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8. Unexpected visitor


Verônica ficaria na cidade até a quinta-feira, por conta do aniversário da cidade e de Saint Davis. Os dias com ela não foram nada fáceis. Tampouco agradáveis. Eu já estava praticamente acostumada a morar sozinha, a limpar a minha própria bagunça, e Verônica não fazia nada além de comer, assistir televisão, e dormir. Nos três dias em que ela ficou lá, toda vez que eu chegava da loja, a pia estava lotada de louça suja e ela estava dormindo no sofá. Na quarta, eu havia combinado de ir a uma festa com Luke. Ele estava um tanto depressivo por Chelsea ter ido para a Irlanda, e eu dei um jeito de descobrir alguma festa para irmos.

Acordei um pouco mais tarde, e quando entrei na cozinha, lá estava meu único "colega de quarto". Ele estava em cima da pia, vasculhando a louça suja. O felino nem se incomodava mais com a minha presença. Suspirei pesado ao olhar para aquela bagunça.

— Ela estressa você? — perguntei debilmente para o gato — Por que a mim... Se eu achar uma arma, eu dou um tiro na cabeça dela. — ele apenas miou.

Pensei em arrumar tudo, mas eu não iria dar esse gostinho para Verônica. Subi marchando às escadas, abri a porta do quarto dela, deixando-a bater contra a parede, e escancarei as cortinas, fazendo a luz fraca do sol entrar. Verônica se remexeu na cama, resmungando e praguejando.

— Levanta Verônica. — ordenei, de braços cruzados, ao lado da janela. Ela apenas resmungou mais um pouco e virou-se para o outro lado — Eu disse... Levanta. Verônica. — puxei as cobertas dela.

— EI! — ela gritou, tentando pegá-las de volta — O que há com você, sua idiota?

— Está tarde e você tem uma pia lotada esperando por você. — respondi sarcástica

— E você por acaso é a minha mãe? Vai à merda, Nathalie, e me devolva as minhas cobertas! — meu sangue ferveu ao ouvi-la gritando comigo. Eu não sabia porque ultimamente tudo me deixava com os nervos à flor da pele. Não que eu fosse muito calma normalmente, mas parecia que a cada dia mais a raiva tomava conta de cada pequena emoção minha.

— Escute aqui. — me aproximei dela, praticamente rosnando. Verônica foi para trás, assustada, olhando para o meu dedo apontado para seu rosto — Aqui não é um motel de beira de estrada para você passar o dia todo dormindo e sujando, feito uma porca gorda. Agora, levante-se e vá limpar a merda da sujeira que você fez. — ela piscou algumas vezes, engolindo seco — E não, querida, nada aqui nessa casa é seu. Nada. — me levantei, estufando o peito e jogando as cobertas para longe — Agora, levanta. — Verônica pensou em dizer alguma coisa — AGORA! — falei duas oitavas acima.

Ela bufou, e entrou no banheiro. Fiquei lá, esperando com os braços cruzados, até que ela saísse. Ela me olhou irritada quando me viu ali, e marchou escada abaixo. Fiquei no meu quarto o tempo que me pareceu suficiente para Verônica limpar tudo. Desci, me sentindo a rainha má da Branca de Neve. Cheguei à cozinha, e ela guardava as últimas coisas. Apoiei-me na porta, cruzando os braços e pernas. Ela me olhou e virou o rosto, furiosa. Sorri. Meu celular tocou. Era uma mensagem de Lucas avisando que estava indo até a minha casa para falar comigo. Coloquei o celular em cima da mesa e fui até a geladeira, preparar algo para o almoço.

— O que está fazendo? — perguntou Verônica, com nítida raiva contida.

— Assistindo ao Titanic. — respondi irônica — O que acha que estou fazendo? Vou preparar o almoço. — ela bufou, e bateu a mão na mesa, envolta com o pano de prato.

— O que há com você? Por que está sendo tão cretina? — fechei a geladeira e a encarei

— Primeiro, cuide o seu tom para falar comigo. Posso não ser a sua mãe, mas sou a sua irmã mais velha e você me deve respeito. — pude ouvir os dentes dela se trincarem — E segundo, se eu estou agindo como uma cretina, como você diz, é porque você tem agido como uma garota mimada. Eu trabalho Verônica, passo horas em pé atendendo clientes chatos que às vezes nem querem nada, a não ser incomodar, enquanto você fica aqui, no bem bom, assistindo filme, comendo e dormindo, feito um cachorro de madame. Eu não sou sua empregada, já disse isso.

— Eu estou de "férias", Nathalie — ela fez sinal de aspas em férias — Você não sabe o quanto eu tenho que estudar naquele internato. Não é apenas comparecer as aulas e curtir. Todos os professores exigem demais...

— Eu não perguntei nada. — a interrompi — É a sua obrigação estudar. Mas não é porque você está descansando das suas aulas por uns dias, que eu vou deixar você pôr a minha casa de cabeça para baixo.

— Você fala como se você tivesse comprado essa casa com o seu dinheiro. Essa casa é tanto sua, quanto minha. Eu também tenho direitos.

— É! Mas quem vive nela, por enquanto, sou eu. Apenas eu. E acabou a discussão. — me virei para a geladeira de novo. Minhas mãos tremiam de tanta raiva.

— Eu achei que você mudaria, sabe? — ela continuou. Eu respirei fundo, e tornei a me virar. — Eu quero dizer, agora somos só nós duas. Eu pensei que você fosse ser mais humana, ter o mínimo de compaixão. Pensei que ficaríamos mais unidas.

— Não é porque a vovó morreu que você vai montar em cima de mim e me fazer seu cavalinho de estimação, Verônica. Você só precisa estudar, eu tenho que manter tudo aqui. Manter o meu emprego, tentar não gastar com coisas desnecessárias, verificar se você está bem ou se não aprontou alguma coisa. É exatamente agora que eu sou obrigada a crescer e tomar as decisões. Não é hora de ficar choramingando.

— Eu não estou pedindo que me console! — ela gritou — Eu não estou pedindo nada, apenas que você não seja uma bruxa comigo!

— Eu estou sendo exatamente o que todos querem que eu seja. A garota responsável, porque se eu não for isso, eu estou ferrada. Entendeu? Você não consegue ver nada além do seu próprio nariz?

— É você quem não está vendo! — ela encheu os olhos de lágrimas, e me olhava como se eu fosse um monstro. Aquela garota estava realmente me tirando do sério com aquela dramatização. — Eu não sei o que está acontecendo com você, mas vovó nunca aprovaria isso.

— A vovó está morta. — retruquei com ódio. Verônica me olhou em choque, e eu me dei conta do que eu tinha dito. Suspirei, culpada.

— Eu odeio você. — disse ela, e saiu em direção à porta da frente.

— Verônica! — saí atrás dela. Ela pegou um casaco. — Onde você pensa que vai?

— Para bem longe de você! — gritou, com o rosto vermelho de raiva, e molhado pelas lágrimas. Ela abriu a porta com força.

— Verônica! — eu tentei ir atrás dela, mas a porta se fechou antes que eu pudesse alcançá-la. Quando a abri, vi o portão balançando e apenas o vulto dos cabelos ruivos de minha irmã sumirem depois do muro da casa ao lado. Eu respirei fundo. Eu estava com tanta raiva. Não sei se de mim. Ou dela.

Voltei para dentro, deixando a porta bater. Deixei que meu corpo se apoiasse à porta, enquanto respirava fundo tentando me acalmar. Não sei quanto tempo fiquei ali, mas voltei a mim quando alguém bateu na porta.

Suspirei aliviada, pensando ser Verônica do outro lado.

Abri a porta, fazendo cara de brava. E então vi uma garota alta, cabelos curtos e pretos em minha frente. Minhas feições raivosas sumiram, e eu fiquei patética olhando para ela. A garota sorria, os dentes brancos e perfeitos, havia um espaço entre os dois dentes da frente – tão sexy –, os olhos num tom de âmbar. E a roupa... Uau! Era a roupa mais sexy que eu já vira em minha vida toda. Jaqueta de couro, calça jeans rasgada por dentro de botinas pretas, apenas um alargador em uma das orelhas, pulseiras e anéis, vestia uma blusa branca com alguns desenhos esquisitos. Eu nunca tinha visto uma garota mais linda e sexy que ela, e eu nunca havia pensado isso sobre garota alguma, a não ser celebridades.

— Ei! Você é Nathalie Prescott? — perguntou, ainda com o sorriso no rosto.

— Sim... — respondi desconfiada. Notei que ela tinha um sotaque meio estranho. Parecia francês.

— É claro que é! — disse ela, exultante. A maquiagem em volta de seus olhos era bem preta, como se tivesse dormido maquiada.

— Ahn... — completamente confusa, olhei atrás dela, procurando por Verônica. Talvez fosse alguma amiga da escola.

— Uh, Ronnie já foi. — ela falou fazendo uma careta — Pelo olhar dela, ela não vai voltar tão cedo. — eu fiquei olhando-a sem ter o que dizer. — Então, você tem cerveja ou algo assim? — a garota passou por mim, indo em direção à cozinha. Fiquei pasma na porta, sem saber o que fazer. — Uh, vodka! — ela exclamou da cozinha. Decidi ir atrás dela.

— Ahn, me desculpe, mas... quem é você? — perguntei quando cheguei à cozinha e a vi tentando abrir a garrafa de vodka que eu havia "pego emprestado" de Teddy.

— Oh, desculpe! — ela levou as mãos à boca — Eu sou Charlie Belle. — vasculhei em minha memória. Eu nunca conheci alguém com aquele nome e sobrenome.

— Você é colega da Verônica, ou coisa assim? — ela me olhou, pensativa.

— Ugh, não. — fez uma careta — Escola não faz mais parte da minha vida. Sabe, quando você tem tanta coisa para viver, para fazer, para beber... — ela chacoalhou a garrafa de vodka — não há porque perder tempo na escola com aquele bando de crianças nerds, chatas, aquelas garotas que acham que mandam no mundo. Mas... Ei, baby! Nós mandamos no mundo, certo? — Charlie acenou para nós duas. — Sua avó, por exemplo, era uma badass!

— Minha avó? — perguntei chocada — Você conhecia minha avó?

— Oh, merda, desculpe. Não é a sua avó. Ela deve ser sua... bisavó, eu acho. — respondeu perdida — Ah, o que importa? Eleanor era muito foda!

— Eleanor? — perguntei incrédula

— Sim. Nossa antecessora. Digo, sua antecessora. Mas eu gosto de pensar que eu descendo dela também. Afinal, somos uma grande família, garota! — ela ergueu a dose de vodka e bebeu.

— Escute... Charlie, certo? — ela assentiu — Eu não sei quem você é, e eu não sei do que você está falando então...

— Você tem amendoim? — Charlie ficou esperando minha resposta.

— Atrás de você. No armário. — ela pegou meu saco de amendoins.

— Bom, eu pensei: está quase chegando a hora, então porque nós não nos unimos? E, cara, é uma ideia boa pra cacete!

— Ok. — pus as duas mãos em cima da mesa, calmamente — Eu não estou entendendo nada do que você está falando.

— Sério, Nathalie... — disse ela enquanto mastigava meus amendoins — nós somos da mesma família, do mesmo bando, não precisa esconder nada de mim.

— Mas eu não conheço você! Como você pode ser da minha família? — porque diabos aquela garota não podia falar direito?

— Não estou falando de sangue, baby. — ela revirou os olhos — Digo, há o sangue também, mas não é bem por aí... — eu esperei que ela continuasse. Ela suspirou. — Você realmente não sabe nada sobre nós? Qual é? Seus pais devem ter contado.

— Quem sabe. Se eles estivessem vivos.

— Oh, merda. — Charlie entortou a boca — Foi mal, eu não sabia. — ela ficou alguns segundos em silêncio. — Então, você não sabe nada mesmo?

— O que há para saber? — ela sorriu, excitada. O sorriso dela era tão lindo e contagiante que eu acabei sorrindo junto. Pegou a garrafa de vodka, os amendoins e me puxou pela mão — Gata, você está perdendo a melhor história da sua vida! Literalmente da sua vida. — ela parou me encarando. — Onde, infernos, fica a sala afinal? — acenei com a mão. Ela me arrastou até lá.

Charlie me pôs sentada no sofá, depositou a garrafa e o pacote de amendoins em cima da mesinha de centro da sala, e de repente deu um grito dizendo que havia esquecido o copo. Ela se movia muito rápido, e falava demais. Eu estava tonta.

— Ok. — Charlie pulou no sofá. — Peguei um copo para você. — ela me entregou um copo. Eu tinha a impressão de que ela estava drogada. — Então, você já ouviu falar sobre Caim e Abel? — enfiou vários amendoins na boca. Meus ombros caíram. Não era possível aquela história novamente. — Eu sei que parece loucura, mas é tudo real. Conforme diz a lenda, Caim foi amaldiçoado por Deus por ter assassinado Abel. A maldição recaiu sobre Caim e sobre toda a geração do descendente que fizesse o mesmo que ele fez. Ou seja, toda vez que um descendente direto da linhagem de Caim comete um assassinato contra seu próprio sangue, a maldição é despertada, e sete primogênitos são escolhidos para a batalha, ou seja, sete pessoas são transformadas no que Caim foi transformado, para lutar contra os descendentes de Abel.

Fiquei uns segundos tentando processar tanta informação. Ela falava rápido demais e eu ainda estava tentando assimilar sua presença ali.

— E no que Caim foi transformado? — perguntei por fim, quando suas palavras finalmente repousaram em minha cabeça.

— Essa é a parte foda da história! — disse Charlie, no mesmo entusiasmo — Ele foi transformado em uma criatura, mais poderosa que humanos. É como um vampiro, só que mais forte, mais poderoso, e único. É como se fosse o Wolverine dos vampiros. Wolpiro! — ela já estava um tanto bêbada, mas os olhos de Charlie brilhavam de uma forma que me causou arrepios por todo o corpo — Existem sete deles, em cada geração. Eu, você e mais cinco.

— Você está drogada. Você só pode estar drogada. — eu não sabia exatamente o que estava sentindo. Se era medo, ou apenas incredulidade. — Você tem que estar drogada. — Charlie riu.

— Normalmente eu estou. Mas como eu estou tentando me focar em encontrar vocês, já faz alguns dias que não uso nada. — disse ela naturalmente, comendo mais amendoins e bebendo mais uma dose de vodka.

— Mas pelo jeito continua bebendo. — comentei

— Eu tenho que aproveitar. — disse ela, já enrolando um pouco a língua — Dizem que depois de tudo, da transformação e bla bla bla, a gente não sente mais porra nenhuma. — a língua dela estava completamente enrolada agora e Charlie começou a rir. — Ei, você tem alguma foto da Eleanor?

— Não. Eu nem sequer a conheço.

— Uh. — ela tomou outra dose — Eu queria muito uma foto dela. Eu só tenho as falsas, sabe? Eleanor era muito foda.

— Ei! Pare! — a impedi de servir outra dose — Você já está toda torta. — ela tentou falar alguma coisa, mas não conseguiu e começou a rir.

— Voxe é tão fofinha, Nathaliezinha. — Charlie tentou apertar minhas bochechas. Revirei meus olhos. Como eu iria saber mais sobre essa história toda, com ela bêbada?

— Charlie, preste atenção. — ela me olhou rindo — Como você me encontrou?

— Ah, foi pelo livro.

— Livro?

— Yeah! O livro da minha família. O mesmo que você tem. Ele conta sobre tudo, e Eleanor foi mencionada muitas vezes.

— Você tem esse livro aí?

— Não. Ele está... — Charlie ficou me olhando, abrindo e fechando a boca — Eu não lembro onde ele está agora. — eu revirei meus olhos, afundando meu rosto em minhas mãos. — Mas ele está protegido, não se preocupe. — Charlie tentou segurar meu braço, mas acabou batendo nele fazendo eu me desequilibrar — Está a salvo dos Belianitas.

— De quem?

— Dos Beni... belon... Belianita!! — ela soluçou — Os descendentes de Abel. Nossos inimigos mortais! — Charlie fez uma expressão dramática, soluçando e rindo logo depois.

Alguém bateu à porta.

— Fique aqui, eu já volto. — levei a garrafa de vodka comigo. Charlie ficou resmungando algumas coisas e rindo. — Oh, graças a Deus! — respirei aliviada ao ver Lucas. Ele olhou para a vodka em minhas mãos.

— Não está um pouco cedo? — zombou ele.

— Cala a boca, Lucas. — revirei os olhos, segurando um riso — O assunto é sério. Mais do que você imagina. — ele me olhou assustado e curioso. — Vem, vou te mostrar uma coisa. — o puxei até a sala. Charlie estava jogada toda torta no sofá. Lucas me olhou assustado — Ela disse que se chama Charlie Belle. Mas eu não sei se é verdade, ou se é o alter ego dela. — Lucas se aproximou de Charlie, e retirou os cabelos loiros do seu rosto.

— Eu já vi esse rosto em algum lugar... — disse depois de analisá-la. Suspirei. — Como você disse que é o nome dela?

— Charlie Belle...

— Belle... Belle... Ohh sim!! Claro!! A filha dos Belle! Eles moram aqui no seu bairro, em Lurkville. Mas ela deveria estar em um internato ou coisa assim, acha que os pais dela sabem que ela anda na cidade? Ela está bêbada?

— Você realmente achou que a vodka era para mim? — perguntei sarcástica — Eu não sei quem são os pais dela Luke, eu nunca vejo ninguém nesse condomínio, como vou saber se eles sabem que ela está aqui?

— Como assim você não sabe quem são os Belle? Todos os restaurantes, bares e lancheirias dessa cidade são propriedade dos Belle. Você não os vê porque Jean e Delphine passam a maior parte do tempo viajando pela Europa e Asia e sabe Deus mais onde.

— Tanto faz tudo isso Lucas! Por mim eles podem ser donos de toda Privy Harbor, eu quero saber o que essa garota está fazendo aqui na minha casa, sabendo o meu nome, e até o nome da minha suposta bisavó? Eu nunca a vi na minha vida, e ela nem sequer estuda.

— Como sabe que ela não estuda?

— Porque ela falou que esse não era mais o "lance dela". — rolei os olhos. Ficamos os dois ali, observando a garota fazer sons não-humanos enquanto dormia.

— Ela não falou o que veio fazer aqui? — Lucas me olhou perdido e desconfiado. Eu prendi a respiração.

— Não. — menti. Ele estreitou os olhos, percebendo minha óbvia mentira. Eu soltei o ar. — Ok. Eu não posso mais manter isso aqui dentro. E você com toda a sua experiência nerd pode me ajudar com isso. — Lucas ergueu uma sobrancelha. — Sente-se. A história é longa.

— Okay. — nós dois nos sentamos. Ele em uma cadeira antiga que havia ali, e eu na poltrona.

— Algumas coisas vêm acontecendo ultimamente. — disse ponderadamente. Lucas esperou — Bem, você sabe que minha avó morreu, certo? — ele assentiu com um olhar óbvio. Eu suspirei. — Quando eu fui à Londres, minha prima me entregou uma carta dela. Essa carta estava escondida nas coisas de Teddy, e Sandy pensa que ele esconde alguma coisa sobre mim.

— Como assim? — perguntou desconfiado e curioso

— Teddy não mencionou sobre essa carta. E... vovó diz coisas nela que... Coisas complexas, sabe? Ela falou sobre algo ruim estar por vir, e que eu deveria me cuidar. — Lucas esperou, apreensivo — Logo depois que eu dei a carta para Sandy ler, ela me contou algumas coisas sobre quando éramos crianças. Disse que muitas vezes ouviu os pais dela discutindo sobre "as garotas" — fiz sinal de aspas com os dedos —, algo do tipo "não podem esconder isso delas". E então, ela me contou sobre uma história que a mãe dela lhe contava, sobre dois irmãos. Um matou o outro por inveja e ciúme...

— Caim e Abel? — ele me interrompeu, me olhando como se não acreditasse que eu não soubesse sobre de quem se tratava aquela história. Eu respirei fundo. Não havia jeito de escapar daqueles dois nomes. Mas era impossível algo assim existir, certo? Eu quero dizer, não há como haver uma ligação entre minha família e eles. De jeito nenhum. — Você sabe quem são Caim e Abel, não é?

— É claro que eu sei, Lucas. — revirei os olhos, voltando a mim — É só que, eu tenho escutado o nome deles mais do que eu queria ultimamente.

— Como assim?

— Sandy disse, que anos mais tarde, minha avó lhe contou a mesma história, mas dando nomes aos personagens. E os nomes eram Caim e Abel. Eu só não entendo porque a mãe dela não contou a história completa da primeira vez, entende? Sandy disse que o modo como Rachel contou a ela, parecia mais uma história fictícia, algum tipo de lenda.

— Uma lenda... — ele pensou — Que tipo de lenda?

— Bem, parece que os dois irmãos se amavam, mas o mais velho, Caim no caso, sentiu inveja de Abel, e isso fez com que a escuridão entrasse em seu coração. — respondi um tanto perdida, sem saber explicar — E ele matou o próprio irmão. Segundo Sandy, Caim foi amaldiçoado, algo como mortalmente amaldiçoado.

— Sim, a coisa toda de andar errante pela terra. Eu conheço a história.

— Certo. — suspirei — Só que essa garota — acenei para Charlie, que babava no sofá — ela simplesmente entrou na minha casa como se fosse minha conhecida. Ela sabia o meu nome, o nome de Ronnie, e até dessa avó que eu tive. Ela falou sobre nós duas pertencermos a uma mesma família, e então contou a mesma história sobre Caim e Abel, só que incluindo a parte da maldição. — eu senti um calafrio — Charlie disse que Caim se transformou em uma criatura mais forte e poderosa do que os humanos. Um tipo de, palavras dela, "Wolverine dos vampiros", ou primeiro vampiro, talvez. E que sua descendência havia sido amaldiçoada também. Quando algum descendente de Caim fizesse o mesmo que ele, matasse o seu próprio sangue, a maldição seria despertada. Mas... ela falou sobre sete famílias. — meus pensamentos estavam todos embaralhados — Eu realmente não sei, não sei o que dizer ou como explicar tudo o que ela falou. Charlie falava muito rápido e eu não consegui pegar todas as coisas.

— Deixe-me ver se entendi — Lucas ergueu um dedo — Essa garota está dizendo ser uma descendente de Caim?

— Sim, eu acho. — respondi perdida

— E ela diz que Caim se transformou, digamos, no primeiro vampiro. Como um vampiro alfa. Certo? — encolhi os ombros, suspirando — Eu já vi alguma coisa como essa antes.

— Já? — pulei para frente

— Não exatamente isso. Se é que isso que você falou faz algum sentido, porque eu tive que trabalhar bastante o meu cérebro para entender você. — revirei meus olhos — Mas há algumas coisas parecidas na internet. Eu posso pesquisar e tentar encontrar alguma coisa.

— Espere... — disse, me lembrando de alguns trechos da carta — Minha avó falou sobre um livro. — Lucas me olhou, mais interessado do que antes — Ela disse na carta que não podia contar tudo lá e por isso me deixou um livro. E Charlie também mencionou um livro que era da família dela, e disse que era igual ao meu.

— E onde está?

— Eu não sei. Ela não falou sobre onde encontrá-lo, e Charlie tampouco sabe onde está o seu próprio livro. — suspirei pesado — Eu não faço a mínima ideia. Nem sei como ele se parece. — respondi atordoada. — Charlie disse que o livro está bem escondido, a salvo dos Belianitas ou algo assim.

— Belianitas?

— Sim. Os descendentes de Abel, que no caso são como os inimigos mortais de Caim.

— Algo como anjos e demônios? — perguntou fazendo meu coração palpitar.

— Isso quer dizer o que? Que eu sou o demônio?

— É só uma expressão, Nathalie. — ele revirou os olhos — O bem e o mal. O assassino e a vítima. Algo baseado na vingança talvez.

— Vingança... — engoli em seco lembrando-me do primeiro pesadelo que tive na casa.

— Sim, nesse caso talvez. Caim matou Abel, e foi amaldiçoado. Talvez a parte do "errante sobre a terra" seja algo como um ser que tenha de andar escondido dos olhos humanos. As lendas sobre vampiros contam que eles não podem viver em sociedade. E no caso de Abel, está escrito na bíblia que mesmo depois da morte seu sangue implorou por vingança. Se essa lenda realmente for verdade, então Abel teve seu pedido atendido.

— Isso quer dizer que os descendentes de Abel nascem para vingar os de Caim?

— Acho que eles receberam o nome de Belianitas por um motivo bem óbvio. — Luke ergueu uma sobrancelha, enquanto eu fixava meus olhos no nada ao lado dele, tentando colocar as ideias no lugar.

Lucas olhou para as paredes, e depois para a porta, como se estivesse analisando a casa.

— Você disse que sua avó lhe deixou essa casa de herança. — esperei que ele concluísse o pensamento — Acha que ela poderia tê-lo guardado aqui? — aquilo não tinha me passado pela cabeça.

— Oh, eu não sei. Não tinha pensado sobre isso. — o olhei admirada — Porque você é sempre mais inteligente do que eu?

— Porque eu ainda estou na escola, baby. — respondeu irônico, dando uma piscadela para mim e se levantando. — Talvez esteja na biblioteca.

— Ok, agora você está sendo ingênuo. — o segui — Acha mesmo que se ela fosse esconder algo, o qual ela escondeu a vida toda, o esconderijo seria tão óbvio? — Lucas virou-se para mim, estreitando os olhos.

— Talvez você esteja certa. Talvez não. Mas não custa procurar. — ele adentrou a biblioteca. — Vai ficar aí parada, enquanto eu faço todo o serviço pesado? — revirei meus olhos e fui ajudá-lo. — A propósito, eu vim aqui para lhe falar que não irei mais a festa.

— Por que não? — perguntei vasculhando páginas de um livro velho

— Minha mãe chegou de Saint Davis. Vai passar o feriado comigo.

— Oh, isso é bom. Assim você não vai ter chance de tentar se matar.

— Cala a boca. — eu ri.

Enquanto procurávamos algum sinal do tal livro, fiquei repassando tudo o que Sandy e Charlie haviam me dito. Mas tinha sido difícil entender o que Charlie havia falado. Até que me lembrei de algo que fez meu corpo gelar.

— Oh, meu Deus!

— O que foi? — Lucas já tinha parado de procurar e estava sentado na cadeira da escrivaninha lendo um livro sobre mitologia.

— Lembra-se da noite do show? Quando eu fui me encontrar com Ben no píer e o avô do Aaron me atacou? — Lucas juntou as sobrancelhas.

— Você foi se encontrar com Ben no píer naquela noite? — eu fiquei sem reação e acho que o sangue sumiu do meu rosto. E acho também que fiquei com os olhos arregalados. Como eu pude me esquecer que eu havia mentido para Luke naquela noite? Tão típico de mim. — Não precisa nem responder, sua expressão de "oh, merda, falei demais!" te entregou. — disse ele sarcástico

— Isso não vem ao caso agora. — desconversei, para ouvir uma risada de Lucas — O fato é que quando o Sr. Baker me atacou, ele me chamou de Eleanor. E quando Aaron me socorreu, eu perguntei a ele quem era Eleanor, e ele me respondeu que tinha sido uma antiga paixão de seu avô, que ela já tinha morrido ou talvez nem tivesse existido. — Lucas esperou, não entendendo nada — Charlie disse que minha avó Eleanor tinha sido uma badass e que o livro de sua família mencionavam bastante sobre ela. — Luke endireitou-se na cadeira — Eu lhe falei que minha avó não se chamava Eleanor, foi então que ela disse que talvez ela fosse minha bisavó. O modo como Charlie falava de Eleanor, era como se fosse um ídolo para ela. Algo como um herói.

— Isso é estranho. — comentou pensativo — E definitivamente nós temos que falar com o Sr. Baker.

— E dizer o que? — perguntei sarcástica — Ei, senhor Baker, o senhor sabe se minha bisavó era algum tipo de vampiro? Oh, obrigada.

— Não seja idiota. — zombou — Vamos lá visitá-lo. — ergui minhas sobrancelhas — Você não sabe o quanto um senhor de idade gosta de contar histórias. Principalmente quando envolve algum tipo de paixão que não deu certo. — falou convencido

— Ok. E o que iremos dizer a Aaron?

— Eu digo que é um trabalho de escola. — ele deu de ombros — E nós não precisamos contar nada a Aaron, podemos falar diretamente com John, o pai dele. — me abaixei, apoiando os braços na escrivaninha e apoiando minha cabeça em minhas mãos — Está com medo? — perguntou Luke num tom ameno

— Na verdade... eu não sei. — olhei em seus olhos castanhos — Eu não sei o que pensar. Não sei no que acreditar. — baixei meu olhar de volta para a mesa — Mas descobrir qualquer coisa sobre isso, vai ser a primeira vez que obterei respostas sobre quem eu sou ou quem foi minha família. E, talvez, saber o que exatamente aconteceu na noite do assassinato dos meus pais. — Lucas suspirou

— Isso é... complicado. — ergui meus olhos para ele — Sempre achei que a minha vida tivesse sido secreta, ou algo assim, só por eu nunca ter conhecido o meu pai. Mas estar aqui, procurando um livro sobre uma suposta família que descende de vampiros... É mais... É difícil de associar com a realidade. — eu dei um riso curto — Mas eu tenho que confessar: eu sempre quis que algo assim acontecesse comigo. Sabe? Acho que de tanto ler livros sobrenaturais, ver filmes e tudo o mais, eu sempre fui do tipo que prefere fugir para o mundo da ficção do que ficar no planeta terra. — nós rimos

— Bom, agora o mundo da ficção invadiu seu planeta.

— É. — ficamos em silêncio.

— Está com fome?


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Oi meu amores! Desculpem a demora desse update, eu ainda muito cheia de coisas pra fazer. Bom, mas agora ele está aqui, fresquinho pra vocês.

Comentem, xinguem, amem, perguntem, to aqui pra tudo!

Beijos da nalu 

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