"Eu já admiti
Que eu não sei mais partir
E de bar em bar
Terminei no mar

E encontrei minha ressaca
E de bar em bar
Qual é o meu lugar?
Se eu me solto, você me arrasta

Agora eu não quero mais
Manter a minha paz
Eu gosto do caos que você me traz
E agora eu não quero mais
Manter a minha paz
Eu gosto do caos que você me traz

[°°°] 

Eu já me proibi
De pedir perdão, de me sabotar
De me arriscar, tentar me redimir. "

Ressaca — Jão

New York
Rachel Roth / Ravena /Rae

Terminado o sermão de Kory, Rachel finalmente entrou no prédio onde Dick estaria.

"Se você conseguir agir como se nada tivesse acontecido, te ensino algo maneiro." — Meia Noite avisa logo que a moça viu Grayson sentado num sofá usando um casaco de gola alta.

Sorte a dela que foi ao apartamento de Maria e trocou de roupas, deixando o que usou na noite anterior para trás.

— Olá, Richard e garoto aleatório... Tudo bem? — pergunta se fazendo de inocente.

Encarando indiscretamente Rachel, que usava um coque, saia cos alto e um cropped que deixava só um pouco de sua barriga a mostra, o garoto, que parecia com Dick, estendeu a mão e sorriu rapidamente logo tratando de se apresentar.

Ainda que ambos fossem altos, de porte atlético, cabelos negros e olhos claros, algo a dizia que Grayson era superior em muita coisa. A começar pela áurea que ambos emanavam.

— Jason Tood.

O olhando com palpável desinteresse, Roth parou em frente a Richard, que logo a puxou para um abraço forte.

— Não está chateada por ter a deixado sendo cuidada por Kory, está? — foi tudo que a perguntou enquanto abraçava a mulher.

Revirando seus olhos, Rae se afastou dos braços dele, muito contra sua vontade, mas decidida a se fazer de difícil manteve sua expressão mais séria no rosto.

— Pois é. Algo me diz que ser largada com qualquer um vai ser recorrente daqui por diante...

— Não seja tão dramática, Rachel. — Kory a alfineta sem pensar duas vezes.

Evitando olhar Grayson nos olhos, parou de frente para o desconhecido e o avaliou melhor, olhando para seu gato que logo comentou o cheiro que Rae sentia vindo dele.

"Esse cara conseguiu voltar dos mortos. Fica bem longe dele. Coisa boa não deve ser." — Conta a ela que dá dois passos para trás avaliando Dick e em seguida o amigo dele.

Se Richard possuía uma áurea boa, confiável e iluminada, Jason Tood parecia algo muito turvo e pouco bom. Sua áurea lembrava um céu nublado e desse tipo de tempo se podia esperar qualquer coisa. Do sol mais brilhante a tempestade mais assustadora.

Era engraçado o contraste entre eles que na luz do dia se via com maior facilidade.

— O que é Rachel? — Grayson perguntando curioso a faz olhá-lo mais uma vez.

Abrindo a boca para responder, Roth recebeu um rosnado seu gato preto e logo tratou de ficar calada, deixando suas impressões para si mesma.

— Está vendo alguma coisa? — Harper questiona a pegando de surpresa.

Definitivamente Constantine sabia muito sobre ela. E havia deixado Roy bem ciente do que estava acontecendo.

— Ela pode ver o futuro? Tipo a madame Xanadu? — Jason cortando seu silêncio quase a faz sorrir.

Sentindo todos criarem um clima pesado, na expectativa de ouvir algo muito importante, Rae deu de ombros e forçou sua cara de paisagem olhando para a parede de vidro que havia atrás deles, mostrando uma vista linda da cidade.

— Onde é meu quarto? — disfarçou recebendo um olhar confuso de todos.

— Pode escolher qualquer um, linda. — Todd a responde recebendo um olhar irritado de seu amigo.

Sentindo que a tensão era óbvia, Gar pega a mala de  Rachel e a guia para um corredor onde deveria ficar os quartos. Olhando para trás sempre que podia, parecendo aguardar alguém.

— Ele disse alguma coisa de errado? — Roth questionando confusa recebe um sinal de "mais ou menos".

— Mais um pouco e ele te comia com os olhos. Por isso Grayson vai ralhar lá com ele... Foi bem rude da parte desse cara.
— Entendi. — Rae retrucou parando no primeiro quarto que via vazio.

Parecia muito iluminado, tinha as paredes de vidro que ela tanto achava bonito e a cama parecia muito macia.

— O que foi que você viu ao olhar pra ele? — Gar pergunta curioso a fazendo fitar o rapaz séria.

— Nada de ruim, mas assustador no caso... Não há necessidade de se preocupar. — amenizando tudo que pensou, acalma o colega.

Fazendo um sinal positivo, Gar deixou a mala num canto, se joga sobre a cama e suspirando exagerado a fez sorrir, esquecendo de todo resto.

Após alguns segundos se encarando, Rachel desviou do olhar dele, causando um clima constrangedor entre os dois.

— Vou levantar e procurar um quarto. Preciso muito dormir. — Gafield avisou já de pé indo embora.

Fechando a porta, Roth correu para cama, se jogando lá com o intuito de dormir, o que não aconteceu.

"Temos trabalho a fazer. Levanta daí, sua mestiça preguiçosa." — Meia Noite a repreende pisando na cara da moça.

— Eu tô exausta...

Mesmo vendo o péssimo estado de Rachel, o animal a ignorou por completo e afirmou que ela precisaria meditar para conseguir lidar melhor com seus poderes.

E ela sequer conseguia ficar parada nas missas matinais do convento.

Como conseguiria em sã consciência bancar a budista e ficar horas numa posição desconfortável, em silêncio tentando achar algo que não tinha ideia dentro de si?

— Bem.. — Rae começa a ensaiar uma resposta, recebendo um rosnando do gato.

"Você precisa buscar o seu centro de emoções." — Ele a instruiu com notável rispidez.

— Onde? Como?

"Criando um mantra para sua meditação. As palavras chaves são seu lugar de origem, sua posição no momento e aquilo que a aflige." — Explicou o felino caminhando de um lado ao outro da cômoda.

— Azarath. New York e.... Sei lá, acho que minha vida anda um inferno completo nesse momento. — Roth retruca séria.

Para sua surpresa, o gato se colocou de pé, sentando de pernas cruzadas antes de falar em voz alta a pegando de surpresa.

— Conhece a sua língua original?

— Sim. Preciso dizer tudo em azarathiano? — Rachel se preocupa recebendo um sinal positivo.

Como traduzir New York para o idioma de Azarath?

Parecendo notar a dúvida crescente em relação ao que dizer, o gato que parecia muito fofo na posição que estava, boceja e gesticula para que ela o imitasse. Coisa que Rae não o fez, indo pegar seu celular.

— Sabe que pode apenas citar o nome dessa dimensão aqui, né? — Meia Noite comentando calmo a faz sorrir constrangida.

Escrevendo no bloco de notas parou para avaliar o que deu da junção daqueles três nomes e achou até mesmo tudo muito agradável para pronunciar.

— "Azarath, Metrion, Zinthos". — repetiu em voz alta andando de um lado ao outro do quarto.

Sendo impedida de continuar a caminhar por uma parede invisível, olhou para seu guardião que mais uma vez gesticulou para que ela de sentasse no chão.

Dessa vez ela o deixaria ganhar, pois era bem importante aprender aquilo. Tinha feitiços muito legais no livro e queria aprender a todos.

— Antes de começar... — o gato fala sério se espreguicando. — Sempre que for fazer um feitiço o recite mentalmente e diga em voz alta o seu mantra, pra dificultar quem lutar contra você de descobrir o que se trata o feitiço. — sugerindo por fim dá início a  ajuda.

Quando começou a falar o mantra se atrapalhou, mas logo que o repetiu diversas vezes se surpreendeu em começar a falar sem errar até que seu corpo pareceu ficar mais e mais leve.

— Preciso que você abra os olhos e me diga o que vê. — escutou Meia Noite falar ao longe.

Embora receosa, algo a fez abrir os olhos e se viu de frente a uma espécie de portal de pedra onde se via uma estrada de pedra no meio de uma escuridão horrível.

— Parece uma estrada de pedra com um arco de também de pedra... Isso é bizarro. Que lugar é esse? — pergunta ao cão infernal que logo responde.

— Parabéns. Esse lugar deprimente é seu subconsciente. Quer dar uma volta? — propôs a moça que não o respondeu.

Curiosa, Rachel caminhou na direção da estrada por um bom tempo até chegar ao que parecia uma jaula enorme aberta.

— O que é essa jaula? — Roth questionou ao seu animal que a responde depressa.

— Onde a Raven deveria estar... Consegue vê-la?

Olhando ao redor, Rae se afastou da jaula e assim que voltou seu olhar para saída viu a si mesma, usando um capuz vermelho, com quatro olhos brilhantes e também vermelhos.

— O que faz por aqui, freirinha? — a voz demoníaca causa espanto na moça.

— Acabei de achá-la... — avisando ao seu guardião dá alguns passos para trás.

Raven era o predador e Rachel a presa burra que foi direto ao covil dela. Tinha como ser mais estúpida que isso?

— Acha que consegue subjulgá-la? — Meia Noite a perguntou recebendo risadas de Raven.

Até mesmo ela sabia que aquilo era uma ideia imbecil. Por que não mandar ela apenas dar um tiro na sua própria cabeça?

Teria poupado o esforço de ir pra lá se oferecer pra banquete daquele animal em sua mente.

— Raven é uma parte sua. Não o contrário.
— Fácil dizer! — Rae grita de volta à vendo sorrir de maneira diabólica.

Aquela coisa ia engolir a ela viva. Precisava fugir o mais rápido possível.

— Se você tiver medo é pior para você! Anda logo e a enfrenta, Rachel! Qualquer coisa me grita que eu a tiro daí! — o seu instrutor falando irritado é ignorado por completo.

Numa tentativa ineficaz, Roth tentou correr, mas foi pega por Raven, que a derrubou e puxou pelos cabelos.

— Meia Noite!? Meia Noite! Pelo amor de Deus! Me tira daqui!

Por que diabos aquele animal não a respondia?

Terceira Pessoa

Preocupado com Rachel quieta por tanto tempo, Dick decidiu que iria fazer uma visita surpresa ao quarto da moça, apenas para se certificar que tudo estava bem.
Ao bater na porta e não ter resposta, Grayson olhou pela parede de vidro e a encontrou sentada de costas para ele meditando.

O que não era algo de todo ruim, isso se Rae não tivesse começado a levitar e desse um grito assustador, o que o levou a arrombar a porta de madeira, entrando no quarto.

— Rachel! O que houve? — perguntou a moça enquanto ia a olhar de frente, se assustando com o que via.

Um lado do rosto dela se mantinha normal enquanto que o outro havia ao invés de um, dois olhos, sendo vermelhos e brilhantes além da cor que ficou mais escura, com veias saltando dos olhos para essa metade do rosto dela.

— Fora daqui! — a voz demoníaca que sempre deixava claro quando Rachel não estava bem, fala antes de usar sua telecinese para arremessar o detetive para fora do quarto.

Batendo com força na parede, o som do corpo dele, inconsciente graças ao impacto, fez Rachel despertar, tentando a todo custo retomar o controle.

— Você não tem mais poder algum aqui, garotinha...!— Raven rosnando furiosa tenta a subjugar mais uma vez.

— É suficiente, Raven! — Meia Noite, o cão infernal que ensinava a Roth, tentou a impedir sendo segurado por ela.

Segurando o pescoço dele, que se debatia e tentava a fazer soltar, arranhado a mão de Rachel, a mulher apenas fez um gesto, quebrando o pescoço do felino antes de largá-lo no chão.

— Rachel? — o rapaz de cabelos verdes a chama nervoso logo que sai no corredor.
A ruiva que produzia fogo, o puxou para detrás dela, mostrando suas chamas para tentar a assustar.

— Será que seu fogo consegue brilhar nas minhas trevas? — perguntando retórica, Raven assume sua forma demoníaca por completo, deixando de lado os traços de humanidade da dona do corpo.

Agora com seus quatro olhos e seu rosto transfigurado, ela usou sua escuridão como tentáculos a fim de arrastar Kory e os outros dois rapazes um de cabelos verdes e o outro ruivo, que mantinha seu arco e flecha a postos, voltados na direção dela.

— Rachel! Não deixe ela dominar você! Sei que você consegue parar com isso! — Grayson usou seu discurso de motivação de sempre, que voltou a fazer efeito sobre a garota.

O que aquele homem tinha que pesava tanto sobre o sobre aquilo o que Roth fazia ou deixava de fazer?

— Ele está no banheiro. Deixe-os em paz. — a voz de Rachel saiu embora Raven lutasse a todo custo para prendê-la.

Usando o teletransporte, foi até o lugar e embora viesse cambaleando, pois Roth havia se tornado mais forte pela presença do detetive estúpido, ela. conseguiu abrir a porta, indo pra cima do homem, que sufocou com suas próprias mãos, enquanto usava sua energia para manter a porta fechada.

— Onde estão seus superiores, verme imundo? — usando seu tom de voz mais assustador acaba com a pose de superior que aquele médico possuía.

— Apenas queremos reuní-la com seu pai, criança! Não queremos ferí-la! — ele a explicou entre um e outro gaguejo.

Revirando os olhos Raven estalou a língua no céu da boca e sorriu largamente ao ver que o medo nele só o deixava mais e mais apetitoso, uma vez que estava faminta desde a última vez que devorou uma alma.

— Onde?

Parecendo não entender, o homem a olhou por alguns antes dela o dar um soco para derrubá-lo, dando chutes no tronco assim que ele caiu no chão.

— Onde posso encontrar Trigon? — Raven pergunta o puxando pelo colarinho para mais perto de si.

— Arkham Asilum...

Rindo baixo pela estupidez dele, a mulher o deu um soco, que o causou dor por ter seu nariz quebrado, e se pôs de pé, escutando os gritos dos outros do lado de fora.

— Rachel! Por favor! Acorda! — Richard gritando faz a imbecil se agitar mais uma vez dentro de Raven.

Decidida a economizar suas forças para mais tarde, ela deixou que Roth a ganhasse, voltando para seu lugar onde aguardaria o cair da noite.

Se estivesse certa, Trigon poderia a livrar do grande estorvo que era aquela garota e Raven aliada a ele poderia ter todas as almas que quisesse sem precisar se preocupar com o retorno da boa moça.

Rachel Roth / Ravena /Rae

Embora tivesse tido uma enorme dificuldade conseguiu assumir o controle e ao recobrar sua consciência se viu amarrada a uma cama, cercada por todos.

— Ela é ela? Ou a outra? — Jason pergunta indiscreto recebendo um "shiu" de alguém.

— Podemos apenas queimá-la para verificarmos... — Kory sugerindo a faz se contorcer tentando escapar.

O que aquelas pessoas tinham em mente? O que Raven havia feito?

— Cala a boca, Kory! — Richard gritou fazendo Rae parar para tentar o ver.

— Grayson? — Rachel fala baixo recebendo um silêncio sepulcral em resposta.

— Rachel ou Raven? — Gar quebrando a tensão pergunta a fazendo respirar fundo.

— Rachel. Podem me soltar? — pediu voltando a se mexer.

Que tipo de nó demoníaco foi aquele?Havia algum marinheiro entre eles? Jesus. Como aquilo a apertava. Ficariam marcas. Tinha quase certeza.

— Se você é a Rachel prove. — Harper a ordena recebendo um chiado baixo da garota.

— Na nossa luta contra a família de lunáticos eu quebrei seu arco nas costas daquele cara que o atacou...

— Verdade. Podem soltar ela. — Roy a interrompendo ri baixo.

— Não me convenceu. — Grayson disse a puxando pelo cabelo antes de colocar uma arma na cabeça dela. — Diga alguma coisa que somente a Rachel saiba....

— Escuta Dick, se for pra ficar puxando meu cabelo e colocando coisas na minha cara, sugiro que me chame para sair antes. — Roth ralhou com o homem que riu e começou a desamarrar o nó.

— Deveria te deixar de castigo pelo que fez nas minhas costas.

Agora esfregando seus pulsos, Rae se senta na cama e procura por Meia Noite, que não acha em lugar algum.

— Alguém viu o Meia Noite? — ela pergunta recebendo olhares desconfiados de todos.

— Na verdade, não. — Gar mentindo a deixa pensativa por alguns segundos.

Teria Raven feito algo a ele?

— Deve estar maltratando alguém por aí. — o detetive desconversou sentando na cama.

Vendo a dor estampada não só no rosto como na áurea dele, Rachel se sentiu mal por não ter sido mais contida e mantido Raven na sua jaula, onde deveria estar.

— Quer que eu te ajude com isso? — Roth sugere sendo repelida por Dick.

—  Não precisa! Estou indo bem... Sério.

Provavelmente com receio do que havia sido feito a ele, Grayson fez menção de levantar sendo segurado pela mão com Rachel que a essa altura já chorava de raiva.
Não dele, ou dos outros que deixavam seu medo evidente para ela, sim de Raven, que tornava tudo um caos e sumia, deixando para que Rachel resolvesse e arcasse com as consequências das monstruosidades feitas pelo seu demônio interior.

— Podem me deixar sozinha? — Roth sussurrou sem o olhar nos olhos, lutando contra o ódio que sentia.

Não podia deixar que Raven ganhasse. Iria vencê-la em seu próprio jogo nem que precisasse morrer pra aquilo.

Saindo do quarto que estava, foi para seu quarto, pegando o seu livro e por fim se trancando no banheiro para procurar algo que a ajudasse.

Deixando o grimorio escondido no armário embaixo da pia, procurou algo que pudesse a cortar e, usando o vidro do espelho de mão que quebrou, fez símbolos de encarceramento, para que nem ela, tampouco Raven pudesse sair.

Querendo ou não resolveriam aquela situação.

Richard John Grayson /Dick / Robin

Em silêncio todos observavam Harper conversar com Constantine que estava a caminho de lá.

O gato mágico de Rachel se encontrava morto em cima da mesa sendo coberto por um lençol e mesmo sendo a única baixa entre eles era bem óbvio que o que vivia dentro dela se tornava a cada dia mais cruel e sanguinário.

— Deveríamos ter contado a Rae... — Gar começa a falar pela milésima vez.

— E depois? Deixar ela se odiando e culpando pelo que fez? — Dick rebatendo impaciente recebe um aceno negativo de Jason.

— Ela já está dando por falta dele. Eu acho que quanto antes contar... — Todd tentou sugerir sendo logo interrompido por Kory.

— Você não acha nada.

Rindo pelo fato dela ter se adiantado no que iria dizer, Grayson apenas olhou para Harper desligando o telefone e viu todos fazerem silêncio mais uma vez.

— Está chegando em cinco minutos. — avisa aos demais indo até seu melhor amigo. — Ela não tinha incidentes desses à dias. O que você tem pra causar isso na Rachel? — perguntando discreto faz Richard voltar a sua atenção para conversa deles.

— Nada. Pela milésima vez, eu não fiz nada!

— Vai me dizer que é coincidência ela ficar desse jeito depois de ver você e reagir daquela maneira? — Grayson acusou seu irmão que revirou os olhos.

— Mesmo que ele tenha feito não foi por querer. Ok? — Garfield defende o vigilante causando espanto em todos.

O que ele queria dizer com aquilo?

— Explique-se. Agora. — Kory ordenando ao rapaz recebe um olhar receoso dele.

O que imediamente lembrou ao detetive que depois dele, Gar era a pessoa mais próxima a Rachel. E com toda certeza sabia algo sobre aquilo.

— Se você não disser não podemos ajudar a Rae. Diga o que sabe e nos ajude a ajudá-la, Gar. — Dick interpôs sentando na mesinha em frente ao rapaz.

Com sua expressão fechada, olhar voltado para os nós de suas mãos e segurando com toda sua força a calça jeans que usava, o garoto de cabelos verdes hesita antes de começar a contar o que sabe.

— Raven é uma defesa da Rachel. Uma persona criada para agir quando ela se vê sem nenhuma opção. — explica parecendo tentar lembrar de algo. — O chefe disse que toda vez que ela se vê no seu limite, cria-se uma brecha por onde essa "coisa" passa e então... Bem, situações ruins acontecem.

Como ele nunca pensou naquilo antes e como Gar ciente disso não os contou antes?

Só não o daria um sermão pois ele estava um caco e não aguentava mais brigas. A mania feia que todos tinham de esconderem o que sabem uns dos outros os levaria a ruína. Precisavam acabar com os segredos caso contrário, iriam morrer por pura falta de diálogo honesto e aberto.

— Mais alguém que sabe algo da Rachel e queira compartilhar? — ele pergunta com sarcasmo aos demais que se olham antes de responder.

— Não. — todos falam em uníssono.

Notando a expressão assustada de Garfield, Grayson o olha entediado e assiste calmo o rapaz levantar uma das mãos com o objetivo de ganhar direito a questionar algo.

— Rachel deveria ter quatro olhos e estar nos encarando dali mesmo? — o rapaz resmunga fazendo todos se voltarem para trás.

Com um sorriso assustador, Raven, que havia assumido mais uma vez o controle, fingiu pensar a respeito antes de voltar seu olhar para seu lado e dizer.

— Não. Na verdade... Deveria não. — respondeu ao Gar que deu alguns passos para trás. — É como dizem: o diabo mora nos detalhes. — acrescenta com deboche antes de estalar os dedos.

E então Richard não conseguiu ver mais nada.

Notas Finais:
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