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CAPÍTULO XXI

Leon viu os olhos de Manuela se encherem de lágrimas e os lábios tremerem no momento em que terminou de proferir a frase que para ela parecia ser uma sentença de prisão perpétua, ela o fitava indefesa, o desespero distorcendo suas feições delicadas.

Sua confusão e medo era perceptíveis, ela abraçou os joelhos em total desamparo fazendo-o se sentir o canalha que era por tê-los colocado naquela situação, em nenhum momento de sua longa existência encontrara um humano capaz de lutar contra os próprios instintos com tal empenho quanto seu Pedacinho de céu, admirava-a por conseguir se negar a algo que obviamente queria e que outra em seu lugar já teria aceitado, seria bem mais simples e menos doloroso se render, mas apesar das poucas armas que possuía para se defender ela se mantinha firme em seu propósito de resistir ao que sentiam, ao que de fato queriam.

Seu lado cavalheiro disse que a deixasse em paz, que respeitasse seu tempo e esperasse que ela por conta própria viesse até ele buscando pelo que ambos desejavam, mas o lado vil ordenou que acabasse com aquela tortura, que tirasse das mãos hesitantes de Manuela essa decisão, uma vez que ela obviamente não era capaz de lidar com algo tão simples e ao mesmo tempo tão importante, precisava resolver essa situação o quanto antes não suportaria outro mês como o que passaram.

Sentia os efeitos do chamado dela cada vez mais forte, já não dormia direito, sua concentração estava se perdendo e o desejo seu companheiro constante desde o momento em que a encontrou se tornou uma dor física que o atormentava em todas as horas, inclemente, incessante, insatisfeito, se continuassem como estavam temia se tornar um risco para ela.

Se ajoelhou diante de Manuela que ainda estava sentada no sofá, o olhar perdido fitando sem ver a pequena fonte no centro do jardim, uma lágrima solitária escorrendo pela face bonita em uma expressão tão desolada que ele não resistiu e a apanhou no colo, sentando-se no sofá e colocando-a sentada sobre suas coxas, aninhou-a em seus braços e sussurrou em seu ouvido.

- Nós temos a eternidade para fazer isso dar certo ou para estragar tudo. – Segurou-lhe delicadamente o queixo fazendo-a fita-lo. – Por que não fazemos direito e aproveitamos essa infinidade de tempo para nos tornamos os companheiros que estamos destinados a ser?

- Acha que estamos destinados a isso? – Disse em um murmúrio quase imperceptível, baixando o olhar para o seu peito.

- Você me chamou Manuela. – Contou, sua voz profunda causando uma descarga elétrica no corpo feminino. – Em todos o milénios de minha existência nunca senti algo assim. – Confessou aconchegando o rosto dela de encontro ao seu ombro e acariciando-lhe os cabelos macios. – E até conhecer você achava que o chamado de alma era só uma lenda.

- Como eu o chamei? – Perguntou ela confusa. – Não entendo o que quer dizer...

- Não sei exatamente os mecanismos que fazem esse tipo de coisa acontecer. – Admitiu acariciando suavemente cada parte dela que suas mãos alcançavam sem nem mesmo se dar conta de seus gestos. – Mas eu ouvi sua voz, senti seu cheiro, eu vi você antes mesmo de deixar meu quarto de hotel naquele réveillon, você me atraiu como o canto da sereia e quando dei por mim já estava com você nos braços, não sei como cheguei a praia ou como te encontrei naquela multidão, mas foi a primeira vez em muito tempo que senti que estava no lugar certo com a pessoa certa...

- Gostaria de ter tanta certeza. – Murmurou pesarosa.

- Por que é tão difícil acreditar? – Indagou com voz triste.

- Tenho medo...

- De que?

- De você. – Reconheceu escondendo seu rosto no pescoço dele. – Das coisas que é capaz de fazer... Do que pode fazer comigo. – Admitiu em voz baixa com o rosto ainda colado na curva do pescoço dele, sentindo seu cheiro marcante envolver seus sentidos.

Sabia que era errado estar nos braços de Leon daquela maneira, falando de seus receios, se abrindo dessa forma, mas aquele era o primeiro momento em que ele não se impunha, em que a fazia se sentir tranquila e a vontade em sua presença.

- Que coisas você teme? – Insistiu com voz suave afastando-a delicadamente para fita-la diretamente nos olhos enquanto garantia. – Jamais faria mal a você.

- Eu vi o que você estava fazendo com a água. – Contou tentando não demonstrar o quanto ficou impressionada. – O fogo deslizando sobre ela como se estivessem dançando... Como você faz essas coisas?

- Faz parte de mim, é tão natural quanto respirar. – Revelou casualmente ajudando-a a levantar, levando-a pela mão para fonte, posicionou-a de frente ao enfeite de jardim. Sem nenhuma palavra ou movimento fez as águas se movimentarem em ondas como antes, em seguida o fogo começou a tremular sobre elas em sua dança envolvente. – Isso é apenas um truque de salão que faço quando quero me distrair, nada demais.

- Nada de mais? – repetiu incrédula. – O que mais você consegue fazer?

- Observe. – Pediu apontando para água que envolveu o fogo como um manto sem apaga-lo, em seguida serenou, o fogo percorrendo sua superfície com seu alo de luz flamejante até que a água se tornou brilhante e prateada como a superfície de um espelho.

Um rosto começou a se formar no espelho d'água, primeiro os cabelos grisalhos, a barba por fazer, em seguida a face enrugada de seu Damião surgiu como se ele estivesse em sua frente.

- Papai! – Murmurou com voz embargada.

Seu coração apertou, era como se ele estivesse ali na sua frente, podia vê-lo conversando animadamente com seu irmão enquanto fechavam a loja de material de construção que pertencia à família, os dois comentando os acontecimentos do dia e marcando uma pescaria para aquele final de semana, o som das portas de ferro ao ser fechadas, o barulho do transito, a conversa dos dois, tudo tão real como se estivesse ao lado deles.

- Isso está acontecendo agora? – Perguntou com os olhos fixos na fonte.

- Sim. – Leon confirmou. – É em tempo real.

Seu pai caminhava ao lado de seu irmão, seus passos lentos evidenciando o peso da idade, agora seu Damião já usava óculos, pois com oitenta e três anos e uma cirurgia de catarata feita há alguns anos atrás, a vista já não era mais a mesma, mas a disposição e a vontade de trabalhar ainda eram enormes.

Seu irmão Daniel falava sobre os preparativos da festa de quinze anos da filha caçula e seu pai ouvia a tudo atentamente, tão empolgado quanto o filho com o evento. Daniel também havia mudado bastante nesses vinte e sete anos, os cabelos castanhos claros tinham mechas grisalhas, em seu rosto uma farta barba dava-lhe um ar mais distinto, algumas pequenas rugas ao redor dos olhos entregava-lhe a idade, cinquenta de sete anos recém completados, se estivesse ao lado deles agora, seu irmão caçula poderia facilmente ser confundido com seu pai e seu pai pareceria seu avô.

- Alice quer que aluguemos aquele salão de festas enorme no centro da cidade. – Ouviu-o comentar com seu pai ao caminharem pelo estacionamento da loja em direção aos seus carros.

- Para que tudo isso? – Indagou seu Damião parando ao lado de sua caminhonete, apesar da idade ainda dirigia, era muito independente, ele e dona Joana viviam sozinhos em uma bonita casa na praia do Araçagi em São Luis Maranhão a mais de dez anos, cuidavam um do outro e do próprio dia a dia como um jovem casal, o que impressionava muita gente pela autonomia e vitalidade com que viviam. – Ela vai convidar toda cidade? O aniversário é só daqui seis meses.

Daniel riu ao responder:

- O senhor sabe o quanto Alice é festeira, adora uma folia, é claro que ela não vai perder a oportunidade de usar o aniversário da Bia para fazer uma festa que ficará na memória dessa cidade e se ela quer aquela casa de eventos vai fazer de tudo para garantir.

- E você, o que diz disso? – Seu Damião ergueu a sobrancelha interrogativamente.

- Se faz Alice feliz... – Deu de ombros.

- Te ensinei direitinho. – Disse seu Damião rindo. – Um homem só consegue ser feliz e ter um pouquinho de paz...

- Quando sua mulher está feliz! – Completaram os dois em uníssono, caindo na risada em seguida.

Manuela ouviu Leon rir baixinho, mas estava tão concentrada em olhar sua família que nem lhe deu atenção, sentia tanta falta deles, dessas conversas despretensiosas, dos conselhos de seus pais, do cuidado, a parte mais dolorosa de tudo que viveu até o momento fora ter que abandonar o convívio com eles.

- Não se esqueça de convidar sua irmã. – Ouviu seu pai recomendar. – Não sei como vai fazer, já que essa menina vive mudando de número de telefone e anda sabe-se lá onde nesse mundo de meu Deus. – Resmungou preocupado.

- É claro pai, jamais deixaria minha irmã de fora. – Garantiu Daniel. – O senhor sabe que pode ser que ela não venha...

- Não entendo o que aconteceu para que Manuela ficasse assim. – Lamentou-se. – Ela sempre foi tão caseira, tão apegada a nós, mas depois daquele incidente com o Silvio...

- Não tem nada a ver com aquele idiota! – Contradisse.

- Não fale assim dos mortos. – Damião repreendeu o filho. – Devemos respeito a eles.

- Não estou dizendo nenhuma mentira. – Defendeu-se. – O senhor sabe que ele era um babaca e mereceu o que aconteceu.

- Ninguém merece uma morte daquelas Daniel.

- Não vou dizer que lamento, não depois de tudo que ele fez a Manuela. – Sentenciou frio. – Não vamos estragar nossa noite falando daquele Mané.

Manuela segurou a respiração ao acompanhar o diálogo entre os dois, sentiu Leon ficar tenso, os músculos travados a suas costas, enquanto ela própria sentia o estômago revirar de asco ao lembrar dos momentos que antecederam a morte de seu ex-marido, não imaginava que a morte de Silvio ainda era um assunto discutido entre a sua família.

- Tem razão. – Concedeu. - Aquele homem não merece ser mencionado.

- O senhor sabe que o trabalho da Manuela toma muito tempo e como ela viaja com frequência as vezes fica difícil se comunicar. – Disse Daniel repetindo a desculpa que havia combinado com a irmã pouco antes dela se afastar da família para segurança deles.

- O trabalho... Sei, estou velho, mas não sou burro Daniel, nem a sua mãe é trouxa. – Declarou severo. – Se fingimos que acreditamos nessa história é porque percebemos o quanto ela fica agitada quando perguntamos muito. – Contou. – Sei que para você ela falou a verdade. – Balançou a mão diante do rosto do filho antes que ele começasse a repetir a mesma justificativa de sempre. – Não precisa me dizer nada, se algum dia Manuela quiser me contar o que aconteceu ou ainda está acontecendo para que ela tenha ido embora, estarei aqui para ouvir. – Ele olhou para o céu e por um instante pareceu estar encarando a filha ao dizer. – Que Deus te proteja minha bonequinha.

- Papai Manuela está bem. – Daniel assegurou dando um tapinha confortador no ombro do pai.

- Ficaria mais tranquilo se ela tivesse um marido. – Falou surpreendendo a filha. – Uma mulher sempre precisa de um homem para cuidar dela.

- Seu pai está certo. – Leon sussurrou no ouvido de Manuela. – E olha só que sorte, você já tem.

- Muita sorte mesmo. – Sussurrou irônica, os olhos fixos na fonte e na conversa entre seu irmão e seu pai.

- Ainda bem que Manuela não pode ouvi-lo. – Daniel declarou em tom conspiratório. – Sabe bem o que ela diria sobre essa sua "ideia machista e antiquada". – Usou os termos que ela usaria ao falar com o pai desse assunto.

Seu Damião riu divertido.

- Quem diria que a minha bonequinha iria se tornar uma feminista! – Comentou com uma expressão nostálgica de quem estava perdido em lembranças. – É uma pena que ela não tenha entendido que não nascemos para ser sozinhos...

- Não se preocupe com Manuela seu Damião, ela sabe se cuidar. – Afirmou otimista. – Além do mais se ela precisar de ajuda sabe onde nos achar, sempre estaremos aqui para ela.

- Nem sempre. – Falou Damião com uma expressão preocupada. – Estou ficando velho...

- Está ficando é? – Brincou Daniel em uma tentativa de desanuviar o clima e completou. – É melhor irmos para casa antes que mamãe e Alice mandem a polícia atrás de nós.

- Elas são bem capazes disso. – Concordou com um sorriso indulgente abrindo a porta do carro e entrando no lado do motorista.

Daniel fez o mesmo, entrando no próprio veículo e seguindo o pai para fora do estacionamento, à medida que os carros iam se distanciando pela avenida movimentada a imagem ia se desfazendo até que restou apenas a limpidez da água na fonte.

Manuela sentiu aumentar o nó que se formara na garganta desde que vislumbrara a imagem de seu pai na fonte, sentia uma mistura de felicidade e tristeza que deixava seu coração pequenininho, estava feliz por tê-los visto, por ver que estavam bem e uma grande tristeza por saber que nunca mais seriam a mesma família de antes, havia entendido após alguns incidentes assustadores, que para mantê-los seguros deveria se afastar.

Era o certo a fazer, mas nem sempre fazer o certo era uma tarefa fácil, sentiu Leon envolve-la em um abraço confortador e sem que percebesse o abraçou também, recostando sua cabeça no peito dele ouvindo as batidas descompassadas do coração masculino.

- Não os mostrei para deixa-la triste. – Leon falou acariciando-lhe as costas em um afago confortador. – Mas para que entenda que a vida está seguindo o curso normal pelo menos para sua família.

- O que quer dizer com isso? – O encarou sem entender.

- Que ao contrário deles estamos na mesma situação em que estávamos em mil novecentos e noventa e quatro. – Explicou segurando-lhe as mãos, encarando-a decidido. – Está na hora de deixamos que a nossa vida siga seu curso e de você ocupar o lugar que é seu.

- Que lugar é esse? – Perguntou sentindo um calafrio percorrer suas costas ao imaginar a resposta.

- O de senhora Roberts, minha esposa. – Respondeu sem hesitar.

Manuela o fitou por um longo instante, seus olhos negros mergulhando nos deles, um milhão de ideias passando por sua cabeça, centenas de motivos para fugir, dezenas de razões para ficar e a maior delas estava na sua frente, encarando-a com aqueles olhos cor de avelã incríveis, os lábios apertados em uma expressão tensa enquanto aguardava sua resposta.

Havia sido covarde por muito tempo, fugido e se escondido porque era bem mais fácil do que encarar o fato de que sua vida havia mudado, podia continuar sofrendo pelo que perdeu o seguir em frente com o que estava lhe sendo entregue, respirou fundo, fechou os olhos como se estivesse prestes a saltar de uma montanha, pois a decisão que estava prestes a tomar era do tipo que mudava vidas.

Umedeceu os lábios ressecados com a ponta da língua, percebendo que ele acompanhava atentamente cada movimento que fazia, os olhos claros escurecendo ao acompanhar o trajeto de sua língua sobre seus lábios rosados.

Diminuiu a distância entre eles, ficou na ponta dos pés aproximando seus lábios dos dele quase tocando-os e declarou com voz surpreendentemente forte e decidida.

- Se quer que isso realmente dê certo é melhor me fazer um pedido de casamento decente e comprar as alianças.

- Isso é um sim? – Perguntou Leon fitando-a surpreso.

- Vou dar a você a chance de me mostrar que vale a pena. – Entrelaçou os dedos na nuca masculina e colou seus lábios aos dele ouvindo Leon suspirar de deleite.

Olá queridos (as)!

Como prometido voltei com mais um capítulo, esse também está sem revisão, então perdoem os erros que possam encontrar. 

Deixo para vocês um pouquinho mais do nosso casal favorito. Entre encontros e desencontros, situações não esclarecidas, parece que finalmente Leon vai quebrar o jejum de vinte e sete anos. Rsrsrsrs.

Trarei em breve esse "momento histórico", tentarei não deixa-los esperando tanto quanto Manuela fez com nosso protagonista. Rsrsrsrs

Brincadeiras à parte, lhes desejo uma ótima leitura!

Beijitos!

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