prólogo
Anika
Houve um dia que eu me importaria com consequências, porém, saber que a pessoa que eu mais amo no mundo ia passar toda vida se culpando por não conseguir salvar a própria família acabava comigo. Nunca desejei que ele passasse a eternidade se martirizando. Só tinha uma solução e foi por esse motivo que me levantei naquela manhã sem o despertar. Dei um beijo em seu cabelo negro e desejei poder ver uma última vez seus olhos verdes. O círculo de ouro envolta de meu dedo anelar, se tornou algo pesado demais.
É como dizem, pela pessoa que você ama é capaz de dar sua vida e fazer de tudo para que ela seja feliz, não importando o que seja.
A última visão que tive foi de seu corpo meio coberto pelo fino lençol de seda azul, seu tronco à mostra, a pele branca cheia de pequenos vermelhos. Ia sentir muita falta disso. Meu coração poderia estar apertado, lutando contra a onda de ansiedade e dor, porém, mesmo que doesse, tanto ele como minha cabeça concordavam com uma coisa. Tínhamos que fazer isso, por ele.
Usando uma maleta da comissão viajei para o exato momento que a pessoa que poderia me ajudar chegava em Dallas. Encostei na parede do beco escuro onde apareci. Um nó parecia me sufocar, meu corpo tinha espasmos, minha visão se encontrava toda embaçada. Doía. Mesmo sabendo que era o certo aquilo doía como se estivessem partindo minha alma. Um grito sem som saiu por meus lábios. Respirei fundo até conseguir mais calma. O que era irônico já que sempre fui a mais sentimental de nós dois.
— Parece que chegou a hora de agir como uma assassina sem coração...
O que ele diria se escutasse essas palavras saindo da minha boca?
Meu corpo parecia não conseguir esquecer seu toque, carinho, o peso de seu corpo contra o meu, o seu gosto. Tudo parecia estar tão vivo. Mas tudo teria que ficar para trás, minha missão era o meu futuro e talvez não existisse um caso falhasse.
Aquilo era o melhor.
Foi o que repeti a mim mesma antes de sair do beco na esperança de convencer a mim mesma.
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