer ela mudar de ideia... -- Mateus tentou, mas a risada do senhor Ruppert lhe interrompeu.

-- Fique à vontade, mas como sei que aquela mulher é irredutível já fique preparada, senhorita Gonçalves.

-- Deve estar louca, não é possível. -- Mateus disse, vendo o homem em sua frente fechar sua expressão na hora.

-- Cuidado com o que fala, Cowell, aquela mulher vai além da mãe de uma paciente. Ela é uma grande amiga. Está neste hospital desde antes de eu me tornar o chefe, então peço encarecidamente que não volte a mencioná-la dessa forma.

-- Desculpe, senhor.

-- Podem se retirar. -- O homem disse, ouvindo Brunna proferir um "com licença" antes de se retirar.

A menina apressou o passo para fugir de Mateus, pois sabia que ouviria alguma provocação, e deu graças a Deus por ter chegado ao quarto de Ludmilla logo. Desta vez não precisou deixar batidas na porta, pois a mesma estava aberta.

-- Olá, mulheres mais lindas deste hospital. -- Brunna disse sorrindo.

-- Mamá, ela veio. -- Ludmilla disse animada, vendo Silvana rir.

-- Eu disse que eu viria, não disse? -- Brunna perguntou e Ludmilla assentiu.

-- Conte à Brunna sobre sua nova amiga, filha. -- Silvana disse e Ludmilla sorriu.

-- Bu, eu fiz uma amiga que disse que eu vou ficar adulta logo. -- Brunna entortou a boca e o cenho e se aproximou.

-- Como assim?

-- Ela disse para eu não apressar as coisas. -- Ludmilla disse devagar, lembrando-se de não atropelar as palavras. -- E disse que com o tempo eu me acostumo.

-- Ah sim? -- Brunna perguntou sorrindo.

-- E ela se chama Ohanna e é a minha nova psi...cógna. -- Brunna não aguentou em rir ao ouvir aquilo.

-- Psicóloga, anjo. -- Brunna corrigiu.

-- Ela é a melhor em sua área. -- Silvana disse animada. -- Disse que já que a mente de Ludmilla não tem problemas físicos, tampouco tem psicológicos. É comum agir assim, afinal ela só desfrutou até os seis anos.

-- Totalmente plausível. -- Brunna disse sorrindo.

-- Ela sugeriu que Ludmilla saia com pessoas da idade dela para se desenvolver mentalmente; também sugeriu escolas para recuperar o tempo perdido. Céus, parece que temos bastante trabalho. -- Silvana disse rindo, mas se notava medo em sua fala. Brunna segurou em sua mão e apertou suavemente.

-- Você vai conseguir. -- Ela disse em um sorriso. -- Vamos conseguir. Aah, o senhor Ruppert pediu para ir à sua sala. -- Silvana assentiu.

-- Em um momento volto, querida. -- Silvana disse dando um beijo no rosto de Ludmilla, que coçava os olhos de sono. -- Se importa...

-- Não se preocupe. Eu cuidarei dela. -- Brunna disse e a mulher agradeceu gentilmente antes de deixar a sala.

-- Brunna, por que você fica longe tanto tempo? -- Ludmilla perguntou curiosamente.

-- Preciso praticar e estudar para terminar o ano com êxito. -- Brunna disse brandamente.

-- Você fica lendo? -- Ludmilla perguntou com uma careta e Brunna riu.

-- Também.

-- Eu já sei ler, aprendi com quatro. Papai me ensinou, mas a mamãe disse que agora ele ensina as criancinhas no céu. -- Brunna respirou tristemente e se sentou na beira da cama de Ludmilla.

-- Sim e eu tenho certeza de que ele é o melhor professor de lá. -- Ludmilla assentiu e olhou confusa para Brunna.

-- É tudo muito estranho. -- Ludmilla confessou em um suspiro. -- Eu me lembro de estarmos nós três no carro, me lembro do papai soltando o próprio cinto e jogando o corpo na minha frente e depois disso me lembro da mamãe falando e... -- Seus olhos Castanhos se fixaram nos de Brunna. -- E da sua voz. Parece que foi tudo no mesmo dia.

-- Bem, agora você é uma mocinha crescida e...

-- Sim. Eu tenho até seios. -- Ludmilla disse rindo. -- Eu apalpei ontem e são de verdade. Põe a mão para ver... -- Brunna entortou o rosto e negou.

-- Uma regra agora que está grandinha: Não peça para colocarem as mãos nos seus seios. É algo muito íntimo, certo? -- Brunna não poderia explicar a parte sexual de que um dia ela provavelmente iria querer que alguém tocasse, isso era algo para um futuro. -- Não mostre a ninguém também.

-- Nem a você? -- Ludmilla perguntou confusa.

-- Muito menos para mim. -- Ela disse prontamente. Não queria ser uma estúpida e desrespeitar Ludmilla sequer em pensamento.

-- Certo. -- Ludmilla disse.

-- Lud, você só ouviu a minha voz depois do acidente?

-- Eu entendia a mamãe. -- Ludmilla confessou. -- Mas eu não escutava a voz dela com clareza, não sei explicar. -- Brunna assentiu. -- Ela estava me contando uma história sobre ela e o papai e aí eu te escutei. Com clareza, cada palavra que dizia.

-- Eu queria saber por que justo eu, mas me contento com vocês duas estarem bem. -- Brunna disse sorrindo.

-- Talvez eu saiba o porquê. -- Brunna alçou uma sobrancelha surpresa com aquilo.

-- Por quê?

-- Porque a mamãe só chorava. -- Ludmilla disse séria. -- E aí você chegou e a fez rir. Talvez meu cérebro tenha gostado disso.

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