Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 38.

Um arrepio atravessou meu corpo quando o ronco do motor rasgou o ambiente e senti o coração acelerar, mesmo já esperando por ele.

Sobressaltei-me sentindo uma pressão no ombro, mas olhei para trás apenas para encontrar Leonardo perto de mim. Estávamos só os dois naquela ruela de Blumenau, durante a tarde ensolarada, completamente vestidos com o uniforme da tropa de choque e bem armados.

— Eu tô aqui — garantiu-me. — Temos caminho livre para fugir, se tudo der errado. — Não respondi, mas foi como se ele conseguisse ler meus pensamentos: — Paulina e Samuel estão juntos, Maitê está segura no apartamento... Estamos todos em contato. Vai dar tudo certo.

Sua mão deslizou pelo meu ombro, descendo até a minha e apreciei o aperto reconfortante. Assenti para ele, tentando normalizar a respiração enquanto pensava em suas palavras.

Depois de mais de uma semana focados nos preparativos, naquela tarde, finalmente colocávamos o plano de retomada ao hospital em prática.

No dia seguinte ao que buscamos abrigo naquele prédio (alguns chamaram de "ficamos presos", mas eu discordava da nomenclatura), sob a luz do dia, contamos com uma vista privilegiada de todo aquele lado da cidade.

Numa mistura bela e desesperadora, a calamidade se unia à paisagem até que fossem indistinguíveis uma da outra. As estruturas perduravam após o fim do mundo, mas máculas eram visíveis das janelas quebradas dos prédios até os muros e árvores completamente destruídos em acidentes, onde carcaças de veículos ficaram largadas para se deteriorar pela eternidade. Mesmo as tempestades não conseguiam limpar completamente os rastros de sangue seco que se tornaram parte daquela pintura. Quase como querendo se opor à tanta destruição, pedaços de uma natureza que nunca desistiria de tentar retomar aquele mundo lutavam pelo seu lugar; as vegetações das casas alcançavam as calçadas através das grades dos portões ou atravessavam os muros para se enroscar em postes, mato crescia contra todas as expectativas por entre pedaços desgastados de asfalto e um tapete de musgo que impunha seu verde até onde os olhos podiam alcançar.

Perpétuas na paisagem, as aberrações reanimadas povoavam as ruas em seu eterno vagar faminto. A vista quase poderia ser bonita, não fossem elas.

Só quando me dei conta do silêncio que se estendeu, percebi que era a primeira vez que as pessoas que estavam comigo viam o apocalipse daquela maneira. Eu já tinha tido aquela oportunidade quando estive no terraço do meu antigo colégio, depois no prédio da Melissa, e reconhecia como podia ser opressor.

— Sabe, apesar de ser um pouco apavorante, ver o sol nascente iluminar esse mundo me dá um pouco de esperança. — Quebrei o silêncio, sem saber se era o melhor a se falar, mas preferindo aquilo a deixá-los com os próprios pensamentos. Às vezes, mostrar tranquilidade era tudo o que você precisava para manter uma situação sob controle.

Leonardo entendeu o que eu estava fazendo e, seguindo a deixa, fez uma piada para descontrair. Apesar de só ter conseguido arrancar risinhos nervosos, aos poucos nos acostumamos com a visão e conseguimos focar nas informações que buscávamos.

As ruas próximas do hospital estavam infestadas de zumbis, mas apesar de alguns grupos errantes, os caminhos por onde pretendíamos levá-los até as trincheiras pareciam adequados para nos locomovermos, assim como outras ruas paralelas. Multidões de zumbis podiam ser assustadoras, mas também costumavam mantê-los concentrados em uma área menor, graças aos próprios sons e grunhidos que os mantinham constantemente distraídos.

Com a visão aérea, Samuel estimou que se tratava de uma horda de três a quatro mil zumbis e Leonardo concordou. Usamos o mapa que Jin nos deu para demarcar as ruas mais movimentadas e as mais seguras e, perto da metade da manhã, conseguimos fugir do prédio pulando o muro da parte traseira para o condomínio vizinho. Precisamos matar algumas criaturas que encontramos lá dentro e pudemos nos certificar ainda mais da segurança que os uniformes da tropa de choque ofereciam, assim como Maitê teve oportunidade para treinar em um ambiente relativamente controlado. No fim, pedimos ajuda para o grupo de Jin, que nos resgataram de carro, menos de uma hora depois.

Trabalhamos incansavelmente nos dias seguintes, indo e voltando para Blumenau a fim de buscar o resto das roupas de proteção, armamentos, estabelecer rotas de fuga e terminar de preparar as trincheiras. Desde o começo do apocalipse, estávamos acostumados a combater dezenas, até centenas, mas era a primeira vez que íamos de frente contra milhares deles. Um sucesso naquela missão seria algo sem precedentes para todos nós.

Por isso, apesar de parecer mais um dia normal nas ruas, eu tinha um motivo extra para me sentir nervosa — além do medo habitual que aquele ambiente passou a me trazer. A qualquer instante, poderíamos ser rodeados por milhares de zumbis.

O motivo para estarmos ali era oferecer auxílio à dupla Maurício e Agata, que atrairia os zumbis com motos até as trincheiras; abater grupos menores que se separassem e, claro, estar a postos caso algo desse errado e precisassem da nossa ajuda. Do outro lado da horda, na parte oeste da cidade, Samuel e Paulina davam suporte à Yuri e Salomão da mesma maneira. Jin e Alicia estavam posicionados no mesmo prédio que usamos para conseguir uma visão de cima do hospital, coordenando o plano com walkie talkies. Esperávamos que a horda não se dividiria igualmente e Alicia estava pronta para seguir qualquer parte que precisasse de ajuda para lidar com a maioria dos zumbis.

Dessa maneira, o som do motor indicava que as duplas iniciavam o plano. Mesmo os rosnados e grunhidos de milhares de zumbis não eram o suficiente para soterrar o rugido das motos, que a cada segundo ficava mais alto, indicando que vinham em nossa direção.

— Vem cá. — Leonardo me puxou pela mão para nos escondermos.

Senti meu coração retumbando com força enquanto nos agachávamos atrás de um container de lixo. O ronco do motor ficava mais alto, assim como os rosnados que o seguiam.

Apertei cada vez mais a mão de Leonardo, sem conseguir lutar contra os pensamentos intrusivos de uma horda inteira de zumbis nos cercando, alcançando as motos e derrubando nossos parceiros para a morte, ou que aquele plano atraísse a atenção de outros sobreviventes perigosos. Eu sabia que nada daquilo fazia sentido; apesar do som da moto se aproximando, eles passariam a duas ruas de distância de nós. Além disso, mesmo corredores não conseguiam correr mais rápido do que era humanamente possível, então jamais alcançariam os veículos.

A única parte que nunca poderíamos ter certeza era de realmente estarmos livres da ameaça de outros sobreviventes, mas tentei afastar aqueles pensamentos.

— Estão vindo... Só temos que esperar. — Leonardo esticou a cabeça para ver além do container de lixo.

Estávamos em uma rua estreita e sem saída, no que considerávamos uma distância segura. A maioria dos zumbis provavelmente seria atraída pelas motos e guiaria o movimento do resto da massa de criaturas. Era praticamente impossível que se distraíssem conosco, mas precisávamos nos manter em silêncio.

Resisti ao impulso de cobrir os ouvidos quando o som da moto chegou mais perto, sentindo meu estômago revirar com a altura. Estiquei a cabeça para o outro lado do lixo a tempo de ver a motocicleta passando a quarenta, talvez cinquenta quilômetros. Maurício pilotava e Agata estava com os braços em volta da sua cintura, a única identificação sendo os cabelos loiros que voavam por baixo do capacete. Apesar de eu nunca ter visto, garantiram que ela era uma sobrevivente tão capaz de se virar nas ruas quanto qualquer um de nós, mas havia se afastado de quaisquer trabalhos que envolvessem sair da Base desde a morte da filha.

— Agora eles... — A princípio, estranhei Leonardo falando tanto em um momento como aquele, então entendi que apenas estava nervoso. Provavelmente só conseguiríamos respirar aliviados quando a massa principal de zumbis terminasse de passar por nós.

Massa essa que não tardou a entrar em nossa linha de visão.

Primeiro, vieram os corredores. Observávamos a duas ruas de distância e nem isso tornou a cena menos apavorante quando dezenas deles passaram, seus grunhidos distorcidos pela velocidade enquanto um rastro de sangue pútrido era deixado. Seus sons eram altos como o de uma multidão em pânico e, acostumada como eu estava com o silêncio sepulcral de uma cidade abandonada, não consegui impedir que as minhas mãos tremessem.

Não teria motivo, pois estavam rápidos demais e focados em um objetivo, mas era impossível não imaginar que seríamos comidos em instantes se apenas algum deles nos notasse e atraísse o resto da horda consigo. Engoli em seco.

Mas o verdadeiro pesadelo foi quando o último deles passou e segundos sem qualquer movimentação se arrastaram até que uma onda de criaturas saídas do inferno começou a dar as caras, cambaleando atrás daqueles que guiavam a manada.

Dezenas viraram centenas em segundos, então se multiplicaram até ser impossível manter a conta. Proferindo sons horrorosos que chegavam a nós tão altos que pareciam deixar cicatrizes nos ouvidos, movendo-se como se guiados por uma mente colmeia implacável.

Então o cheiro, o qual sempre achávamos já estar acostumados, sufocou-me. Um agridoce que fazia minhas narinas arderem, que parecia intensificado pelos sons grotescos que o acompanhava.

Tranquei a respiração, mas logo percebi que seria inútil quando cheguei ao limite e fui obrigada a inspirar, obrigada a aguentar o fedor. Os segundos se arrastavam até se tornarem minutos sem que houvesse qualquer folga na multidão que não parava de caminhar. Até o completo pavor inicial que me acometeu se dissolveu numa mortificação, conforme o tempo continuava passando.

O número de zumbis não chegava ao fim e um era mais grotesco que o outro; alguns com membros mutilados, sobreviventes óbvios de acidentes grotescos, ou completamente cobertos de larvas que despencaram no chão a cada passo, cobertas com sangue coagulados. Era horrível e, ao mesmo tempo, impossível parar de olhar.

Um som próximo me sobressaltou, acompanhado de um suspiro de surpresa de Leonardo. Virei na direção dele, esperando me deparar com alguma criatura atraída até nós, mas apenas o encontrei caído no chão, afastado da lata de lixo.

Procurei o motivo do sobressalto e encontrei uma barata enorme caminhando na lixeira. Infelizmente, não era uma visão rara naquele mundo e eu também não gostava delas, mas Leonardo quem tinha verdadeiro pavor.

— Desculpa, eu... — Ele limpou a garganta, tentando se recompor. — Levei um susto.

Soltei um suspiro de alívio, tentando acalmar o retumbar do meu coração.

— Relaxa. — Contive o nojo e pressionei a parte dura da proteção do braço em cima do inseto, esmagando-a com o mínimo de barulho.

— Merda, tem zumbi vindo. — Leonardo avisou, mantendo o tom de voz baixo.

Espiei pelo meu lado da lixeira e encontrei as duas criaturas que se destacaram da horda caminhando em nossa direção. Uma terceira, que vagava um pouco à frente, pareceu se interessar por elas e as acompanhou na caminhada.

— Abaixa a viseira. — Mandei, fazendo o mesmo. — Deixa eles chegarem bem perto e moderem a roupa, se precisar.

Leonardo assentiu e desembainhamos nossas facas. Com as barata morta, ele pode voltar para o meu lado e esperamos juntos que os zumbis se aproximassem.

O primeiro era uma mulher de aparência caquética, que parecia transformada há bastante tempo. Ela grunhiu ao nos ver e partiu para cima de mim. Dessa vez, estávamos com blusas de gola alta que garantiam proteção para nossos pescoços, então não havia qualquer pele exposta. Deixei que mordesse meu braço, protegido pelo equipamento da tropa de choque, junto à jaqueta de couro. Leonardo imediatamente me ajudou, segurando a cabeça dela e enfiando a lâmina do facão até o fim. Fazíamos tudo com o máximo de calma para que a movimentação não chamasse a atenção de mais zumbis.

Os outros dois chegaram juntos, enquanto Leonardo descia o primeiro corpo até o chão, com cuidado para não fazer muito barulho. Felizmente, os grunhidos e gemidos daqueles zumbis eram soterrados pela cacofonia que vinha da horda. Leonardo recepcionou o primeiro com a lâmina, enquanto eu usava novamente a estratégia de deixar o outro me abocanha, para evitar o barulho da luta e mantê-lo distraído enquanto cravava a faca em seu crânio. Fizemos o mesmo movimento para colocá-los no chão, ao invés de deixá-los cair, então imediatamente voltei para perto da lixeira para me certificar de que não haviam mais.

O desfile de aberrações continuava e felizmente mais nenhuma havia se separado deles.

Virei para Leonardo:

— Você tá bem?

— Tô sim — murmurou, erguendo a viseira para me responder: — Obrigado. Desculpa pela...

— Fica tranquilo. Acho que está acabando.

Não sei ao certo quantos minutos esperamos até que a vazão de mortos começasse a diminuir. Os últimos estavam mais lentos, alguns quase se arrastando para acompanhar a multidão... Até então não sabíamos ao certo por que alguns eram tão ágeis, ao ponto de correrem com a mesma disposição de um atleta, enquanto outros mal cambaleavam, mas não consegui me importar naquele momento.

— A gente espera mais meia hora, para ter certeza que estão longe, então começamos. — Leonardo falou e concordei com ele.

Após a passagem da horda, nosso trabalho envolvia vistoriar as ruas para descobrir quantos haviam ficado para trás, além de eliminar todos os que conseguíssemos. Como já ficava evidente pela leva de zumbis mais lentos que, agora distantes do ronco do motor e da maior parte da horda que seguia o som, começava a vagar aleatoriamente em qualquer direção ou voltavam para o estado imóvel, não conseguiríamos levar todos para a armadilha e seria inevitável conflito com os que sobraram.

Peguei o machado de Leonardo (que ele aceitou deixar comigo) e me preparei para seguirmos, quando ouvi o barulho de estática vindo do walkie talkie no meu cinto. Troquei um olhar ansioso com Leonardo.

— Alô?! — Perguntei, segurando o botão para falar. Como eu, Leonardo, Paulina e Samuel estávamos nas ruas, ficou combinado que o uso dos comunicadores só deveria ser feito em caso de emergência para não nos colocar em risco.

— Rebeca?! — Ouvi a voz de Maurício, um pouco entrecortada. — Estão bem?

— Sim, estou aqui com Leonardo. A horda acabou de passar.

— Ótimo. Precisamos de ajuda nas trincheiras. — Apesar do pedido, a voz dele não estava alarmada. — A maioria veio para esse lado e alguns escaparam dos buracos. Precisamos de ajuda para lidar com eles.

— Entendido. Estamos a caminho — garanti. — Desligo.

Leonardo e eu trocamos um olhar rápido e partimos na mesma direção que a horda de zumbis.


✘✘✘


O que encontramos foi desconcertante por muitos motivos.

Primeiro, apesar da voz tranquila de Maurício, a situação estava longe de se resumir a "alguns escaparam dos buracos".

Segundo, ainda que a maioria tivesse caído dentro de uma das quatro trincheiras que cavamos, a visão não era menos apavorante. Instigados pela nossa presença ou pelos sons dos outros zumbis, as criaturas presas não paravam de lutar para sair. Algumas caíam no processo e seus corpos eram pisoteados pelos outros, formando aos poucos uma pilha que possibilitava aqueles acima de escapar.

Terceiro que, apesar de tudo, ver a quantidade de zumbis "neutralizada" dentro das trincheiras me fazia pensar que a operação havia sido um sucesso.

Quer dizer, se ignorássemos a centena que vagava pelos arredores e que precisávamos matar o mais rápido possível para conseguir botar fogos nos outros.

Dentre os muitos preparativos que fizemos, estava incluso o preparo de diversos caminhos de fuga para aqueles que estivessem expostos nas ruas de Blumenau. Eu e Leonardo tivemos de correr apenas algumas ruas até encontrarmos a moto que usamos para chegar até ali. Tomamos o caminho mais longo para evitar dar de frente com a horda, mas chegamos poucos minutos depois da solicitação de ajuda.

Estacionamos no lado mais distante do descampado e Maurício e Agata se aproximaram, sem coragem de descer de suas motos. O homem fez um sinal de corte no próprio pescoço enquanto parava perto de nós.

— Não dá. Temos que abortar por aqui, saiu do planejado.

Soltei a cintura de Leonardo e desci, empunhando o machado. Não precisei falar nada para ele me acompanhar.

— Não dá. Temos que colocar fogo neles ainda hoje, se não mais vão conseguir fugir e nada disso vai ter adiantado — Leonardo falou.

— Tem uns trezentos ali! A gente não consegue lidar com todos. — Agata protestou.

— Dá sim. Eu e Samuel já conseguimos. — Garanti, sem tirar os olhos dos zumbis. Estávamos a quase cem metros deles, mas os que estavam livres começavam a caminhar em nossa direção. Nenhum corredor estava à vista. — Façam o seguinte: subam na moto e vão pelo outro lado do descampado. Vamos atacar em duas frentes para tentar separá-los ao máximo. Desçam, matem quantos conseguirem e, se eles chegarem perto, voltem para a moto. Se afastem um pouco, esperem que os sigam e façam o mesmo. Um de vocês fica com a arma corpo-a-corpo e o outro com a pistola, pronto para dar cobertura. É só revezar quando cansarem.

— Alicia?! — Leonardo a estava chamando pelo walkie talkie. — Precisamos de ajuda aqui na parte norte.

— Já vi que a maior parte da horda seguiu vocês. — Ela respondeu. — Estou a caminho. Jin está ajudando os outros.

Enquanto isso, Agata e Maurício trocaram um olhar hesitante, ainda em cima da moto. Nenhum dos dois era novato em lidar com zumbis, mas eu entendia o medo que uma quantidade daquelas despertava. Tinha certeza que só havia encontrado a coragem necessária quando eu e Samuel limpamos o condomínio porque estava completamente desesperada para encontrar qualquer pista dos nossos amigos.

— Confiem em mim, a gente consegue. O descampado dá visão panorâmica, então nenhum consegue chegar por trás. É só não se expor muito e recuar quando necessário. A roupa vai dar proteção extra e estejam prontos para atirar.

Agata soltou um suspiro e assentiu para Maurício.

— Anda, então. Eles estão chegando. Tentamos atrair alguns conosco para o outro lado.

Por fim, afastaram-se seguindo a orientação de contornar o terreno para que os zumbis se dividissem. Alguns seguiram a moto e outros continuaram caminhando para onde eu e Leonardo estávamos.

— Tá ficando cada vez melhor nas ordens, Rebeca. — Ele falou pra mim, enquanto tirava a pistola do coldre e liberava a trava.

— Me fala isso só depois que terminarmos aqui — respondi, mas trocamos um sorriso. Preparei o machado para acertar o primeiro zumbi. — Você me dá cobertura?

— Sempre, princesa.

O fim de tarde se arrastou enquanto exauríamos cada gota de esforço para lidar com os zumbis que escaparam das trincheiras. Sem o perigo dos corredores, conseguíamos manter uma distância segura da maior parte deles apenas com a nossa movimentação.

Comecei abatendo os zumbis que se aproximavam enquanto Leonardo ficava a postos com a pistola, sua presença ajudando a dividir os grupos que vinham em nossa direção para que eu pudesse pegá-los individualmente. Depois do esforço constante das últimas semanas, sentia que estava voltando à minha antiga forma física. Aguentei duas dúzias de zumbis, então meus braços imploraram por descanso. Corri até Leonardo e, com um movimento rápido, trocamos a pistola pelo machado e ele assumiu a tarefa de derrubá-los.

Precisamos recuar três vezes, sempre que zumbis demais começaram a nos rodear, e apenas uma vez fomos pegos desprevenidos quando Leonardo não reagiu rápido o suficiente a um ataque. Ele foi derrubado por um zumbi e um segundo não tardou em partir para cima dele, mas fui rápida e consegui salvá-lo com uma coronhada e um único tiro.

Quando Alicia chegou, o barulho do seu carro atraiu nossa atenção. Ela nem sequer trocou uma palavra conosco antes de sair com seu cabo de metal empunhado e se juntar ao combate. Também nem por um segundo tirei os olhos de Maurício e Agata, que pareciam estar com a situação tão sob controle quanto a nossa.

Acabou sobrando para mim a última investida contra os zumbis, então na altura que finalmente acabamos com a maior parte, eu estava completamente exausta. Alicia correu até mim quando caí de joelhos no chão, mas eu só precisava de um pouco de ar e diversos goles de água para me recompor.

O céu já estava alaranjado quando Leonardo e Maurício se aproximaram das trincheiras com galões de gasolina e começaram a encharcar as criaturas. Todos estávamos exaustos e despidos dos uniformes da tropa de choque em vários graus, porque mesmo na temperatura fria, nossos corpos estavam cobertos de suor.

Mesmo que eu mal pudesse esperar para voltar para um lugar seguro e tomar um banho longo (a quem eu queria enganar? Claro que não me atreveria a gastar mais água do que com um banho de cinco minutos...), a sensação de ver a infinidade de corpos caídos no descampado, junto às centenas ainda vivas, porém presas nos buracos, era gratificante.

— Vamos ter que voltar amanhã e arrastar os corpos para as valas. — Alicia comentou, então deu um trago no seu cigarro e o ofereceu pra mim. — Se não, essa merda aqui vai virar um criadouro de pragas e doenças.

Observei enquanto Maurício colocava fogo na ponta de um rolo de papel toalha e em seguida o jogava na primeira das quatro trincheiras. O som do fogo chicoteou o ar e um tapete laranja se estendeu sobre os zumbis, que não pareceram particularmente mais atiçados por causa do fogo.

— Consegui contato com o Jin. — Agata falou, reaproximando-se de nós com seu walkie talkie nas mãos. — Tudo certo daquele lado, mas ninguém conseguiu ver o estado do Hospital. Ele acha melhor passarmos a noite naquele prédio que vocês ficaram e continuar amanhã cedo.

Observei Leonardo jogando outro papel incandescente dentro da segunda trincheira. Estávamos perto o suficiente para o calor do fogo me trazer lembranças desagradáveis, e as sufoquei dando um trago no cigarro.

— Não acredito que isso deu certo mesmo. — Maurício comentou, observando com orgulho enquanto incendiava a terceira trincheira. Com as criaturas cobertas de gasolina, era fácil para o fogo se espalhar e consumir suas carnes até que só restasse uma montoeira de ossos ali. — Não achei que seria possível lidar com um grupo tão grande. Caramba.

Levantei de onde eu estava e caminhei até a última trincheira, encarando os zumbis lá dentro. Àquela altura do dia, estava dessensibilizada com seus sons e cheiros e encarei, exausta, diversos olhos injetados de criaturas que se esticavam para tentar agarrar meus pés.

Eu sabia que bastava um descuido ou um golpe de azar para que nossas situações se invertessem e eles que estivessem sobre mim, anunciando minha ruína com seus grunhidos infernais. Ainda assim, naquela tarde, eles quem perderam. E aquilo significava muito mais do que apenas algumas centenas de zumbis mortos.

— Bem-vindos ao apocalipse — falei para eles.

Dei mais uma tragada no cigarro antes de atirá-lo na última vala e as chamas alaranjadas se perderam no céu de fim de tarde.


✘✘✘


Nota da autora:

Caraca amigos, eu tomei um CAGAÇO aqui.

Só consegui atualizar agora porque o Wattpad não estava me deixando logar kkkk Não parava de dar erro e eu tive certeza que minha conta tinha sido excluída 🤪🤪

Que ódio. Quando não sou eu que atraso, sou completamente sabotada. 

Pra quem tá lançando energia negativa: parabéns, tá dando certo!!!!!!!!!!

(brincadeira apenas, amigos. está tudo bem por aqui)

Vou deixar apenas um fun fact sobre esse capítulo aqui: eu precisava ter uma estimativa de quanto era 1000 zumbis, mas não sei EM QUE LUGAR DESSA INTERNET eu consigo ver, sabe, uma foto onde eu tenha certeza que tenha 3000 pessoas ou um simulador, algo do tipo.

Minha solução foi: um vídeo de 1000 zumbis vs 1000 esqueletos no Minecraft. Sim, foi assim que eu fiz minha estimativa das hordas de zumbi 👍  isto é profissionalismo

(os zumbis ganharam, por muito)

Me despeço por aqui com uma última pergunta: a história já conseguiu explicar o motivo do nome do terceiro livro? Ou acham que precisa de mais justificativa? 👀

Ai, ai, quando vocês souberem o nome dos próximos...

Melhor não serem mordidos até lá. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro