CAPÍTULO XIV
Leon ergueu o rosto e a encarou com um sorriso lindo de menino satisfeito, enquanto ela tentava normalizar a respiração acelerada que faziam seus seios subirem e descerem rapidamente, mordeu os lábios e o fitou, seus olhos duas brasas incandescentes.
Sem perder tempo ele a despiu da calcinha, admirando sua beleza totalmente nua que via pela primeira vez, tão linda quanto imaginava e muito mais do que merecia, pensou deslizando as mãos pelas curvas de seu corpo sensual.
Manuela sentia uma estranha letargia tomar conta de seus membros, os olhos pesados se fechando por vontade própria, ondas de frio e calor começaram a percorre-la, sua boca ficou seca e o coração disparado.
- Tem algo errado. – Sussurrou ela de olhos fechados, tentando a custo abri-los.
- O que? – Questionou ele deslizando os dedos por seu rosto, passando pelo pescoço, ombros, pelo vale entre os seios em uma trajetória descendente.
Manuela tentou puxar o ar que repentinamente parecia ter abandonado seus pulmões, sentia-se sufocar, a garganta travada, o peso dele a incomodava, o empurrou tentando tira-lo de cima dela, mas seus membros sem força caíram ao lado do corpo antes de completar seu intento, arregalou os olhos ao sentir uma dormência se alastrar por seu corpo.
- Leon tem algo errado. – Sussurrou assustada.
- O que houve? – Perguntou saindo de cima dela e sentando-se na cama ao seu lado.
Manuela começou a tremer, os dentes batendo enquanto se encolhia de frio, ele a cobriu com o cobertor descartado no chão, abraçando-a para aquece-la.
- O que está sentindo Pedacinho de céu? Me fale. – Pediu puxando-a para seu colo, mantendo-a enrolada no cobertor.
- Frio, muito frio. – Murmurou com voz trêmula. – Não consigo respirar direito, meu peito dói...
Leon a olhou preocupado, levou a mão até sua testa e sentiu a pele muito quente, o rosto dela estava vermelho como se estivesse em chamas.
- O que está acontecendo? – Perguntou ela com voz fraca.
- Vai ficar tudo bem. – Garantiu ele deitando-a novamente na cama tomando o cuidado de mantê-la coberta.
Vestiu sua calça que estava no chão e rumou apressado para o closed, pegou duas camisas, vestiu uma e colocou a outra em Manuela que gemia baixinho de dor.
- Dói muito, dói muito... – Sussurrava ela sem parar.
- Eu vou cuidar de você, essa dor vai passar. – Prometeu, abrindo a porta do quarto e correndo os poucos metros que o separavam do quarto de seu secretário batendo na porta com força.
Chris atendeu rapidamente o fitando confuso ao ver seu estado desgrenhado e a expressão perturbada.
- O que aconteceu? – Indagou dando passagem para Leon entrar.
- Preciso que pegue o livro e traga com urgência até o meu quarto. – Falou afobado, olhando preocupado em direção a porta que deixara aberta.
- O que houve? – Questionou preocupado.
- Eu não sei, mas Manuela não está bem, preciso que me ajude, traga o livro! – Mandou já se virando e voltando para junto de Manuela.
Ela estava estranhamente silenciosa, seu rosto antes corado estava pálido, os lábios entreabertos, os olhos fechados, falseou um passo ao se aproximar da cama temendo pelo pior, abaixou-se colocando o ouvindo sobre o peito dela e para seu desespero seu coração não batia, agarrou o pulso delicado tentando controlar a própria respiração para tentar sentir a pulsação dela, mas não havia nada.
- Manuela... – Chamou baixinho.
- Ela... – Chris não completou a frase, a angustia na face de Leon era uma resposta mais que eloquente.
- Não, não, não, não...Eu não posso perde-la. – Falou desesperado erguendo-a da cama, colocou-a no chão e começou a fazer massagem cardíaca. – Olhe o livro e me diga o que fazer!
- Leon ela está morta, o livro não pode trazê-la de volta se ela morreu por conta do ritual. – Disse Chris suavemente, a expressão compadecida.
- Eu não quero suposições, eu quero respostas! – Bradou continuando com os procedimentos de ressuscitação, mas ela permanecia estática. – Vamos, vamos, vamos Manuela, respire!
Os minutos passavam e Leon continuava incansável em suas manobras de primeiros socorros, no entanto não obtinha reação, Christopher se abaixou e tocou em seu ombro fazendo-o parar e encara-lo, lágrimas contidas nos olhos cor de avelã, testemunhavam o sofrimento que o dominava naquele momento.
- Se não vai me ajudar, se afaste!
- Ela se foi, deixe-a ir. – Pediu em voz baixa.
- Não. – Empurrou a mão de Chris sobre seus ombros e se levantou furioso. – Eu a selei, salvei a vida dela, fiz o ritual, ela é minha!
- Você sabia dos riscos...
- Não havia nada que dissesse que ela poderia morrer! – Gritou passando as mãos pelos cabelos em agonia. – Todas as punições eram para mim! Eu posso sofrer cada uma delas, não ligo! Eu a quero de volta! Leia o maldito livro e me diga o que está errado!
- Ninguém nunca fez esse ritual antes. – Lembrou Chris se erguendo e abrindo o pesado livro de capa negra que trazia nas mãos. – Deveríamos ter cogitado essa possibilidade.
- Não me faça dizer para você o que fazer com suas suposições Christopher! – Esbravejou pegando Manuela no colo e colocando-a novamente sobre a cama, marchou furioso até o amigo. – Me dê a droga desse livro! – Puxou o objeto pesado sobre a mesa, folheando desesperado as páginas até encontrar a que continha o ritual do enlace.
Antes que começasse a ler um gemido fraco vindo da cama chamou sua atenção, largou o livro sobre a mesa ao ver Manuela abrir os olhos e o encarar com uma expressão de dor, correu até ela abraçando-a em um misto de aflição e alívio enquanto ela gemia e choramingava em sofrimento.
- Leon, dói. – Sussurrou o encarando com lágrimas nos olhos.
- Eu vou cuidar de você meu Pedacinho de céu, vai passar. – Disse acariciando-lhe os cabelos. – A sua dor é minha, lembra? – Sorriu tentando tranquiliza-la. - Et participes dolor tuus.
(faço minha a sua dor)
Manuela se contorceu em estremo agonia assim que ele terminou de pronunciar as palavras, emitindo um grito agudo e logo em seguida desmaiou, tamanha dor que sentiu.
- Maldição! O que é tudo isso? – Questionou aflito puxando-a para os seus braços.
- É exatamente o que você disse. – Falou Chris se aproximando com uma expressão grave.
- O que quer dizer? – Indagou Leon confuso.
- Manuela foi amaldiçoada.
- Por quem?! – Quis saber furioso.
- Por você.
- Que absurdo é esse que está falando? – Inquiriu deitando Manuela sobre a cama e caminhando furioso até Chris.
Agarrou-o pela frente da camisa erguendo-o facilmente do chão e arremessando-o para o outro lado do quarto, fazendo-o atingir a parede com força.
- Calma homem! – Pediu Chris levantando-se tranquilamente e arrumando as roupas amarrotadas. – Cristo, todos esses milhares de anos de existência e ainda não aprendeu a ouvir! – Reclamou caminhando até o meio do cômodo e apanhando o livro que caiu no chão. – Controle seu temperamento!
- Você disse que eu a amaldiçoei! – Bradou indignado com tamanho absurdo.
- E é verdade. – Ao ver o punho de Leon vindo em sua direção, falou com voz fria. – Contenha-se General ou posso acabar esquecendo que somos amigos.
- Está me ameaçando? – Questionou cortante.
- Jamais ameaçaria meu superior. – Assegurou sério. – Apenas quero ajuda-lo como me pediu e ainda conservar nossa amizade, e claro manter partes importantes do meu corpo. – Completou irônico.
- Então me diga, como segundo você eu amaldiçoei Manuela? – Questionou frio.
Chris abriu o livro na página do ritual mostrando para ele uma palavra escrita no final da página em um dialeto muito antigo.
- Lembra o que significa? – Indagou taciturno.
- As mil e uma mortes. – Respondeu Leon apertando os lábios colérico. – Como isso é possível? Ela é humana, todos os castigos e maldições deveriam cair sobre mim, é o que diz nesse maldito livro, é assim que tem que ser!
- O livro diz que aquele que profana a ordem natural deve sofrer a pena. – Esclareceu.
- Eu profanei, fui eu que a selei, eu a trouxe de volta do mundo dos mortos, eu realizei o ritual! – Sentenciou revoltado. – Por que ela tem que sofrer essa pena?
- Por que só assim ela vai deixar de ser mortal. – Decretou fechando o livro e deixando-o sobre a mesa. – Verdade seja dita que o ritual só será concluído de fato quando vocês se tornarem uma só carne, uma vez que já se tornaram um só sangue. – Cruzou os braços encarando-o. – Você concluiu o ritual?
- Não é da sua conta!
- Não seja infantil! – Repreendeu irritado. – Não quero saber de suas intimidades, não somos adolescentes trocando confissões sobre nossas primeiras experiências, você sabe que tem um prazo.
- Trinta anos são mais que suficiente! – Cortou. – O que me preocupa é ela ter que passar por isso.
- Esse é o preço que ela tem que pagar por aceitar se tornar uma eterna.
- Não deveria ser assim. – Resmungou olhando para ela consternado, temia que ela não fosse capaz de suportar tamanho sofrimento.
- São muitas as coisas que não deveriam ser como são. – Declarou Chris aborrecido. – Esse ritual por exemplo, nunca deveria ter sido feito, mas olha só, para a surpresa de ninguém, você quebrou mais uma regra!
- Está me criticando? – Questionou aborrecido.
- Estou apontando um fato. – Esclareceu caminhando até o carrinho de bebidas e se servindo de uma dose de uísque. – Você não pensou meu amigo, não analisou o tamanho do passo que estava se propondo a dar.
- Você sabia que isso ia acontecer e não me avisou? – Perguntou com voz perigosamente suave.
Chris o encarou percebendo a armadilha em sua voz, conhecia Leon tempo suficiente para perceber cada pequena mudança de humor, cada oscilação em seu temperamento, sabia que era um homem terrível em sua fúria e por isso mesmo era tão temido por seus inimigos, mas a amizade que tinham garantia sua segurança, por isso não o temia, o respeitava e movidos por esse sentimento sempre eram sinceros um com o outro.
- Não sabia. – Respondeu bebendo um gole do uísque antes de continuar. – Então antes que algo ainda mais estranho aconteça me permita esclarecer algumas coisas que percebi ao reler o ritual e que talvez você não tenha notado.
- Diga.
- Vocês estão presos um ao outro...
- Isso eu sei. – Interrompeu impaciente.
- Sabe também que enquanto não consumar o ritual apenas você está preso sexualmente?
- O que quer dizer com isso? – Perguntou estreitando os olhos em uma expressão ameaçadora.
- Bem, Manuela não irá envelhecer, nem adoecer, isso só de ser selada já aconteceria você sabe, mas ao contrário de você, enquanto não for concluído o ritual ela poderá se relacionar com outros homens sem problema algum, se casar, ter filhos, formar uma família, enquanto que você já se encontra preso a ela desde agora e somente com ela poderá ser homem. – Explicou calmamente.
- Como se eu fosse permitir que outro homem a tocasse. – Zombou. – Já disse a você que isso não é um problema, Manuela me deseja, o ritual não foi concluído porque ela começou a passar mal, que tipo de ser eu seria se tivesse relações com uma mulher morrendo? – Questionou enojado.
- Só estou lembrando a você para que não se esqueça disso ao vê-la morrer vezes sem conta pelos próximos sete dias.
- Você acha que vai demorar tudo isso? - Inquietou-se.
- No mínimo, ela vai morrer todas as mortes humanas existentes, uma mais dolorosa que a outra, sabemos que são bem mais que mil e uma. – Bebeu o resto do uísque em um só gole deixando o copo vazio sobre o tampo do carrinho de bebidas. – Vou organizar tudo para tira-la daqui, não queremos ter que explicar a polícia brasileira e a imprensa o que Leon Roberts anda fazendo em seu quarto de hotel que arranca gritos mórbidos de moças inocentes.
Caminhou até a porta, a voz de Leon interrompendo seu ato de abri-la.
- Me desculpe por meu descontrole ainda pouco. – Pediu desconcertado. – Não sei lidar com o fato de não ter todas as respostas.
- Já deveria estar acostumado com as consequências de infringir as regras. – Declarou sarcástico.
- Estou acostumado a arcar com as consequências, a receber os castigos e não a delega-los a pessoas com quem me importo. – Confessou.
- E acha que não vai ser um castigo para você vê-la sofrer dores atrozes e não poder usar seus poderes para ajudá-la?
- Eu não vou poder...
- Esqueci de mencionar isso, não é? – Sorriu desconcertado. – Infelizmente não vai poder tirar a dor dela, nada de usar os seus dons ou vai piorar a situação e provavelmente vá prolongar a maldição.
- O que mais eu preciso saber? – Questionou furioso. – Me fale logo de uma vez! Não quero mais surpresas como essas!
- Esse é o problema com rituais nunca feitos antes, vamos descobrindo as armadilhas ao longo do caminho, as punições e maldições vão surgindo e você vai aprendendo o que pode ou não fazer, nem tudo sobre o ritual está escrito no livro, mas saiba que essa é a sua primeira punição pela transgressão cometida, não queria estar no seu lugar, não vai ser bonito vê-la morrer vezes sem conta. – Respirou fundo aborrecido. – Deveria ter aprendido a muito tempo que as punições são de acordo com as transgressões, quanto maior sua desobediência, maior a pena. – Lembrou soturno.
- Acha que eu teria feito o ritual se soubesse que ela teria que passar por isso? – Questionou ultrajado.
- Tenho certeza que não. – Garantiu. – Mas me pergunto quantas consequências mais vocês terão que enfrentar por causa do que foi feito aqui.
- Está tentando fazer com que eu me recrimine?
- O que eu quero meu amigo, é que você fique preparado para qualquer coisa que venha a acontecer e principalmente que não perca o prazo de conclusão do ritual.
- Que droga Chris! Eu tenho trinta anos para concluir o ritual, acha que vou demorar todo esse tempo para levar a minha mulher para cama? – Exasperou-se.
- Você enche a boca para chama-la de minha mulher. – Deu um sorriso levemente irônico.
- Ela é minha! – Rosnou possessivo. – Manuela é minha.
- Não meu amigo, ela não é. – Falou com pesar. – Você é dela, desde agora e para além do sempre, mas ela...Ela só será sua quando concluir o ritual. – Avisou. – Jamais se esqueça disso para o seu próprio bem.
- Você insiste nisso, por quê? – Perguntou aborrecido.
- Porque não quero ver você se transformar naquela...Abominação! – Disse enojado. -Não quero ver o meu irmão de armas se transformar em um Perdido.
- Se isso acontecer você sabe o que fazer. – Declarou frio.
- Não se atreva a me dar essa obrigação!
- Isso são suposições Christopher. – Resmungou chateado. – O que me importa agora é cuidar de Manuela, o que vier, resolvemos depois.
- Você não aprende. – Grunhiu deixando o quarto irritado.
Leon olhou para Manuela deitada em sua cama, sentou-se ao seu lado colocando a mão pequenina entre as suas, tão pálida, fria, morta outra vez, seu coração se partiu ao sentir que a perdia de novo, ao longo dos milênios havia visto uma infinidade de pessoas morrer, inúmeras delas por suas próprias mãos e nunca se importara.
Se fosse honesto, durante eras havia considerado ser esse o seu trabalho, tinha orgulho de ser quem era, de ser temido, de ser uma força poderosa comandando um exército invencível, porque de onde vinha respeito e temor as vezes se confundiam, e ser temido lhe dava o mesmo prazer que ser respeitado, talvez esse tenha sido o princípio de sua queda, conjecturou acariciando a pele macia do dorso da mão feminina.
Agora por ironia do destino, o ser que era conhecido por sua coragem, que era tido como invencível e que fazia tremer os inimigos, sentia o gosto amargo novamente de não estar no controle, de não saber o que iria acontecer, apenas uma vez antes isso lhe ocorrera e as consequências foram catastróficas.
- Vou cuidar de você meu Pedacinho de Céu. – Levou a mão flácida aos lábios beijando-lhe a palma. – Eu prometo, eu sempre cuidarei de você.
Passariam por todas as armadilhas escondidas no ritual e ficariam juntos, jurou a si mesmo pegando-a no colo e abraçando-a com carinho, o cheiro dela acariciando suas narinas, suspirou se preparando mentalmente para o que estava por vir, desejando ardentemente que ela fosse forte o bastante para suportar, não conseguia conceber a ideia de que o futuro lhe reservasse algo diferente, ficar sem Manuela era inimaginável, sentia uma necessidade dela que só fazia aumentar. Acariciou-lhe os cabelos longos vendo-a abrir os olhos cheios de dor e estremecer, o corpo pequeno sendo sacudido por espasmos violentos, um grito estrangulado escapando de seus lábios pouco antes de ela revirar os olhos e morrer novamente, dessa vez em seus braços .
******************************************************************************************
Dois capítulos numa noite só! Quanta generosidade! rsrsrs
Não vou mentir, estou postando esses dois capítulos hoje porque não sei quando vou postar os próximos, como expliquei no capítulo anterior, estou com uma ocupação acadêmica que exige minha total atenção no momento, por isso não vou estipular prazos nem datas para as próximas postagens. Prometo me esforçar para que seja antes do que vocês e eu imaginamos.
Peço que não abandonem o meu bebê, garanto que a espera vai valer a pena, continuem votando e comentando isso me motiva e mostra a bonita relação que está sendo construída entre vocês e os personagens.
Beijokas carinhosas da sua
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro