Capítulo 34.
Mesmo junto de Leonardo, meu coração permaneceu acelerado durante todo o trajeto. Andamos lado a lado pelas ruas desertas ao redor da Base, mas a iluminação praticamente inexistente fazia com que cada sombra se tornasse ainda mais assustadora. Pedi para que Samuel ficasse com Mei naquela noite, pois sabia como ela ficava nervosa quando me via discutindo com alguém.
Num lapso, vi-me caminhando novamente pelo breu que eram os corredores do apartamento que eu havia invadido. Senti o mesmo pavor que gelou meu corpo naquela hora, sem saber o que encontraria na curva seguinte.
Apertei com força o canivete que eu segurava na mão direita, mas aquele gesto somente serviu para me lembrar que eu também estava com ele em mãos na noite da invasão. Soltei a arma como se tivesse levado um choque e ela caiu no chão com um som metálico.
Leonardo se sobressaltou e virou na minha direção, segurando o machado em punho. A noite estava silenciosa e, antes daquele barulho, ouvíamos somente um grilo à distância.
Meu coração batia com tanta força que a sensação era agonizante. Apesar de conseguir olhar ao meu redor e ver que as ruas largas estavam vazias, comecei a suar frio, com medo de que a qualquer momento algo escondido nas sombras nos atacaria. Um zumbi, outro humano... Tudo era igualmente assustador.
— Rebeca, está tudo bem? — Leonardo sussurrou, aproximando-se.
Passei a mão pelo rosto, encostando sem perceber na parte roxa e inchada e me retraindo de dor. Aquilo só podia ter sido um soco, mas eu não me lembrava de quando o recebi. Obriguei-me a respirar fundo, sem querer ter qualquer tipo de crise. E, no fundo, também não querendo chatear Leonardo ainda mais.
— Eu só... Não fico mais tranquila andando à noite — murmurei. — Desculpa, vamos indo.
Abaixei para juntar o canivete e meu coração quase parou quando uma movimentação atrás de Leonardo chamou minha atenção. Desembainhei a pistola com pressa e apontei naquela direção.
— Cuidado! — Minha voz ecoou pelas ruas silenciosas.
Ele virou, com pressa, trocando a mão que segurava o machado para alcançar sua pistola com a direita. Todo o meu corpo tremia enquanto eu tentava distinguir aquela figura na escuridão.
Já não sabia dizer se o grunhido gutural era tranquilizador ou não. O aspecto humano que se desprendia das sombras cambaleava como a maioria deles, caminhando sem pudor em nossa direção. Era quase esquelético e mexia sem parar a mandíbula deslocada. Depois de tanto tempo, a maioria deles já praticamente não tinha tanto cabelo e as roupas estavam completamente danificadas.
Sem conseguir mover o corpo, vi os ombros de Leonardo relaxando. Ele murmurou um "Pode deixar" e deu um passo na direção do zumbi. Com um golpe limpo, ergueu o machado e cravou a lâmina na cabeça dele, depois o empurrou para o lado. O corpo caiu com um baque surdo, mas meus olhos demoraram a sair dele. Só percebi quando Leonardo se aproximou quando vi sua mão estendida em frente ao meu rosto, oferecendo-me ajuda para levantar.
Sua expressão parecia séria quando nossos olhos se encontraram, mas ele me ergueu com calma. Depois, tirou a jaqueta que vestia e colocou em volta dos meus ombros. Nenhum de nós falou qualquer palavra enquanto voltávamos a caminhar e eu tentava estabilizar minha respiração, lutando contras as lágrimas que se formavam. Eu me sentia exausta.
A casa onde nos encontrávamos ficava a três ruas da Base e era uma construção humilde, como a maioria das residências ao seu redor. Tinha apenas um andar e o jardim no interior dos muros altos (o principal motivo pelo qual Leonardo escolhera aquela casa, eu pensava) estava com a grama crescida e mal cuidada. Seu interior não era melhor do que as casas aleatórias que invadiámos buscando abrigo por uma noite, mas pelo menos a camada de poeira sobre o chão e móveis havia sido limpada. Leonardo fechou a porta de entrada quando eu passei por ela e abriu a mochila para tirar a lanterna-lampião de lá, que iluminava bem o ambiente.
Nenhum de nós dois falou nada enquanto caminhávamos até o quarto principal. Os móveis eram simples e havia uma cama velha cuja cabeceira de metal rangia tão alto com qualquer movimento que desistimos de fazer sexo em cima dela. Leonardo deu um suspiro pesado antes de se sentar e o rangido do metal ecoou pelo quarto. Deixei um riso anasalado escapar e até Leonardo acabou abrindo um sorrisinho, provavelmente pensando nas mesmas coisas que eu.
— Vem cá. — Chamou, com calma, e estendeu a mão para segurar a minha. Mesmo sabendo que estávamos prestes a ter uma conversa desagradável, apreciei a proximidade. — Rebeca, eu só quero saber uma coisa. Juro que é apenas uma pergunta genuína: qual foi a diferença dessa vez, para quando você e seu amigo Hector foram para Blumenau? Você já falou tantas vezes sobre a culpa que sente por ter colocado ele e o resto do grupo em risco... O que foi diferente agora?
Por um único segundo, achei graça na garantia de que era uma pergunta genuína, como se esperasse que eu explodisse com aquela sugestão. Provavelmente aconteceria, se eu mesmo não tivesse me questionado a mesma coisa outras vezes.
— Eu. — respondi, sem soltar a mão dele. — Eu sou diferente de quem eu era naquele tempo. Quando fomos para Blumenau, nenhum de nós esperava que houvesse algo pior no mundo do que os zumbis. Não sou mais inocente e ingênua como antes... fui pronta para lutar. Também sou mais forte, e foi por isso que treinei durante todos esses meses.
A princípio, Leonardo não me respondeu, então continuei:
— Eu... não espero que você entenda, nem estou dizendo que foi o certo, só estou respondendo à sua pergunta com sinceridade. E... eu não estava sozinha. Maurício me deu cobertura e Jin organizou o plano.
— E Maitê foi posta em risco para ser seu álibi.
— Não! — respondi, entendendo imediatamente onde ele queria chegar. — Ela não chegou nem perto da cidade, ficou naquela casa onde vocês nos encontraram o tempo inteiro. Maurício e Jin sabiam onde ela estava. Deixei comida, água, tudo estava trancado... e voltei dentro do tempo combinado.
Leonardo passou a mão pelos dreads, empurrando-os para trás enquanto respirava fundo.
— Não é porque as coisas deram certo que você não a colocou em risco! — ele falou, ríspido, porém sem alterar o tom. — Esse é o problema de agir na emoção e fazer as coisas sem pensar. Eu reconheço que você é uma mulher diferente agora e ainda mais capaz, mas segue agindo sem pensar nas consequências. Ou melhor, achando que deve aguentar todas sozinha... Rebeca, por que você não me falou nada?
Apesar de sentir uma vontade quase inerente minha de retrucar, sabia que sequer encontraria palavras para contrariá-lo. O que eu podia dizer, se eu mesma tinha ciência de que agi completamente movida pelo medo?
— Léo, olhe o seu estado — sussurrei e passei os dedos sobre o rosto dele, referindo-me às olheiras escuras. — Da última vez que estivemos aqui, você me contou como estava estressado, como mal conseguia dormir direito e só pensava no que era necessário para manter todos alimentados e a salvo. Você já tinha coisas demais na cabeça, e eu sei que entraria em conflito entre nos ajudar e seguir com o trabalho.
— E você não acha que a sua ajuda seria melhor nisso?! — Ele levantou-se da cama, obrigando-me a dar um passo para trás e erguer a cabeça para olhá-lo nos olhos. — Você chegou aqui ferida, mas se já estava bem para se envolver numa missão de extermínio, podia ser mais útil ajudando com as buscas.
— Leonardo, você sabe o motivo de termos feito isso. Além de... — Vingança. Mas eu não queria dizer essa palavra. — Jin quer o Hospital de volta. Eles tinham alimentos e remédios armazenados para meses, um local protegido, geradores, plantações... Se você está preocupado com o bem estar de todos, sabe que recuperar o Hospital é a melhor opção. E agora vamos tê-lo de volta.
— Mas a qual custo? — Leonardo perguntou, a voz quase num suplício, e colocou as duas mãos no meu ombro. — Rebeca, o que você precisou fazer lá? Você sequer me contou.
Mesmo que eu já estivesse esperando por aquela pergunta, ela foi como um soco no estômago, trazendo as lembranças desagradáveis. O momento em que quase fui mordida por um zumbi, a certeza de que deveria desistir quando finalmente pulei os muros, a penumbra dos corredores pelos quais eu vaguei... o sangue... todas as lembranças misturadas como um pesadelo desconexo. Um como os que me assolavam quase todas as noites, e agora também todos os dias.
Inspirei em busca de ar, mas foi como se ele me faltasse, e derramei lágrimas que carregavam palavras que eram dolorosas para serem ditas. Eu também não sabia mensurar qual havia sido o custo.
— Eu... eu não... — Tentei, sem conseguir olhá-lo nos olhos. Leonardo suspirou e sentou novamente na cama, puxando-me pelo braço para que eu sentasse em seu colo. Envolveu meu corpo num abraço e, naqueles segundos, esqueci-me de como fazia frio. — E-eu não consigo lembrar. Não de tudo. Parece um sonho, às vezes eu nem sei se aconteceu mesmo... então eu lembro do sangue. Eu entrei lá sozinha e...
Deixei a frase morrer no ar, lutando contra o choro. Ficamos em silêncio por vários segundos, até Leonardo erguer a mão para colocar minha franja atrás da orelha.
— Você lembra o que houve com o seu rosto?
— N-não... Só que uma hora tinha começado a doer. Eu lembro que fui vista, e foi por isso que peguei a arma... Talvez alguém tenha me acertado.
Ele estalou a língua, frustrado, mas eventualmente me apertou um pouco mais em seus braços. Aproveitei para deitar a cabeça em seu ombro, sem conseguir parar de chorar.
— Você disse que estava preocupada comigo, Rebeca, mas acha que eu também não me preocupo com você? Todos nós! Eu, Paulina, Samuel, Mei... Você não pensou no que seria da Mei, se algo acontecesse?! — Leonardo desabafou e percebi a instabilidade na sua voz.
Me encolhi ainda mais em seus braços.
— Eu não... Leo, eu... eu sei que estou errada. Dessa vez, eu soube o tempo inteiro, mas mesmo assim... eu só sentia medo. Eu queria o Hospital de volta, mas eu queria essas pessoas que nos ofereciam perigo mortas. Eu pensava que assim, conseguiria ter um pouco de paz.
Leonardo não me respondeu de imediato e ficamos mais algum tempo em silêncio. Era uma noite calma e uma brisa gélida entrava pela janela aberta, mas meu coração não parecia disposto a se acalmar.
Tentei reconstituir aquela noite em minha cabeça porque achava que Leonardo merecia saber. Em nenhum momento ele havia me tratado mal, apesar de suas opiniões, e seria injusto não ser completamente aberta com ele.
— Eu lembro de algumas coisas sobre aquela noite... Alguns lapsos. Já estava quase escuro quando eu consegui pular o muro.
— Rebeca, você não precisa...
— Não. Eu quero — interrompi-o. — Não é como se fizesse qualquer diferença tentar não pensar... Enfim, eu consigo me lembrar que já era quase noite. Tinha muito zumbis em volta do local, é difícil saber o motivo... Fico tentando não pensar que houve um outro tiroteio recentemente, porque aí começo a pensar que existem outros grupos com quem entrar em conflito e...
"Bom, eu soube que seria demais para mim no momento em que estava lá dentro. Eu já matei pessoas, mas nunca assim. Eu não consigo lembrar o que me fez não desistir, mas talvez a pressão de saber que Jin e Maurício contavam comigo, que eu precisava voltar para resgatar Maitê, que aquelas pessoas vivas podiam significar outros ataques... A partir daí, eu só lembro que estava muito escuro, mas eu consegui identificar as pessoas que estavam dormindo. Eu cortei a garganta de dois homens, talvez mais. Depois, só lembro da dor no rosto e já estar correndo com a arma empunhada. Lembro do zumbido no ouvido me atordoar depois que eu atirei... E também vi, perto da entrada, quando um deles correu para fora e imediatamente levou um tiro de Maurício. Ele estava com um fuzil de precisão em cima de um prédio. Então eu vi os corpos no chão e... Um deles devia ter a idade de Maitê."
As últimas palavras saíram quase sufocadas, porque eu sabia que também seriam pesadas para Leonardo ouvir. Ele era muito protetor em relação às crianças, idosos e demais pessoas que estivessem em situações mais vulneráveis.
— Depois disso é quando eu menos lembro. Depois de prestar atenção nos corpos... Estava chovendo muito, e Maurício contou que eu abri o portão principal. Acho que a minha intenção era atrair os zumbis para apagar os rastros de um massacre. Eu acho que voltei da mesma maneira que cheguei, entre eles. No escuro e com a tempestade abafando os sons, fica mais seguro, apesar de mais assustador. Eu só me dei conta quando já estava com Maitê, no dia seguinte.
Leonardo ouviu tudo em silêncio, sem desfazer o abraço que me oferecia o conforto necessário para conseguir ser sincera.
— Às vezes eu me pergunto... Se Jin sabia. Ele me disse que estimava cerca de oito a dez membros, mas não falou de crianças.
— Mesmo se soubesse, não faria diferença para ele. — Leonardo falou. — É assim que ele é. O fim justifica tudo. Inclusive colocar uma pirralha como você pra fazer esse trabalho. Você provou que era capaz com o Klaus e eu sei que você não é mais uma adolescente, mas não deixa de ser um absurdo. Quer dizer, seria com qualquer pessoa que tivesse que fazer isso.
— Eu... A culpa não foi só dele. Eu aceitei, Leonardo. Eu busquei por isso — admiti. — Me desculpa por... tudo. Eu só... eu sinto que a cada dia algo em mim se perde. Eu realmente não pensei em você, na Mei, no Guilherme... Eu só pensei em alguma maneira de tentar fazer esse pesadelo acabar.
— Sabe, Rebeca... Não vou mentir para você. Eu fiquei muito bravo quando descobri... depois de saber que você estava bem, claro. — Mesmo falando aquilo, ele não me soltou, e o agradeci mentalmente. — Por isso preferi me afastar. No fundo, eu sei o que levou você e Jin a fazerem isso, além da vingança... Uma hora teríamos que tocar no assunto de recuperar os lugares seguros que construímos. Eu também entendi que essa parte sua que eu discordo tanto, que age sem pensar e se coloca em risco achando que precisa proteger os outros, faz parte de você. Você vai pedir desculpas, mas vai fazer exatamente a mesma coisa. Eu não estou bravo com você por isso... Estou porque você insiste em fazer sozinha. Você sabe que não está. Que todas as pessoas por quem você se arrisca fariam o mesmo por você. Então, eu só te peço uma coisa: da próxima vez, não minta pra mim. Sim, tem muita coisa na minha cabeça, mas também tem na sua. Eu sei que você pode se virar sozinha, mas não é por isso que deve.
— Eu... Tudo bem — falei, com sinceridade. — Desde que fui salva por Samuel enquanto estávamos naquela cidade, comecei a entender o quanto me afastar dos outros só me faz mal. O que aconteceu... Foi um caso à parte. Acho que ainda não me recuperei do ataque ao condomínio, de achar que perdi todos vocês. Eu só queria garantir que todos estivessem bem. Eu não consigo pensar direito desde então.
— Se você sabe que temos o mesmo objetivo, então também tenha a decência de não negar minha ajuda.
— Desculpa. — Envolvi seu torso com os braços e o apertei mais, querendo me proteger daquele mundo injusto em seu abraço. — Obrigada por... Me defender. Depois, com Jin.
"Obrigada por socar a cara de Jin" era o que eu queria dizer, mas estaria sendo injusta. Ele apenas se aproveitou da minha disposição. Ainda assim, sabia que aquela explosão era tão rara para Leonardo, que no mínimo deixava óbvia a sua preocupação por mim.
Ele deixou um riso anasalado escapar.
— Aquilo não foi por você. Foi pelo que ele disse para mim e para o Guilherme. O que ele vai receber por isso ainda está guardado. — Leonardo falou, mas eu sabia que estava só brincando.
O silêncio caiu sobre o quarto iluminado apenas pela lanterna-lampião na cabeceira, mas fui obrigada a quebrá-lo:
— Eu te amo... E espero que você não me odeie.
— Eu também te amo, princesa. — Ouvir aquele apelido ajudou a confortar um pouco mais o meu coração. Leonardo falou, com seriedade, embora seu tom já estivesse mais ameno: — Eu sei que você discordou de mim quando eu disse que a nossa guerra não é contra outras pessoas, e sim contra as criaturas que causaram esse apocalipse. Eu não estou dizendo que devemos ser pacifistas e não sou ingênuo de pensar que estes serão nossos últimos inimigos... Mas eu acho igualmente importante pensar no fim, Rebeca. Eu não cheguei a falar com você sobre isso, mas Hanna e Jin acreditam que os zumbis estão começando a perecer.
— Como assim?! — Aquelas palavras me causaram um sobressalto.
— Eles não têm certeza, também não é algo imediato, mas Jin reparou que vários deles parecessem mais esqueléticos, letárgicos... Hanna acredita que, sem comida há tanto tempo, os zumbis não têm de onde tirar energia, se não dos próprios corpos. Ela deu um nome científico, mas basicamente estariam consumindo a própria carne. Se estivéssemos falando de pessoas normais, já deveriam ter sucumbido há muito tempo, então o fato de estarem começando a se "canibalizar" não significa necessariamente que será logo, mas... Rebeca, vai haver um fim. Eu sei que vai.
"Além disso, nós, os sobreviventes restantes, estamos reconstruindo coisas. Como você já sabe, encontramos outras pessoas vivas, deve haver outros grupos... Uma hora vamos tomar o nosso mundo de volta. E viver até lá é a prioridade, mas cuidar do que vai sobrar de nós também."
Apesar de encontrar conforto na voz dele, não queria dizer que não tinha muitas esperanças sobre como eu estaria caso esse cenário utópico realmente se realizasse. Apenas pensar nos pesadelos que eu sabia que me assolariam em algumas horas era desesperador. Contentei-me, então, em batalhar somente contra a desesperança naquela noite.
— Posso te fazer uma última pergunta, Rebeca?
— Claro.
— Você quer recuperar o Hospital, eu sei. Depois disso... Você vai embora, não é? Com Samuel.
Senti um calafrio desagradável correr pelo corpo, querendo ter adiado aquele assunto para sempre. É claro que eu estava profundamente dividida; não havia motivo plausível para deixar alguém que eu amava para trás, assim como um grupo inteiro que podia me oferecer segurança na mesma medida que podia contar com mais ajuda... mas eu tinha feito uma promessa a Samuel. Mesmo que eu e Leonardo estivéssemos juntos, ainda faltava alguém. Não apenas naquele trio, mas todo o resto de um grupo que sobreviveu comigo desde o começo.
— Eu... prometi para ele.
— Eu imaginei.
— Mas Léo, eu-
— Não, Rebeca. Não se preocupa. — Leonardo me interrompeu. — Eu não quero te fazer escolher. Tudo o que eu mais quero é que você traga o Guilherme, Melissa, Victória e Carol de volta... Eu não faria isso, porque não acho que podemos deixar as pessoas que sobraram aqui sozinha, mas não espero que Samuel também desista de encontrar a mãe dele. De novo, eu só quero que as coisas sejam ditas.
— Eu vou voltar, Leonardo. Mas também não vou desistir até encontrar eles.
— Eu esperava isso mesmo.
— Mas antes... Vamos recuperar o Hospital. Garantir a segurança de todos que ainda estão vivos — assegurei.
— Certo. Mas eu quero que todos estejam cientes... Inclusive do que aconteceu. — Leonardo me olhou com seriedade. — Vou falar a mesma coisa para Jin. Eu sei que ele se aproveitou do desejo de vingança de Maurício também, e sei que fez em segredo para não enfrentar opiniões contrárias. Principalmente da filha. Eu não te odeio de maneira nenhuma, princesa, mas todos precisam saber o que aconteceu. E se prepare, porque Paulina vai ter opiniões sobre o envolvimento de Maitê também.
Engoli em seco, mas assenti. O mínimo que eu tinha de fazer era assumir aquela responsabilidade.
Então, ouvi um bocejo e virei o rosto para encontrar os olhos cansados de Leonardo. Ainda assim, ele continuou:
— Vamos nos reunir com todos e expor a intenção de recuperar o Hospital. Tem muita gente competente aqui que pode participar... Tenho certeza que todos terão opiniões sobre o que aconteceu e acho que vocês merecem ouvir represálias. É isso que significa fazer parte de um grupo.
— Tudo bem. Depois reconquistarmos o Hospital, eu vou encontrar as pessoas que faltam — falei. — E vamos voltar. E vamos sobreviver até o fim desse pesadelo juntos. Todos nós.
Leonardo virou o meu rosto para me beijar. Foi um gesto suave, mas a forma como ele me segurava contra seu corpo denotava a intensidade do que ambos sentíamos.
Aquela noite, como muitas outras até ali e ainda como as que viriam, foi assolada por pesadelos que me tiravam o ar. Nem eu ou ele conseguimos dormir muito bem, e a exaustão dos dias seguintes não foi particularmente fácil de lidar. Mais vezes do que eu gostaria, lembrava das coisas que eu fiz e dos pesadelos que tive de enfrentar; mas também das pessoas que eram o motivo de eu continuar lutando. Na maioria das vezes, pensava que tudo aquilo era uma resistência fútil. Que aquele mundo e as cicatrizes que ele nos causou eram profundas demais e que nunca haveria volta.
Em outras, eu me atrevia a ter esperança. Momentos mais raros, mas que nunca desapareciam completamente.
✘✘✘
Nota da autora:
BOOOOOA NOITE!!! 🥰
e feliz dia dos namorados 🥳💞
Sentiram saudades? Por que eu senti! Minha nossa, uma semaninha sem atualizar já faz parecer que se passaram MESES.
Sim, eu estou bem. Não, não estou doente. Sim, essa é uma atualização antes das 22h, vocês não estão delirando 🙏 Espero que compense a semaninha de folga que precisei tirar.
Caras, eu sou tão ruim... Eu juntei o trisal só pra separar eles pelo resto do livro kkkkkk só percebi isso agora 🤪🤪 Se serve de consolo, estou com tanta saudades deles quanto vocês.
Alguém se atreve a compartilhar teorias sobre como vai ser esse reencontro? Será que vai ser nesse livro? Será que vai MESMO acontecer? 👀
Estamos caminhando para o fim desse arco mais calminho do livro... Quer dizer, calminho porque a Rebeca simplesmente APAGOU os assassinatos e tiroteio da cabeça 🙏
Já falei que a minha intenção era que esse livro fosse o mais curto... mas pensando em tudo o que têm para acontecer, bate um desespero *rindo de nervoso*
Aliás, eu poderia pedir um favorzinho aos meus leitores incríveis? 👉👈
Se não for pedir muito, se importam em deixar um comentário nesse parágrafo? Principalmente quem não costuma comentar! Eu entendo que têm gente que prefere ler quietinho e não tem problema, só que recentemente estive curiosa com quantas pessoas estão acompanhando 🥰 Vi rostinhos relativamente novos nos comentários, assim como pessoas que estão aqui desde que era tudo mato.
Já falei que amo vocês? 🖤 Obrigada a todos, de verdade! Espero que estejam gostando do terceiro volume da saga.
Vou publicar logo, que se me deixarem eu fico escrevendo até meia noite.
Uma ótima semana a todos e até segunda-feira que vem! (um dia antes do meu aniversário!)
Não sejam mordidos.
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